O Misterioso Diário de Emily

Capítulo 21 - Onde você está?


Depois que terminei de contar a história, percebi que estava com a cabeça no ombro dele, e ele, estava olhando o céu, as estrelas.

–Agora eu entendi porque ela “surtou” daquele jeito

–Eu só queria que ela me escutasse e entendesse... – Falei afastando-me dele

–Porque você não conversa com a Mandi? Talvez ela te escute e possa te ajudar a fazer as pazes com a Ana

“Não sei se a Mandi me escutaria, mas não curta tentar” – Pensei

–Tudo bem... Vou tentar... – Falei levantando-me – Mas agora, vamos sair daqui, pois já está ficando muito frio.

Ele levantou-se e fomos até a praça. A Alice não estava mais lá, só meus pais e a Mandi. Aproximei-me dela e percebi que ela me olhava com uma cara de raiva.

–Podemos conversar quando chegarmos em casa? – Mandi cochichou rápido em meu ouvido

–Tudo bem... – Respondi baixo

–Lucas – Ouvi minha mão dizer – Podemos te levar até sua casa, se você quiser

–N-Não precisa, obrigado

–Claro que precisa, já está tarde e é perigoso você ir andando sozinho

Minha mãe praticamente empurrou-o para o carro e depois eu e Mandi entramos. Meus pais foram na frente. Todos ficaram em silêncio o caminho inteiro, apenas Lucas falava, mas apenas para dizer onde era o caminho da sua casa.

Depois que o deixamos na sua casa, fomos para a minha. Quando entrei, vi Pedro deitado no sofá jogando no seu PSP e fui para o quarto, onde vi Ana arrumando suas coisas.

–Para onde você vai? – Perguntei

–Para qualquer lugar que não tenha você – Ela falou saindo do quarto

Mandi entrou logo depois que ela saiu, e estranhou o comportamento de Ana, mas apenas sentou-se na cama e eu fiz o mesmo.

–O que aconteceu lá? – Ela perguntou séria – Sei que você nunca seria capaz de fazer algo como isto, mas, o que aconteceu, exatamente?

Respirei fundo e contei tudo. Que eu tinha ido para o banheiro e Nick atrás de mim, que aquela caixa de colares era, na verdade, dele, e que, quando Alice chegou perto de nós, tropeçou e bateu no braço dele, fazendo-o soltar a caixa para segurá-la.

–E quando nós duas fomos pegar a caixa, ela pegou dois colares e foi me entregar, mas a Ana chegou nesse momento e interpretou tudo errado

–Agora eu entendi... Mas e aquele livro? O que era?

–Era... Bem... – Falei tentando pensar em algo para dizer – Era um livro que eu tinha levado para emprestar pro Nick

–E os colares?

–Ele estava me mostrando os colares que tinha feito

Ela não parecia estar acreditando muito no que eu estava falando, já que ela sabia muito bem quando eu estava mentindo.

–Vou tentar conversar com ela amanhã, tudo bem? – Mandi falou

–Só amanhã? – Falei um pouco impaciente

–Ela ainda está com raiva, se insistirmos nisso hoje, é capaz de piorar as coisas, então, vamos esperar até amanhã.

–Tudo bem...

Fui trocar de roupa e colocar um pijama, depois Mandi que foi. Quando ela estava no banheiro ouvi alguém bater na porta.

–Maninha, posso entrar? – Pedro falou do outro lado da porta

–Claro – Respondi

Ele entrou e sentou-se na cama.

–Eu tenho duas coisas para falar com você

“Com certeza ele quer falar comigo sobre o que aconteceu na pizaria” – Pensei

–Acho que já sei qual é um dos assuntos – Falei sentando-me ao lado dele

–Primeiro, o que aconteceu na lá entre você e a Ana?

–Não estou com vontade de falar sobre isso agora, tudo bem?

Eu sabia que ele poderia me ajudar, mas eu já estava cansada de todos ficarem perguntando-me sobre esse assunto.

–Como quiser. – Ele respondeu abraçando-me e bagunçando meu cabelo – Segundo, o que você gostaria de ganhar de presente?

Eu ia falar “um livro, claro”, mas ele logo disse que não podia ser livros, então pensei um pouco antes de responder.

–Eu acho que gostaria de... – Interrompi a frase por estar ouvindo-o perguntar-me sobre isso – Espera... Para quem você quer dar isso?

–P-Para ninguém. – Ele respondeu ficando corado – Só estou perguntando isso por curiosidade

–Quem é o você e o que fez com o meu irmão? – Falei surpresa

Rimos um pouco e Mandi saiu do banheiro e juntou-se à nós.

–Eu gosto de te ver com esse sorriso no rosto – Pedro falou bagunçando meu cabelo novamente

Dei um pequeno sorriso e expliquei o que ele havia falado, para Mandi.

–Então, o presente é para a Samantha, não é? – Falei

–O-O que? – Ele falou corando novamente – C-Claro que não!

–Ficar corado entrega tudo, você está gostando dela – Mandi falou

–Tudo bem – Ele falou levantando-se e fazendo drama – Eu me rendo! Vocês venceram!

Ele caiu no chão como se estivesse morrendo e rimos mais um pouco. Ele levantou-se e voltou para a cama.

–Então, que presente posso dar?

–De que coisas ela gosta? – Mandi perguntou

–Animes, rock, jogos...

–Resumindo, as mesmas coisas que você – Falei

Ele afirmou com a cabeça.

–Então dê para ela, algo que você gostaria de ganhar

–Tipo o que?

–Uma blusa de alguma banda de rock, ou uma blusa de anime – Mandi falou

–Ou até mesmo um acessório de anime ou algo assim

–Boa ideia – Ele falou levantando-se da cama – Muito obrigado meninas!

Nos despedimos e ele foi para o quarto e nós fomos dormir. Passaram-se alguns minutos, que pareceram horas e eu estava muito inquieta na cama, não conseguia dormir sem lembrar-me da minha briga com Ana.

Quando deu uma da manhã, fui na cozinha beber água, pois estava com sede. Ao passar pela sala, vi lençóis e um travesseiro no sofá e deduzi que Ana estava dormindo lá.

–Ainda sem dormir? – Ana perguntou pegando uma garrafa de água na geladeira, com uma voz de quem ainda está com raiva

Ela colocou água em um copo e entregou-me a garrafa.

–Sim – Falei colocando água em um copo

Ela terminou de beber a água e foi para o sofá, sem falar mais nada. Eu terminei de beber, guardei a garrafa na geladeira e fui para o quarto.

Fiquei mexendo-me a noite inteira, não conseguia dormir. Algumas vezes olhava para Mandi e percebia que ela também estava acordada, ou estava dormindo mal. Quando percebi, já eram cinco da manhã. Levantei-me e fui na cozinha, pegar mais um copo de água, mas, ao passar pela sala, percebi que Ana não estava por lá.

Procurei-a pela casa, mas, não encontrei-a em lugar nenhum.

“Ela provavelmente saiu para ficar sozinha” – Pensei ao ver que a porta do apartamento estava destrancado

Troquei de roupa rapidamente e saí do apartamento, eram 5:20 e, por isto, a rua estava deserta. O sol estava nascendo e eu não sabia onde procura-la. Primeiramente, fui até o parque, pois pensei que ela podia estar por lá. Mas, ao perceber que não estava, sentei-me em um banco para pensar.

–Para onde eu posso ir agora? – Murmurei

Olhei para o céu, o sol ainda não estava muito forte, pois acabara de nascer. O parque estava calmo, ouvia-se apenas o canto dos pássaros e o barulho do vento ao balançar as folhas das árvores. Fechei meus olhos e comecei a pensar em Ana, na nossa briga e no que eu falaria para ela ao tentar desculpar-me.

“-Eu sabia! Sabia que você estava mentido para mim o tempo todo, sabia! Eu... Eu sabia que você tinha nos trocado por essa daí!” – As palavras de Ana ecoavam em minha mente – “-Chega disso! – Eu não acredito mais em você!”

Apertei com mais força o colar dela, que estava em meu pescoço. Abri os olhos e continuei pensando.

–Como vou me desculpar com ela? – Murmurei outra vez

Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto e enxuguei-as. Ao ver as pequenas gotas salgadas em minha mão, lembrei-me de mais um lugar onde ela poderia estar. Levantei-me e corri até a praia.

“Ela só pode estar lá” – Pensei enquanto corria – “Tenho certeza que está!”