Acordei com uma tremenda dor de cabeça no domingo, okhei para o lado e Bruno já não estava mais deitado. Me levantei meio tonta da dor e fechei os olhos por uns segundos, num pedido mudo que aquela dor passasse quando eu abrisse os olhos novamente. Nada. Andei me apoiando nas paredes até chegar ao banheiro e liguei a ducha bem gelada. Tirei a camiseta de Bruno que eu havia dormido e me joguei debaixo d'água

- Tá bem?! - Vi Bruno me observar com a cabeça apoiada nas mãs na parede

- Não. Onde você foi? - Perguntei ainda de cabeça baixa.

- Desci para comprar umas frutas. O que você tem? - Ele perguntou num tom preocupado.

- Acordei com uma puta dor de cabeça. - Resmunguei.

- Te falei pra não tomarmos mais que uma garrafa de vinho.

Verdade. Ele falou... Mas a noite estava tão bonita e nós dois não tínhamos nada pra fazer, eu quis beber um pouquinho...

- Não venha de sermão logo de manhã por favor. - Falei birrenta.

- Não tô dando sermão. - ele riu me entregando a toalha.

- Lili e o pessoal vem almoçar com a gente hoje. - Falei me enrolando na toalha. - Mas não tô com ânimo de cozinhar...

- Eu faço. - Ele respondeu prestativo.

- É hoje que eu não almoço então. - falei rindo.

- Por quê? Minha comida é ruim? - Ele falou manhoso.

- Não seu bobo, mas você demora demais, o almoço vai sair na hora de jantar. - Falei gargalhando.

- Hm, passou a dor né?! Já está até esnobando meus dotes culinários. - Ele riu.

- Ai! Estava passando, mas você fez o favor de me lembrar. - Reclamei com uma das mãos na testa.

- Desculpa. - Ele me deu um beijo colado.

- Sai Bruno. - Empurrei-o.

- Ih além de dor de cabeça tá de TPM também? - Ele me olhou fixamente.

- Chato. - Resmunguei. - Faz salada de frutas pra mim?

- Não. - Ele me deu língua. - Brincadeira... não me espanque.

- Af. - Virei-me pro guarda roupa buscando por uma blusa confortável.

Bruno saiu dando risinhos de deboche em direção à cozinha e eu fiquei martelando mentalmente uma coisa que ele disse.

"Ih além de dor de cabeça tá de TPM também?"

Fiquei repetindo aquela frase na cabeça milhares de vezes.

Será?! - Pensei comigo mesma.

De repente comecei à juntar o que eu andava fazendo na última semana. Fome fora do normal. Veias visíveis demais. Menstruação atrasada, só 5 dias, mas atrasada. E essa dor de cabeça estonteante? Seria mesmo gravidez? Sorri involuntariamente com a tal possibilidade.

- Ainda não se vestiu? - Bruno falou entrando com uma tigela cheia de frutas. - E por que tá rindo assim, meio alienada?

- Estava lembrando de ontem na praia. - Distorci a realidade.

- De ontem quando você me deu aquele tapa que tá ardendo até agora ou de ontem quando rolamos feito criianças na areia? - Ele disse rindo. - Ah, aqui a salada madame.

- De tudo. - Falei rindo mais ainda. -- Só isso?! Cadê maçã? Tem pouquíssima maçã maqui Bruno.

- SÓ ISSO? Eu coloquei quase as frutas todas aí. - Ele gargalhou surpreso.

- Ah... mas eu quero mais maçã. - fiz bico.

- Tá... me dá a tigela, vou lá colocar mais maçã. - ele falou imitando meu bico.

Vesti um short de malha e uma regata estampada e sentei-me na cama imaginando como seria ótimo se fosse uma gravidez mesmo. A dor até tinha sumido, mas eu não queria criar expectativa demais, nem pra mim, muito menos para Bruno.

Sentei na cama com a enorme tigela de frutas que Bruno tinha trazido e ficamos assistindo um programa nada interessante pra passar o tempo.

- Vi fazer o quê pro almoço? - Perguntei apoiada em seu peito.

- Não sei ainda... o que você quer? - Ele respondeu acariciando meus cabelos.

- Peixe assado. - Respondi com a boca cheia d'água.

- Não tem peixe aí. - Ele riu.

- Vai comprar ué. - Eu respondi mimada.

- Uma macarronada é mais fácil. - Ele tentou me convencer.

- Mas já jantamos macarronada na sexta com a Lili, esqueceu? - Arqueei as sobrancelhas.

- E o que que tem? - Mereço?!

- E o que que tem... vai oferecer o mesmno almoço que comemos na casa dela? Que indelicado. - Resmunguei.

- É... tá certa. - Ele concordou pensativo. - Vou lá comprar peixe então.

Vibrei por dentro. Assim que ele saiu corri pra pegar o telefone.

- Lili?!

- Hey pessoa. - Ela respondeu animada.

- Vem hoje né?! A Britt melhorou? - Perguntei mexendo numa taça de vidro que havia ficado na mesa do quarto.

- Vamos sim. Ela melhorou, tá ali implicando com o Brendon, não dão sossego. Ter gêmeos é um caso sério.

- Preciso te contar uma coisa. - Falei rindo.

- Tá rindo é coisa boa... o que é?!

- Ah não. Só vou contar quando você estiver aqui, quero ver sua reação de histeria de perto. - gargalhei.

- Nossa. - Ela gargalhou junto. - Daqui à umas duas horas estamos indo praí. À propósito... o que temos pro almoço?

- Peixe assado. - Respondi.

- Ai mentira?! Quanto tempo não comemos peixe. - Ela pareceu agradada.

- Bruno que vai fazer. -

- O-M-G! Então daqui à umas três horas nós vamos. - ela riu.

- Para tá! Ele disse que não vai demorar hoje. - retruquei. - E você só vem aqui pra comer? E minha companhia não conta?

- Para de ser besta. - Lili gargalhou. - Então, daqui a pouco chegamos aí.

- Ok.

- Tá vou desligar senão a Britt vai matar o Brendon. BRITT LARGA E...

Nem deu tempo de eu me despedir. Britt era mesmo mais geniosa, vivia dando tapas no Brendon, tadinho, era um Bryan da vida.

Peguei as taças de vinho que haviam ficado no quarto e juntei com a louça da pia pra lavar. Graças à Deus a dor de cabeça tinha passado, mas eu ainda não queria fazer comida. Lavei a louça toda e fiquei na sala esperando Bruno chegar. Fiquei procurando algo útil pra fazer, não gostava de ficar parada, por mais que eu quisesse, eu não conseguia. Pensei até ter a ideia de fazer o arroz, isso, ele preparava o peixe e eu o arroz.

- Foi difícil. - Vi Bruno entrando com uma sacola nas mãos.

- Achar o peixe? - Perguntei.

- Achar o Papai Noel você quis dizer.

- Exagerado.

- E não achei. - Ele resmungou. - Andei pelos supermercados da cidade toda e só tinha peixe ruim.

- E isso aí na sua mão é o quê?

- Peixe assado. - Ele respondeu.

- Ah não acredito Bruno. Você comprou peixe já pronto? - Perguntei pondo as mãos na cintura.

- Foi o único jeito ué. - Ele respondeu meio moleque.

- Você não vale nada. - Falei rindo.

- Resposta incorreta, eu valho milhões. - Ele gargalhou. - Que isso no fogo?

- Arroz.

- Ótimo! Eu desfio o peixe e misturo com o arroz e fazemos de conta que nós que fizemos tudo. - Ele falou gargalhando.

- Que cafajeste. - Gargalhei mais ainda com a proposta dele.

- Sério. Ninguém precisa saber que não fui eu que fiz o peixe.

- Tá, mas só vou concordar com esse absurdo porque você nunca consegue fazer um almoço digno mesmo... não custa te dar essa chance ao menos uma vez na vida.

- Magoou.

- Bobão. - Respondi dando-lhe um beijo.

- Já ligou pra Lili pra saber se ela vem mesmo?! Não fiz esse peixe à toa. - Bruno era mesmo um bobo.

- Não sei se vou conseguir ficar séria à cada vez que você se gabar na mesa sobre o peixe. - ri num tom alto. - liguei sim, eles vem.

- Vê se não vai me entregar. - Bruno falou pondo o indicador em minha boca.

Arrumei a mesa enquanto Bruno desfiava o péixe pra "fazer" a comida. Lili certamente perceberia que tava tudo perfeitinho demais pra ter sido feito pelo Bruno. Perdi a conta de quantas vezes Bruno disse "merda" quando derrubava algo na cozinha. Imagina se ele tivesse feito o peixe mesmo? Minha cozinha se transformaria numa bagunça.

- Tudo pronto. - Bruno veio trazendo um recipiente com o arroz misturado com o peixe.

- Ficou arrumadinho. - falei olhando pro prato.

- Claro, eu que fiz. - Bruno falou cheio de si.

- Para com isso. - Respondi rindo.

- Chegaram. - Bruno falou olhando pela janela. - Olha o nosso segredinho hein.

Corri pro quarto para vestir um short jeans, não me sentia bem de short de malha na frente de outro homem além de Bruno.

- Chegamooooos. - Vi Lili invadindo meu quarto, louca.

- Até que enfim. - Falei terminando de subir o short.

- Conta! - Ansiosa? Muito.

- Depois do almoço QUE BRUNO FEZ. - Falei puxando-a até a sala.

- Eu fiz. Vou calar a boca de vocês que dizem que sou atrapalhado na cozinha. - Bruno, o terrível.

- Tá cheiroso. - Bryan falou curvando-se na mesa.

- Meus amoresssss. - Falei indo até meus babies.

Britt não estava mais me ignorando, amém. Brandon era uma fofura, mas não gostava muito de mim, não sei o motivo, era mais grudado com Bruno.

- Vamos almoçar?! - Bruno falou pondo os pratos na mesa. - Jessi, arruma as cadeirinhas pra pôr eles.

Almoçamos dando altas gargalhadas com as histórias loucas que Bryan contava, ele era realmente muito louco. Por isso que se dava tão bem com Lili, almas gêmeas.

- Parabéns Bruno, se superou. - bryan falou logo após terminar.

- Nem parece que foi ele que fez. - Lili gargalhou dando uma golada no suco.

Todos rimos, eu mais ainda por saber que realmente não tinha sido ele que fez.

- Vem lili. - Falei puxando-a até meu quarto.

- Já vão fofocar. - Bryan resmungou.

Entramos no quarto e eu tranquei a porta, para não correr o risco de alguém ouvir.

- Nossa, é sério mesmo. - Lili falou jogando-se na cama.

- Escuta... - Falei me jogando ao lado dela, de cara pra cima. - Acho que estou.

- Não acredito. - Lili levantou-se rapidamente me encarando. - Tá o quê?! É o que eu tô pensando?!

- Uhuum. - Concordei tapando o rosto com uma almofada.

- [AAAAA ... AAAAAA] - Lili doida como era começou à berrar seus gritinhos histéricos pelo quarto. - Cara... tem certeza?

- Certeza, certeza, eu não tenho, maaaaaas...

- Tudo bem aí?! - Ouvimos Bruno do lado de fora.

- Claro Bruno. - Respondi.

- Tá bom então.

Esperamos uns segundos pra ter certeza que ele havia voltado pra sala.

- Mas você não enjoou e nem nada... - lili sentou pensativa.

- Ouvi dizer que nem todas tem os mesmo sintomas. - Respondi.

- Isso é verdade. mas por que você tá achando isso?

- Tá atrasada...

- aaaaah não acredito que vou ser titia. - Lili deixava escapar a felicidade.

- Calma aí Lili, nem sabemos se é verdade mesmo. - Comecei à roer as unhas.

- Amanhã vamos ao médico. O que me acompanhou na gravidez de preferência.

Voltamos pra sala e os meninos estavam brincando com as crianças.

- Eu lavo a louça. - Lili falou direcionando-se à pia.

- Não Lili, pode deixar, eu lavo. - Falei.

- Não, eu lavo. Você seca e guarda.

- Ok né, teimosa.

- Olha quem fala. - Gargalhamos juntas, éramos como irmãs, de verdade.

Recolhi a louça da mesa e e levei pra pia, encontrando Lili rindo loucamente.

- O que foi?! - Perguntei meio desorientada.

- Nada. - Lili riu mais ainda.

Arrumamos a bagunça toda e sentamos no chão da sala junto ao pessoal.

- Tô cheia pra caramba. - lili falou.

- Também né, comeu como uma porca. - Bryan retrucou.

- Idiota! Fazia tempo que eu não comia tão bem.

- Hummmm, então admite que eu cozinhei bem hoje? - Bruno se meteu, ah não... pensei já rindo do fora que ele ia levar.

- Pois é né... não sabia que além de famoso, você trabalhava num restaurante também. - Não entendi muito o papo de Lili.

- Como assim?! - Bruno perguntou confuso.

- O restaurante que você comprou o peixe. - Lili caiu na gargalhada de novo. - Mentira tem perna curta Bruno, devia ter jogado a nota fiscal no lixo e não ter largado ela na pia.

Lili descobriu a façanha toda. fodeu. Seria motivo de riso pra vida toda.

- AAAAAAAH POR ISSO QUE ESTAVA BOM DEMAIS. - Bryan foi acompanhando a gargalhada de Lili.

- Isso não vale. - Bruno falou mostrando a língua para eles. - Eu queria ser elogiado pelo menos uma vez.

- Bobão, sabia que você na cozinha nunca ia dar certo. - Lili falou ainda rindo. - Quer elogios? O restaurante é ótimo, escolheu bem o peixe.

- Parem de zoar meu bebê. - Falei num tom irônico.

Todos rimos, inclusive Bruno com seu plano mega fracassado. Isso foi motivo de riso a tarde toda. Lili foi embora me dando um bilhete para encontrá-la logo cedo no hospital. Mal podia esperar.