Eu estava em minha cama, quase dormindo. Meu relógio constava onze e meia, eu tinha que dormir para poder acordar cedo amanhã. Fechei os olhos mais uma vez para ver se conseguia, mas um barulho vindo da sala me acordou novamente. Intrigada, levantei com cuidado de minha cama, para não acordar os meus pais e me dirigi com passos lentos até a sala. Estava calor, pois estávamos em Dezembro, mas o ar-condicionado de meu apartamento havia quebrado, meu corpo estava molhado de suor. Quando cheguei à porta do corredor que dava na sala, pus a mão na maçaneta, respirei fundo e contei até três: um... Dois... Três... E abri a porta. Meu coração parou, meus olhos se arregalaram e engoli um seco. Em uma das cadeiras de minha sala, havia uma pequena garota sentada. Ela estava de costas para mim, olhando para a janela, ela possuía longos lisos cabelos negros, grande parte dele cobria seu rosto, sua pele era clara e ela vestia um comprido vestido branco, porém estava descalça. Me aproximei dela devagar com um medo bem evidente e parei ao seu lado. Estiquei meu braço trêmulo e toquei o dela com minha mão, senti uma corrente elétrica correr pela minha espinha quando minha mão quente tocou aquele braço tão frio. O calor era infernal, como podia estar tão gelada? Se eu não tivesse olhos, eu diria que ela estava morta. Mas como podia estar morta... Se estava se mexendo?
Abri os olhos desesperadamente e ergui meu corpo com uma respiração ofegante. Eu estava encharcada de suor e trêmula de medo. A mesma sala, o mesmo calor, a mesma garota, o mesmo sonho... Quando esse pesadelo vai terminar? Meu celular, que estava em cima do meu criado-mudo tocou. O peguei, olhei no visor e sorri, sabia que ele ia ligar...
– Bom dia! - eu disse tentando disfarçar meu medo por conta do sonho.
– Bom dia! Dormiu bem?
– Na verdade, não...
– Outro pesadelo?
– Sim, com a mesma garotinha...
– Olha, eu não quero te assustar não, mas dizem que quando se sonha muito com alguma coisa, o sonho se realiza...
– Ai que horror, Josh!
– É o que dizem!
– Isso não vai acontecer comigo, não é?
– Bem...
– Josh!
– Eu espero que não!
– Obrigada por me apovorar ainda mais...
– Desculpe...
– Tudo bem...
– É melhor desligarmos, se não vamos nos atrasar para a aula...
– Mas nós não vamos à aula hoje!
– Por que não?
– Porque eu não aguento mais essa garotinha me atormentando nos meus sonhos! Nós vamos pesquisar sobre ela!
– Como?
– Vamos até a Biblioteca Nacional. Lá deve ter algo.
– Mas você precisa de algo que indentifique a garotinha! Deve ter algo em seus sonhos, uma pista, sei lá...
– Eu acho que tem uma sim...
– Qual?
– Na biblioteca eu te conto!
– Está bem, estou indo para lá.
– Tchau, Josh!
– Tchau, Lessa!
– Dá pra me chamar pelo nome? Eu me chamo Alessa, e não Lessa!
– Hahah Tá bom! Tchau, Alessa!
– Tchau!
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