O Renascer dos Nove

O Desespero de Marina


Seis

Consigo chegar ao campo de batalha na hora em que vejo Três perfurar o peito do amigo de Marina com um raio.

Não consigo entender o que está acontecendo. Por que diabos ele está atacando os nossos aliados? E desde quando Três começa a disparar raios pelas mãos? Só sei que eu preciso de Marina viva e é uma péssima hora para a gente começar a tentar se matar.

Avanço contra o número Três ainda usando minha invisibilidade e o ergo alguns metros do ar com minha telecinese. Ouço-o gritar espantando sem saber quem está fazendo isso, ele olha para Marina achando que é ela e começa xingá-la, vejo que está tentando erguer sua mão para tentar lançar uma onda de raios na direção da garota.

Arremesso Três para longe de Marina e ele cai na grama fazendo gritar de dor, os raios que estava concentrando em sua mão param. Aproveito esse momento e avanço para ataca-lo, noto Marina ir para o amigo dela e está tentando ver se consegue salvá-lo.

— Me solta! – Três berra quando tenta se levantar, mas uso minha telecinese para força-lo a ficar no chão.

Chuto a cabeça dele duas vezes. Torço para que isso não tenha causado uma concussão e nem nada muito grave, só o tenha deixado inconsciente. O garoto estava incontrolável, eu não queria ter tomado essa atitude.

Adelina está se aproximando de nós e pela cara de ódio da Cêpan de Marina acho que se eu não tivesse nocauteado o garoto ela teria abeto um buraco no peito do garoto. Acho que ela ainda está cogitando fazer isso e acabo sendo obrigada a fazer meu corpo aparecer na frente dela e seguro o cabo da arma a olhando de maneira desafiadora.

— O que está fazendo?

A Cêpan me olha mal-humorada e depois para o garoto, um filete de sangue escorre do supercilio de Três.

— Esse louco iria matar a Marina! – ela vocifera com ódio.

Marina começa a gritar se debruçando em cima do corpo do amigo morto, sinto um frio na espinha. E lembro o que está em jogo, não posso perder tempo discutindo com Adelina se vale a pena ou não matar o número Três.

Começamos a ouvir barulhos de tiros, o confronto ainda não acabou. Sandor, Crayton e Henry conseguiram encurralar um grupo de mogadorianos atrás do caminhão que eles vieram. Estão trocando tiros intensamente.

Eu seguro a arma de Adelina e ficamos nos fuzilando com olhar.

— O Três está desmaiado e o confronto ainda não acabou, decidiremos o que faremos com ele depois. – eu falo de maneira incisiva.

Ela fica parada alguns momentos, eu acho que ainda não a convenci. Certamente está pensando em matar Três mesmo assim. Ai que percebo que Gregory não está entre os que estão lutando, o mundo parece girar um pouco ao meu redor, a pequena Ella está atrás dos três Cêpans e Adelina na minha frente. Greg está morto, isso justifica o surto de Três.

Crayton grita ao receber um tiro de raspão, mas não para de atirar. Acho que pelo contrário, ele atira com mais ferocidade e precisão e explode a cabeça de um mogadoriano. Adelina olha para trás nesse momento e sua expressão muda.

— Eu irei tomar conta de Marina, vá ajuda-los! – dou minha garantia a ela.

Não espero para ver se ela irá mesmo ir ajuda-los e corro para ajudar Marina.

A garota está aos prantos em cima de Héctor Ricardo. Tem uma poça de sangue ao redor deles e me desespero quando penso que John pode estar nessa situação também. Preciso tirar Marina disso. Um vento frio está começando a surgir ao redor de nós e me pergunto de onde ele está surgindo.

— Marina! – eu grito tentando fazê-la me escutar.

— Ele o matou! – ela grita e não sei se foi para mim ou se é sozinha. – Por quê? Eu não fiz nada para ele!

Eu a seguro pelo ombro e vejo que ela está gelada. Acho que Marina está desenvolvendo um Legado, mas não tenho tempo para isso. Marina não para de gritar essas mesmas coisas e isso também está me deixando desesperada.

— Marina o John está precisando de você!

— Ele o matou! – ela grita de novo como se estivesse em transe.

Me desespero e dou um tapa na cara dela. Por um momento tudo fica em silêncio e o rosto de Marina fica virado, ela nada fala. E seus olhos ficam arregalados de maneira exagerada como se estivesse em estado catatônico.

— Seis... – ela fala e as lágrimas começam a cair de seus olhos. O frio que estava irradiando dela cessou. – É tudo minha culpa.

Olho para o homem morto. Héctor era um bom homem, tinha uma mãe idosa e assumiu o papel de Cêpan protetor de Marina quando Adelina se absteve e mesmo assim quis vir conosco para ajuda-la. Ele não merecia esse destino, não merecia ser morto por Três, sinto raiva do garoto, mas ao mesmo tempo pena.

— Não é culpa sua Marina... – digo tentando consolá-la. – Os mogadorianos que estão fazendo crianças crescerem sem pais entrarem em uma guerra, sem seus lares, odeie a eles e não Três ou a Adelina e até a si mesma.

Ela olha para mim, vejo que está tentando compreender o que eu falei. Acho que ela não irá conseguir digerir tudo que falei agora. Nem eu sei se irei conseguir aceitar tudo o que está acontecendo, mas preciso que Marina se recomponha e então decido fazer algo.

Me ajoelho ao lado da garota e a abraço. Sinto o corpo de Marina se estremecer com minha demonstração súbita de carinho e espero que não sejamos alvejadas pelos mogadorianos.

Estou começando a sentir suavizar um pouco. O coração dela está começando a bater em um ritmo mais harmônico e os braços dela sobem até minhas costas.

— Seis... – ela murmura. – Eu...

— Marina, o John foi ferido na floresta. – eu a interrompo antes que ela comece de novo.

Solto Marina do meu abraço e vejo que ela está espantada com o que eu acabei de falar. Seguro seus ombros para demonstrar que o que eu falei é sério.

— Se você não for agora, ele correrá sério risco de vida. – eu pontuo agora a situação. – Precisa ir o mais rápido possível.

— Não! – Marina coloca a mão no rosto e para meu nervosismo eu acho que ela irá entrar em colapso novamente. – Temos que ajuda-lo.

Marina começa a se por de pé, mas nesse momento começo a ouvir o barulho daquela nave maldita de novo. O Escumador que me alvejou junto com John aparece de novo por entre as árvores, o barulho que ele faz me embrulha o estômago e ao mesmo tempo me faz ter forças para levantar.

Ele mira em nós e dispara. Não sei como eu consegui fazer isso, mas eu para o disparo no ar com minha telecinese e faço-o voltar contra a própria nave, o piloto é obrigado a desviar do projétil que ele mesmo lançou e por pouco não é abatido.

Levanto-me também e olho para Marina.

— Ele está naquela direção. – aponto por onde eu vim. – Quando passar por um pinheiro maior que os outros vire para a esquerda, ele está com Bernie Kosar. O Chimera irá te ajudar a encontra-lo.

— Achei que viesse comigo... – Marina murmura insegura e meio nervosa.

Eu queria muito ir com ela. O estado mental de Marina agora é deplorável, mas com essa nave no nosso encalço e com uma batalha ainda em andamento deixar os Cêpans sem um Garde em condições de batalha seria loucura. Eu preciso lutar, por mais que queira ficar ao lado de John agora, estamos numa batalha.

— Você irá conseguir Marina! – falo de forma confiante e altiva. – John precisa de você.

Não sei se foi o tom da minha voz, ou o fato de ter colocado mais uma vida depois de duas mortes hoje, mas depois disso, Marina simplesmente corre e vejo que ela quase se torna um borrão rumo à floresta.

O Escumador começa a fazer uma curva como se quisesse persegui-la, mas puxo um canhão mogadoriano até minha mão com a telecinese e puxo o gatilho. Um raio azul começa a carregar e em seguida ouço o barulho do disparo. Ele atinge em cheio a lateral da nave e sinto que dessa vez o piloto não terá tanta chance.

— Vamos terminar isso de uma vez por todas! – eu grito para a nave, não sei se ele pode me ouvir.

Acho que pode sim porque nesse exato momento o canhão se vira e começa a disparar sem parar na minha direção me forçando a me jogar no chão para fugir dos disparos. Sou obrigada a ficar invisível para não ser alvejada e me esconder.

A nave para de disparar e tudo ficar em silêncio por alguns segundos. Aproveito esses momentos e convoco o uma tempestade, sinto as nuvens começarem a se dobrar sob minha vontade e se aglomerarem novamente por causa da minha vontade.

Sinto o vento começar a soprar mais forte e bando como se fosse um aviso uma forte ventania contra a nave a fazendo sacolejar. O canhão dela gira um pouco.

O piloto deve ter percebido o que está prestes a acontecer porque ele muda o alvo, não está focado em me achar e mira no corpo imóvel de Três – droga, achei que como ele tinha um sangramento eles fossem pressupor que o garoto estivesse morto.

Corro o mais rápido que posso enquanto vejo um brilho azul de três canhões de mão mogadorianos se prepararem para serem disparados contra o garoto. Quando chego em cima do corpo desmaiado de Três ouço o disparo e me agarro a ele nos lançado juntos para longe.

O disparo abre um buraco de 3 metros onde outrora estava o corpo de Três, por pouco não fomos atingidos, sinto que ralei algumas partes do corpo. Nessa hora ouço o barulho da tempestade lá em cima e solto minha fúria em cima desses mogadorianos.

Lanço dois raios que descem de como lanças abrasadoras e partem o Escumador ao meio. Vejo cada parte ser lançada em cantos diferentes e uma delas cai no lago enquanto a outra se choca contra um dos veículos mogadorianos se explodindo com ele. Foi o fim do Escumador que quase matou o John e a mim.

Me levanto com dificuldade, ainda não acabou. Ouço o barulho dos tiros e pego a adaga de diamante do bolso, fico invisível e parto para o confronto contra os mogadorianos que ainda restaram. Não posso deixar mais nenhuma pessoa morrer.

Sete

A única coisa que quero agora é que esse pesadelo acabe. Não acredito que tudo isso está acontecendo.

Estou seguindo as ordens da Seis, eu não vou deixar o John morrer, preciso pelo menos salva-lo, não vou aguentar mais uma pessoa estar morta por minha causa. Se ele morrer também então realmente teria sido melhor o Três ter perfurado o meu peito com aquele raio.

Corro o mais rápido que posso, enquanto desvio das árvores. Tenho que agradecer a essa missão, fugir também daquele massacre é bom. Não quero ver o rosto do Três, tinha algo congelando dentro de mim, algo ruim e frio. Se eu continuasse ali e eu iria ceder á aquela raiva e iria tentar ataca-lo.

Chego ao pinheiro que Seis me indicou. Ele realmente é o maior daquela floresta, posso ver de maneira perceptível, contudo, fico relutante. E se eu errar o caminho? Estou prestes a virar para onde ela sugeriu quando escuto o barulho de rugidos vindo da mesma direção.

Descido seguir o caminho mesmo com medo do que pudesse ser. Se for alguma coisa que possa estar pondo John em perigo tem que chegar depressa antes que seja tarde demais. Não irei perder mais ninguém hoje.

Sinto que corro tanto que quase me torno um borrão. Quando eu chego encontro uma besta toda encouraçada lutando contra várias criaturas que parecem doninhas mutantes que a atacam ferozmente.

As criaturas estão tentando chegar até John que está caído encostado em uma árvore, mas cada vez que uma delas tenta se aproximar é esmagada pela enorme cauda encouraçada da besta que o protege, as criaturas logo depois se dissolvem em poeira.

— John! – eu grito em desespero quando vejo que ele não mexe e corro até ele.

Uma das criaturas – eu me lembro delas dos meus sonhos do dia da invasão em Lorien, elas estavam lá na invesão – pula em e tanta morder meu pescoço e eu grito caindo no chão. Eu consigo tirá-la de mim e a criatura rosna tentando me morder. Fecho os olhos e seguro a cabeça dela de maneira firme e torço o pescoço do monstro até sentir o barulho de ossos se quebrando.

Eu me arrasto, acho que estou voltando a chorar um dos monstros agarra meu sapato e eu continuo a correr ele arranca-o de mim. Bernie Kosar, a besta que está nos protegendo é ele esmaga o monstro com uma das suas patas monstruosas.

Os monstros estão em menor número e pulam todos em cima dele para tentar uma investida final. Bernie dá um rugido e se afasta ele sabe que vou tentar salvar o amigo dele, espero que eu consiga salvá-lo e que a Chimera consiga matar essas criaturas grotescas.

Chego até John e pego sua cabeça delicadamente. Quando percebo que ele está muito pálido começo a me desesperar, tento respirar fundo e digo a mim mesma que não é tarde demais, não pode ser, ainda não tenho a cicatriz dele. O número Quatro ainda está vivo.

Eu o coloco em meu colo e sinto minha calça ficar suja pelo sangue de seu machucado. Tento usar meu Legado. O frio na espinha começa a surgir e sinto a minha energia fluir para minhas mãos e ser descarregada para John. Seu corpo começa a estremecer com a cura e eu sorrio, está dando certo.

Estou começando a sentir seu corpo começar a ficar um pouco mais rosado quando de repente meu poder para.

— O que? – eu digo para mim mesma, tento ativar meu Legado novamente. – Não... Por favor, vai...

Meu poder parou, não sei o que está acontecendo, não estou conseguindo. De repente tudo está vindo de novo. Gregory sendo esfaqueado e eu decidindo curar Héctor ao invés dele, Três vindo me matar e Héctor se pondo na minha frente para ser morto. Estou começando a sentir taquicardia e solto John

— Não! – eu não vou conseguir, eu vou fracassar.

Ouço um guincho. Tem mais três daquelas criaturas e uma delas conseguiu morder uma parte exposta da couraça de Bernie Kosar. Ele olha para mim enquanto se debate para soltá-la, as outras duas estão tentando acertar o pescoço dele, mas a Chimera está conseguindo resistir.

Olho para minhas mãos e elas estão tremendo demais. Eu vou deixar o John morrer, eu não vou conseguir. Vou falhar com ele, com a Seis. Estou com vontade de correr, de me esconder na minha caverna e ficar lá o resto da minha vida.

— Não desista... – uma voz frágil e fraca sussurra abaixo de mim. Ela é quase inaudível, mas eu consegui escutá-la.

Foi John que falou, ele abriu os olhos e está segurando minhas mãos trêmulas agora. Posso ver seus olhos azuis me encarando de maneira terna tentando me reconfortar.

— Você é forte Marina... – ele faz força para falar.

— Pare. – eu digo, isso não é justo, ele está morrendo e está tentando me incentivar. – Você não me conhece, eu... Eu não tive treinamento, não sou como você e a Seis, não sou forte. Eu deixei duas pessoas morrerem e vou acabar deixando você morrer.

Para minha surpresa ele sorri. Tem algo de estranho, parece que ele me conhece, de alguma maneira, o olhar do John é diferente ele me olha como alguém que já compartilhou várias histórias com outra pessoa. Claro que já devemos ter brincado na nave, eu me lembro dele vagamente nela, mas mesmo assim, parece ter algo mais.

— Você não tem noção das coisas incríveis que vai fazer Marina. – ele fala e por um momento acho que não é o John Smith que eu conheci a algumas horas que falou de alguma forma ele pareceu mais maduro, mais sério. Como se fosse mais velho.

Não sei como isso deu uma injeção de moral em mim. Decido tentar de novo, respiro fundo e concentro meu Legado. Dessa vez a energia começa a fluir, lembro-me de Héctor e todos os momentos em que ele me ajudou, de Ella sorrindo comigo, do momento em que Seis apareceu e disse que eu não estava mais sozinha. Penso na vida e em todos os momentos em que quero salvar as pessoas e deixo meu Legado sair.

Sinto o corpo de John começar a estremecer com a cura. A cabeça dele começa há mexer um pouco. Ele está começando a ficar curado, sinto que o corte feito na cabeça está começando a se fechar até que finalmente terminamos.

John se levanta e olha para mim, parte do couro cabeludo dele está vermelho e duro por causa do sangue seco, mas fora isso ele está bem. Ele sorri para mim, de alguma forma ele parece diferente, que dizer agora ele está normal. Não está parecendo alguém mais velho como quando sussurrou para mim.

— Acho que estou te devendo uma, Santa Marina. – ele diz sorrindo para mim.

— É... Depois a gente conversa uma maneira de você me pagar. – digo tentando sorrir, mas não consigo. Foi muita dor hoje.

— Droga Seis me deixou para trás, sabia que ela faria isso! Estamos ganhando? – ele pergunta de maneira inocente.

Ganhar... Acho que mesmo que eu saia viva daqui hoje, jamais considerarei isso uma vitória. Greg morreu, Héctor foi assassinado e eu jamais perdoarei o Três, não tem como considerar isso uma vitória. Para minha sorte não preciso responder a pergunta do John porque ouvimos Bernie Kosar rugir novamente. Eu esqueci a batalha da Chimera.

John tenta ascender uma bola de fogo, mas está muito fraco para manter uma por muito tempo então eu uso minha telecinese para tirar a última criatura de cima da Chimera e a esmago contra uma árvore até que ela finalmente vire cinzas.

Sinto que John está me olhando meio espantado, acho que acabei descontando nessa criatura nojenta tudo que eu sofri hoje. Estou a beira de um colapso e agora eu terei que voltar para aquela chacina, terei que ver o Três, o corpo de Héctor, de Greg. Não sei se estou preparada. Eu começo a chorar.

— Marina? – John murmura ao meu lado.

Eu não respondo, sinto que tem uma criatura lambendo os meus dedos. É um beagle, o Chimera de John. Comovo-me com a demonstração de carinho e logo em seguida o número Quatro me abraça.

— Vai ficar tudo bem Marina. – ele tenta me confortar. – Podemos ficar aqui mais um pouco, ninguém mais vai vir procurar a gente aqui.

— Eles morreram porque eu fui fraca John... – eu digo, finalmente eu digo a alguém. – Ele tinha razão, é tudo minha culpa.

— Bom... Eu estou vivo por sua causa. – ele murmura. – Então eu devo minha vida você, para mim você é uma das pessoas mais fortes do mundo... Só não conta para a Seis.

Não sei por quanto tempo nós ficamos ali. Eu sinto que foi um pouco errado ter feito isso de ficar abraçada com John sabendo que ele e Seis tem alguma coisa, mas agora eu preciso desse conforto. Saber que eu sou importante para alguém e que fui forte ao ponto de salvar uma vida nesse combate.

— Eu quero ser forte como você e a Seis. – eu falo.

— Você vai ser Marina, quando voltarmos para os outros. – ele me garante. – Assim que estiver pronta.

Eu segura na mão dele e faço um sinal que de positivo com a cabeça. Sinto então o meu corpo começa a desaparecer junto com o dele e uma sensação de vertigem como se estivesse passando por um vácuo momentâneo, estou voltando para os outros. Vou enfrentar os meus medos. Essa foi só a primeira batalha e eu vou ficar mais forte.

Quatro

Conseguimos escapar do conflito. Eu e Seis voltamos na casa de Crayton para buscar a minha arca e arca de Três naquela mesma noite e fomo obrigados a seguir rumo à França para no estabelecermos no bunker que Adamus já havia preparado para nós – sou obrigado a admitir, o cara sempre pensa em tudo.

Ainda não consigo acreditar que perdemos Gregory e Três tentou matar Marina. Ela é uma pessoa boa e acho que isso de alguma forma vai afetar muito a autoestima da menina, mas a nossa principal preocupação agora é nos reagruparmos para voltarmos aos Estados Unidos e ela conseguir curar o Número Cinco. Nem que para isso tenham quem ir somente ela e Adelina.

Estou no carro ao lado de Henry quando ouvimos o telefone via satélite tocar. Como ele está dirigindo, ele pede para que eu atenda e então eu ouço a voz de Adamus no celular.

— Alô, Henry? – ele fala e ouço a voz meio chiada pela interferência.

— Não cara, é o John.

Eu começo a lhe por a par de todas as coisas que aconteceram sobre a nossa missão. Claro que omito a parte de que o Três surtou e matou o amigo da Marina, acho que ninguém da outra equipe precisa saber disso agora. Mas eu conto que Greg morreu e tivemos uma baixa humana e que agora estamos indo para o bunker da França e esperar novas instruções para voltarmos.

— Mudanças de plano John. – Adamos fala no meio dos chiados. – O número Cinco acordou, Nós iremos para ai então.

Sinto meu estômago revirar com isso. O Cinco acordou, não consigo acreditar nisso, a dor que ele deve estar sentindo deve ser horrível. Os ferimentos dele só podem ser curados pelo Legado de cura. Sinto pena do garoto, parece que as coisas não vão ser como esperávamos, então depois que o Cinco chegar para onde iremos?