-V-você é... você é...- dizia Leo com as mãos se alternando entre sua cabeça e sua boca, e claro, apontava incrédulo em minha direção várias vezes.

-Por favor, só não grite!- eu disse quase implorando.

-E-eu... eu...

-Eu sei!Eu sei!Vou te explicar como tudo aconteceu, mas se acalme!Respira fundo e me pegue uma toalha, por favor. Eu estou congelando!

Ele assentiu com a cabeça e foi pegar a minha toalha que estava em uma cadeira perto de uma das mesas. E quando ele voltou com ela em suas mãos, eu já tinha saído da piscina, mas estava sentada em sua beira, encolhida por causa do frio e olhava apreensiva para todos os lados. Ele então colocou gentilmente a toalha sobre meus ombros e se sentou ao meu lado, depois me trouxe com cuidado para perto de si, para que eu me aquecesse , fazendo com que minha cabeça pousasse em seu ombro.

-Obrigada- sussurrei e senti meu rosto quente, agora não só pelo frio que castigava minha pele, mas ele não precisava saber disso.

Ele abaixou um pouco a cabeça como quem diz “de nada” e abriu sua boca, parecendo que ia falar alguma coisa, mas demorou um tempo, parecia que escolhia com cuidado suas palavras. Até que falou:

-E-então...

-Ah, desculpa!- eu tinha ficado meio boba, me esquecido que eu tinha muitas explicações a dar - Ok... Por onde começar...?

-Uma estranha doença marinha?

-O quê?-perguntei confusa.

-Uma estranha doença marinha foi a explicação mais lógica que eu consegui imaginar até agora...

-Não!-disse dando um leve soco em seu braço - Pelo menos eu acho que não... -disse fingindo uma cara de espanto- Será?Será que eu sou um tipo de parente do monstro do lago Ness?

Leo me olhava um pouco assustado até que eu o encarei com meu olhar sarcástico e ele percebeu que era uma brincadeira, o que era até que compreensível, porque no dia em que eu descobri que eu era uma sereia, aquela explicação e qualquer outra, poderia fazer sentido para mim.

-Quem mais sabe disso?

-A Nanda e a Drica. Hã... Podemos continuar mais tarde?- perguntei quando percebi que lá era um dos piores lugares, se não o pior para ter aquela conversa.

-Ah! Claro. Mas você vai ficar me devendo uma explicação, viu?

-Eu sei. Vou precisar da sua ajuda também - disse enquanto me secava.

-Minha?

-Sim. Para guardar o meu segredo e descobrir como aquilo aconteceu- esclareci enquanto minha cauda ia desaparecendo.

-Claro, pode contar comigo – disse ele se levantando em um pulo e estendendo sua mão para me ajudar, segurei-a e me levantei, mas levantei tão rápido que nossos rostos ficaram a poucos centímetros de distância, Leo ficou me olhando fixamente por um tempo, sem reação até que eu abaixei um pouco meu rosto. Sim, eu realmente o amava, mas não poderia arriscar nossa amizade, doía demais só de pensar em perdê-lo.Era um jogo arriscado e eu sei que meu coração não tinha condições de perder a aposta.

-E-eu tenho que ir... Tenho que ir lá pra dentro...

-T-tem razão... -sussurrou.