Senti algo quente tocando a minha pele e minha coluna contrastava com algo muito duro, minha cabeça estava pesada e doía. Abri os olhos, estava jogada no chão do quarto e os raios de sol, que vinham da janela, iluminavam meu corpo. Me levantei com cuidado para não acordar Josh, que dormia tranquilamente na cama, minha cabeça começou a latejar como se eu estivesse de ressaca, nunca tinha me sentido tão mal. Sentei-me na beirada da cama e tentei lembrar o que tinha acontecido, mas parecia impossível, não me lembrava de nada desde que chegamos aqui, não me lembro nem de ter entrado neste quarto. Foi então, que imagens começaram a surgir na minha mente de forma rápida e dolorosa, era muita informação em tão pouco tempo, parecia que ia explodir, tinha que me concentrar.

Eu havia dormido com Josh, um sorriso surgiu em meus lábios com o pensamento, finalmente havia acontecido, estava com alguém que me amava, perfeito. Como uma nuvem negra, me vieram as outras lembranças: Alessa. Ela entrou no quarto, me ameçou, eu a atingi, ela me tocou com suas mãos geladas, eu apaguei. Com as mãos trêmulas, olhei para o braço, no qual ela havia tocado, e pude ver a marca que tinha deixado, seus dedos estavam delineados em minha pele.

- Já está de pé? - ouvi a doce voz do meu maior refúgio e afastei minhas preocupações.

- Sim, eu levantei mais cedo hoje... - eu menti, odiava ter que mentir para ele.

- Mas às sete da manhã? - ele levantou as sobrancelhas, eu ri, enquanto me sentava em seu colo e lhe dava um beijo calmo. Me sentia em um filme de romance, o casal feliz após a declaração e... Eca! Essa não sou eu, tenho que parar de beijá-lo, isso me deixa melosa. - Tem certeza de que dormiu bem?

- Não. - dessa vez eu tinha que ser sincera, tinha uma informação muito importante.

- Eu sabia, você é igual à Alessa. Você pode mentir, mas seus olhos não. - apenas sorri, mas por dentro me sentia estranha, eu não me sentia como ela. - Mas me conte, Alessa veio dar uma visitinha?

- Sim, o ciúme a corroí até depois da morte... - nós rimos.

- O que ela falou?

- Não me lembro, acabei desmaiando e minha cabeça não conseguiu processar tudo.

- Então, me conta o que você lembra.

- Está bem... Eu estava dormindo e ela me acordou, estava na minha frente, eu a acertei de alguma forma...

- Como? Ela está morta, não tem como você interagir com ela dessa forma.

- Eu sei, mas é disso que eu me lembro, além do mais, ela revidou. - mostrei-lhe a marca de sua mão em meu braço e ele franziu o cenho.

- É impossível, vocês não podem se tocar, não há contato físico entre um morto e um vivo.

- E se eu não estivesse viva? - ele arregalou os olhos com a minha pergunta, mas de certa forma, eu tinha razão. Eu me lembrava de me sentir repentinamente estranha, como se eu não tivesse mais o controle de mim mesma, e se não fosse eu? - E se Beatrice tivesse entrado em contato comigo na hora?

- Você diz como uma possessão?

- Sim, é possível, não é?

- Sim, lógico, mas por que Beatrice tentaria te ajudar?

- Talvez esse não fosse o objetivo... - finalmente, as informações se completaram e eu me lembrei de tudo.

Flashback's ON

- Eu sou você... - eu não controlava minha voz.

- Beatrice?

- Saudade? Voltei mais uma vez e continuarei voltando, assim descobrirei onde Samara está e acabarei com essa pirralha de uma vez por todas!

- Não vai, você vai ser destruída!

- Nathalie e Josh vão conseguir, acha que suas assombrações vão assustá-los?

- Eles também querem acabar com você.

- Eu, você e Samara, mas acho que eu sou a que comanda, não é? Fica quieta, até um padre consegue destruir vocês...

- Mas só a Nathalie pode te destruir.

- Como sabe disso?

- Não sou burra,assim que ela descobrir que pode te destruir, ela vai fazer.

- Você não sabe sobre o ritual!

- Ah, eu sei... E vou contar tudo à ela, na próxima noite!

- Nunca!

Eu, ou Beatrice, agarrei-a pelo pescoço, mas antes de qualquer coisa, ela tocou sua mão em mim e foi o suficiente para eu voltar ao normal e cair no chão desmaiada.

Flashback's OFF

- Josh?

- Sim?

- Temos que falar com Alessa...