O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa

Capítulo 16 - O Início do Fim (Entre Irmãs)


Cinco dias já haviam se passado após as irmãs Andressa e Isabelle chegarem à praça. Alex estava um pouco menos receoso quanto às pessoas, mas seguia alerta, havia aceitado as duas e eles já pensavam em se estabelecer por lá.

Andressa e Daniel chegaram à conclusão de que seria melhor não contar nada do ocorrido antes da chegada das duas a Alex, e assim seguiram. Isabelle seguia sem falar com Daniel, na verdade ela estava bem isolada, praticamente não falava com mais ninguém.

Com uma quantidade maior de pessoas, foi necessário haver uma reorganização no local. Gabriel levou os corpos de Lincoln e Selina, que ainda estavam na van, para um local no lado de fora da praça, nesse ponto Alex foi irredutível, não permitiria que ambos fossem enterrados no mesmo solo que Angélica. Após livrar-se dos corpos, Gabriel pode acomodar-se melhor na van, e passou a dormir lá, cedeu espaço para Daniel, que passou a dividir o veículo com ele. Andressa e Isabelle dormiam na camionete roubada que fizeram questão de deixar na parte menos visível da praça, ainda com medo de serem encontradas pelos homens que haviam invadido sua casa.

Apenas Alex dormia na ambulância, que era a verdadeira ‘mina de ouro’ do lugar. Havia suprimentos médicos e as armas que Alex escondeu, apenas ele sabia onde estavam. Ele queria muito estar certo em relação às pessoas que estava recebendo, não queria mais ter problemas e principalmente queria estabilizar-se naquele local. Seria difícil, mas agora Alex começa a ver mudanças acontecendo, e eram mudanças boas.

A maior quantidade de pessoas trouxe consigo a necessidade de uma ampliação no estoque de alimentos e água. Era necessário mandar algumas pessoas para realizar essa tarefa. O sol daquela manhã já está bem estabelecido nos céus, quando Alex reúne todos para formar a equipe que irá buscar água e comida.

Eles estão em uma parte perto dos portões embaixo de uma árvore. Alex está mais a frente e após todos chegarem, diz:

-- Bom pessoal, a população aumentou e nossa comida não, os nossos queridos enlatados – Diz em tom irônico – já se foram, precisamos ir buscar mais. Além disso, a água também está quase no fim.

-- Sem problemas, eu e Belle vamos lá. Estamos acostumadas a isso! – Afirma And com as mãos na cintura.

-- Tudo bem, mas acho melhor o Gabriel ir com vocês. – Diz Alex olhando para Andressa.

-- O que foi, acha que não conseguimos sozinhas? Nós duas já somos suficientes. – Refuta Andressa.

-- Não é nada disso Andressa, você me entendeu mal, eu apenas acho que três é bem melhor do que dois, e mais, com o Gabriel vocês vão conseguir trazer mais coisas, é uma mochila a mais. – Respondeu Alex calmamente a Andressa, que nada disse. Daniel foi à frente e disse:

-- Não precisa ser o Gabriel, eu posso ir!

-- Precisa sim, que seja o Gabriel! – Afirma Andressa secamente.

Visivelmente as duas ainda estavam ressentidas com Daniel, de Andressa ele já esperava, mas o que era realmente pior para ele, era ser ignorado por Isabelle. Daniel ainda estava tendo, além desses, problemas com o ombro ferido. O remédio tomado realmente havia ajudado a melhorar, porém não houve evolução quanto ao movimento do braço e do ombro, isso também o preocupava.

As duas começaram a se organizar, Gabriel também fazia a mesma coisa. Andressa não utilizava mais seu arco, pois estava sem flechas, ela e a irmã iriam para a busca com suas facas e Gabriel estava com uma barra de ferro.

-- Tá pronto? – Perguntou And a Gabriel.

-- Sempre!

Eles se dirigiram até a van e após Alex abrir os portões, saíram. Foi necessário fechar rapidamente os mesmos, já que havia alguns zumbis do lado de fora. Daniel reparara que eles aumentavam cada vez mais em número, pareciam cercar a praça. Alex aproximou-se de Daniel que estava um pouco afastado dos portões e disse:

-- E aí cara... Como está o ombro?

-- Bem... Tirando o fato de eu ainda não conseguir movimentá-lo, tá tudo certo!

-- Mas isso é normal?

-- O ferimento foi muito profundo, não sei... Mas acho que o pior já passou!

-- E essa história com as irmãs?

-- É... Tá complicado... Elas devem achar que eu sou culpado... Devem achar que eu as abandonei...

-- Você tem alguma coisa com a Andressa?

-- O que?! – Perguntou Daniel bem surpreso – Não... Eu tinha um relacionamento, nem sei se posso chamar assim, com a Belle, mas como ela me odeia agora, fica meio complicado!

-- Eu perguntei, porque eu via você falando com ela nos primeiros dias após chegarem, por isso eu havia pensado...

-- Não, nada disso. A Andressa me odeia... Bom a Belle também me odeia, mas a Andressa já me odiava antes, enfim, a situação tá complicada com as irmãs!

-- O Gabriel te deu uma força com as roupas?

-- É... Ele me deu umas peças. Ele é um cara legal!

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Gabriel dirigia a van, e Andressa e Isabelle estavam sentadas no banco de trás. Eles seguiram a avenida até pegarem uma espécie de retorno e entrarem em outra avenida, que era paralela a praça, e separada por uma coluna de prédios. Não era uma área residencial, havia alguns colégios e duas Igrejas, além de alguns outros pontos comerciais.

-- Porque você pegou a Avenida Constantino? – Perguntou Belle.

-- Tem um mercado um pouco mais a frente, como nós nunca fomos lá, talvez tenha bastante coisa. – Respondeu Gabriel.

-- Você não acha melhor ir sempre ao mesmo mercado? – Perguntou Andressa.

-- Eu não sei, vamos arriscar, talvez tenha muita comida e água lá, é um mercado de tamanho razoável!

As duas nada mais disseram, e eles continuaram prosseguindo pela avenida. O cenário não era diferente de tantos outros que todos já haviam visto. Uma destruição desenfreada, diversos carros abandonados, acidentes expostos e é claro, zumbis, em um número razoável.

-- Não sei se aqui é seguro, cada vez que avançamos mais zumbis aparecem! – Exclamou Belle.

-- Não tem lugar seguro! Confiem em mim, acho que esse mercado vai valer a pena! – Disse Gabriel.

-- Valer a pena morrer? – Pergunta Andressa.

-- Valer a pena correr o risco! – Respondeu Gabriel.

O carro seguiu avançando em linha reta, até chegar perto de um viaduto, onde fez uma curva para a esquerda e percorreu mais alguns metros, até chegar à frente do tão falado mercado.

Era realmente um estabelecimento de porte médio, tinha um pequeno estacionamento a frente, e da vista frontal era possível ver pelos vidros que havia diversos produtos do lado de dentro.

Os três se dirigiram até a porta do local do local, e para suas surpresas, não encontraram dificuldade em entrar, a porta estava destrancada.

-- Fácil demais, não acha? – Perguntou Andressa a Gabriel.

-- Talvez nós não sejamos os primeiros a saquear aqui. – Responde ele.

Eles seguiram caminhando pelo local, observando, estavam com armas de prontidão. Após olharem um pouco, começaram a se deslocar pelo mercado, para fazer a coleta dos produtos.

Gabriel foi para uma seção que continha diversos produtos industrializados, pegou alguns biscoitos, batatas chips e seguiu. Andressa procurava produtos de higiene, além de alguns enlatados que recolheu após passar por sua seção. Belle se preocupou com a água e pegou também algumas frutas, apesar da dúvida delas estarem em bom estado ou não.

Isabelle dirigiu-se até um corredor mais ao fundo, onde ficava a padaria do local, ela começou a andar por lá, ainda estava em busca de água, encontrou algumas caixas de sucos e recolheu. Ao avançar mais um pouco, ouviu um barulho de produtos caindo seguido por uma voz que vinha das suas costas.

-- O que vocês querem? – Belle estava muito assustada, havia sido surpreendida, só pode responder:

-- Só queremos alguns produtos! – Ela foi aos poucos se virando e Pode ver o homem que falava com ela. É alto, moreno, barba por fazer, usa cabelos compridos na altura do ombro e castanho, tem aproximadamente 26 anos e empunha um martelo. Após esse primeiro contato visual, Belle volta a dizer:

-- Não vamos fazer nada, só queremos algumas coisas! – Ela seguia assustada com a situação, o homem seguia com seu martelo em mão. Gabriel que estava um pouco próximo havia percebido a situação e deslocou-se até os dois de forma sorrateira, queria atacar o homem por trás. O mesmo percebeu sua aproximação, e o ameaçou com o martelo.

-- Não vem! Eu não vou hesitar em bater com isso na sua cabeça, é melhor ficar aí! – Gabriel ouviu o que o homem disse e seguiu parado. Andressa também foi até eles.

-- O que tá acontecendo? Quem é você? – Perguntou ela.

-- Eu é que pergunto quem são vocês? O que querem aqui?

-- Já disse, só queremos alguns produtos! Já estamos de saída, insistiu Belle.

Todos continuavam se olhando, era realmente uma situação tensa. O homem foi aos poucos perdendo a desconfiança e abaixando o martelo.

-- Me desculpem! Hoje em dia não dá pra confiar em ninguém de primeira! – Disse o homem de forma mais amistosa.

-- Eu que o diga! – Disse Gabriel.

-- Me chamo Beto! – Disse o homem a todos. Gabriel apresentou-se e em seguida as irmãs também o fizeram.

-- O que fazia aqui Beto? – Perguntou Gabriel.

-- Ainda estou buscando um lugar para ficar, passei aqui pra ver como era. E vocês, estão aonde?

-- Em um lugar! – Respondeu Gabriel sem querer dar detalhes sobre sua localização. Os quatro seguiram coletando produtos no mercado, Gabriel voltou a falar com Beto.

-- Já se passou algum tempo desde que tudo aconteceu, você ainda não se estabeleceu?

-- Eu tava indo de lugar em lugar, procurando algum que fosse seguro... Ainda não encontrei!

-- Bom, não há problema para o qual não aja uma solução! – Disse Gabriel.

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Alex e Daniel estavam realizando tarefas rotineiras na praça, tentando manter a limpeza e organização. A única água que tinham além da potável, era a proveniente da chuva. Coletavam em recipientes improvisados, para poder lavar algumas roupas, mas era algo bem raro, não podiam desperdiçar então o serviço não era executado com muita precisão. Os banhos eram tomados na própria chuva, e naquela época do ano, chovia praticamente todos os dias na cidade.

Alex estava verificando o estado da ambulância, se ela não tinha algum problema, e se era necessário algum ajuste. Daniel estava meio que fazendo uma inspeção no local, andando e observando todas as dependências da praça.

Ao chegar ao portão, vê uma garrafa jogada ao chão, dirige-se até lá. Ao primeiro momento pensou ser uma garrafa de vodka de Andressa, porém ao verificar mais de perto, constatou que não. Era uma garrafa diferente, de uma bebida diferente, Daniel então se abaixou para pegar a garrafa, quando sentiu uma forte pancada na cabeça, não houve reação, ele apenas caiu para o lado inconsciente.