[...]


Bruno POV:


Ela dormia tão calmamente. Após todo o tormento, minha Jessie pôde viver em paz novamente, sem pesadelos, sem estresse, sem angústia. Acordei cedo por ansiedade talvez, hoje é o dia que vamos saber o sexo de nosso bebê. Sua barriga já mostrava seus apenas quatro meses. Será que seria um menino pra seguir minha carreira talvez? Ou uma menina, para ser linda e encantadora como a mãe? Sorria involuntariamente só de pensar nas duas possibilidades, pra mim tanto faz, o que importa é que venha com muita, mas muita saúde.

Tomei meu banho e fui pra cozinha preparar um café da manhã caprichado, Jessie às vezes se irritava comigo porque eu fazia ela comer, mesmo que ela não quisesse. Era engraçado.

– Acorda dorminhoca. - Chamei por volta das nove e meia da manhã.

– Hum... são que horas? - Ela resmungou ainda de olhos fechados.

– Nove e meia. - Respondi rindo.

– Ai, tá de madrugada ainda, sai daqui. - Ela falou manhosa tampando o rosto com o cobertor.

Madrugada?! O que fizeram com a mulher que acordava bem antes de mim e ria de mim quando eu resmungava pra acordar? Acho que invertemos os papeis, só pode.

Abri as cortinas do quarto e a janela, deixando toda a claridade possível invadir o cômodo e me joguei na cama, fazendo-a resmungar ainda mais.

– Não vou te deixar dormir mais. - Falei puxando as cobertas dela.

– PARA BRUNO. - Ela resmungou puxando as cobertas de volta para ela.

Em questão de segundos começamos uma guerra: ela puxando as cobertas para ela e eu puxando-as para mim.

– Insuportável. - Ela disse rendendo-se algum tempo depois de me ver rindo da cara dela.

– Fraca. - Disse dando língua fazendo-a ficar mais irritada ainda.

– AI SAI DAQUI BRUNO, SAI. - Ela gritou me dando uma travesseirada.

– Gosto de te ver irritada. - Disse gargalhando. - Fica gata.

Ela soltou um riso debochado e me jogou outro travesseiro, deitando-se novamente.

– Vou dar uns ajustes no seu café. - Falei encarando-a, sorri ao vê-la dar aquele sorriso de menina mimada que só ela tinha.


Jessie POV:


Bruno saiu do quarto e eu soltei uma gargalhada abafada no travesseiro. Como ele conseguia? Meu humor poderia ser o pior possível, mas ele sempre conseguia mudá-lo.

Levantei, fui até o banheiro e fiz minha higiene matinal, estava muito feliz pois hoje finalmente-aleluia saberia o sexo do meu bebê. Lilian já tinha combinado que iria também, mas quem entraria na sala comigo seria Bruno, lógico.

Senti mãos prenderem minha cintura enquanto prendia o cabelo e sorri. Bruno deslizou suas mãos até minha barriga e fez um carinho leve, beijando meu pescoço com selinhos estalados. Minha barriga tinha crescido bem pouco, mas já dava pra perceber que havia um ser puro e inocente dentro de mim.

– Vem, já preparei seu café. - Ele disse me beijando na bochecha.

Caminhamos unidos até a cozinha e sentei-me de frente à uma enorme variedade de pães e frutas, tinha também o meu favorito; suco de manga.

– Caprichou. - Falei esboçando um sorriso, já atacando as uvas.

Bruno não disse nada, apenas deu aquele sorriso maravilhoso que só ele tinha e ficou me observando comer.

– Que foi? - Perguntei algum tempo depois ao perceber que ele ainda me olhava.

– Já disse que você é linda hoje?

– Hoje ainda não. - Falei dando-lhe um selinho rápido.

– Mix de frutas. - Ele disse sorrindo.

– Que?! - Falei sem entender nada.

– O gosto da sua boca... - Ele continuou rindo. - Tá uma mistura engraçada.

– Bobo. - Respondi sorrindo.

Comi de tudo, um pouco, estava realmente uma delícia aquilo tudo. Sorri involuntariamente ao notar que minha vida havia voltado ao normal, sem Richard e sem ameaças para atrapalhar minha gestação.

– Qual o motivo do riso? - Ele perguntou ao me ver meio perdida em meus pensamentos.

– Apenas estou feliz. - Virei em sua direção e passei minhas mãos sobre seus cachinhos que eu amava. - Muito feliz.

O celular começou à tocar desesperadamente atrapalhando aquele momento fofo, resmunguei algo sem sentido e andei passos rápidos até alcançá-lo.

– Oi madrinha! - Falei animada, era Lilian. - Vou começar à me arrumar agora. - Respondi após a pergunta dela "já tá pronta?"

Lilian parecia mais nervosa e ansiosa que eu para saber do sexo do bebê, bem ela mesmo. Desliguei e corri pro quarto para me arrumar.


– Anda Jessie! Tô ansioso. - Bruno resmungava sentado na cama, vendo minha calmaria ao me maquiar.

– Calma! - Falei enquanto passava o delineador. - O consultório não vai sair de lá.

– Não sei porque mulheres demoram tanto pra se arrumar. - Ele resmungou baixinho.


[...]


– Caramba, até que enfim. - Lili falou assim que chegamos ao consultório. - Não aguentava mais esperar, tô entupida de cafeína.

– Para de ser exagerada. - Gargalhei. - Tá aqui há quanto tempo? Dez minutos?

– Quase isso. - Ela disse numa expressão debochada.

Ficamos conversando por uns minutos na espera do Dr. Dereck e pude perceber o quão ansioso Bruno estava. Ele ficava mexendo naquele bendito anel que ele nunca tira do dedo e olhando o relógio à cada três minutos.

– Jessie, pode entrar, o Dr. Dereck já está esperando. - A enfermeira auxiliar dele veio me chamar com um sorriso delicado.

Entrelacei minhas mãos nas de Bruno e soltei um beijo no ar para Lilian que roía o pouco de unhas que tinha nos dedos.

– Bom dia. - Dr. Dereck disse nos recebndo com um aperto de mão. - Vamos ao que interessa?! - Assentimos com a cabeça e ele pediu que eu me deitasse na cama. - Vamos ver como está esse bebê. - Continuou com um sorriso terno, já passando aquele gel estranho na minha barriga.

Depois de ver a saúde do bebê e me afirmar que corria tudo super bem, chegou o ponto que eu mais estava interessada à saber.

– Querem saber o sexo do bebê? - Ele perguntou com um sorriso carinhoso.

– Sim. - Bruno respondeu meio aflito.

Dr. Dereck rodou aquele aparelhinho até um determinado ponto, onde parou por uns segundos. Circulou uma pequena parte do computador e deu um sorriso satisfatório.

– Achei... - Ele dizia concentrado na telinha.

– Diga Dr. o que é? - Perguntei animada encarando a telinha porém, sem entender nada daquilo.

– Digamos que ela será linda, como a mãe.

Automaticamente abri um sorriso e apertei as mãos de Bruno, que também sorria.

– Marie. - Falei com os olhos cheios de lágrimas. - Minha pequena Marie.

– Lindo nome, tem algum significado especial? - Dereck perguntou animado.

– É o nome de minha mãe, já falecida. - Respondi deixando cair uma lágrima.

Saí do consultório, agradecendo à Dereck por ser tão prestativo e um excelente profissional e fui surpreendida por Lilian que veio saltitando antes mesmo que eu chegasse até ela.

– Menina né?! - Ela disse segurando minhas mãos.

– Como você sabe? - Perguntei arqueando as sobrancelhas.

– Lembra do vestidinho que você viu e comprou no shopping? E da menininha que chegou perto de você e fez carinho na sua barriga que nem dava pra notar ainda?

– Meu Deus é mesmo. - Falei boquiaberta.

– Parabéns papai. - Ela disse dando um abraço em Bruno que chegou em seguida.

Sorrimos e entrelaçamos nossas mãos novamete.

– ELA VAI TER UMA MENINA. - Lili berrou na sala de espera fazendo todos virarem suas atenções para nós três. Que vergonha meu Deus.

– Para com isso. - Falei dando um tapinha leve nela.

– Dá licença, eu precisava soltar um grito. - Ela gargalhou. - Tô amando ser tia/madrinha de uma princesinha, Agora a gente pode sair todo final de semana pra comprar um monte de roupinhas cor-de-rosa... lilás, own e as bonecas também.

– Ih começou... - Bruno disse me puxando para a saída. - Manda ela calar a boca.

– Fica quieto Bruno, o papo aqui é de mulheres. - Ela disse mostrando a língua pra ele. - Vamos ao shopping?

– Agora?! - Perguntei receosa.

– Claro! Ou você acha que vou esperar ela nascer pra poder comprar roupinhas?

Suspirei contrariada, mas, acabei aceitando. Dei um beijo em Bruno que não quis nos acompanhar e segui com Lili até o carro dela.

– Já escolheu o nome? - Ela perguntou assim que entramos no carro.

– Marie. - Respondi esboçando um sorriso.

– Nome da sua mãe... - Ela disse pondo uma de suas mãos em minha barriga. - Oi Marie.

– Não precisa gastar muito viu dona Lilian? - Falei séria.

– Ih não precisa... eu posso gastar e vou. - Disse teimosa.

Chegamos ao shopping e eu quase supliquei por um sundae que vi no Mc, parecia delicioso. Depois de muita insistência, consegui convencer Lili a parar pra comprar o sundae, ela já queria atacar as lojas. Às vezes eu me perguntava quando é que ela ia parar com essa mania de compras excessivas, mas Lilian tinha um pique enorme e enquanto possuía crédito disponível em seus cartões, ela comprava.

– São lindas. - Elogiei um das milhares roupinhas que ela comprou. - Tô cansada. - Falei encostando a cabeça no banco do carro.

– Judiei de você hoje é?! - Ela disse rindo. - Vou te levar em casa, Bryan já deve estar louco com as crianças em casa.

Gargalhamos após concluir que quem ficaria louca era ela quando chegasse e visse a possível bagunça dos três.

Eu estava completamente encantada com as roupinhas, tão pequenas que nem parecia que cabia algo dentro. Uma menina... agora sim eu sabia quem exatamente estava dentro de mim. Mãe... sua neta tem seu nome, minha maior virtude agora.

Depois que Lili me ajudou à subir com as várias bolsas e foi embora, corri até meu quarto e me joguei na cama ao lado de Bruno, que assistia um filme na televisão.

– Cansada? - Ele perguntou ao ver minha feição sonolenta.

– Muito. - Respondi manhosa.

Puxei Bruno pro banheiro e tomamos banho juntos, porém, sem nada de mais, apenas o contato labial. Após o banho comi uma salada simples e caí na cama em seguida, Bruno me aconchegou em seu peito, fazenodo-me adormecer calmamente.