Julia,

Fui trabalhar, não vá a aula hoje. Cíntia vai embora as 11:00,

e logo depois da aula, Rafaela disse que vem te fazer companhia.

Chego ás 20:00, reunião de trabalho.

Por favor, sem aprontar nada.

Beijos te amo s2. Mamãe.

É, vou ficar aqui, atoa, sozinha em casa. Não é tão ruim, porque, eu vou poder dormir um pouco mais hoje, ah, tudo que eu queria. E também, eu posso chamar mais algumas pessoinhas para virem pra cá hoje. Hum, vai ser até bom...

Voltei pra cama, e me enrolei no lençol. Voltei a dormir.

Acordei, olhei no relógio, eram 10:50. Me levantei da cama, e fui até o banheiro. Abri o chuveiro um pouco gelado, estava com calor agora. Entrei, e fiquei enrolando um pouco. Terminei o banho, e sai me enrolando na toalha. Fui até meu quarto, liguei a TV e fiquei passando o pente no meu cabelo. Meu celular apitou.

Fui até a poltrona, e peguei ele. Uma mensagem da Rafa.

Julia, acorda agora!

Estou indo para aí daqui a 10 minutos eu chego.

Eu e o Luiz vamos matar os últimos horários agora pra ficar com você

Não é mágico? Nos ame o/

Bjs,

É, eles me amam. Mandei uma mensagem de volta.

Já acordei –‘

Mas, só uma coisa, chegue aqui 11:10, porque, a Cíntia vai embora 11:00

E se ela ficar sabendo que o Luiz veio também, minha mãe me mata,

Porque o combinado era só você, então...

bjs, esperando s2’

Fui até meu armário, e abri. Resolvi vestir um short, e uma camiseta regata, eu estava MORRENDO de calor, apesar de que essas roupas não tem anda a ver comigo. Não achei, então resolvi assaltar o guarda-roupa da minha mãe.

Sai pela porta, e fui até o quarto dela. Tinha umas roupas – pijamas – espalhados no chão, sapato, toalha em cima da cama, o banheiro cheio de cremes em cima da pia, credo, minha mãe está parecendo adolescente. Acho que depois que ela se divorciou do meu pai, perdeu a organização mesmo, voltou geral no tempo e voltou a ter 17 anos.

Abri o armário, e, pelo menos ele estava organizado. Abri a gaveta de shorts, e peguei um preto. Peguei uma regata branca, e fechei, deixando tudo do jeito que encontrei antes. Fui pro meu quarto.

Soltei o cabelo, e vesti a roupa . Me olhei no espelho, é, essa não era eu. Blusa sem manga, short curto, cabelo solto. Calma, to diferente, não é a Julia.

Fiquei me olhando mais um tempo no espelho, até que batem na porta.

– Julia, estou indo. Seu almoço está em cima da mesa. Até amanhã – Cintia apareceu na porta. Me olhou assustada, e depois sorriu.

– Ok Cíntia, até amanhã – mandei um beijo.

Terminei de arrumar meu quarto, dobrei as roupas espalhadas, arrumei a cama, organizei tudo, estava de dar dó de pisar dentro do quarto. Nem parecia mais meu quarto. E, por incrível que pareça: Abri as cortinas e a janela.

Me pendurei na janela, e fiquei tomando um sol na cara – odeio – e olhando pra piscina que mal, mal era utilizada. Só minha mãe, as amigas dela, ou pessoas do gênero – lê-se Emilio – usavam a piscina de vez em quando. Ouvi a campainha tocar.

Peguei o interfone.

– Oi? – perguntei, com minha voz fina e quase impossível de escutar.

– Credo, que voz é essa menina, tá ruim mesmo hein! – ouvi Luiz berrar do fundo.

– Cala boca Luiz – agora ouvi um tapa – Ju, é a gente, abre ai – Rafaela falou.

Enfiei o pé no tênis e desci as escadas correndo. Abri o portão pelo interfone, e abri a porta.

Eles vieram andando, e pararam na minha frente. A boca do Luiz foi no chão.

Ninguém disse nada, ficaram olhando pra minha cara.

– O que foi? tem um guaxinim na minha cara? – perguntei assustada.

– Cadê a Julia? – ele perguntou me olhando de cima abaixo.

– Que Julia? Eu? – perguntei me virando. Ele arregalou mais os olhos quando olhou meu short-calcinha na parte traseira.

– A Julia, que só andava de calça, a Julia bunda-murcha e sem peitos – ele disse, de boca aberta quando em virei novamente.

– Eu ne? Que isso, não tem nada de errado comigo. – puxei os dois pra dentro.

– Tem sim, você tá de short! – Rafaela abanou as mãos – de regata! – abanou mais – e bom um bundão! – ela balançou as mãos mais ainda.

– Nossa, tá bom, eu vou vestir uma calça ali e já volto.

– NÃO, você tá gata amiga – Luiz gritou – Nem pense em vestir aquelas roupas de novo, agora você tá uma delicia! – ele riu.

– Há! – respondi sarcástica – vamos subir, anda. – puxei eles pela escada afora.

Chegamos no meu quarto, e eles se esparramaram na poltrona.

– Amiga... Que tédio. Que tal chamar seu “amiguinho” Dudu pra fazermos uma farra? – Rafaela disse, olhando pela janela.