– ouvi o telefone tocar. Me levantei rapidamente, me assustei com aquele sonho sem pé nem cabeça, era estranho.
Peguei o telefone e atendi
Telefone on
- Alo – disse com a voz sonolenta.
- Oi Ju! – ouvi Gabriel.
- Oi Gabri
- Tudo bem?
- Tudo, e aí?
- Também... Ju, estava pensando... vai sair hoje?
- Não, por que?
- Posso ir aí? A gente pode ver filme, sei lá... fazer alguma coisa, e depois vamos tomar sorvete, que tal?
- Claro, to te esperando aqui. Beijo
- Beijo
Telefone off

Me levantei e desci para a sala. Liguei a TV e sentei no sofá, para ficar esperando o Gabriel.
Ding Dong – ouvi o interfone tocar.
- Oi?
- Sou eu Ju
- Já vou abrir – coloquei de volta no gancho e fui andando em direção ao portão.
Abri, e dei de cara com Gabriel.
- Oi Ju! – ele disse, me olhando de cima abaixo.
- Oi Gabri, entra aí – abri mais o portão, e ele entrou.
Nos sentamos no sofá.
- O que vamos fazer? – perguntei.
- Vamos ver um filme, sei lá, num tem nada pra fazer mesmo. E aí umas 4 a gente vai tomar sorvete, pode ser? – ele sorriu.
- Pode sim – me levantei e fui pegar o controle da TV. Voltei e me sentei ao seu lado.
Ele se ajeitou, e eu liguei em algum canal de filme.
Deitei minha cabeça em seu colo, e ficamos conversando.
- Julia, posso te fazer uma perguntinha? – ele disse.
- Logico que pode – sorri.
- Hum... Eu vi semana passada lá na escola você e o...
- Emilio? – sorri.
- Aham... E vocês estavam quase se beijando...
- É, uma longa história...
- Longa?
- É.
- Me conta? – ele riu.
- Conto, mas só se me prometer guardar segredo – fiz biquinho.
- Logico que guardo – ele sorriu.
- Então... É que tipo, ele e eu... Andamos nos beijando de uns dias atrás aí...
- Não brinca? E ele namora sua mãe uai.
- É isso mesmo, ele estava traindo minha mãe.
- Por que estava?
- Porque eu não deixo mais... Aí sábado dei um sossega leão nele.
- Sossega Leão? – ele riu.
- É.
- O que você fez?
- Eu mandei ele escolher entre eu e minha mãe até amanhã – sorri maliciosamente – E aí, se ele escolher minha mãe, eu desisto dele de vez, e se ele me escolher, eu fico com ele. Mas ele tem que tomar uma atitude – revirei os olhos.
Ele fez uma cara de ciúmes.
- Nossa... Que barra – franziu o cenho.
- Imagina – sorri. Me virei, e voltei a prestar atenção no filme.

Ficamos o resto do filme em silencio, sem falar nada um com o outro. Assim que acabou, eram 15:40.
- Vamos tomar sorvete agora Gabri? – perguntei me levantando e indo pegar o controle.
- Vamos – ele respondeu.
- Só vou trocar de roupa ok? – sorri.
- Tudo bem, eu espero – Ele se recostou no sofá, e eu entreguei o controle na mão dele.
Me virei e sai andando. Entrei no meu quarto e fechei a porta. Vesti uma roupa bem simples, e fui ao banheiro. Escovei os dentes, soltei o cabelo e passei um gloss rosinha. Coloquei meus óculos e desci correndo.
- Oi cheguei – disse olhando pra ele, esparramado no sofá e vendo televisão.
- Vamos então – ele se levantou e sorriu.
Saímos de casa, e ele me deu a mão.
- Aonde vamos? - perguntei
- Ah, não sei... Vamos andando e procurando alguma – ele riu.
- Eu não conheço nada aqui.
- Muito menos eu – rimos.
Ficamos em silêncio o resto do caminho, mas ainda de mãos dadas. As vezes eu olhava pra baixo, as vezes ele mexia os lábios, talvez para dizer alguma coisa, mas sempre desistia.
- Vamos chegar no McDonald’s desse jeito – ele disse, e eu ri.
- Eu também acho mais fácil irmos pra lá. Ou no Bob’s.
- Quero Milk Shake, vamos no Bob’s – ele sorriu.
- Beleza, vamos ter que pegar um táxi – olhei no meu bolso, tinham duas notas de 20 reais. – Eu pago o taxi e você paga o sorvete, pode ser? – sorri.
- Pode, mas, o taxi vai ficar mais caro, vamos inverter
- Não não, da pra pagar numa boa aqui – sorri.
- Se você insiste – ele disse e paramos na calçada, esperando passar algum.
Ele deu sinal, e entramos dentro do carro.

- Pois não? – motorista se virou pra trás. Disse aonde iríamos, e ele seguiu.
Chegamos e eu dei o dinheiro. Descemos do carro, entramos na lanchonete e fizemos nossos pedidos.
Peguei um Milk shake de morango com batata frita, e ele o mesmo, só que de chocolate.
Nos sentamos na mesa, e ficamos comendo em silencio.
Gabriel estava diferente. Sem conversar, isso é estranho. Entre nós existia muito diálogo, e agora, ele fica calado. Eu totalmente não consigo me inspirar em algum assunto que seja bom, que possa render, e se ele não me ajuda, não da certo.
- Gabriel... – sussurrei.
- Oi Ju – ele sorriu.
Fiquei em silêncio.
- Ju? – franziu o cenho.
- Ah, viajei aqui – sorri - eu queria saber...
- O que? – ele perguntou, virando a cabeça um pouquinho de lado. Ficava tão fofo junto a sua carinha de dúvida que dava vontade de gritar e apertar. Parei
- aconteceu alguma coisa? – perguntei, mordendo minha batata.
- Não, por que? – ele tomou um pouco de Milk shake.
- Ah, sei lá... você tá diferente – sorri de canto.
- To não Ju... Bom, não sei ne. – pausa – o que tá diferente?
- Não sei explicar – mordi minha ultima batata e tomei o ultimo gole de Milk shake – mas, esquece.
- Hum, vou tentar esquecer, mais ainda quero saber – ele sorriu e tomou o que restava do seu Milk shake de chocolate.
- Vamos? – sorri.
- Vamos – ele se levantou, e eu também.
Pegamos um taxi, e rapidamente já estávamos em casa de novo.
- Quantas horas ? – ele perguntou.
- Cinco e quarenta – respondi olhando no me relógio.
- Tenho que ir Ju, pegar meu irmão na aula de natação – ele sorriu.
- Tudo bem – sorri e o abracei.
Ele retribuiu, me apertando forte.
- Até amanhã – disse sorrindo, mas logo seu sorriso desapareceu. Sorri de volta, mas ainda com minha feição de duvida.

Entrei em casa e fui direto para o meu quarto. Tomei um banho, e vesti uma roupa de ficar dentro de casa. Eram 18:00 ainda, então resolvi assistir – uma coisa que eu geralmente nunca faço – o resto de malhação. Enquanto assistia, fiquei pensando em Gabriel. Eu falei alguma coisa errada? Sei lá, de uma hora pra outra, ele vem e fica diferente comigo... Será que foi só porque eu falei aquilo do Emilio? Não, ele não pode estar assim só por causa dele. Eu não tinha a intenção de falar isso.