Bruno POV:

Cheguei em casa pela madrugada completamente exausto. O dis foi cansativo, trabalho e mais trabalho. Mas eu sabia que ao chegar em casa tudo mudaria, pois ela estaria lá.

Abri a porta e entrei vagarosamente, ela certamente já estaria dormindo. Fui tirando o sapato e as meias e joguei tudo pelos cantos, sabendo que tomaria bronca no dia seguinte. Aproveitei também pra tomar um banho bem quente antes de me deitar.

Vesti minhas boxers e deitei ao lado de Jessie, que por algum motivo desconhecido por mim, estava bem inquieta. Ela revirava-se de um lado para o outro, sua respiração estava mais acelerada que o normal, já me deixando nervoso e preocupado.

- ME SOLTA! - Ouvi um grito desesperado de Jessi, despertando-a.

- JESSIE! - Abracei-a no mesmo instante. - O que está acontecendo?

- Que bom que está aqui. - Ela me apertou no abraço, já chorando. - Um pesadelo, horrível... não quero me lembrar disso. - Falou entre soluços. - Me abraça forte, promete nunca me deixar sozinha.

- Fica calma. Eu tô aqui, nunca, repetindo; nunca vou te deixar. - Puxei-a para meu peito, fazendo carinho sobre seus cabelos até fazê-la adormecer novamente.

Fiquei pensativo por um longo tempo, o que seria de tão ruim pra ela acordar tão desesperada assim? Adormeci depois de não sei quanto tempo, ainda abraçado à ela.

Jessie POV:

Acordei com uma dor de cabeça fortíssima. Por que meu Deus, POR QUE isso estava acontecendo agora? O que eu fiz para merecer isso? Sei que errei - e muito - no passado, me droguei, bebi, me mutilei, mas é passado! Eu já me redimi de tudo isso, só queria ser feliz com a família que estava construíndo agora!

Queria acordá-lo, dizer que não estava muito bem, mas sabia o quão cansado ele estava. E além do mais, tinha que ir pra agência, por mais instável que eu estivesse, eu tinha que ir, já dei bolo no Allan a semana inteira... Levantei com um aperto no peito, as cenas daquele pesadelo horrível insistiam em passar pela minha cabeça. Me arrumei, comi umas frutas, deixei um bilhete na geladeira e fui, não querendo, mas fui.

[...]

- Bom dia borboleta. - Allan falou logo que me viu.

- Nada bom... nada bom. - Respondi cabisbaixa.

- Quer me contar? - Ele disse me dando um singelo abraço.

- Melhor não Allan. - Respondi tristonha.

Trabalhei o dia todo em silêncio, graças a Deus não tinha que fotografar, meu humor não estava agradável para isso. Quando ia entrando no carro, uma mão grande e robusta me segurar pelo braço. Virei meio assustada e entrei em choque com o que vi.

- Oi Jessie. - A voz que eu repudiava falou com aquele sorrisinho irônico. - Sentiu saudade de mim?!

- O que você quer? - Respondi meio que em transe.

- Calma gatinha. - Falou deslizando suas mãos nojentas sobre meu rosto. - Vamos conversar... num lugar mais adequado. Entra no carro! - Falou em tom autoritário.

- Quem você pensa que é? - Falei firme. - Me deixa em paz!

- Vai entrar por bem... - Passou minha mão em sua cintura, fazendo-me sentir um volume, parecido com um revólver talvez. - Ou por mal?

Meu coração já pulsava acelaradamente. Por medo, não medo de acontecer algo comigo, mas, com meu bebê. Não tive escolha a não ser fazer o que me foi 'ordenado'.

- Quero que dirija até aquela praça... lembra dela ainda? - À cada tom emitido por aquela voz, me dava mais medo ainda.

Fiz o percusso, que naquele momento, só me trazia péssimas recordações em choque total, me segurando para não chorar.

- Pronto. - Falei quase que num sussurro.

- Vamos lá... - Disse saindo do carro e sentando-se num banco. - Você não vem? - Falou em tom irônico.

Suspirei pela milésima vez naquele dia e saí do carro, sentando-me no mesmo banco que ele.

- Senti saudade. - Que rídiculo! Como eu pude me envolver com alguém assim?

- Diz logo o que você quer Richard! - Falei impaciente.

- Soube que você está de vida boa agora... - Ele falou enquanto batucava no banco. - Casada com aquele cantor... como é mesmo o nome dele?! Bruno Mars, não é isso Jessie?! Parabéns, você conseguiu o que queria, deu o golpe do cofre, casou com um otário montado na grana.

- Você me dá nojo Richard. - Falei indignada com a falta de respeito. - NOJO entendeu?!

- Que seja. - Ele ironizou. - Vamos ao que interessa?! Eu quero 20 mil dólares em sete dias.

Meu queixo caiu. Como assim 20 mil dólares? Ele pirou?!

- Você só pode estar completamente louco! - Falei levantando-me e caminhando em direção ao meu carro.

- Onde pensa que vai? - Richard segurou bruscamente em meu pulso.

- ME SOLTA! - Droga! Estava presenciando meu pior pesadelo. - Está me machucando Richard, me solta!

- Melhor fazer o que eu mandei, senão você e seu maridinho correm sérios riscos. - Falou em um tom ameaçador, soltando-me logo em seguida.

Caminhei rapidamente até meu carro, sentindo lágrimas salgadas escorrerem pelas minhas bochechas. Não conseguia mais parar de chorar, estava deseperada. Entrei em meu carro e lá permaneci por um bom tempo tentando me acalmar, minha visão estava nebulosa por conta das lágrimas, não teria condições físicas e muito menos psicológicas para dirigir naquele momento. Respirei fundo e pausadamente como me ensinou o Dr. Dereck e deslizei minhas mãos sobre minha barriga. Se Richard soubesse dessa gravidez tudo iria piorar. A única pergunta que me vinha a mente era "por quê?". Por que comigo? Como eu ia conseguir essa quantia absurda que aquele canalha havia pedido? Se arrependimento matasse... nem quero pensar.

Richard foi meu primeiro e único namorado. Um drogado que até hoje não se livrou do vício. Como eu queria nunca ter me relacionado com ele... ele me batia, me maltratava e talvez por estar na mesma que ele, eu não me importava. Minha primeira relação sexual me traz dor até hoje, ele foi tão bruto, tão ignorante! Como eu consegui ficar com um ser tão desprezível desses meu Deus? COMO? Lembro-me da noite que conheci Lilian, estava nessa mesma praça, em prantos. Havia brigado feio com ele, eu estava decidida a mudar e ele não aceitava isso. queria que eu continuasse me afundando com ele. Naquela tarde me agrediu e eu fugi, completamente desolada. Se não fosse Lilian, talvez eu ainda estaria na pior.

- Me desculpa por isso. - Falei alisando aquele pequeno ovinho que se formara em minha barriga. - Eu juro que vou te proteger de tudo e de todos.

Já estava anoitecendo e eu estava completamente fraca, mal me alimentei. Decidi parar em um mini-restaurante e comi por lá mesmo. Como eu ia conseguir chegar em casa e agir como se nada tivesse acontecido? Bruno não poderia saber desse inferno que voltou à me assombrar, seria perigoso.

Me senti como ha uns anos atrás: perdida.,