O Mundo Dá Voltas.

Cheguei ao meu limite.


Depois que Dona Jullia faleceu, eu não tinha mais vontade de viver. Apesar de ter conseguido uma certa 'fama' trabalhando como modelo da agência dela, nada do que eu fizesse dali em diante faria eu ficar feliz - afinal, estava sozinha no mundo (de novo) - minha vida se tornou um caos.

Entrei numa depressão fortíssima, só vivia chorando e não queria mais saber de trabalhar. Eu tinha chances de vencer na vida, mas o fracasso dominava minha cabeça, dominou tanto, que eu comecei a me drogar.

Usava drogas todo dia, sempre à noite e em muita quantidade. Cada dia era um novo tipo de droga... mas só as drogas não me faziam esquecer das derrotas que eu estava passando, então, comecei à beber também. Às vezes bebia tanto, que não conseguia me levantar do chão!

Minha depressão era constante, pensei até em me suicidar. Como se já não bastasse as drogas e as bebidas, eu também me mutilava. Acho que encontrei na mutilação uma forma de tentar me livrar da minha vida. Me cortava em várias partes do corpo, uma vez fiz um corte tão profundo, que desmaiei e quando acordei estava numa cama de hospital tomando soro na veia.

Meus 'amigos' se afastaram, ninguém me apoiava, ninguém me dava forças para sair daquela situação. Bebi, me droguei, me cortei por meses e meses.

Estava tão mal, que às vezes esquecia meu próprio nome. Mas aquilo não estava me fazendo bem, decidi que ia mudar, que ia voltar à viver. E assim fiz, participei de reuniões para dependentes químicos, para pessoas depressivas e para pessoas que se auto mutilavam.

Fiquei seis meses em tratamento intenso. Consegui me livrar das drogas, da depressão e da mutilação. Ainda bebia, mas em uma quantidade bem menor do que antes.


Decidi que aquela era a hora de mudar.