[...] Viviane

Já fazia uma hora que estava andando, de lá pra cá procurando uma sorveteira, de acordo com meus caculos e do GPS era essa a rua, olhei mais para cima e logo vi Gelati Nice. Bufei de raiva, não acredito que estava brisando esse tempo todo.

Não demorou muito e fui atendida por uma moça loira com os olhos claros, aparentava ter uns vinte anos.

— Oi. - Diz a loira.

— Oi. – Respondi em português.

— Ah, que gracinha você é britânica. – Ela gargalhou, sorri forçada.

— Então o que vai querer?

— Flocos e sensação. - Digo, após oito minutos já estava saboreando meu ice cream.

Paguei ela, e sai da sorveteira quando ouço ela gritar.

— Seu troço moça.

— Pode ficar. ­- Gritei de volta olhando para trás.

Ao virar pra frente quase sou derrubada por um menino que esbarrou em mim, por sorte ou reflexo dele, me segurou pela cintura evitando o tombo do ano, em compensação o sorvete caiu todo por cima da minha blusa, ele ficou me encarando envergonhado.

— Meu Deus, me desculpa eu não te vi e.. - Interrompi o gatinho nervoso.

— Ih... relaxa! - Falei rindo do nervosismo dele.

— Desculpa aí. ­- Sorriu nervoso e coçou a cabeça.

— Até que não sujou muito. - Falei olhando para a minha blusa que estava completamente coberta por calda de morango e chocolate, ele riu e tirou a camisa... Viviane se concentra.

— Toma aqui.­ - Me entregou a camisa, bom se fosse para deixar ele apenas de regata.. Eu receberia sem problema algum.

— Uau.. Nossa! - Falei surpreendida. - Me refiro ao gesto, nossa, que gesto bonito.. - Antes de falar mais besteiras, dei de cara Duca me olhando.

— Vivi? - Ele disse surpreso.

— Duca? - Falei insegura quanto ao nome.

— Juca! - Sorriu se aproximando.

— Vocês se conhecem? – Perguntou o gatinho atrapalhado.

— Nos conhecemos no shopping. - falamos juntos e demos risadas.

— Janjão essa é Vivi e Vivi esse é Janjão. - Sorrimos cordiais.

Ficamos conversando por horas ali na sorveteira e claro, Janjão fez questão de me pagar outro sorvete. Assim como eu, Juca também adorava sorvete de flocos. Tínhamos mais incomum do que imaginava, eu diria até que mais do que eu e minha própria irmã. Foi em uma dessas conversas que eles tiveram a ideia de me chamar para uma festa.

— Você vai né? - Perguntou Janjão assim que saímos da sorveteira.

— Sim, claro. - Sorri - Aonde que é mesmo? - Perguntei mais uma vez para não me perder.

— Só falar o endereço que um de nós te buscamos. - Juca falou e Janjão concordou.

Depois que passei o meu endereço para os meninos fui pra casa. A única coisa que pensava no momento era tomar um banho e tirar aquela meleca toda de sorvete do meu corpo. Me desfiz das minhas roupas, e coloquei-as no cesto de roupas sujas.

[...] Beatriz

Cheguei do shopping exausta, faltava apenas duas horas até a festa começar. Ou seja, não tinha muito tempo pra me arrumar, decidi me apressar e tomar meu banho, por sorte Vivi estava saindo do banheiro. Ótimo não teria ninguém pra me apressar.

Quando estava colocando minhas roupas no cesto de roupas sujas me deparo com a regata do Janjão. A regata do Janjão? Mas que diabos a regata do Janjão estava fazendo aqui?

— Que porra é essa aqui, Viviane? - Pergunto me enrolando na toalha.

— Porra? Que porra menina? - Perguntou ela. - Provavelmente deve ser do seu namorado. - Caçoou dando risada.

— A camiseta do Janjão, idiota. - Respondo praticamente gritando. - O que tá fazendo aqui? - Continuo, porém abaixo meu tom de voz voz.

— Oque você acha? - Falou Viviane. - Que eu peguei pra lavar?

— Eu não acredito que você transou com meu ex! - Gritei.

— Calma maninha, foi só uma rapidinha. - Falou debochada. - Ele me emprestou a camiseta porque a minha sujou de sorvete. Mas e você? Como reconheceu a camiseta dele? - Me encarou maliciosa.

— Não é da sua conta. - Voltei para o banheiro e a joguei novamente no cesto. Tentei não pensar em mais nada, liguei o chuveiro e relaxei.

Me enrolei na toalha e fui correndo em direção ao quarto, olhei no relógio e faltava menos de uma hora e meia. Comecei a me arrumar e parecia que nada ficava bom, alguns vestidos eram curtos de mais, outros clássicos de mais. Eu definitivamente não tinha roupa. Me joguei na cama ainda de toalha decidida a não ir em lugar nenhum, no final do quarto em cima da mesa de estudo, vejo uma sacola da loja Daslu. Caramba! Como pude esquecer, comprei um vestido especialmente para hoje. Eu realmente estava nas nuvens. Resolvi me apressar e logo vesti um vestido azul marinho, com um decote ousado nas costas e nenhum na frente, o vestido marcava bastante as curvas do corpo, nos pés calçava um salto alto preto. O meu cabelo estava solto em ondas, mais da metade jogado para o lado, resolvi inovar na maquiagem, optei por uma sombra marrom que realçava meus olhos e por fim o clássico batom vermelho.

Andei até escadas dando de cara com Vivi e Janjão na porta.

— Janjão? - Chamei e ele me olhou incrédulo.

— Ahh... Bia? - Foi a única coisa que ele falou.

— Vai aonde irmãzinha? - Me referi a Vivi que estava bastante arrumada.. Não diria que ele estava feia, na verdade estava muito boni.. Que? O que to pensando.

Vestia um vestido vermelho sangue, muito sensual, deixando marcada as curvas de seu corpo. Os lábios pequenos da Vivi estavam cobertos por um batom nude. Calçava um salto alto preto e seus cabelos estavam soltos.

— Vou em uma festa com Janjão, algum problema? -Perguntou dando um sorrisinho debochando nós lábios. - Maninha..

— Nenhum. - Até que a campainha toca, e preciso assumir, foi a melhor coisa que aconteceu. Vivi atendeu.

— Ah, oi Eduardo. - Falou Viviane meio desconcertada.

— Nossa, você tá linda. - Falou Eduardo, Vivi sorriu em agradecimento, confesso que fiquei enciumada. - E você tá, ou melhor, você é incrivelmente linda. - Falou Eduardo após me dar um selinho.

— Então... Vamos Vivi? - Perguntou Janjão.

[...] Eduardo

Eu conheço essa voz, não me é estranha...

— Janjão? - Digo me virando.

— Eduardo, vejo que conseguiu a Beatriz só pra você.. - Janjão falou irônico, afinal ele competiu a Bia comigo. - Valeu a pena? - Sorriu.

— Você não faz ideia do quanto.. - Disse. - Peraí, você não faz mesmo. - Debochei.

— Deixa eles, vamos Janjão. - Pediu Vivi.

— Vão onde? - A encarei.

— Sair, algum problema?

— Não, nenhum. - Digo a fitando. - Vamos amor? - Chamo Bia já entrelaçando nossos dedos.

[...] Viviane

Entramos na casa, cheirava a bebida alcoólica, luzes neon brilhavam em todo canto, música alta e pessoas se jogando de um lado para o outro.

Janjão e os meninos me apresentavam algumas pessoas, eram muito simpáticas e divertidas, o que foi uma surpresa pra mim, já que eu estava preparada para o pior.

Binho andava de um lado para o outro cumprimentando as pessoas, parando aqui e ali para conversar. Chegou até nós tendo um breve papo e logo saiu levando Tati com ele, me deixando ali sozinha.

Me acomodei em uma mesa, nela estava Beatriz e uma ruivinha que se apresentou como Ana.

— Quem quer? - Perguntou Eduardo chegando com duas garrafas de vodka.

— Porque não? Passa ai amor! - Falou Beatriz estendendo seu braço, logo Eduardo a entregou uma das garrafas.

— Manda aí, eu também quero! - Falei, Eduardo encheu meu copo e Beatriz o de Ana.

Quando me dei conta estávamos todos na pista de dança, confesso que no começo fiquei assustada, meninas sem blusas, meninos se drogando, olho para o lado e vejo Eduardo praticamente comendo Beatriz, sem falar que em uma de suas mãos tinha uma garrafa de vodka. Eu não me senti a vontade vendo aquilo, eu estava confusa e completamente bêbada. Bêbada.. Quer saber? Vou matar dois coelhos com uma cajadada só.

Sem pensar duas vezes agarro Janjão, o mesmo leva um susto, mas ao ver que sou eu retribui. Sim eu estava fazendo isso pra provocar raiva no casalzinho ao lado. Abro um dos olhos e vejo que eles não estão mais ali, droga!

[...] Beatriz

Eu estava totalmente bêbada, perdi as contas de quantas garrafas de vodka, cerveja ou qualquer outra coisa que contia álcool que bebi.

Estava na pista provocando Eduardo enquanto dançava, fazia movimentos sexys, vez ou outra trocávamos carícias, estava distraída quando sinto ele me puxar para perto de si, se possível, começou a beijar meu rosto indo de encontro com minha boca. O clima começou a esquentar, Eduardo começou a me dar leves chupões no pescoço e foi descendo até a superfície dos meus seios. O empurrei.

— Quer ir para um lugar mais reservado? - Ele pergunta rouco e ofegante, o cheiro de álcool era legivelmente notado. Balanço a cabeça em sinônimo de sim.

Subimos as escadas, e percorremos os corredores nos agarrando. Tentamos abrir algumas portas e todas estavam trancadas, que ótimo. No fim do corredor achamos uma porta destrancada, o quarto aparentava ser dos pais do Binho. Tenho certeza que ele não ligaria, e não seria eu quem iria ligar.

Assim que traçamos a porta damos de cara com Binho e Tati.. E pior, eles estavam transando. Eu não acredito que eu acabei de ver minha amiga dando pro Binho, justo o Binho.

— Melhor trancar a porta. - Eduardo avisa deixando os dois assustados, logo descemos a escadas.