- Chegamos crianças – ouvi minha mãe dizer. Eu havia dormido e arrancado um dos fones de ouvido, é.
- Oi – Disse me virando.
- Podemos ir? – ela disse.
- Aham – me levantei e guardei minhas coisas na mochila.
Fomos andando, e eu fiquei calada. Os outros só comentavam da caminhada e da cobra que quase atacou eles, eu nem dei confiança.
Chegamos em casa, e fomos em direção á piscina.
Coloquei minhas coisas em cima da mesa de sol branca, e fiquei esperando Rafaela.
Senti alguém segurar minha cintura com força. Olhei, era Gabriel. Ele me levantou tirando meus pés do chão.

- Seu louco! O que vai fazer? – perguntei me debatendo contra seu braço tentando me soltar.
- HAHA, vai ver – ele me levantou mais, e foi me segurando até a beirada da piscina. Ouvi um grito, Dudu tinha pegado Rafaela da mesma forma.
- Vamos Gabriel?! – ele perguntou rindo.
- Vamos – ele disse – tá preparada ne Julia?! – ele perguntou, respirando fundo como se fosse mergulhar, espera aí, mergulhar?
Tampei meu nariz, foi a única coisa que consegui fazer antes de ele pular dentro da piscina.
- Gabriel, e se eu te dissesse que não sei nadar? – disse fingindo me afogar.
- Eu ia te salvar assim – ele chegou perto de mim e me pegou no colo. Começamos a rir – mas eu sei que você sabe nadar.
- Mas eu quero fingir pra ficar aqui com você meu salva vidas – passei minhas pernas por sua cintura e me joguei pra trás. Ele começou a rir e me segurou.
- Mas não, você pode ficar aqui mesmo sabendo ok? – ele riu, e eu também.
- Tá bom – disse e sorri pra ele.
Ficamos o resto da tarde na piscina, nos 4. Os outros, minha mãe, meu pai, Luiz e Emilio haviam saído. Pra onde não me pergunte.
(...)
- Nossa Ju, senti o maior climão entre você e o Gabriel lá na piscina... – Rafaela disse, enquanto eu saia do banheiro enrolada na toalha e secando meus cabelos.
- Clima nada, eu e ele somos apenas amigos... – disse, abrindo minha mala. Ela se direcionou ao banheiro, mas deixou a porta aberta para podermos conversar.
- Ah, só amigos ne? E amigos se pegam também? – ouvi a voz dela abafada por causa do chuveiro.
- Aquilo foi um pequeno caso a parte – vesti minha roupa. Me sentei na cama penteando os cabelos, e Rafa saiu do banheiro. Pegou sua roupa e vestiu.

Ela passou uma maquiagem bem básica em mim, terminei de pentear os cabelos e saímos do quarto.
Chegamos na varanda, estavam sentados minha mãe, meu pai e Gabriel. Conversando sobre os insetos que habitam o lugar, eca. Nos sentamos eu e Rafaela na rede, e ficamos conversando.
- Oi amoures da minha vida – Luiz veio e se sentou entre nós duas – preciso bater um papo reto com a Julia – ele se virou pra mim.
- Pode falar – sorri
- Com que direito você pegou meu garoto delicia?! – ele exclamou baixo.
- Peguei? Seu garoto delicia? Como assim? – acho que o Luiz tá surtando.
- É, o Gabriel sedução – ele cruzou os braços. Rafaela começou a rir e eu fui junto
- Luiz, Gabriel sedução? Garoto delicia? – olhei desconfiada pra ele.
- ARRÁ, TE PEGUEI! – Ele apontou o dedo na minha cara – eu sabia que tinha alguma coisa aí.... E você com esse ciúme, te peguei malandrinha – ele começou a rir. Olhei pra ele com a cara assustada.
- Tá doido? – perguntei.
- É Luiz, o que andou bebendo hoje? – Rafaela segurou seu braço.
- Bebi todas na night – ele balançou os cabelos – mentira amigas, bebi só água e suco de laranja, não estou alcoolizado – mandou um beijo.
- Tá, mas eu ainda acho que tá doido.
- E eu ainda tenho certeza que você pegou o Gabriel – ele deu um peteleco de leve no meu nariz e se levantou.
Emilio chegou, e ficou rodeando minha mãe. O resto da tarde – o que foi quase meia hora – passamos ali, conversando em grupinhos, e a noite, até mais ou menos umas 8 também.
(...)
- Que filme vamos assistir? – Eduardo perguntou se sentando conosco no lado direito do sofá. Estávamos eu, Luiz agarrado em mim, Gabriel do outro lado, Rafaela e Dudu que acabara de chegar. Emilio e minha mãe estavam no outro sofá, e meu pai na poltrona.

- Não sei, quero romance – minha mãe disse, dando um beijo em Emilio depois.
- Eu também – Luiz disse.
Meu pai se levantou e colocou algum filme de romance que eu não me lembro bem, porque afinal eu passei o tempo quase inteiro desmentindo o Luiz de tudo que ele falava – que era só besteira – conversando, e rindo. Pois é.
Emilio passou o filme inteiro agarrando minha mãe, então acho que eles também não prestaram atenção. E meu pai... dormindo.
- Luiz, eu tinha me esquecido... – disse cutucando ele.
- Hun? – ele resmungou.
- Você saiu mesmo com a Larissa? – perguntei franzindo a testa.
- Eu disse que sim meu amor – ele disse, sorrindo.
- E o que você tinha pra em contar?
- Ah, que sei lá... – pausa – Acho que to gostando dela – ele disse baixo.
Arregalei os olhos.
- Rá, conta outra Luiz – abanei a mão, num sinal de reprovação.
- É serio... Mas ainda não tenho certeza.
- Luiz, você mesmo disse que tem nojo de mulher – disse com os olhos semicerrados.
- É... Mas... Ela é tão diferente – ele sorriu, seus olhos brilharam.
Vale ressaltar que agora ele estava com a voz mais grossa, de homem.
Eu acho que o Luiz anda bebendo.
- Luiz, você bebeu lá ou o que?
- Não, é serio! – ele disse, ficando nervoso - Mas sei lá... - ele sorriu

- E eu não acredito ainda... Não quero perder meu melhor amigo – fiz biquinho.
- Ah, e não vai perder! – ele disse, me empurrando de leve – Eu sempre serei ok?
- Ah, mas não será mais gay – cruzei os braços.
- Então quer dizer que você só gosta de mim porque eu... gosto de garotos? – ele riu.
- Também... É porque assim eu tenho mais liberdade – dei um sorriso grande.
- Olha, não vou discutir com você, porque você sabe que é minha melhor amiga, independente de qual sexo eu gosto ok? – ele disse, me abraçando. Retribui e ficamos rindo. Rafaela e Dudu estavam dormindo, e Gabriel vendo o filme.
(...)
- Vamos dormir, anda! – disse sacudindo Rafaela. O filme havia terminado e ela e Dudu estavam quase roncando.
- Já vou já vou – ela disse se levantando.
- Pega a pizza lá na cozinha Jubs – meu pai disse apontando pra porta da cozinha. Fomos ver filme e nos esquecemos de comer.
Entrei e peguei a pizza na bandeja, e fui levando pra barraca.
Nos sentamos os cinco lá dentro, e começamos a comer, conversando. Em menos de cinco minutos a pizza já tinha acabado.
Coloquei a bandeja para fora, e me deitei na cama. Resolvi dormir com aquela roupa mesmo, só iria vestir a calça de pijama.
- Todo mundo olha pra lá – apontei pra porta da barraca, que já estava fechada.
- Por que? – Dudu perguntou.
- Vou trocar de roupa aqui debaixo – entrei debaixo da minha coberta e tirei meu short.
- Eu também – Rafaela foi até o lado dela, e entrou lá debaixo.
Vesti minha calça rápido – com muita dificuldade – e sai. Rafa fez o mesmo.
- Vou dormir aqui agarradinho com a Ju – Dudu disse deitando do meu lado e me abraçando.

- E eu também – Gabriel veio do outro lado. Começamos a rir.
- Boa noite pros três. – Rafaela disse, se virando na cama.
- Boa noite – Luiz entrou debaixo do seu cobertor e cobriu a cabeça.
Ficamos nós três acordados conversando, até que resolvemos dormir.
Me recostei no travesseiro, encostando a cabeça com a do Dudu, e fechei os olhos. Logo já estava dormindo.
Acordei de manhã, com o sol na minha cara. Os outros ainda estavam dormindo. Olhei pro lado, Gabriel dormia como um anjo, abraçado em mim.
Soltei seu braço que laçava minha cintura devagar, e me levantei. Calcei o chinelo, e fui andando até dentro de casa.
Minha mãe estava sentada sozinha na mesa da cozinha.
- Bom dia mãe – disse coçando os olhos.
- Bom dia filha! – ela sorriu. Me sentei ao seu lado.
Peguei um pedaço de pão caseiro e passei requeijão.