O Legado de Tot

O Arco de Tot e a Magia do Google


Capitulo 03

O Arco de Tot e a Magia do Google

_Isso não faz o menor sentido. – Annabeth murmurou brava. – Rá? O Deus Sol Egípcio? Esse Rá? Impossível!

Quíron alisava a barba insistentemente sem dizer uma palavra. Apenas observava as chamas da lareira em silêncio, a noite estava fria no Acampamento e desde a tarde Annabeth não saia da Casa Grande. Sabia que Percy devia estar preocupado mas não podia sair e encontrá-lo daquele jeito, só levantaria mais suspeitas e não queria ter que mentir de novo para o namorado. Desde que Cameron acordara e disse ser mago de Rá as coisas ficaram um pouco confusas.

Rachel veio visitá-lo e assim que tocou nele desmaiou e afirmou com total convicção de que era dele a referencia do primeiro verso da profecia. Tudo começa com o seguidor do Deus Sol que não era Apolo!

_Não... Deuses gregos e romanos existem! Mas egípcios? Acredita nisso?

_Annabeth, você é a prova de que uma coisa impossível como uma filha de uma deusa antiga de séculos atrás existe. Como pode ter tanta certeza a respeito dos egípcios? – A calma na voz de Quíron que normalmente é agradável e até relaxante a Annabeth a irritou dessa vez.

_Por é impossível Quíron! Nós saberíamos de algo assim! – Ela bagunçou os cabelos nervosa. – Eu deveria saber... – Murmurou baixo.

Quíron colocou a mão sobre seu ombro e a encarou com ternura. – Não precisa temer Annabeth, estamos todos em segurança. Não era responsabilidade sua saber coisas desse tipo, nem mesmo eu tenho tal conhecimento. Não se sinta responsável.

Mas Annabeth se sentia. Ela se sentia responsável. Por isso mesmo depois de terem derrotado Gaia ela ainda tinha pesadelos, ela ainda temia pelos amigos e por Percy, temia não saber o suficiente para priva-os de problemas. Temia não ser o suficiente para ajudar o Acampamento caso fosse necessário. Céus! Tinha visto o seu lar ser destruído já mais vezes do que gostaria, experimentara quase morrer tantas vezes que nem poderia contar e já quase tinha deixado que ama morrer, já quase não tinha sido boa o suficiente para ajudá-los.

Ela era filha de Atena, sabia que seu defeito fatal era o orgulho. Mas isso não melhorava as coisas, Annabeth morria de medo de não ser boa o suficiente para uma próxima vez.

O sonho de Rachel a aterrorizara. O garoto desmaiado, era Cameron, Rachel tinha visto Percy e Cameron a beira da morte e só a filha de Atena poderia salvar um deles. O outro teria que morrer. Annabeth não tinha a menor dúvida de que seria capaz de dar a sua vida pela de Percy, mas não suportava a idéia de ser responsável pela morte de alguém. Não se podia fazer alguma coisa. Não podia suportar a visão de Percy a beira da morte mais uma vez.

Quíron tinha razão. Ela não tinha que se sentir responsável. Mas se sentia. Se sentia como um vidro fino prestes a se quebrar completamente. Até que ouviu a voz dele.

_Annie? – Percy entrou sem a menor cerimônia na sala e correu até Annabeth a envolvendo em seus braços com força. Percy tinha cheiro do mar, Annabeth amava aquele cheiro. – Annie, tudo bem. Vai ficar tudo bem. – Os braços fortes dele a rodearam e assumiram todo o seu peso, deixando-a quente. Expulsando qualquer sentimento pessimista que se infiltrasse nas barreiras da mente de Annabeth.

Percy era seu porto seguro. Ele acariciou seus cabelos e ficou lá até que ela estivesse melhor. Quando se afastaram Annabeth notou que tinha chorado, e Quíron não estava mais lá. Parecia ter se passado horas.

Os olhos verdes de Percy encontraram o seu e ele lhe deu um beijo antes que pega-la no colo sem dificuldade.

_Vem. Você precisa dormir.

_Não quero ir para meu chalé. – Percy entendeu. Ela queria paz e sossego. Sem pessoas ao redor, só o silêncio. Ele assentiu ainda a carregando para fora da Casa no meio da noite. – Vai ficar comigo?

Ele assentiu a abraçando com mais força sobre seus braços e Annabeth sorriu se sentindo leve pela primeira vez no dia.

_Eu te amo cabeça de alga.

_Eu também te amo Annie.

Percy a levou para seu chalé, uma das vantagens de ser filho único é ter um chalé todinho só pra você; e como Tyson agora não passava todo o ano no acampamento, só as férias, Percy voltava a ter todo o chalé de Poseidon. Ele a colocou no chão pouco antes de chegarem, ele abriu a porta e a puxou com delicadeza para dentro. Estava escuro.

Mas antes que ela pudesse pedir a Percy que ascendesse as luzes sentiu os braços do garoto a envolver por trás e seu hálito na sua orelha. Percy beijou o lóbulo da sua orelha devagar e antes que pudesse fazer de novo Annabeth se virou e o beijou. Apertando com força a blusa laranja do Acampamento que o namorado usava. Que se danem as luzes! – Pensou.

As mãos de Percy desceram e seguraram firmes sua cintura elevando o pano da blusa de Annabeth deixando sua pele formigando ao contato com a de Percy. Ela soltou a gola da blusa do namorado para puxar a barra para cima e arrancar de vez a peça que tanto a incomodava. Percy começou a andar para frente devagar fazendo ela recuar enquanto apertava suas costas por baixo do pano em movimentos circulares, a pele nua do peito dele era quente e forte. Annabeth tirou a mão de seus braços para sentir os músculos do garoto bem a tempo de tropeçar no beliche de Percy.

Ele caiu em cima e ambos riram. Ela nunca pensou que ficaria tão feliz por Tyson não estar no Acampamento.

Com um movimento rápido o filho de Poseidon arrancou sua blusa também, Annabeth corou, ela ia sempre corar quando ele fizesse isso, mas graças aos Deuses estava escuro demais para ele ver o rubror em seu rosto e o garoto passou a beijar seu pescoço enquanto ela arranhava suas costas. Não importavam mais os perigos. Não importavam mais as profecias, nem qualquer outro problema.

No mundo só haviam ela e Percy naquele momento. Nada mais importava.

... Brooklyn ...

_Sadie! – Sadie deu um pulo quase deixando o telefone cair. Tinha acabado de falar com Carter, e pelo que o irmão contara, as coisas estavam estranhas no Egito. Carter dissera que no momento em que ele e Zia pisaram lá puderam sentir algo de muito errado, embora ele ainda não pudesse dar grandes detalhes isso só confirmou os medos de Sadie sobre seu pesadelo com Apófis.

Ela olhou para a porta onde Dakota tinha um sorriso travesso. Ela tinha a terrível mania de se esgueirar pelos corredores como um fantasma assustando a tudo e a todos, como se já não bastante Anúbis dando uma de motoqueiro fantasmas assustador o suficiente. Pelo menos era assim que as pequenas crianças em treinamento na casa diziam que Anúbis se parecia.

_O que foi? – Sadie sussurrou o mais brava que um sussurro permitia. Dakota ignorou e entrou no quarto fechando a porta atrás de si. – O que esta fazendo aqui uma hora dessas? Anúbis pode chegar a qualquer momento!

Dakota deu um sorriso zombeteiro. – Ah não vai. Não se preocupe com isso. – Sadie ergueu uma sobrancelha, só podia imaginar que a ruiva tinha trancado seu namorado dentro do sótão da casa ou algo assim. – O importante é que eu descobri uma coisa sobre o lance do Arco! – Todos os sentidos dormentes de Sadie despertaram imediatamente ao som da última palavra.

_O que? Como? – Dakota sorriu.

_Internet. Só por que temos formas mágicas de busca, isso não quer dizer que o Google também não seja uma. – Ela entregou uma folha impressa à Sadie. Suas unhas estavam pintadas de preto e só agora Sadie tinha notado que Dakota tinha uma tatuagem no pulso. Um caduceu com duas pequenas cobras enroscadas. Isso lhe provocou um arrepio. Por que nunca tinha reparado nisso?

Sadie abriu a folha e começou a ler o conteúdo. Sua testa franzindo a medida que lia.

_Dakota isso só fala de uma suposta afirmação. – Dakota deu de ombros como se não importasse, bom tecnicamente nem Sadie, mas alguém ali tinha que tentar ser responsável, oras! Ela começou a ler o conteúdo do papel. – Antigos magos que veneravam Tot construíram um arco e forma de meia lua prateado como simbolismo de que o conhecimento do homem sempre estaria incompleto.

_Nisso eu concordo. – Sadie ignorou a ruiva e continuou.

_... Tot, o Deus, aceitou a peça como um reconhecimento de poder. Rés a lenda que o arco dado de presente à Tot, foi usado como chave da tranca da cela de Apófis. Um lugar tão fundo nas camadas do Duat que nem mesmo os deuses se atreveriam a ir. O arco se tornou a tranca da Serpente desde então. – Sadie franziu o cenho quando terminou de ler. – Isso quer dizer que esse arco, é a chave que mantém Apófis presa, que impede que ela volte?

Dakota meneou a cabeça. – Acho que sim, a medida que a fonte nada segura do texto nos garante.

_Se eu sonhei com Tot, ele me mandou encontrar o Arco. – Os olhos azuis de Sadie se arregalaram. – Roubado. O Arco foi roubado!

_É. – Dakota bateu um pé no outro olhando para o chão. – Isso não é nada bom.

Sadie assentiu concordando enquanto ainda examinava o papel sem perceber que não era para ela que Dakota olhava. A ruiva já estava na janela do quarto da amiga e olhava com o cenho franzido para algum ponto abaixo.

_Hã... Sadie? – A loira se virou para ele. Dakota apontou para fora da janela. – Isso não é bom. – A maga de Isis seguiu o olhar da amiga até lá em baixo e entendeu o que ela queria dizer. Uma garota. Ruiva de longos cabelos cacheados e cheios.

Desmaiada em frente à mansão.

Continua...