- Tenho uma notícia para você. - falei enquanto fazia uma das curvas da estrada vazia.
- Qual?
- Estamos perdidos...
- Tá de brincadeira, não é? Você me disse que sabia o caminho! - ele parecia nervoso.
- Falou bem, sabia, não sei mais.
- E agora? Estamos no meio do nada!
- Tem que ter um hotel por aqui, normalmente há hotéis em estradas vazias caso a viagem seja muito longa e as pessoas tenham que parar para descansar.
- É verdade, siga em frente, vamos achar um hotel.
Continuei o caminho, foram uns vinte minutos de puro silêncio, Josh não era de falar muito. Eu percebi que ele evitava me olhar com cautela e ele me disse que era pelo fato de que eu a lembrava, eu lembrava a Alessa. Deve ter sido horrível para ele perder a única amiga que tinha, ainda mais por uma forma tão injusta, achei que ela fosse me compreender já que estávamos do mesmo lado, mas não. Ele me contou que Samara também pode ler minha mente, assim como fazia com ela, nem nos meus pensamentos terei sossego agora.
Depois de um tempo, conseguimos achar um hotel que ficava perto de uma rodoviária. Entrei no estacionamento, que estava lotado, e deixei meu carro ali. Josh e eu saímos para olhar melhor o lugar onde passaríamos a noite, assim poderíamos pedir informação sobre a Ilha Moesko. O prédio parecia velho, porém não tão velho quanto a casa de Josh, tinha um enorme letreiro com as palavras iluminadas, mas faltando algumas letras. Ouvi gritos abafados lá de dentro e nunca me senti tão mal em toda a minha vida.
- Trouxe dinheiro? - ele perguntou tirando-me de meus devaneios.
- Tem por volta de cinco mil no porta-luvas.
- Wow, para que tanto dinheiro? - ele disse pegando apenas mil.
- Meu pai guarda esse dinheiro para caso de emergência, e isso é uma emergência.
Saímos andando para dentro do hotel e por dentro, ele não me parecia tão ruim. Avistamos uma mesa que julgamos ser a recepção, nos aproximamos e uma moça de cabelos ruivos sorriu para nós.
- Em que posso ajudá-los? - ela perguntou com a voz doce, sua voz me lembrava a voz de Katniss.
- Queremos um quarto, só para essa noite. - falei com a voz falha, tive vontade de chorar.
- Tudo bem, assinem aqui. - ela falou nos entregando uma folha cheia de assinaturas, Josh e eu assinamos como: Mary e Jeremy, não queríamos ser reconhecidos. - Ótimo, o quarto de vocês o sessenta e nove. - ela disse nos entregando a chave. - Aproveitem!
Ela piscou um olho e eu franzi o cenho, confusa, mas ignorei. Pegamos o elevador e subimos até o sexto andar, no meio do caminho, me pus a pensar. Quarto sessenta e nove, “Aproveitem”, uma piscada com o olho, aparência suja, preço barato, gritos abafados... É claro, como não percebi antes?
- Josh?
- O que?
- Isso aqui não é um hotel... - ele riu.
- É claro que é, Nathalie.
- Não, isso aqui é um motel! - falei dando ênfase à sílaba “mo” da última palavra.
- Você tem razão...
- E agora?

- É só fingirmos que estamos em um hotel normal, okay? Não tem muita diferença...
Chegamos ao sexto andar e caminhamos até o quarto sessenta e nove, abri a porta e não encontrei o que esperava. O quarto era limpo e arrumado, diferente do resto do prédio, este se parecia com um quarto de um hotel de verdade.
- Viu? Não tem nada de mais.
- É você tem razão... Preciso relaxar, minha cabeça está doendo... - falei me jogando na cama.
- Eu também.. - ele disse se jogando ao meu lado.
Fechei os olhos e aproveitei o tempo que eu teria ali, deitada com ele sem nenhum compromisso, apenas relaxando naquela cama macia.
- Nathalie? - ele me chamou e abri os olhos.
- Sim?
- Eu preciso relaxar...
- Já não está fazendo isso?
- Não, eu quero relaxar com você... - estranhei sua frase.
- Como assim? - ele me olhou e aproximou mais nossos corpos.
- Eu quero fazer com você o que nunca tive a oportunidade de fazer com Alessa... - seu rosto se aproximava ainda mais do meu, aquilo estava me causando uma sensação estranha.
- O que você queria fazer com ela? - me fiz de cínica e ele sorriu.
- Isso. - ele fechou os olhos e eu também, senti seus lábios encostando de leve nos meus, me dando a sensação mais maravilhosa de toda a minha vida. Era como se uma fogueira tivesse se acendido dentro de um túnel escuro, iluminando-o de esperança. Ele aprofundou o beijo e não tive forças para recuar, rolei para cima dele e mostrei que também sabia ficar no controle. Era loucura, era insano, era perigoso... mas também era algo que eu necessitava, uma garota de dezessete anos deveria ter sentido essa sensação há muito tempo. Não ligava para o que iria acontecer depois, apenas no que estava acontecendo agora.
- Quer que eu pare? - ele perguntou separando nossos lábios e eu fiz que “não” com a cabeça. - Então se prepare...
- Me faça sua essa noite...