O Mundo Dá Voltas.

Depois do amor, vem a dor (?)


Acordei de madrugada com uma fome inexplicável, parecia uma águia em busca de alimentos. Bruno dormia feito um anjo ao meu lado, me levantei devagar para não acordá-lo e corri em direção à cozinha. Meu estômago parecia gritar de fome, surreal. Preparei uma salada de frutas bem forte e me sentei no sofá assistindo algo não muito interessante.

Ainda não consigo acreditar como eu consegui comer uma tigela de salada de frutas so-zi-nha, de madrugada ainda (!) nunca sinto fome de madrugada. Me levantei para pôr a tigela na pia e quase tenho um ataque de susto quando vi um urso em pé na minha frente! Sim, o urso era Bruno (risos). Pensa naquele cabelo cheio de cachinhos, todo bagunçado e uma cara amassada de sono. Pensou?! Bruno estava exatamente assim.

– Veio assaltar a geladeira foi? - Ele perguntou se espreguiçando.

– Tá louco?! Não sinto fome de madrugada. Vim só beber água. - Escondi minha travessura, lógico.

– Eu vi. - Bruno disse se encostando na parede e rindo.

– Hum, então você estava me espionando? - Falei fazendo cara de irritada.

– Espionando não, admirando. - Bruno falou cruzando os braços. - E à propósito, grande tigela hein!

– Idiota. - Comecei a rir de tão sem graça que fiquei. - Eu fiz barulho?! Você parecia dormir tão profundamente.

– Não, você não fez barulho... Eu apenas fui me virar pra abraçar uma certa pessoa pra me esquentar, pois eu estava com frio e simplesmente não achei a tal pessoa. - Bruno falou fazendo cara de cãozinho abandonado, rs.

– Own que carente. - Falei abraçando-o. - Tá com fome?! Posso preparar algo pra você, antes de irmos nos deitar de novo.

– Será que sobrou algo?! - Bruno era terrível, né?!

– Bobo!

– Brincadeira. - Bruno falou entre risos. - Quero nada não, só me aconchegar em seus braços de novo.

Fomos até o quarto e nos deitamos, envolvendo um ao outro entre um abraço apertado e macio. Bruno adormeceu logo com meus cafunés em sua cabeça. Eu demorei bastante à pegar no sono novamente, estava 'pesada' demais eu acho, ou melhor, tenho certeza. Comi demais, mais uma vez no mesmo dia!

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Amanheceu super rápido, me levantei bem devagar para não acordar Bruno e segui até o banheiro para fazer a higiene matinal. Preparei uma bandeja com frutas, torradas, suco e bolo para Bruno, estava bem disposta naquela manhã, geralmente é ele quem sempre faz isso, rs.

Fui até o quarto, apoiei a bandeja na cama e enchi o rosto de Bruno de selinhos, até dispertá-lo. Era engraçado ver a cara de menino manhoso que ele fazia para acordar, abafando o rosto no travesseiro e resmungando algo que eu nunca conseguia identificar.

– Bom dia meu amor. - Falei sorrindo enquanto via ele abrindo os olhos.

– Bom dia?! Dia lindo, maravilhoso, espetacular, perf... - Interrompi a sequência de elogios dando-lhe um selinho colado na boca.

– Olha o que eu trouxe pra você. - Me afastei pegando a bandeja.

– Nossa! Assim eu vou me acostumar. - Bruno disse já pegando uma das uvas.

– Se você se acostumar vai perder a graça. - Falei fazendo bico.

Sorrimos e tomamos nosso café juntinhos, com direito à morango na boca e tudo, rs. Nos arrumamos e cada um seguiu seu cainho. Bruno estúdio e eu, agência. Liguei pra Lili, como de costume pra saber se estava tudo bem e tive uma notícia não muito agradável. Lili já atendeu o telefone com a voz meio chorosa.

– O QUE HOUVE?! - Perguntei já em desespero.

– A Britt Jessi. - Ela só falou isso e danou-se a chorar de novo.

– O QUE TEM ELA??? - Já estava berrando no carro de tanta aflição.

– Passou mal a noite, teve febre, vomitou e agora tá no soro. - Senti ele abafar o choro com alguma coisa.

– E por que você não me ligou?! Estão no hospital perto da sua casa?

– Eu tentei, mas estava desligado. E o de Bruno também. Estamos aqui sim, o Bryan teve que faltar trabalho e foi com o Brendon pra casa agora.

Merda! Eu tinha desligado o celular mesmo.

– Tô chegando aí já já. Fica calma. - Desliguei e segui caminho até o hospital.

Minha bonequinha dodoi era a mesma coisa que sentir uma faca sendo enfiada em meu peito. Nem me importei em ligar pra agência, pro Bruno, pra nada. Só queria chegar o mais rápido possível naquele hospital. Pena que o trânsito não ajudou muito, minha vontade era pôr asas no carro e sair voando com ele por cima dos outros.

Cheguei no hospital e fui logo procurando por Lili, que estava encostada em uma das portas do imenso corredor observando o vidro.

– Lili... - Falei encostando em seu ombro.

Lili não conseguiu falar absolutamente nada, apenas chorou e me abraçou muito forte.

– Tô aqui... - Falei baixinho apertando-a mais ainda em meu abraço. - O que o pediatra disse?

Lili respirou fundo e soltou-se de meus braços.

– Que é uma virose. Ela vomitou demais, a papinha que comeu toda, a mamadeira, tudo. Deu febre também. Podia acontecer tudo, mas comigo, não com minha filha. - Lili falava enquanto segurava o choro.

– Ela vai ficar bem, estamos aqui. Mas e por que o soro? - Perguntei olhando Britt deitadinha dormindo.

– Por que ela não consegue comer nada, tudo que ingere, é expelido pra fora minutos depois. Foi doloroso demais ver eles enfiando esse treco no bracinho dela. Posso ir em casa tomar um banho e pegar umas roupinhas dela? Acho que vamos ter que ficar aqui até amanhã, espero que seja só até amanhã mesmo.

– Lógico! Eu fico aqui com ela sim, afinal, a madrinha é a segunda mãe. - Falei tentando confortar Lili.

Era horrível demais ver a dor de uma mãe que estava com seu filho hospitalizado.

Mas tudo ia dar certo.