Hyacinth, Colin, Sherlock e John estavam na sala da mansão do barão Ritchie. O viúvo adentro no recinto e, apesar da idade avançada, ainda mantinha uma postura reta e um corte de cabelo curto, o detetive logo viu que se tratava de um militar, provavelmente um sargento.

―Boa noite. A que devo o motivo da visita ilustre e inesperada? ― pergunta o barão.

―Senhor Ritchie, viemos aqui esclarecer uma situação da família Bridgerton. ― anuncia Holmes.

―E no que posso ajuda-lo? ― pergunta ele, desconfiado.

―Sabemos que está, em suas mãos, o colar de pérolas de Lady Bridgerton. Mas o esclarecimento da situação quem deve dar é o senhor. ― anuncia o detetive.

O barão ficou surpreso, seu rosto assumiu a expressão de surpresa, mas logo se recompôs e manteve a postura rígida e imponente de um militar.

―Está acusando-me de roubo? ― indaga o barão.

―Se foi furto ou não, quem dirá isso é o senhor. ― argumenta Holmes.

―Você é da polícia para estar acusando algo? ― pergunta sarcástico.

―Não. Mas sou Sherlock Holmes, o detetive consultor. Achei que não fosse necessário a presença da polícia, mas se achar necessário, nós podemos chamar o detetive Lestrade da Scotland Yard. ― rebate Sherlock.

O barão fica em silêncio, observando os quatro presentes ali. Por fim, pede para um empregado trazer uma caixa presente em sua mesa do escritório. Momentos depois, o empregado aparece novamente e deposita na mesa de centro, uma caixa pequena e de veludo azul escuro. Hyacinth arregala os olhos e acena com a cabeça que reconhecera a caixa. O militar abre a caixa e mostra o conteúdo dela: um colar de pérolas.

―Não roubei tal colar. Ele apenas foi devolvido para mim. ― esclarece o barão.

―Devolvido? ― pergunta Colin, falando pela primeira vez desde que chegaram a mansão.

―Há algumas semanas, recebi uma carta de Violet, ela contou que estava muito doente e que queria entregar-me o colar de uma vez. Fiquei atônito com a notícia de que estava prestes a morrer e espantado que ainda mantinha em suas posses uma joia que a presenteei há tantas décadas.

“Ao invés de ir buscar, mandei meu empregado Jones ir no meu lugar. A última coisa que faria é ver Violet a beira da morte. Não, gosto de minhas lembranças da mulher alegre e inteligente.

Jones, discretamente entrou no quarto dela sem que ninguém visse, pegou a caixa e trouxe.”

―Ele subiu na macieira que cresceu próximo da janela do quarto da Sra. Bridgerton. Como a janela sempre se manteve aberta, ele entrou facilmente e não houve arrombamentos. ― esclareceu Sherlock.

―Quando deu o colar para minha mãe? ― perguntou Hyacinth.

―Parece muito com ela, senhora. ― comenta o barão observando os traços físicos da baronesa e o quanto o fazia lembrar Violet. ― Eu e Edmund nos conhecemos na faculdade. Quando terminamos, ele me convidou para uma temporada em Londres. Na época, minha família morava na Escócia e não costumávamos frequentar a capital inglesa.

“Naquele ano, nós conhecemos Violet Whinslet e me apaixonei pela moça, mas eu não podia contar que meu amigo também havia se apaixonado, e pior, conquistou o coração dela. Em respeito a amizade de Violet e Edmund, nunca procurei contrariar tal amor recíproco, mas sempre deixei claro para ela sobre minhas intenções.

“Quando enviuvou do Edmund, mandei o colar de pérolas a Violet, lembrando a ela que eu ainda estava apaixonado, minha esposa estava com uma doença incurável e que mantinha a esperança de unirmos em matrimônio. Mas minhas expectativas foram frustradas.

“Porém, quando ela me escreveu dizendo que queria entregar o colar de volta, soube que Violet o manteve consigo todos esses anos porque cogitou sim casar-se comigo, talvez em respeito a Edmund ou por falta de coragem, nunca chegou a concretizar tal desejo.”

O relato do barão Ritchie deixou os dois irmãos estupefatos. Nunca cogitaram que a mãe tivera um interesse amoroso além do seu pai, nunca perguntaram-se o porquê que ela nunca se casara novamente, nunca pensaram que Violet tivera dúvidas em seu coração de com quem iria se casar.

―Se desejam tanto o colar, podem levar. ― disse o barão, por fim.

―Não. É um presente da mamãe para o senhor, um presente que diz que nunca deixou de pensar no seu pedido. ― disse Hyacinth com a voz trêmula, pegou um lenço e enxugou lágrimas que ameaçavam cair. ― Sinto muito.

―Já resolvemos o mistério do colar. Acho melhor irmos, Hyacinth. Temos fatos a esclarecer. ― disse Colin, levantando-se.

Os convidados cumprimentaram o homem e despediram-se. Deixaram o colar na posse dele, nada mais justo que um homem que tanto amou tivesse uma lembrança de sua amada. Sherlock e John voltaram para o apartamento em Baker Street, Colin ficou no Número 5 e contou aos outros irmãos o que acontecera, já Hyacinth resolveu ir direto para sua casa.

A baronesa St. Clair chegou tarde da noite, os filhos já estavam dormindo e alguns empregados já haviam se recolhido. Gareth permanecia na biblioteca, lendo um livro enquanto espera a mulher, está ansioso para saber o desfecho desse mistério.

Quando a mulher entrou, o mordomo a recebeu e anunciou que o banho já estava sendo preparado, Hyacinth agradeceu sinceramente, porque tudo que mais queria era um banho relaxante. Gareth saiu da biblioteca e a recebeu, a mulher explicou enquanto as empregadas preparavam o banho. O homem foi para seu quarto e deixou a mulher a sós durante o banho, imersa em seus pensamentos.

Hyacinth percebeu que seus instintos a alertaram sobre aquele fato. Ela nunca questionara diretamente a mãe sobre o colar, sempre sentiu que tal assunto iria trazer uma informação impactante e, confessou a si mesma, temeu por isso. Naquela noite, ela percebeu que seus instintos estava corretos, a revelação por trás do colar a fez ver a mãe de uma maneira diferente.

Quando foi para seu quarto, seu marido já estava deitado. Sentindo-se carente, ela deitou-se ao seu lado e o abraçou.

―Hyacinth, você parece um pirata. Sempre atrás de tesouros. ― brinca Gareth tentando animar a esposa.

―Sim. Primeiro com sua avó Isabela e agora com minha mãe.

―Mas uma pirata muito ruim. O primeiro nunca conseguiu encontrar e o segundo deixou nas mãos de outro. ― bufa Gareth.

Hyacinth riu, mas logo ficou em silêncio novamente.

―Nunca pensei que minha mãe tivesse outro no coração além do meu pai. ― murmura ela.

―Apesar dos oito filhos, ela tornou-se uma viúva jovem. Confesso, estranha-me o fato de nunca ter se casado de novo. ― disse Gareth.

―Mamãe sempre recusou pedidos de outros homens, mas sempre achei que fosse porque ela amava tanto meu pai, que nunca cogitara outro homem.

―Não menospreze o amor de minha mãe por seu pai. Mesmo que ela tenha chegado a cogitar vários vezes casar-se com o sr. Ritchie, o amor que ela tinha por Edmund nunca a deixou.

―Olhando dessa maneira, você tem razão. ― disse Hyacinth. ― Eu senti pena do viúvo barão, passou sua vida querendo se casar com uma mulher e nunca pode concretizar tal sonho.

―Poucos são felizardos em anunciar que casou-se com o amor da sua vida. Eu sou um deles. ― declarou o homem, sorrindo.

O coração de Hyacinth derreteu-se. Mesmo aos 39 anos, seu marido a olha tão apaixonadamente quanto no dia em que se casaram.

A mulher dá um beijo quente em seu marido e percebe que tal atitude o fez acender o desejo carnal, pois as mãos dele começaram a subir por suas coxas e apertar sua bunda. Hyacinth sentiu o corpo queima e tentou esquecer o ocorrido e entregar-se ao marido.

Gareth subiu as mãos pelo corpo da mulher, apertou os seios fartos e logo desfez-se da camisola que ela usava. Contemplou sua esposa nua, nunca se cansava de ver a mulher com quem se casara. Hyacinth engordara depois dos dois filhos, mais tais quilos extras só fizeram com que Gareth apreciasse mais seu corpo. Seu andar ficara mais rebolado, suas coxas mais grossas eram um convite para sua mão apertá-las.

A baronesa tirou as roupas do marido, sentiu ele a penetrar e começou os movimentos, investidas de amor e desejo até que o prazer explodisse em seus corpos e os incentivarem a um sono profundo.

***

Naquela mesma noite, John Watson permanecia acordado, com uma vela a iluminar o recinto e com os dedos trabalhando nervosamente. O doutor registrava o caso dessa noite, mais uma façanha de seu amigo Sherlock. Mas o que deixara o ex combatente do exército inglês tão excitado em escrever é a mistura de mistério e amor platônico que envolvera o caso, tais fatores foram registrados de forma sucinta e poética e, no folhetim daquela semana, o caso do Mistério do Colar fora publicado.

FIM

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.