De branquinha, branquinha, acho que fiquei vermelha como um camarão! Bruno tinha me deixado muito sem graça com o comentário que fez...

– Para com isso. - Retruquei.

– Com isso o quê? - Bruno se fazia de desentendido.

– Isso de jogar charme para as mulheres, sei muito bem como são esses carinhas. Prometem o céu e a Terra, a moça se apaixona, se ilude e no fim fica sozinha chupando dedo e chorando pelos cantos da casa. - Eu e minha dramaticidade.

– Não sou assim, você não me conhece, pode conhecer o Bruno, mas o Peter é diferente, talvez não tanto... mas diferente de uma certa forma. - Bruno ficou um tanto quanto 'sismado' com meu gênio forte.

– Ah ok, então eu me surpreenderia se conhecesse o Peter?

– Provavelmente sim... - Bruno sorriu e passou as mãos sobre seus cabelos.


– Venham! Falta só um minuto para meia noite, vamos brindar! - Lili chamou com um sorriso encantador, eu amava o sorriso dela.


Bruno e eu nos levantamos e nos juntamos com o grupo de amigos de Lili, que de quinze pessoas já tinha o dobro.


Meia noite, finalmente!

Feliz Natal!! (Todos falamos em coro)

Lili abraçou Bryan e lhe deu um beijo. Depois veio até mim e me abraçou. Aquele era o primeiro abraço sincero que eu recebia desde que Dona Jullia faleceu. Me emocionei e deixei cair uma lágrima. Tiara veio para perto e perguntou se eu estava bem. Respondi que sim, é claro. Mas não, eu não estava bem, comecei à me lembrar dos Natais em que eu passava com minha mãe, ela fazia gorrinhos de crochê vermelho, usava um e me dava o outro. Dizia ser a Mamãe Noel e todo Natal me dava um presente feito por ela mesma. No nosso último Natal juntas, ela me deu uma boneca de porcelana que ela mesma fez, tinha os cachinhos pretos e olhos castanhos. Igualzinha à ela. Até hoje tenho minha pequena Marie, esse era o nome de minha mãe.

Tiara me abraçou e me desejou um Natal maravilhoso, ela sabia que eu não estava bem, pude perceber pelo olhar dela.

Bruno chegou perto de mim e nós trocamos um olhar tão intenso que me arrepiei até a espinha!

– Hey, vai ficar tudo bem. Confie em mim. - Bruno disse me abraçando em seus braços.

Mas como assim "vai ficar tudo bem."? Como ele sabia que eu estava me sentindo mal? Essa era a única pergunta que me vinha à cabeça: COMO?

Estava com a maquiagem toda borrada, uma única lágrima fez um estrago nos meus olhos, rs. Estava parecendo um urso panda.

Chamei Lili e pedi sua maquiagem emprestada, nós duas fomos até o banheiro. Lili tinha uma maquiagem magnífica! Minha angústia passou rápido quando vi aquele estojo maravilhoso ali na minha frente.

Lili e eu parecíamos como irmãs, a irmã que eu nunca pude ter.