"Eu vou mandar os dois pro banho." Avisou Rachel, secando as mãos em um pano de prato. Ela e Finn estavam na cozinha preparando um café da manhã para os dois, Greg e Gaby. Normalmente, ele tomava apenas uma xícara de café preto e ela comia frutas, mas, em razão de estarem em companhia das crianças, o rapaz tinha resolvido fazer panquecas e a garota tinha preparado vitamina. "O que eles vão vestir? Eles trouxeram roupas limpas?"

"Não... o compromisso do Will e da Emma foi de emergência. Não deu." Finn esclareceu, sem tirar os olhos da frigideira. "A Emma vai trazer. Por enquanto, fala pra eles ficarem com o pijama mesmo."

"Okay." Ela respondeu, saindo da cozinha e entrando na sala. "Meninos, tá na hora de vocês tomarem banho, pra depois comerem e esperarem a mãe de vocês quase prontos." Informou, vendo Greg brincar com um carrinho e Gaby desenhar.

"Pra você, tia Rach." A menina disse, sorridente, entregando um papel à mulher adulta.

"Que lindo, Gaby! Quem são?" Questionou, observando os quatro bonecos coloridos que ocupavam a folha arrancada de um caderno.

"Somos nós dois e o pai e a mãe, ora." Foi Greg quem respondeu, querendo ser esperto, mas não obteve êxito.

"Não, seu bobo." A irmã contrariou, mostrando-lhe a língua. "São você e o tio Finn, tia..."

"E vocês dois?" Berry interrompeu.

"Tia, eu sou ruiva!" A menininha falou, colocando as mãos na cintura, impaciente. "É claro que não somos eu e o Greg aí." Bufou, mostrando que o cabelo das figuras no desenho estava pintado de preto. "É no futuro... você, o tio e os nossos primos... porque, se você mora aqui, você é mulher do tio... e, se vocês são marido e mulher, vocês vão ter filhos." Explicou, como se ela fosse a adulta que sabe das coisas, e Rachel a criança. "E, tia? Eles vão ser a coisa mais fofa do mundo!" Completou, super animada.

"É lindo, princesinha!" A morena voltou a dizer, sentindo lágrimas nos olhos. "Agora, banho, vocês dois." Mandou, batendo no bumbum de cada um e engolindo o choro.

A mulher aproveitou os momentos em que ficou arrumando a sala e se certificando de que nada das crianças estava sendo deixado fora das bolsas, para se recompor. Depois, prendeu o desenho que ganhara na geladeira, com ímãs, coordenou a saída do banho e levou, enfim, os pequenos para tomar o café da manhã, o que ainda faziam quando a mãe deles chegou.

Emma vestiu os filhos e mandou que os dois se despedissem de Rachel e Finn. Greg aproveitou para dar vários beijos na bochecha de Rachel, arrancando gargalhadas dos adultos e caretas da irmã gêmea que, no fundo, ficava um pouco enciumada, apesar de ter adorado Rachel desde o dia em que a conhecera, meses antes.

Quando a porta se fechou, Rachel respirou fundo, sabendo que teria que conversar com Finn, ou teria um dia muito difícil no trabalho, mas, ao mesmo tempo, não imaginando nenhuma maneira confortável o suficiente de dizer o que precisava ser dito. No entanto, não teve tempo para formular nada porque, mal os visitantes foram embora, Finn começou a falar sem parar, surpreendendo-a completamente com suas palavras.

"Nós bem que podíamos ter filhos logo, né, amor? Encher essa casa de tagarelas que nem a Gaby... de meninos espertos e abusados como o Greg." Riu. "Eu me sinto tão bem quando eu to com as crianças! Elas são tão espontâneas e... estão sempre querendo aprender alguma coisa, mas também acabam ensinando tanta coisa nova pra gente!" Continuou, entusiasmado, mas percebeu que ela o observava com olhos arregalados. "Desculpa, meu amor, eu sei que é cedo. A gente nem se casou ainda... e você tá estudando. Eu sei que você deve querer esperar... e tudo bem pra mim. É só que eu me empolgo pra caramba quando eu to com eles ou com..."

"Finn, eu to grávida." Ela cuspiu, de repente, não aguentando vê-lo falar exatamente do assunto que ela tinha para tratar com ele, sem imaginar que o desejo que estava manifestando já estava realizado.

"...os filhos da Kitty... o que, babe?" Parou o seu monólogo, percebendo que ela tinha falado alguma coisa, mas que ele não tinha escutado.

"Eu... to grávida, Finn. Eu to grávida." Respondeu, séria.

"Você tem certeza?" Espantou-se.

"Eu sei que a gente só passou a transar sem camisinha porque eu te disse que tava tomando pílula, mas, infelizmente, eu... eu não tinha tomado direito, naqueles dias em que nós ficamos brigados. Por favor, não pensa que eu fiz isso de propósito..."

"Eu NUNCA pensaria isso, Rach." Afirmou, segurando as mãos dela nas suas. "Eu só fiquei surpreso." Explicou. "Mas é uma ótima surpresa!" Sorriu, amplamente.

"Você não tá chateado?" Estava incrédula com a reação dele!

"Eu acabei de te dizer que quero filhos, Rach! Por que raios eu ficaria chateado?"

"Você queria PLANEJAR filhos!"

"Eu quero FILHOS e não o planejamento... e se um deles já está aqui..." Tocou o ventre da namorada. "...é ótimo, porque ele vai chegar mais rápido." Ele esperou um sorriso dela, mas não aconteceu. "Eu sei que você provavelmente acha cedo... mas, se aconteceu." Deu de ombros. "A gente vai dar um jeito e... você não vai deixar de estudar ou de trabalhar, por isso. Eu posso trabalhar de casa, com a corretagem. E eu ia te pedir em casamento só no nosso aniversário, mas eu já tenho até o anel, então você não vai ter motivo pra achar que eu vou me casar com você só por causa do be-..."

"Finn, para!" Pediu. "Para, pelo amor de Deus!" Respirou fundo e soltou as mãos dele. "Você é... irritante, Finn Hudson!" Ele ficou sério, porque ela estava séria e ele não estava entendendo o que tinha feito de errado. "Eu to surtando desde ontem, pensando se você ia terminar comigo por causa dessa gravidez não planejada e você reage com essa calma?" Falou, quase gritando.

"Rach..."

"O que é você? Uma espécie de ser superior... pra lidar com as coisas com essa facilidade toda? Eu não sei se eu vou saber ser mãe, Finn! Eu não tive mãe, droga! E se... e se eu machucar o meu filho? E se eu não souber cuidar dele? E se ele não gostar de mim? E se você deixar de gostar de mim e... você não quiser me ver e..."

"Rach... Rach... calma, amor. Calma. Calma." Ele a fez relaxar, devagar, acariciando os braços dela, e a levou até o sofá, fazendo com que se sentasse. "Amor..." Continuou, agachando-se em frente a ela. "Eu também tenho medo... eu juro. Olha pra mim... eu sou o mesmo que ontem tava dando pizza no jantar pra duas crianças de cinco anos, no meio da semana... e que passou a noite toda jogando vídeo game e tentando realmente ganhar de um menino que bate no meu joelho." Riu e conseguiu fazê-la rir, finalmente. "Eu to com medo de não ser bom o suficiente... de não fazer vocês felizes, de não saber cuidar de vocês."

"Jura?"

"É claro, babe. Eu não sou perfeito... apesar de parecer." Brincou. "Só que, por mais que eu tenha medo... por mais que eu saiba que a gente vai se enrolar com as fraldas e a papinha, no começo... que a gente vai pirar de preocupação toda vez que ele tiver uma febre... que a gente vai querer tirar ele do castigo e ficar com ele no colo, mesmo ele tendo feito um monte de merda, se ele chorar... que a gente vai querer chorar junto com ele, sempre que ele estiver triste... eu também sei que nada nesse mundo vai fazer a gente mais feliz do que cada sorriso dele... do que os primeiros passos e as primeiras palavras... do que ver ele aprendendo coisas novas..."

"Mas foi tão de repente... ainda era cedo pra gente, eu sei." Tentou secar uma lágrima que escorria por seu rosto, mas ele afastou a mão dela e as secou ele mesmo.

"Nunca é cedo pra gente ser feliz, Rachel. A gente já é feliz e vai ser ainda mais, com a família linda que a gente tá começando." Assegurou, sorrindo, e depois dessa conversa a espera pelo bebê aconteceu exatamente como se ele tivesse sido planejado nos mínimos detalhes.

Finn mal podia esperar para ter o fruto de seu amor por Rachel nos braços. E secretamente desejava uma menina com olhos iguais àqueles que o faziam derreter, todos os dias, exatamente como no momento em os percebera pela primeira vez.