Depois que Ethan me deixou em casa recebi uma ligação de Ária, sua irmã mais velha, me convidando para jantar em sua casa no dia seguinte, pois o mesmo seria oferecido para Ben e Mel, antes deles voltarem para aos Estados Unidos.

—Posso contar com a sua presença? -ela questionou ansiosa do outro lado da linha, à espera da minha resposta.

—Pode Ária, obrigada pelo convite. - agradeci sincera e ela sorriu feliz por minha resposta.

—Não precisa agradecer, Cíntia. Você faz parte da família agora, então se prepare para comparecer em vários almoços e jantares, pois adoramos nos reunirmos para conversarmos. -ela disse sincera e respirou fundo, antes de voltar a falar. -Queria lhe agradecer Cíntia, por fazer o meu irmão caçula feliz.

—Não precisa agradecer, Ária. Tudo que faço é por amor ao seu irmão, mas fico feliz em saber que ele está feliz comigo. - disse sincera e ela sorriu do outro lado da linda.

— Nunca vi o Ethan tão feliz como agora. Jamais tenha dúvidas do amor dele por você, porque posso garantir que ele jamais amou alguém dessa forma. - ela disse sem sombra de dúvidas e acreditei em suas palavras, pois sentia o mesmo sempre que estava ao lado de Ethan.

—Jamais vou duvidar, Ária. Sei o quanto seu irmão me ama. - assegurei sincera e ela sorriu feliz.

—Que bom, porque tudo que desejo é vê-los felizes. Ethan, procurou por você todos esses anos, mesmo que não soubesse o que buscava.

—Acho que nós dois, estávamos nos procurando, Ária.

—Então, que bom que ambos se encontraram.

—Sim. - disse sincera e nos despedimos antes de desligarmos.

Deixei o celular em cima da cama e segui para o chuveiro, tomando um banho relaxante antes de descer para jantar com a minha família.

—E então, como foi o encontro com o seu novo namorado? - vovó questionou me olhando curiosa, assim que nos sentamos a mesa para jantarmos.

—Foi divertido, fizemos piquenique e passamos a tarde toda no parque. Depois, Ethan me levou até sua casa para que esperássemos a chuva passar, pois era perigoso dirigir com a pista molhada. -expliquei olhando para todos enquanto me lembrava do carro que havia entrado na nossa frente, o qual poderia ter causado um acidente se Ethan não estivesse atento a pista.

—E o que mais? - minha irmã questionou curiosa por mais detalhes e sorri, pois sabia que Susan jamais se contentaria com poucas informações.

—Não aconteceu nada demais, Su. Ethan apenas tocou a música que compôs pra mim. - expliquei olhando em seus olhos verdes claros, enquanto passava a vasilha com a salada de maionese para o meu cunhado e minha irmã me encarou séria, como se tentasse descobrir o que não estava contando.

Uma coisa era contar apenas para a minha irmã, sobre os amassos que troquei com meu novo namorado na sua cama, outra era dividir essa informação com a família inteira durante o jantar.

— Ele é incrível, não é? Você foi uma privilegiada, por ouvi-lo tocar. Ethan não faz concertos a um bom tempo, a última vez foi a quatro anos atrás, durante um evento beneficente em prol do orfanato do qual sua família é benfeitora e devo admitir, que ele me fez chorar com a sua execução perfeita de Vivaldi.- Sebastian explicou se servido da salada e o olhei confusa, pois não sabia que ele conhecia meu namorado, logo me lembrei da primeira carta de Ethan, na qual ele me pediu para levar a partitura até o meu cunhado, pois ele saberia o que fazer.

—Como conhece o namorado da Cíntia, Sebastian? - meu pai questionou curioso dando voz as minhas indagações internas e meu cunhado suspirou, antes de começar a nos contar como conheceu Ethan e sobre a amizade de anos dos dois.

—A vida é realmente uma caixinha de surpresas. - minha avó disse sorrindo antes de tomar um gole do seu suco.

—Realmente é muita coincidência...É como se a vida, quisesse que vocês dois se conhecessem. Afinal, Ethan foi o pediatra dos gêmeos por anos e agora sabemos, que ele é amigo de longa data do Sebastian. O destino tem algum proposito para vocês, do qual ainda não sabemos. - minha mãe disse pensativa me olhando nos olhos e tive que concordar, pois a cada pequeno detalhe que descobria, era como uma prova de que Ethan e eu, estávamos destinados a ficar juntos.

Pensar nessa possibilidade me deixou preocupada, pois não queria decepcionar ou magoar Ethan, afinal era a sua primeira namorada, o que por si só já era uma grande responsabilidade, mas sabia que superaríamos qualquer adversidade juntos.

Porque um amor como o nosso, que esperou tanto tempo para se realizar, era capaz de enfrentar qualquer desafio.

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O domingo amanheceu ensolarado e resolvi dar uma passada rápida no shopping, para comprar uma lembrança para a filha não nascida dos meus amigos, pois não sabia se nos veríamos antes dela nascer, por isso achei melhor comprar logo uma lembrança para ela.

Depois que terminei de lavar as louças e voltei para a sala, pedi uma sugestão de presente para as mulheres da minha família, que foram unanimes em sugerir que comprasse algo vermelho para presentear a bebê que minha amiga estava esperando, pois segundo elas essa cor traria boa sorte para a recém-nascida.

Enquanto tomava café no dia seguinte, recebi uma mensagem de bom dia do meu namorado que me fez sorrir feito uma boba apaixonada, em seguida ele me avisou que teve que ir para o hospital cobrir a falta de um dos pediatras que teve um problema pessoal, mas que me ligaria mais tarde, para combinarmos a nossa ida ao jantar da sua família hoje à noite.

Mandei uma resposta carinhosa para ele, antes de sair de casa em busca do presente da filha dos meus amigos.

Com a cor em mente, andei por várias lojas especializadas que possuíam inúmeras opções nessa cor até que me encantei por um conjunto de saída da maternidade, composto por um delicado vestido vermelho de lã com gola branca, sapatinhos vermelhos e uma linda manta da mesma cor, que estava na vitrine de uma loja de recém-nascido.

Decidida, entrei na loja e logo fui atendida por uma funcionária, para quem pedi que embalasse para presente a saída da maternidade que estava na vitrine, enquanto pagava pelo mesmo saindo em seguida da loja, pois queria voltar casa para terminar de ler sobre os balancetes financeiros dos setores do conglomerado, já que no próximo mês seria a responsável pela elaboração de tal documento.

Sai do Shopping e peguei um taxi na porta do mesmo, depois que entrei no carro comecei a repassar mentalmente tudo o que teria que fazer assim que chegasse em casa, quando meu celular começou a tocar dentro da minha bolsa.

Abri minha bolsa e peguei meu celular, sorrindo assim que vi o nome de quem estava me ligando, “meu poeta pianista”, um apelido carinhoso que havia dado a Ethan desde que recebi a sua primeira carta, vendo em seguida a foto que havia tirado dele durante o show de sexta no “Brasileiro”, no mesmo dia em que me pediu em namoro.

—Bom dia minha Aurora, dormiu bem? - Ethan questionou carinhoso, assim que atendi a sua ligação e sorri apaixonada ao ouvir a sua voz.

—Bom dia, amor e sim, dormi muito bem. E você?

—Eu também, mas acho que poderia ter sido melhor. - ele sugeriu malicioso e meu coração acelerou, enquanto minha mente começava a percorrer por caminhos perigosos demais para a o bem da minha sanidade mental.

—Melhor como? - questionei curiosa e ele sorriu do outro lado da linha, antes de suspirar resignado.

—Acho melhor mudarmos o rumo dessa conversa, antes que as coisas saiam do controle. - Ethan sugeriu e concordei, porque sabia muito bem que rumo a nossa conversa poderia tomar. - Minha irmã me contou que a convidou para o nosso jantar em família.

—E você achou ruim, a sua irmã me convidar? - questionei preocupada com a resposta que ele iria me dar.

—Claro que não, meu amor. Eu mesmo iria convidá-la, mas a minha irmã passou na minha frente e me roubou essa chance. -Ethan disse triste por sua irmã ter lhe tirando a oportunidade de me convidar.

— Não fique chateado com a sua irmã, meu bem. Tenho certeza que Ária não fez por mal, tudo que ela quer é vê-lo feliz.

—Sei disso, amor, mas as vezes Ária esquece que não sou mais uma criança e acaba tomando decisões por mim, sem ao menos me consultar...E isso é frustrante. - ele disse frustrado pelo comportamento da irmã mais velha.

—Entendo o seu ponto de vista, meu bem. Susan é só alguns meses mais velha que eu, mas ela age como minha irmã mais velha, por causa dessa pequena diferença. Há momentos em que toma decisões por mim, sem ao menos me consultar.

—E isso não te incomodada? - ele questionou curioso e respirei fundo.

—Algumas vezes sim, mas não consigo ficar brava com ela por muito tempo, pois sei que Susan faz isso com as melhores das intenções.

—Compreendo. Posso reclamar da superproteção que a Ária e o Ben me dão, mas sei que tudo que eles fazem é para o meu bem e não consigo imaginar a minha vida sem eles. - Ethan disse pensativo antes de sorrir ao telefone, provavelmente lembrando de algum momento familiar dele com os irmãos mais velhos. - E então, animada para participar do seu primeiro jantar com a família Thompson?

—Nem um pouco. - segredei sincera ao telefone, pois sabia muito bem que essa noite a família de Ethan iria me conhecer oficialmente como a namorada dele, mesmo que já conhecesse pessoalmente vários deles.

—Não precisa ficar nervosa, amor. Todos adoram você e não a deixarei um minuto se quer sozinha.

—Que bom, porque acho que a sua mãe ainda está brava conosco, por termos arruinado a tarde romântica dela. - lembrei de sábado e ele sorriu negando.

—Duvido. Pela alegria dela hoje de manhã, com certeza meu pai compensou a tarde romântica interrompida ontem à noite. - Ethan disse sincero e sorri ao pensar que ele devia ter revirando os olhos, ao imaginar a razão da alegria matinal da sua mãe.

—E você deve estar cheio de ciúmes da sua mãe, não é verdade? - questionei brincando e ele sorriu do outro lado da linha.

—Tudo bem, admito que sou o garotinho ciumento da mamãe ao contrário do Ben e da Ária, que puxaram a calmaria do papai. Acho que meu irmão, nunca teve uma crise de ciúmes na vida. - Ethan disse pensativo e neguei sorrindo ao telefone.

—Isso é o que você pensa. Antes do Ben e da Mel se envolverem, havia vários funcionários da empresa que ficaram interessados na nova farmacêutica assistente da empresa e a cara que seu irmão fazia, ao perceber o interesse deles nela durante as reuniões de equipe, era capaz de assustar qualquer um. Até eu ficava com medo dele nessas horas. -segredei e sorrimos antes de ouvir alguém chamando-o ao longe.

—Só um minuto, amor. - Ethan pediu e concordei, esperei pacientemente que ele terminasse de falar com alguém, antes de voltar a conversar comigo ao telefone.

—Está tudo bem? - questionei preocupada com a sua demora.

—Está sim, querida, mas preciso desligar. Surgiu uma emergência, mas assim que terminar de atender te mando mensagem, avisando que horas iremos para o jantar.

—Tudo bem, pode ir tranquilo. Eu te amo e até mais tarde.

—Até mais tarde e também te amo, meu bem. - Ethan disse amoroso antes de desligarmos.

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Por volta das seis horas da tarde mandei uma mensagem para o meu namorado, perguntando como estava o plantão e a sua demora em responder me deixou preocupada, me fazendo pensar que as coisas no hospital não estavam tão tranquilas quanto Ethan me fez acreditar.

Só consegui respirar aliviada meia hora depois, quando finalmente recebi uma resposta de Ethan me pedindo desculpas pela demora em responder, justificando que o plantão estava tumultuado o que me deixou preocupada, pois não queria que ele se sacrificasse me levando ao jantar da sua família depois de ter trabalhado o dia todo, mas ao em vez de aceitar a minha sugestão de ir direto para casa descansar, meu namorado fez questão de confirmar que iriamos ao jantar da sua irmã.

Só que dessa vez ele não poderia me buscar, pois só sairia do plantão por volta das sete e meia, por isso Ethan pediu que o motorista da sua família me buscasse primeiro, antes de busca-lo no hospital e concordei.

Depois que terminamos de conversar nos despedimos e fui me arrumar, pois não queria deixar o motorista esperando.

Para o jantar na casa da minha cunhada, escolhi um vestido floral de mangas curtas que ficava acima dos meus joelhos, prendi o meu cabelo em um coque alto deixando alguns fios soltos e para finalizar uma maquiagem discreta. Estava terminando de colocar meu salto médio, quando recebi uma mensagem de Ethan, com o número da placa do carro e o nome do motorista, informando que o mesmo já estava na porta me esperando.

Terminei de colocar meu sapato e lhe enviei uma mensagem em resposta, saindo em seguida do meu quarto. Me despedi da minha avó que estava na sala antes de sair da pensão, encontrando uma Mercedes preta estacionada na porta, com um senhor de cabelos alternando entre brancos e pretos parado ao lado da porta do passageiro.

—Boa noite senhorita Lopes, sou César, o motorista da família Thompson. Ethan me pediu para busca-la. - César disse gentil assim que me aproximei dele.

—Boa noite, César é um prazer conhece-lo. Não se preocupe, Ethan me avisou que você viria me buscar. - disse educada e ele concordou abrindo a porta de trás, antes de eu entrar.