POV oculto

Certas pessoas não deviam se meter no que não são chamadas.Bem,eu acho que essa pessoa sou eu.Prazer em conhecer você,o meu nome não importa.Eu estou aqui para dizer que nem tudo é o que parece,ou melhor,nada é o que parece.E eu descobri da forma mais dolorosa possível.

Tudo bem,eu até poderia dizer que eu era legal.Tinha pais incríveis,que me davam tudo o que o dinheiro podia comprar.Eu era líder de torcida,muito popular no colégio.Estava até namorando com um cara muito gatinho,Sean Daniels.Mas um dia tudo isso mudou.

Tudo começou numa sexta-feira à noite,festa na casa dos Smith.Era a festa mais esperada do ano,porque o Daniel era o melhor anfitrião de todos,além de ser o meu melhor amigo.Eu estava tão contente que coloquei o vestido mais bonito que eu tinha,ele era rosa,mas era tomara-que -caia com uma saia soltinha cheia de glitter.Para completar o look,meu salto alto preto,um peep toe com lacinhos na frente e um colar de diamantes fa-bu-lo-so.

Meu cabelo castanho esuro cacheado estava solto e macio como veludo.Eu passei uma maquiagem bem leve,com um pouco de sombra rosa clara e batom rosa pink.Talvez não estivesse como as outras meninas,aquelas periguetes,que andavam com vestidos colados no corpo e bem curtos,além de saltão e maquiagem provocante,com olho preto esfumado e batom vermelho sangue.

Eu nem me importei naquele dia,porque sabia que a noite ia ser inesquecivel.E foi,de todo modo.Meu lindo namorado Sean era tão cavalheiro que foi me buscar em casa e me levou até lá,mas tive que levar o meu irmão junto.Ele era dois anos mais velho que eu,mas era muito amigo dios meus colegas.

Eu me lembro de ter chegado,conversado,até dançado um pouquinho e depois atacar os doces.Eu sei que para uma líder de torcida eu era muito comilona,mas e daí?Nem me ligava nessas coisas.

Depois de me acabar comendo e bebendo,dançado como nunca e dado váááários beijos no Sean,eu resolvi passear pela casa.E esse foi o meu pior erro.Tinham três garotos discutindo,quando outro chegou,eles falavam de coisas terríveis,mas pararam abruptamente quando me viram lá,parada,incrédula,com meus olhos castanhos cintilando de curiosidade e pavor.

No momento que me dei conta do que estava fazendo já era tarde.Eu corri do aposento direto para as escadas,e delas para fora da casa,ou melhor,mansão dos Smith.Quando os outros perceberam a minha corrida frenética,ficaram assustados,me perguntando o que havia acontecido.

Eu não estava em condições de responder,mas não conseguia parar de pensar.O que ia acontecer comigo?O que diabos aqueles garotos estavam fazendo?Como não obtive rsposta,tirei os meus sapatos e chamei um táxi,que em poucos minutos já havia chegado para me levar para casa.

Eu cheguei,abri a porta,a fechei com cuidado,subi lentamente as escadas e corri para o meu quarto,meu refúgio,onde nenhum malfeitor poderia me machucar.Então eu chorei,como a muito tempo não fazia,porque fazia muito tempo que eu não sentia medo.

Aquela angústia sem fim,que não cabe no seu corpo e tenta sair,fazendo você perder o fÔlego,tremer na base,se sentir indefeso.Eu não queria me sentir assim,mas não podia e nem ao menos conseguia evitar.Isso faz parte de mim,até hoje,é uma coisa que não se muda de uma hora para a outra.Mas agora eu vejo o quanto fui covarde.

Bom,depois disso,fiquei trancada em casa por um bom tempo,mas não adiantou.porque eu fui levada a um psicólogo e ele me disse que foram os efeitos da bebida que eu ingeri,frutos da minha imaginação.O medo faz isso com as pessoas.Te deixa inerte em devaneios,mas eu não tenho mais medo,só tenho saudade.