[...] João

Quando soube do acidente da Bia meu coração disparou e minhas mãos gelaram. Por mais que não tenha absolutamente nada mais entre nós, por mais que não exista mais ''nós'', eu ainda sinto algo por ela, algo realmente especial, ela é especial.

Enquanto dirigia rumo ao hospital, não pude evitar de pensar na Viviane, por mais que ela não demonstrasse tanto afeto pela Bia, elas são irmãs e eu tenho certeza que ela estaria sofrendo. Eu queria achar as palavras certas para a confortar, queria poder dizer algo que fizesse se sentir melhor. Só que cheguei a conclusão de que nesses momentos não existem palavras certas, que não existem palavras que nos console, que a única coisa que pode nos trazer um pouco de paz, é um simples abraço.

Desci rapidamente do carro, e fui direto para a recepção.

– Bom dia! Eu gostaria de saber como está a paciente Beatriz Walker. - Pedi atropelando algumas palavras.

– Bom dia! - Disse a recepcionista com um sorriso de paisagem. - Bom, você terá que perguntar isso diretamente com o doutor responsável pela paciente, eu aconselho você a sentar-se um pouco e esperar, pois ele está em uma reunião sem previsão de término.

– Valeu, obrigado! - Forço um sorriso.

Fiz exatamente oque ela pediu. Enquanto esperava, estava começando a ficar impaciente, minuto em minuto trocava o peso do pé. Que a propósito o tempo parecia não passar, cada segundo era um minuto.

– Janjão? - Escuto um homem me chamar, me viro na esperança de ser o médico.

– Mosca? - Digo surpreso. - Você tem noticias da Bia? De como ela está? - Perguntou angustiado.

– Foi mal, cara. Não sei de nada ainda, quem deve ter noticias do estado dela é o Duda ou a Vivi, que a propósito entraram no leito faz um bom tempo e ainda não saíram. - Informou Mosca enquanto checava seu relógio.

– Beleza! O jeito é esperar. - Disse desanimado e voltando a sentar em uma das cadeiras duras da sala de espera. - Você sabe ao menos a causa do acidente? - Perguntei.

– Pois é, saber eu sei, só não sei se posso contar. - Disse Mosca um pouco tenso.

– Qual é Felipe? Eu já fui namorado da Bia e acima de tudo somos amigos, se você não me contar agora ela vai me contar depois. - Digo tentado achar uma maneira de o convencer.

– Você tem razão, mas ó! Não vai fazer besteira, tá? - Questionou ele é eu assenti apreensivo. - A Bia descobriu que o Duda traia ela.

– Filho de uma mãe. - Sussurro. - Eu sabia que isso ia acontecer, eu sabia, caralho! - Digo com o tom de voz alterado, assim como eu. - Bem feito, só assim para ela aprender a escolher melhor, na marra!

– Calma, porque o pior ainda está por vir, adivinha quem era a menina que ele traia a Bia? - Pediu e logo sentou-se ao meu lado.

– Sei lá a Janu? Cris? Bel? - Chuto algumas das antigas peguetes dele.

– Não! Não é qualquer uma. - Ele faz suspense.

– A Marian? - Dou meu último palpite e ele alega estar errado. -Desembucha logo, cara.

– Viviane Walker, conhece? - Pergunta irônico.

– Era quem? - Pergunto espantado, na esperança de ter ouvido mal.

– A Viviane, irmã mais nova dela. Que aliás, você não tava pegando ela? - Falou Mosca com uma certa dúvida.

– Tava sim irmão, mas vadia não se contenta só com um não. - Por um estante toda aquela raiva e rancor que tinha guardado por Eduardo aos poucos se desencadeava e tudo vinha a tona, só que desta vez, mais forte! Filho da puta, de novo, não se contentou com a primeira. São uns idiotas, se merecem. A vadia e o galinha.

– Janjão? - Diz Milena se aproximando, com dois copos de café em suas mãos.

– Qual o quarto que a Bia está? - Pergunto ignorando Mili.

– Sei não, você sabe amor? - Mosca refere-se a Mili.

– Duzentos e oito, só que os pais da Bia acabaram de chegar, então..

– Valeu! - Digo a cortando.

Enquanto me afastava deles, pude escutar Milena dando alguns sermões no Filipe, algo referente a mim não poder saber da suposta traição. Foda-se!

Entro em um dos longos corredores que aquele hospital habitava. Enquanto buscava o quarto de número duzentos e oito, escuto uma voz que reconhecia.

– Ela vai ficar sedada durante 36 horas Duda, de qualquer maneira você não iria vê-la acordar.

Escutei com certa dificuldade, o som estava meio baixo e abafado, mas de qualquer maneira era impossível não reconhecer aquela voz.

– Viviane! - Cochicho para mim mesmo.

A raiva e amargura que estava sentindo era surreal, era algo que dominava meu corpo, fazia meus punhos formigar. Eu tinha sangue nos olhos.

– Vamos? - Era aquela mesma voz.

Quando vejo Eduardo sair por aquela porta, meu sangue ferve e minhas veias pulsam. Não me contenho e dou um boxe digno de Óscar naquele moleque idiota, agora eu quero ver mais alguma piranha dar mole para ele sem os dentes.

– Você tá ficando louco, Janjão? - Gritou Viviane enquanto ajudava seu amante. - Oque que te deu para fazer isso? - Perguntou incrédula.

– Oque que me deu? - Pergunto indignado. - Eu que te pergunto Viviane, oque que deu em você para trair sua irmã e ser amante desse aí? - Digo cuspindo fogo.

– Oque? Mas.. Como você sabe? - Perguntou Viviane nervosa.

– A Mili e o Mosca me contaram. - Digo com indiferença. – E sinceramente eu esperava mais de você, Viviane! - A encaro com um olhar de desprezo.

– Mais alguém sabe disso? - Interrogou Eduardo.

– Porque? Tá com medinho que descubram que você ainda é um galinha? - Falo irônico.

– Só me responde!

– Não, ninguém mais sabe disso. - Digo. - Ainda!

– João, olha! - Começou Viviane - Pelo amor de Deus. Se mais alguém souber disso, vai chegar aos ouvidos do meu pai e se isso acontecer ele vai me expulsar de casa..

– Este é um risco que você deveria saber que iria correr. - Falo sorrindo.

– Você quer que eu volte para San Francisco? - Perguntou com os olhos lacrimejados. - Eu não tenho ninguém lá, e muito menos aqui.

– Eu não vou contar. - Cochicho, mesmo ela tendo feito tudo oque fez, ainda mexia comigo. - Pela Bia, eu não vou contar porque sei que ela não gostaria de ter a reputação manchada por corna. - Faço uma pausa e continuo. - Ainda mais por dois delinquentes que só pensam em sexo. - Digo indo em direção a saída.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.