O Legado - Nova Ordem

Capítulo 4: Viajantes


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Cap. 4: Viajantes

- Eu não concordo! – a garota de cabelo bronze bateu fortemente na mesa de madeira. O som do impacto revibrou sobre a sala, mas ela só conseguiu deixar o seu punho dolorido. Conseguiu esconder a dor do movimento por causa da fúria que emanava pela decisão.

- Ismira... – o seu pai começou, como se repreendesse uma criança.

- Pai, Blödgharm, nós não podemos viajar sob essas condições! – ela insistiu, dessa vez aproximando-se dos dois, que estavam sentados na extremidade da mesa, Roran na ponta. O seu pai já se mostrava impaciente, massageando as têmporas em sinal de irritação. Já Blödgharm mantinha-se impassível, como se já soubesse o que iria acontecer.

Ao lado dela, estava o seu pequeno dragão cor de jade, com os seus grandes olhos observando a situação sem compreender nada. Ele balançava a sua cauda e se enroscava na barra do vestido de Ismira como se fosse um gato. De fato, o pequeno dragão tinha o tamanho de um gato grande (ou um menino-gato). Em sua primeira semana de vida não crescera mais que uma cabeça, o que preocupava a sua dona.

A discussão ocorria no salão que seu pai usava para reuniões sem a presença de sua mãe Katrina. Era uma sala ampla, com as paredes feitas inteiramente na mesma pedra branca que toda a edificação fora construída; o teto alto ajudava a ecoar a conversa abaixo. Um grande lustre estava posicionado próximo à mesa central, apesar de não ter nenhuma vela acesa. A mesa deveria ter quatro metros de comprimento e no mínimo cinco cadeiras à cada lateral, porém só Roran e Blödgharm estavam sentados. Havia somente uma janela mostrando o crepúsculo no horizonte, e diversas tochas ajudavam a iluminar o ambiente.

- Lady Ismira. – Blödgharm tomou a palavra – ainda não compreendo a sua preocupação.

A ruiva balançou a cabeça, agora ela ficando impaciente.

- Dimith é pequeno de mais ainda. Recuso-me a sair do Vale Palancar antes que ele tenha idade suficiente para voar. – e dizendo isso ela cruzou os braços, teimosa como uma criança. Dimith soltou um suspiro de indignação aos seus pés.

- Lady Ismira – Blödgharm voltou a falar, não deixando a impaciência afetar a sua voz – Eu concordo com seu argumento, em ocasiões normais eu esperaria que o jovem Dimith crescesse o suficiente para viajar – além do fato que Dimith é um dragão menor que a média. Mas não estamos em ocasiões normais. Dois outros cavaleiros surgiram no período de um mês e devemos nos encontrar com eles.

Ismira se retesou, determinada a não se dar por vencida. Teimosia essa que herdara do pai. Bateu os pés e encarou Blödgharm desafiando-o.

Roran não entendia como conseguiu uma filha tão parecida consigo mesmo quando jovem. Mas não podia deixar de enxergar Katrina nos seus longos e volumosos cabelos cor de bronze. Como ele gostaria que Ismira fosse calma e comportada como Katrina e Kael – seu filho mais novo. Agora o estrago estava feito e Ismira crescia como um jovem com sede de aventura e não como a dama que deveria ser.

- Você mesmo disse que Dimith é pequeno de mais para os padrões. Ele não pode viajar!

Roran se viu impaciente com a teimosia da filha e desta vez ele bateu com os punhos na mesa.

- Chega, Ismira! – ele ralhou, causando pela primeira vez uma reação de temor na garota – Blödgharm lutou comigo e seu tio contra o Império. Confio nele. Por mais que me corte o coração me separar de você, se ele diz que é o melhor a se fazer, então você deve partir imediatamente. Você e Dimith estarão em boas mãos com os elfos.

Ismira cerrou os olhos, como se não acreditasse que seu pai se postava contra ela. Olhando mais uma vez para o pequeno dragão aos seus pés e suspirando longamente. Ela tornou a falar:

- Se é assim então, muito bem. Viajaremos. – dizendo isto, ela acolheu o pequeno dragão eu seu colo se dirigiu para fora da sala. Passou direto por dois guardas que se postavam na porta e acharam cômica a cena da filha do Conde andar a passos largos acolhendo um dragão nos braços como se fosse um bebê.


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Narbog sentia-se absolutamente desconfortável com toda a atenção que vinha recebendo desde o dia que o ovo se chocara para ele. Há aproximadamente um mês atrás a sua maior preocupação era o corpo e chifres que nunca cresciam, e seus colegas que não aceitavam em seu círculo por não conseguir ficar muito tempo em pé num ringue de luta amigável. Mas agora parecia que todos ignoravam a sua condição física e paparicá-lo tornara-se recorrente.

Até gostava deste tipo de atenção que nunca recebera antes, mas toda esta fama repentina já tinha cansado. Não conseguira sair da cabana com o seu jovem dragão Deloi sem que fosse acompanhado por diversos curiosos e bajuladores em seu encalço. Só desejava passar alguns momentos com o seu dragão e o seu mais novo mestre em paz, mas enquanto ainda habitava a aldeia urgal tal descanso parecia impossível.

Após o seu dragão nascer, não ousara se separar dele nem por um segundo – nem mesmo durante a comemoração do seu nascimento e nomeação de Narbog como Cavaleiro de Dragão. Porém somente após o termino das comemorações, que duraram três dias inteiros, conseguira passar um tempo à sós com o dragão.

Na sua primeira semana de vida, o jovem urgal reparou nas nuances de personalidade do companheiro. Ele tinha muita facilidade em caçar pequenos animais terrestres, e gostava de cochilar muitas vezes ao dia – eram sempre sonecas longas e profundas e quando acordava parecia ainda mais disposto a brincar. Narbog também reparou que ele adorava remexer na terra e esfrega-las nas escamas de mesma cor. Divertia-se pondo a cabeça na toca dos animais terrestres e saía correndo quando era expulso. Por isso Narbog aceitou a sugestão do seu mestre elfo para o nome do dragão: Deloi, literalmente “terra” na língua antiga.

Erudhir era o nome do elfo que assistiu o nascimento de Deloi para Narbog durante a cerimônia. Ele tinha cabelos castanhos e grossos, preso numa trança simples, e alegres olhos verdes. O elfo vinha acompanhando os passos de Narbog e ensinando-o sobre dragões desde o momento que anunciara o seu nome como cavaleiro. Por isso Narbog adotou Erudhir como mestre, que aceitara o posto de bom grado e parecia divertir-se ao ensinar Narbog sobre Deloi.

Mas Erudhir não tinha somente esta função. O elfo também tornou-se o seu professor da Língua Comum, aquela falada pelos homens. O jovem urgal tinha visivelmente mais dificuldade em aprender a nova língua do que aprender a criar Deloi. Erudhir disse-lhe que não poderiam deixar a aldeia urgal sem que Narbog aprendesse pelo menos o básico da língua dos homens, pois era nesta língua que os seus futuros mestres na terra além de Alagaësia usariam para lhe ensinar. Apesar da sua hesitação, ainda se esforçava para aprender.

Estava se esforçando em estudar a língua comum, Deloi cochilando numa almofada próxima a ele, quando Erudhir adentrou na cabana, convidada pela sua mãe.

- Jovem Narbog. – Erudhir se anunciou.

- Mestre. – ele respondeu-lhe com um aceno na cabeça – Estou estudando a língua comum, como me disse. Veio me ajudar? – e apontou para os pergaminhos espalhados pela mesa de madeira em que estava.

Erudhir meneou com a cabeça.

- Fico satisfeito que esteja se empenhando em aprender a língua comum tão rápido, jovem cavaleiro, mas não é isso que venho conversar contigo.

Narbog se retesou com o tom sério do mestre, mas prosseguiu:

- Qual é o assunto? – perguntou fazendo uma mesura para que o elfo sentasse ao seu lado. Ele aceitou, tomando uma cadeira.

- Faz somente um mês desde o nascimento de Deloi, mas estou apreensivo. – ele começou – Não há registro na história de um cavaleiro urgal se quer. E pressinto que não podemos mais esperar pelo anúncio do seu nome como cavaleiro para a Nova Ordem Shur’turgal. Devemos partir.

Narbog assentiu, já pressentido o rumo da conversa. Afinal era para isso que vinha estudando tanto a língua comum e um pouco da língua antiga. Ele sabia que uma hora Erudhir iria finalmente convoca-lo a partir da vila urgal para o início da sua real instrução como cavaleiro, por isso não reagiu negativamente ao anúncio de Erudhir. Pelo contrário, estava cada vez mais ansioso para viajar e conhecer as terras de Alagaësia além da Espinha. Como um sorriso de suprema felicidade, ele lhe respondeu:

- Está certo, mestre. Devemos partir.


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- O que acha de Godric? – a morena perguntou para o pequeno dragão prateado à sua frente.

Vinha tentando diversos nomes, vários deles sugeridos por Agalad na língua antiga. Mas o pequeno dragão prateado vinha rejeitando todos veementemente. Barbara gostava dos nomes sugeridos pelo elfo, mas se o dragão não queria, obviamente que não iria força-lo. Já tinha gastado muito da sua imaginação lembrando e criando nomes para ele, até lembrar-se de uma certa figura. Godric era um sábio o botânico que a abrigou em sua casa na Espinha quando tinha somente treze anos. Passara quase um ano hospedada na cabana do ancião, mas infelizmente ele morrera de causas naturais. Barbara ficara muito abalada pela morte de mais uma pessoa que era próxima a si. Depois de passados alguns anos, o nome daquele velho sábio ainda estava cravado em sua mente.

- Godric é um ótimo nome. Foi alguém muito bom para mim. Você gosta?

O jovem dragão soltou um chiado de desconfiança, mas finalmente balançou a sua cauda e soltou outro chiado, mas desta vez de aprovação. Ele ficou de pé sobre suas pernas traseiras e roçou a sua cabeça nas mãos de Barbara, satisfeito.

- Finalmente gostou de um! Pois então seu nome será Godric. – ela lhe sorriu, aceitando a cabeça do dragão e acariciando as suas escamas prateadas.

Agalad aproximou-se deles. Observava ternamente a discussão entre cavaleira e dragão, embora ainda mantivesse os braços cruzados.

- É um bom nome. Escolheu sabiamente. Parabéns, Godric. – disse dirigindo-lhe ao dragão, que murmurou satisfeito e vaidoso.

Barbara voltou a brincar com Godric. Sentia-se tão despreocupada quando estava ao lado do seu companheiro que até esquecia-se de que estava quase uma semana ao relento. Para uma nômade como ela era comum viver sem destino e sem saber o que comeria no dia seguinte, mas esta semana que passou junto à Agalad, Bereniel e Godric passou-se tão rápido e agradável que poderia viver até o fim dos seus dias neste ritmo. Os dois elfos eram ótimas companhias; Agalad com o seu jeito sério e decidido trazia segurança à Barbara, e Bereniel já mais descontraído rendia muitas conversas e distrações.

Mas de certa forma ela sentia que Agalad estava preocupado com os poucos avanços da viagem. Barbara sempre tivera um ótimo senso de direção, por viver tanto tempo nas estradas, mas agora não sabia dizer onde estavam exatamente.

- Senhorita Barbara. – Agalad desviou a sua atenção de Godric. – Hoje recebi uma resposta dos outros embaixadores da mensagem que lhes enviei há uma semana.

- Não precisa me chamar de senhorita. – ela respondeu já sentindo-se incomodada com o pronome de tratamento que os dois elfos vinham usando para se referir à ela.

Agalad ignorou a reclamação de Barbara.

- Finalmente nosso rumo foi traçado. Devemos seguir para o norte. Recebi a notícia do surgimento de mais dois cavaleiros de dragão pelas redondezas. Nos encontraremos com eles na cidade de Gil’ead e então partiremos direto para Du Weldenvarden e assim para o encontro da Nova Ordem. A senhorita está de acordo com o nosso roteiro?

Barbara pouco prestou a atenção no roteiro traçado por Agalad pois ficou surpresa de mais pela notícia dos outros dois cavaleiros que se uniriam a ela durante a viagem. Há uma semana parecia difícil acreditar que ela seria presenteada com um dragão, e agora parecia ainda mais surreal saber que havia dois na mesma situação que ela. De repente a curiosidade de conhecer o povo dos elfos se esvaiu para dar lugar à curiosidade de conhecer os dois jovens e seus dragões. Os verdadeiros semelhantes à ela. E este sonho estava cada vez mais próximo com a notícia que deveria encontra-los em Gil’ead. A ansiedade parecia não caber em seu peito.

- Dois cavaleiros? Quem são eles? De onde vieram? Quando o encontraremos? – ela levantou-se do tronco onde estava em um pulo, o seu ânimo contagiando Godric que deu um salto junto com a sua dona.

Ouviu-se a risada melodiosa da Bereniel que se divertia com a ansiedade da garota.

- Ela não ouviu nada, Agalad. – disse o elfo de olhos verdes em meio às risadas.

- Eu estou de acordo! – ela respondeu rapidamente, sinalizando que ouvira o restante da conversa, mesmo que não fosse totalmente verdade – Não me subestime, Bereniel. – e lhe lançou um olhar desafiador.

- Muito bem, seguiremos para Gil’ead. Vamos lhe arranjar um cavalo, não se preocupe. Agora preparem-se porque a viagem será longa. – e dizendo suas habituais palavras firmes, Agalad voltou a arrumar o acampamento enquanto Barbara mais uma vez se distraía com Godric.


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Blödgharm e Ismira cavalgavam lado à lado pela estrada que levava para fora do Vale Palancar. Dimith era muito pequeno para acompanha-los a pé, e também ainda era muito jovem para voar, por isso Ismira improvisara uma cestinha na garupa do cavalo para carrega-lo. Dimith aprovou o seu assento e parecia muito confortável enquanto dormia. Já Ismira mantinha-se em silêncio desde que partiram de Carvahall, emburrada, enquanto Bödgharm mantinha a sua discrição constante.

O elfo conseguiu convencê-la a partir e Ismira logo alegrou-se com a ideia de viajar por Alagaësia, conhecer a cidade dos elfos e outros dragões. Mas quando Blödgharm informou à seu pai que um dos seus companheiros de viagem era um jovem urgal, a situação se reverteu automaticamente. Roran não se mostrou nada satisfeito com a ideia de um urgal ao encalço de sua filha, já Ismira pareceu não se importar com a ideia. Porém inevitavelmente, vendo o gênio de pai e filha, os dois discutiram sobre o assunto até o momento da partida. Ismira argumentava que não era mais uma criança e saberia cuidar de si mesma, e agora com Dimith ao seu lado ela não seria ameaçada; enquanto Roran respondia que o seu dragão era muito pequeno e Ismira irresponsável e distraída para se defender. A discussão tomou tais proporções que Roran quase chegou ao ponto de proibir a viagem, até Blödgharm garantir que nada de ruim aconteceria à sua filha. Mas mesmo Blödgharm apaziguando a discussão e chegando num acordo, o clima de despedida não fora dos melhores, agora Ismira estava visivelmente mal-humorada.

Blödgharm não via como a sua obrigação ter um bom relacionamento com a cavaleira, mas para evitar futuros conflitos, decidiu que o melhor a ser feito seria manter um bom ambiente, até pelo menos se encontrarem com os outros cavaleiros.

- Senhorita Ismira. – ele começou.

- Sim? – ela respondeu, sem muito interesse.

- Espero que saiba que você pode perguntar qualquer dúvida para mim. Convivi por muito tempo com dragões e creio que posso lhe responder quaisquer questões que lhe surgir.

Ela assentiu com a cabeça sem desviar os olhos da estrada. Parecia entediada. Blödgharm sabia que seria uma longa viagem.


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Duas semanas se passaram.

Narbog agradecia pela primeira vez o seu porte pequeno, pois eram poucos os urgals que conseguiam montar num cavalo por tanto tempo sem exauri-lo. Sabia que seguindo a viagem a pé talvez o tempo médio da viagem seria o dobro. O animal seguia o mesmo ritmo que levaria com um homem comum nas costas. Erudhir escolhera bem o seu companheiro de viagem.

Já Deloi não tinha a mesma sorte. Narbog havia notado desde que vira pela primeira vez o seu ovo que ele era maior do que a média. Deloi crescera espantosamente rápido no seu primeiro mês de vida, e agora já media um metro da cabeça ao rabo. Por isso não poderia seguir na garupa do cavalo nem se quisesse - pois o dragão cor de terra estava muito satisfeito em seguir a viagem a pé. Erudhir lhe dizia que o seu crescimento rápido e saudável logo permitira que ele voasse. E Narbog achava engraçado que Deloi fosse tão diferente dele neste aspecto.

No horizonte era possível ver a silhueta de Gil’ead se aproximar. Erudhir lhe disse que a cidade outrora fora a principal prisão do Império, mas após a queda do tirano com a ajuda dos elfos a cidade fora revitalizada. Apesar de manter o mesmo nome, hoje Gil’ead não se parecia nada com a prisão de anos atrás – ele lhe disse. Agora era um grande ponto comercial e local de intercâmbio entre elfos e humanos. Narbog nunca estivera numa cidade grande dos homens e não conseguia conter a sua ansiedade para chegar.

O sol estava à pino quando a estrada se aproximava das muralhas da cidade. Mas o que Narbog não esperava era o que lhe aguardava à frente portões.

Diversos pontos brancos se movimentavam nas duas extremidades do grande portão da ex-prisão, mas somente quando estavam a menos de um quilômetro perceberam que os pontos brancos se tratavam de enormes garanhões enfileirados e seus cavaleiros portando armaduras brilhantes e estandartes montados. Uma banda de tambores estava atrás das fileiras de cavaleiros e o seu batuque soava nos ouvidos de Narbog como um clamor de guerra. O barulho incomodava Deloi, que vinha acompanhando a pé ao lado de seu cavalo e fazia uma careta à cada baque de tambor.

Porém somente quando estavam a poucos metros da fileira de cavaleiros entenderam que não se tratava de um batalho de guerra; pois ao chegar um rufar anunciou as saudações aos recém-chegados. Um dos garanhões brancos se deslocou da fila, indo até o corredor entre as duas cavalarias e galopando em direção à eles. Deloi deu um salto, alarmado, mas não fez mais que isso ao perceber que o cavaleiro havia parado à cerca de três metros deles. O homem por cima do cavalo era forte, de queixo largo e pele bronzeada. Parecia orgulhoso ao cumprimenta-los:

- Saudações à cidade de Gil’ead!

Narbog estava em pânico. Não esperava uma recepção tão suntuosa ao chegar à cidade dos homens. Não compreendia direito as palavras daquele humano. Deveria responder? Desviou os olhos para Erudhir, que não parecia nada surpresa com a recepção. O elfo somente assentiu com a cabeça, mantendo a postura orgulhosa.

- A nossa cidade tem o prazer de recebê-los, jovem cavaleiro e dragão. Se queiram me acompanhar, a Rainha Nasuada aguarda por vocês no castelo de Lorde Emil.

Dizendo isso, Erudhir assentiu mais uma vez.

- Agradecemos a sua receptividade e ficaríamos honrados em ter a presença da Rainha. – ele respondeu por Narbog, o urgal lhe agradecendo.

O cavaleiro de armadura brilhante sinalizou para acompanha-lo e assim fizeram. Narbog desejando estar no chão ao lado se dragão assim que cruzou os portões da cidade, pois uma multidão formava um corredor entre as muralhas e o castelo.

O jovem urgal não contava ver tantos humanos reunidos ao mesmo tempo. Velhos, adultos e crianças estavam inquietos, fazendo um coro de vozes desconexas as quais ele não compreendia as palavras. Só decifrava pelas suas expressões que estavam admirados, tanto por ele quanto por Deloi; e não ousavam chegar perto enquanto eles desfilavam. O batuque dos tambores agora os acompanhava em sua retaguarda, o que chamava ainda mais atenção para eles.

O fato da cidade ser uma antiga prisão contribuiu para a fluidez do desfile. Ultrapassaram mais dois portões da cidadela relativamente rápido. O pátio não era grande, por isso logo estava novamente à frente de outro portão, mas este era uma entrada diretamente para o castelo do Lorde Emil. Sem cerimônia, Narbog e Erudhir desmontaram dos seus respectivos cavalos; Deloi correndo para se posicionar ao lado do seu companheiro. As portas se abriram e o cavaleiro que os guiava adentrou, seguido por eles, o rufar dos tambores diminuindo assim que os portões se fecharam de volta atrás de si.

Mais uma escolta surgiu à retaguarda dos três, Narbog já ficando impaciente com toda aquela cerimônia. Deloi parecia sentir o mesmo que o dono, pois soltava murmúrios impacientes. Até que o cavaleiro de armadura virou-se novamente para eles:

- Acompanhem-me até a sala onde aguarda outras duas cavaleiras. A rainha já irá recebe-los.

Eles assentiram novamente sem proferir uma palavra, e em seguida acompanharam o cavaleiro rumo a um novo salão. Os guardas se posicionaram para abrir a pesada porta de madeira, e antes que elas começassem a se movimentar Narbog engoliu à seco, nervoso. Deloi parecia igualmente ansioso, embora não entendesse a situação.

Finalmente adentraram na sala. Narbog não sabia o que esperar, mas surpreendeu-se ao encontrar exatamente o que fora lhe dito: duas garotas. A mais alta tinha cabelos negros e a pele branca, com a postura altiva e os olhos violetas pareciam surpreendidos. A outra garota era mais baixa, com os cabelos vermelhos e volumosos, o rosto salpicado de sardas. Porém o mais estranho na cavaleira ruiva era o fato de estar segurando o pequeno dragão cor de jade nos seus braços como se fosse um cão. Ele não reagiu quando Narbog entrou na sala, em contrapartida do outro dragão que se encontrava no recinto. Este era prateado, visivelmente maior que o outro – porém não mais que Deloi – e rosnou ao por os seus olhos nele.

- Godric! – a garota mais alta repreendeu. No mesmo instante ele encolheu.

O cavaleiro se pôs entre Narbog e as duas garotas, fazendo uma breve mesura ao passar por elas.

- Senhoritas: estes são Narbog e seu dragão. Narbog é o primeiro cavaleiro de dragão urgal. –ao se dar conta de que o homem estava falando dele, o jovem urgal mesurou com a cabeça, não sabendo ao certo como se comportar com as fêmeas de outra espécie.

- Um urgal? – a ruiva perguntou, deixando que o seu minúsculo dragão escorresse pelos seus braços e pusesse os pés no chão. – Pensei que urgals fossem um pouco... maiores?

Um pigarro se fez ouvido aos fundos da sala, então Narbog percebeu que além das duas moças havia também a sombra de três elfos posicionados atrás delas. Não sabia a origem do barulho, por isso voltou a sua atenção ao homem que ainda estava postado no meio do grupo.

- A senhorita que acaba de se pronunciar é Lady Ismira de Carvahall, e seu dragão Dimith. – ela também fez uma reverência com a saia, sorrindo.

- E esta é a senhorita Barbara, encontrada em Bullridge, e seu dragão Godric. – a garota mais alta de cabelos negros também fez uma reverência, embora não usasse saias. O seu dragão novamente não fora muito amigável, mostrando os seus dentes para Narbog. Deloi também mostrou em resposta à hostilidade. O dragão Dimith parecia não se importar com os dois, estava entretido em deitar-se sobre a saia de Ismira.

Embora Narbog não soubesse como se portar com duas fêmeas humanas, ele as cumprimentou com a cabeça. Deloi manteve o corpo tenso e desconfiado - Godric correspondendo a desconfiança. Feita as apresentações, o recepcionista tornou a falar:

- Peço que aguardem nesta sala antes que a Rainha Nasuada os receba. - Erudhir meneou com a cabeça, confirmando - Se me dão licença.

Dizendo isto, o cavaleiro virou-se na direção oposta e saiu pela mesma porta em que havia chegado. A sua escolta porém permaneceu na entrada da sala. Quando o barulho que a armadura de metal fazia à cada passo do cavaleiro não era mais ouvido, podia-se ouvir claramente os dois dragões sibilarem um ao outro.

- Desculpe por isso. - Barbara falou, aproximando-se de Narbog; o seu dragão prateado ao seu encalço, ainda parecendo muito desconfiado. - É a primeira vez que Godric vê outros dragões. E como Dimith é bem menor ele não se sentiu ameaçado.

Ismira resmungou também se aproximando. Dimith parecia tímido se escondendo atrás de seu vestido verde. Narbog percebeu que ele realmente era pequeno para um dragão, pois se assemelhava à um cão de porte médio. Deloi era quase três cabeças maior que o dragão cor de jade.

- Dimith ainda é um filhote ainda. - a ruiva falou, suspirando. - Embora ele realmente seja pequeno. O ovo dele era minúsculo. Isso me preocupa.

Narbog percebeu o olhar de medo e preocupação de Ismira e compreendeu perfeitamente. Desde que Deloi nascera a sua mente só se ocupada com o seu parceiro. A todo momento precisava saber como ele estava, como se alimentava, o que estava pensando - embora ainda pudesse ouvir os seus pensamentos. Estava se sentido uma mãe cuidando de um filhote e fazendo de tudo para vê-lo crescendo bem. Ismira parecia apreensiva com a condição do seu dragão e Narbog sabia que em seu lugar a sensação seria a mesma.

- Ele... crescer... - Narbog tentou falar pela primeira vez na língua comum. O seu vocabulário ainda era muito estreito, embora compreendesse praticamente tudo que lhe falavam.

Mas a sua fala pareceu causar outra reação nas duas garotas. Elas tinham os olhos arregalados ao ouvir a sua voz áspera - quase gutural - sendo pronunciadas.

- Você não sabe a nossa língua? - Ismira lhe perguntou, parecendo realmente surpresa.

- Erudhir me ensina. - Narbog arriscou uma segunda vez, temendo que elas não compreendessem o que falava. - Vocês... me entendem? - tentou para ter a sua confirmação de que era entendido, apesar do forte sotaque.

- Entendemos. - Barbara acenou com a cabeça, em seguida mostrando os seus dentes branco num belíssimo sorriso. - Não se preocupe, você não é o único diferente por aqui.

Nem Narbog e Ismira esperavam o que ela faria a seguir. Barbara afastou uma quantidade de cachos negros de sua face, levando atrás de sua orelha. Ao fazê-lo tornou-se visível a sua orelha pontuda e de repente os olhos violetas cintilaram. No mesmo instante Narbog associou aquela imagem à Erudhir, mas Ismira se pronunciou primeiro:

- Eu sabia! - ela exclamou, exaltando também Dimith que deu um pulo. - Você é uma elfa! Por que escondeu isso até agora?

O sorriso de Barbara desapareceu no mesmo momento, e o brilho nos seus olhos violetas se apagaram como o céu nublado. Ela abaixou o ombros e suspirou.

- Não sou uma elfa. - disse, firme. - Sou uma híbrida.

Ismira levou as mãos à boca para evitar um gritinho, numa expressão de pura surpresa. Godric juntou-se a Barbara como se para consolá-la por contar o seu segredo tão repentinamente. Narbog não compreendeu. Barbara mantinha a expressão triste.

- Híbrida...? - ele tentou perguntar.

- Quer dizer... - Ismira disse suavamente, em baixo tom, ainda com os olhos fixos em Barbara. - Que ela é meio elfa e humana.

Na hora Narbog entendeu o porquê da expressão de surpresa de Ismira. O hibridismo era raro em sua espécie e pouquíssimas vezes ouvira falar do cruzamento de qualquer outra raça com os ulgraga. Talvez a situação fosse o mesmo para os humanos, pois Ismira parecia atordoada. Mas uma sensação de complacência o tomou. Desde que nascera sentia-se diferente do seu povo - embora não soubesse o porquê. E agora que se tornara um Cavaleiro sentia-se diferente de uma maneira boa.

- Agora é uma Cavaleira de Dragão. - ele falou, tentando animá-la.

O flash de um sorriso surgiu no rosto de Barbara, que meneu a cabeça em concordância.

- Todos nós somos. - Ismira acrescenteu também estampado um sorriso na face, que traduzia a situação em que vinham vivendo durante aquelas semanas. Ela apertou o ombro da morena - embora fosse mais baixa - em sinal de apoio. Narbog relutou, mas também pôs a mão no ombro da meio elfa, mostrando o sorriso mais sincero que poderia dar à garota em apoio. Após este gesto, o sorriso de Barbara não mais se conteve e também se juntou à eles.

O três dragões agora não eram mais hostis. Ao ver o gesto de seus companheiros, sibilaram uns aos outros e se uniram numa brincadeira de pegar os seus rabos. Dimith levava desvantagem perto de Godric e Deloi, mas não se importava. O pequeno dragão jade agora tentava morder a cauda de de Godric, que por sua vez tentava pegar a de Deloi, que atrapalhava o pequeno Dimith.

Os três cavaleiros estavam unidos num quase abraço de compreensão e força. Por isso mal perceberam que os seus mestres elfos entraram numa acalorada conversa. Embora não falassem no seu idioma materno - a língua antiga - falavam como se fossem velhos amigos que se encontraram após muito tempo. Porém Blödgharm, Erudhir e Agalad - Bereniel ao fundo, pouco participando da conversa - só conseguiam se concentrar em um único tópico: seus pupilos cavaleiros e respectivos dragões.

Mas tanto a conversa dos elfos quanto dos cavaleiros fora interrompida pelo surgimento de outro mensageiro na sala. Ele também portava uma armadura de metal - embora fosse menor e menos imponente que o primeiro - e tilintava quando andava.

Ele fez uma reverência um pouco exagerada para os convidados na sala, e finalmente disse:

- A Rainha Nasuada irá recebê-los agora. Queiram me acompanhar...

Os três cavaleiros trocaram olhares de concordância e menearam com a cabeça. Apesar de terem acabado de se conhecer havia uma linha que os ligava como se conhecessem desde que nasceram. Posicionaram-se um ao lado do outro numa sincronia natural e seguiram o mensageiro com os seus respectivos dragões à sua frente.

O mensageiro os guiou novamente por corredores de pedra. Se a cidade realmente fora uma prisão, Narbog duvidava que esta contrução fizesse parte dos calabouços. Os corredores eram de uma pedra escura, mas era bem iluminados com o chão cobertos por tapetes e as portas eram de madeira bem trabalhadas.

Narbog reparou que era um pouco mais alto que as duas garotas, o que o deixou de certa forma confortável, pois sempre era o menor entre os jovens da sua raça. Ismira parecia tranquila com a situação, usava um vestido verde e os seus volumosos cabelos ruivos pendiam sobre seus ombros. Já Barbara exalava tensão por trás dos seus cachos negros; estranhamente Barbara usava calças ao invés de um vestido e botas de couro que alcançavam os joelhos. O jovem urgal, além das calças, usava também botas de couro que nunca usara antes, e uma malha de couro e camisa de tecido no peito - deixando-o ainda mais parecido com um humano.

Após dez minutos caminhando em silêncio e a ansiedade aumentando cada vez mais, finalmente chegaram em frente à outra grande porta de madeira onde dois homens de armadura montavam guarda. Sem que precisassem ser ordenados, os dois homens abriram a porta dupla pelos puxadores e o grande salão foi revelado.

O salão tinha o teto alto e pequenas janelas em suas paredes davam a luminosidade suficiente. Um extenso tapete de detalhes em vermelho de dourado cruzava todo o salão, até o altar onde estava o trono. A sala continha longas cadeiras de madeira como uma igreja, porém estavam vazias. Somente poucos nobres se encontravam perto do altar do trono, mas não o suficiente para deixar os jovens cavaleiros apreensivos.

O mensageiro anunciou a sua entrada e pediu que os três o seguisse. Em seguida, eles os acompanharam. A ansiedade se traduzia pelo ritmo do coração. Nem mesmo Ismira que já estivera na presença de diversos nobres conseguia conter a ansiedade de estar cara à cara com a Rainha de Alagaësia. E à passos largos, embora parecessem infinitos, eles se aproximavam do trono.

Narbog, Ismira e Barbara prenderam a respiração assim que seus olhos focaram na Rainha. Nasuada era tão deslumbrante quanto era possível uma rainha ser. A pele negra parecia reluzir, os cabelos negros e cacheados pendiam sobre seus ombros de maneira comportada, e brilhavam ao refletir a luz. Os olhos altivos pareciam chamuscar em seu rosto belo e maduro. A sua beleza era exótica e estonteante, ofuscando as jóias que usava. O vestido dourado que usava deixava os braços à mostra, revelando as cicatrizes que carregava e não embassava a sua beleza - pelo contrário, só ressaltava a sua imponência.

- Aproximem-se. - ela lhes falou, os três sendo automáticamente atraídos pela voz da Rainha. - Por favor, apresentem-se. - apesar de ser gentil, algo na voz da Rainha transmitia autoridade.

- Sou Ismira de Carvahall e este é o meu dragão Dimithkarjic. - a ruiva foi a primeira a se apresentar, fazendo uma mesura suave porém respeitosa, digna da criação de uma nobre.

- Eu sou Barbara. - a morena relutou por um momento - Fui apresentada à cerimônia Agaetí Shur'turgal na cidade de Bullridge. E este é Godric. - ela fez uma reverência tentando imitar Ismira, embora tenha soado mais exagerado que Ismira.

- Meu nome é Narbog, venho da Espinha. - o jovem urgal finalmente disse, temendo que tenha dito algo errado ou que a Rainha não o compreendesse. - Meu dragão se chama Deloi. - ao reverência-la Narbog curvou exageradamente o tronco, num movimento meio atrapalhado que fez Ismira revirar os olhos.

Ao terminar as apresentações, Nasuada levantou-se de trono para ficar ao mesmo nível dos cavaleiros.

- Saudações aos Cavaleiros e seus dragões. - Nasuada os cumprimentou com um sorriso convidativo no rosto - Confesso que fiquei surpresa ao saber do surgimento de um cavaleiro urgal. Na verdade, fiquei surpresa com o surgimento de três cavaleiros em Alagaësia num período tão curto de tempo.

Os três cavaleiros sorriram quase que automaticamente em resposta.

- Acho que não esperavam pelo meu convite. O fato é que quando fui informada do nascimento dos três dragões eu estava visitando Dras Leona. Por isso decidi que viria à cidade mais perto de suas localizações para recebê-los antes que seguissem rumo à Du Weldenvarden. Temos três situações muito interessantes aqui. - ela parou para analisar cada um deles, e os três estremeceram ao ter o peso do olhar de uma Rainha sobre si. - Ismira, filha de Roran, fiquei muito contente ao saber quem era. Lutei ao lado de Roran, um homem muito competente e honrado, eu mesma fiz questão de dar o seu título como regente do Vale Palancar. Além do parentesco em segundo grau que você tem com o herói do Império: Eragon. Tenho certeza que alguém com tal linhagem irá se tornar uma excelenta cavaleira.

Ela desviou o seu olhar agora para Barbara, que parecia ter o seu coração pulando do peito.

- Barbara, também fui informada da situação em que foi descoberta e de sua real identidade. Sei que deve ser muito difícil para você. Mas não se preocupe. Independente de sua raça você terá o nosso apoio, afinal você não teve culpa de nada que se passou da sua dura vida antes de conhecer Godric.

Barbara conseguiu finalmente soltar o ar que vinha prendendo. Por algum motivo acreditava nas sinceras palavras de Nasuada. Sentia-se bem e a sua voz a tranquilizava. Godric também pareceu relaxar ao seu lado ao ver que a sua dona agora estava sossegada.

Por último Nasuada virou-se para Narbog. O olhar da Rainha continuava altivo, mas Narbog sentia-se bem pela Rainha não o enxergar com nojo ou medo, como os humanos sempre faziam quando o encarava.

- Narbog, você foi a minha maior surpresa. Desde que Eragon propôs uma nova aliança com os dragões envolvendo urgals e anões nunca tivemos a felicidade de ter um urgal como cavaleiro. Mas este dia finalmente chegou. Você deve ser parabenizado por ser o primeiro de sua raça à ser presenteado com tamanha honra. Sei que ainda se trata de um filhote para os padrões de sua raça. Pois quero que fique sabendo que o Reino de Alagaësia lhe dará todo apoio, assim como Barbara, e ao seu dragão Deloi.

Como Barbara, Narbog relaxou ao ouvir as palavras de Nasuada. Embora o tom fosse autoritário, as palavras eram reconfortantes.

Ela continuou:

- Embora eu saiba que você Narbog, e eu poderia dizer também Barbara e com um certo temor Ismira, não devem nada à Alagaësia eu lhes peço humildemente que firmem compromisso com o Reino, para a minha tranquilidade e de todo reino. Para que eu e Alagaësia saibamos que, assim como vocês podem contar conosco, também possamos contar com vocês. Eu lhes peço que jurem fidelidade à mim, Nasuada, e ao Reino de Alagaësia.

Narbog sabia que este momento chegaria. Erudhir conversara com ele sobre a possibilidade de Nasuada pedir que lhe jurasse fidelidade. Após muito discutirem com os anciões da sua aldeia urgal, chegaram à conclusão que o melhor seria firmar a aliança com as outras raças e jurar fidelidade à Alagaësia, porque apesar de pertencerem à raças diferentes urgals e humanos conviviam num mesmo reino.

Por isso que inconscientemente, numa sincronia perfeitamente assombrosa, os três cavaleiros responderam.

- Sim, eu juro fidelidade à Alagaësia.

Com um sorriso de pura satisfação, Nasuada lhes respondeu:

- Muito bem. Aliyah, traga-me a espada por favor.

Uma garota nos fundos do salão se fez vista pela primeira vez. Tinha aproximadamente a idade de Ismira e era assustadoramente parecida com Nasuada. A maneira altiva como andava indicava que era uma nobre - além do luxuoso vestido vermelho sangue com detalhes em dourado que usava. Aliyah tinha a pela morena, apesar de mais clara que de Nasuada, e tinha o rosto fino com expressões suaves como a Rainha. Os cabelos era negros com os cachos grossos, escorridos e alcançavam a metade de suas costas.

Aliyah se dirigiu à um canto afastado do trono, rumo à um grande baú de onde tirou uma espada com a lâmina fina e o punhal cravejado de rubís. Era visivelmente uma arma comemorativa, mas não menos imponente. Aliyah então levou a luxuosa arma, segurando em suas duas mãos, para Nasuada.

Ao pegar o punhal encrustrado de pedras preciosas, Nasuada a levantou para mostrar a arma num movimento gracioso.

- Ajoelhem-se.

Os três obedeceram a ordem da Rainha e se ajoelharam perante ela. Deloi encostou a sua cabeça no chão, sendo imitado pelos outros dois. Eles abaixaram as cabeças em sinal de respeito. Em seguida, a Rainha tocou com a espada em ambos os ombros dos seus cavaleiros, em seguida os dragões, pronunciando o nome de cada um ao fazê-lo.

- Agora que juram fidelidade à mim e ao Reino, eu os declaro Cavaleiros de Alagaësia. Podem levantar-se.

Dizendo isto, os três cavaleiros levantaram a cabeça se postaram de pé, com a confiança renovada para o que os aguardariam pela frente.

A aventura estava só começando.