Me levantei sorridente da cama, como ele consegue me animar em plena seis da manhã? Não sei.
Fui pro banheiro, tomei um banho rápido, e vesti meu uniforme. Em pouco tempo já estava na cozinha tomando café. Comi meio pão e um copo de leite, depois fui escovar os dentes. Terminei, e sai. Minha mãe ainda estava dormindo, então nem dei tchau, é. Fiquei esperando o Gabriel na calçada, até ele aparecer.
- Oi minha linda — ele disse me dando um selinho.
- Oi amor — sorri retribuindo com outro.
- Tudo bem?
- Sim, você me faz bem — sorri e ele me abraçou pela cintura.
- Você também, sempre — ele sorriu e fomos andando pra escola. Chegando á um quarteirão, nos separamos, e andamos normalmente, como amigos, há.

Entramos na escola, nos despedimos com um abraço, e eu fui pra minha sala. Me sentei no lugar de sempre, ao lado do Dudu. O professor entrou na sala, e começou a dar aula de Química, eca.
- Ju... — Dudu disse.
- Oi? — sorri.
- Eu tenho que te falar uma coisa... muito seria — ele olhou pra mim, me fitando com seus lindos olhos castanhos.
- Pode falar — sorri, preocupada.
- É muito serio — ele falou — posso ir na sua casa hoje á tarde pra gente conversar? — ele sorriu.
- Pode sim, vou te esperar — sorri.
- É, estarei lá — ele disse, e voltamos nossa atenção para a aula.
O resto do dia foi assim, aula chata, e depois recreio com Dudu e Gabriel juntos. E as ultimas três aulas também foram terríveis, até o horário da saída.
Juntei minhas coisas na mochila, e sai andando, até alguém me puxar para o cantinho, perto da porta do zelador. Tentei gritar, mas essa pessoa tampou minha boca com uma das mãos, e com a outra me segurava com força.
Olhei para o rosto do garoto, e pude ver os olhos castanhos, e o cabelo loiro-escuro jogado na testa de quem mais? Isso mesmo, Emilio.
- O que você quer inferno?! — perguntei me soltando e revirando os olhos.
- Conversar com você — ele sorriu e se encostou na parede, não deixando de soltar meu braço.
Ali não podíamos ser vistos, era escondido.
- Então fala que não tenho o dia inteiro — respondi seca.
- Nossa, você tá tão diferente de sábado... — ele disse me fitando.
- Lógico? Eu estava bêbada — revirei os olhos.
- Então quer dizer que quando você está bêbada você fica carinhosa e gentil? — ele disse sarcástico.

- Depende do ponto de vista — o encarei.
- Meu ponto de vista é sim — ele sorriu.
- Então foda-se — disse puxando meu braço — Emilio, estou atrasada, tenho que ir pra casa — sorri sínica.
- Relaxa, se tiver tarde eu te levo em casa de carro — ele disse.
- Tarde? — pausa — E quem disse que eu quero sua carona? Prefiro ser sequestrada — revirei os olhos, e dei outro puxão no meu braço.
- Você sempre quer minha carona, você sempre quer minha companhia, eu sei disso Julia — ele sorriu se aproximando de mim — Mas fique sabendo que eu também
- Eu? Você também o que? Emilio, tá drogado é?
- Não — ele sorriu, roçando seus lábios em um lado de minha bochecha — eu te quero, do mesmo jeito que você me quer. Até mais — ele sorriu.
- Então desiste, tchau — puxei meu braço com força, e consegui me soltar. Sai andando, com passos pesados e com raiva, até chegar no portão da escola. Fui pra casa sozinha, já que o Gabriel já tinha ido embora.
Cheguei em casa, e fui pro meu quarto. Troquei de roupa, e desci pra almoçar, depois fiquei na sala vendo TV até umas três. Não havia conversado com o Gabriel desde já, então resolvi ligar pra ele.

Telefone on

- Oi?
- Oi Gabriel
- Oi minha linda!
- Tudo bem?
- Aham, e você?
- É, estou — disse — hoje você nem me esperou ne...
- Esperei sim, até 12:40, mas num te achei na escola, então vim embora...
- Ah, mas eu sai de lá 12:30
- Nossa, como não te vi?
- Num sei — dei um risinho.
- Mas e ai, vai sair hoje?
- Hm... — pausa — é, vou. Tenho uns deveres pra fazer sabe... Vou ficar em casa estudando hoje.
- Ah, então tá ne — ele disse — qualquer coisa quando terminar me liga e a gente vai dar uma volta por ai.
- Beleza — disse dando m risinho e ele também. A campainha tocou — Gabriel, to indo ok?
- Ok.
- Te amo.
- Eu também, muito. Mais que você
Telefone off

Desliguei o telefone e joguei ele no sofá, e sai correndo até o portão. Era o Dudu.
- Oi minha Ju — ele disse me dando um selinho.
- Não, aqui não — o empurrei rápido para dentro de casa, olhando os dois lados da calçada.
- Ahn? — ele me olhou assustado.
- Nada, vamos — disse me apoiando na ponta dos pés e dando um selinho nele.
Entramos em casa, e fomos pra sala. Nos sentamos no sofá, e ficamos nos fitando por alguns segundos.
- Então... o que tem a me falar de tão serio? — sorri

- Bom... É meio difícil de dizer — ele disse, engolindo seco.
- Ai, fala logo, to ficando curiosa — fiz biquinho.
- Vou tentar ser o mais curto possível — ele disse — é uma notícia ruim.
- AH DUDU! Não me deixa curiosa — fiz cara de cachorro abandonado pra ele.
- Tá, vamos lá — pausa — eu vou me mudar — ele disse, me fitando.
- V-VOCÊ VAI O QUE?! — gritei — COMO ASSIM VAI SE MUDAR? E A GENTE?!
- Calma Ju, calma — ele disse segurando minha mão — deixa eu explicar.
- Explica!
- É que eu vou fazer intercambio... — ele disse — no Canadá — ele olhou pra mim.
- NO CANADÁ?! — olhei assustada — Á 8270 QUILÔMETROS DE MIM?
- É — Ele fez biquinho.
- Mas e a gente, como fica?! — olhei pra ele assustada.
- Ai a gente... A gente não fica — ele disse — não vai dar, eu tenho que ir, é a chance da minha vida Ju — pausa — A coisa que eu mais queria era ficar aqui, com VOCÊ, mas não posso, eu tenho que ir... Por mais que isso seja triste, e machuque — ele me olhou.
Senti meus olhos arderem, provavelmente já estariam cheios de lagrimas.