Leodius o seguiu até atrás de um pequeno muro, perto de onde estavam antes. Armand empurrou um bloco do muro e uma passagem se abriu. Armand entrou e fez um gesto para que Leodius o seguisse.

—Eu ainda não sei o seu nome rapaz.

—Me chamo Leodius. – Respondeu o Imperial.

—Leodius. Então, vamos começar. As regras da Guilda. Primeiramente você tem que saber que trabalhamos de forma um pouco diferente das Guildas de Skyrim e Morrowind. Saiba que, você nunca deve roubar dos pobres e mendigos, principalmente dos mendigos, eles são os olhos e ouvidos das ruas. Qualquer informação que você precisar, eles serão capazes de te fornecer, pelo preço deles é claro.- Armand foi lhe dizendo as regras da Guilda, como não matar membros nem roubar eles, evitar derramar sangue, eles não eram a Irmandade Sombria, dentre outras regras, como manter os receptores ocupados em limpar itens e sempre obedecer restritamente às regras e ordens, caso contrário, estaria fora.

Agora eles estavam no esconderijo da Guilda, um velho armazém que quando Leodius o tinha visto, estava com a porta barrada e em estado precário, mas por dentro era totalmente diferente. O primeiro andar era um salão comum, com uma mesa circular grande no meio e uma cozinha nos fundos, mais duas escadas, uma para o segundo andar e outra para o porão. Armand disse que o segundo andar eram os dormitórios, e que o porão era onde treinavam fora de campo. Armand disse para ele subir e descansar. Pela manhã deveria se encontrar com ele no porão.

Sem nem pensar duas vezes, Leodius subiu as escadas e se jogou na primeira cama livre que viu e dormiu.

Quando finalmente acordou, os dormitórios já estavam vazios, todos já haviam se levantado. Leodius desceu as escadas para comer algo, estava faminto. Despois que comeu, desceu para o porão onde encontrou Armand.

—Finalmente, achei que tivesse morrido na cama de tanto tempo que ficou lá! –Exclamou o Redguard de cabelos curtos. – Venha aqui. A maioria já saiu, mas vou te apresentar a alguns dos membros.

Leodius o seguiu pelo porão. Era seco e não cheirava mau, o que surpreendia por estarem tão perto de agua e em um bairro precário e pobre da Cidade Imperial. Tinham baús e cofres para todo lado, que Armand disse ser para treino de arrombamento. Havia uma sala cheia de armadilhas, para treino de furtividade e agilidade, além de diversos alvos de palha, para treino de armas, que poderiam precisar mesmo não sendo primariamente necessário, e alguns dos manequins tinham sinos e estavam vestidos. Armand disse que esses eram para treinar furto de bolsos, que quando conseguisse roubar sem balançar nenhum sino, estria mais pronto para roubar nas ruas. Ele também ensinou que, furto pode ser lucrativo também, mas era perigoso e muito fácil de ser pego se não soubesse o que está fazendo, poderia facilmente ser preso.

No caminho foi apresentado a alguns membros, um Argoniano de escamas vermelhas e marrons, com grandes chifres se destacando em sua cabeça, que se chamava Tar-Lai estava trainando suas habilidades em furto. Anarya, uma Altmer de pele, olhos e cabelos dourados, tentava arrombar um grande cofre, junto com o Dunmer Faldins, com seus olhos vermelhos atentos e cabelos negros arrepiados e curtos, que a observava e auxiliava. Também no porão estava uma Nord de cabelos ruivos e olhos castanhos sentada no chão, chamada Tildva, cansada depois de treinar com a espada.

—Aqui em baixo cada um treina suas habilidades por si ou com o auxílio de outro membro, como Anarya está fazendo. E eu já estava esquecendo de te apresentar a Neruvus, ele é um Imperial também, só que ele tem a pele clara e cabelo curto. Você não vai vê-lo muito. Ele adora magia e tem o costume de desaparecer. Agora venha comigo.- Disse Armand subindo as escadas.- Vou te mostrar algumas coisas interessantes e uteis sobre a cidade.

Eles saíram do esconderijo com o sol quente da tarde sobre suas cabeças. O porto estava agitado, assim como o pequeno bairro residencial de Waterfront, com suas casas simples e pobres de madeira, diferente do interior dos muros da Cidade Imperial. Seguiram pelo porto, passaram por uma espécie de ponte que os levaria para a ilha e para o interior da cidade.

Saindo de Waterfront, se chaga no Distrito do Templo. Armand contou para Leodius sobre a grande construção no meio do bairro, que era o Templo do Um, e falou um pouco do que sabia sobre o Templo, algo que Leodius não prestou muita atenção, nunca havia sido religioso. O panteão de sua raça não possuía nenhum deus para os ladrões. Armand disse que queria mostrar os lugares mais lucrativos da cidade para Leodius e ele foi o seguindo.

Foram em seguida para o Distrito da Praça de Talos, onde ficava a entrada da cidade e grande estatua de dragão coma qual Leodius se impressionara no dia anterior. Armand o disse que naquele distrito haviam alguns lugares bons para se lucrar, mas por ser a entrada da cidade, a guarda lá era pesada.

Em seguida passaram pelo Distrito dos Jardins Élficos. Leodius achou muito estranho quando entraram, que Armand cumprimentou um guarda, e logo o questionou sobre isso:

—Não seria melhor passar mais despercebido pela guarda da cidade?

—Ele é um de nós. Ele se disfarça e ajuda a manter Hieronymus Lex longe de descobrir sobre nos. A história da Guilda estar presente em Cyrodiil é tratada por muitos como um mito apenas, mas Lex sabe que é verdade e vive para provar. Ele é um grande problema para nós. Felizmente temos Gales para ajudar. E ele trabalha nesse distrito em especifico porque é cheio de casa de gente rica, e Gales nos ajuda a passar despercebidos por aqui. Mas quando entrar nas casas desse Distrito, não as limpe, pode dar problema para Gales.- Armand foi falando enquanto atravessavam a rua principal do distrito, em direção ao próximo.- Esse é o Distrito do Mercado, cheio de lojas e de quinquilharias para pegarmos. Algumas lojas são bem guardadas e com fechaduras caras, mas sempre valem o trabalho pesado. Só tome cuidado. Aquele portão – Disse Armand apontando para o nordeste- leva para a Prisão Imperial. Se você acabar lá dentro pode não sair nunca mais. – Essa última parte fez Leodius engolir em seco, só de pensar em ir parar na prisão, o maior medo de qualquer ladrão, além de arrombar uma fechadura difícil e a casa não ter nada de valor é claro.

O próximo distrito era o da Arena. Armand recomendou deixar esse mais de lado, que não era muito lucrativo. Mas caso ele quisesse um entretenimento sanguento e animador, era um lugar perfeito.

—O último agora antes de darmos uma volta ao redor o Palácio, é o Distrito do Arvoredo. Bom bonito esse aqui. O portão sul ali leva para a Guilda dos Magos da Cidade Imperial, e o portão ao norte leva ao Caminho Verde do Imperador, onde fica o Palácio Imperial, White-Gold Tower, o Conselho dos Anciões, essas coisas políticas do Império.

Leodius olhou para cima, para a Torre. Era enorme e bela. Ficou um tempo pensando sobre o que será que o Imperador fazia da vida dele, luxuosa e atarefada, até que Armand o chamou:

—Me segue. Tem uma última coisa importante para te mostrar.

Leodius o seguiu até um canto do distrito, onde havia um bueiro. Armand o levantou e começou a descer as escadas.

—Venha logo! Para um ladrão você está um tanto que lerdo!

—Que cheiro horrível!

—O que você esperava de um esgoto?

—Não sei, mas fede.

—Os esgotos da Cidade Imperial. Eles correm por baixo de toda a cidade. Por meio dele você pode ir a qualquer lugar da cidade sem te perceberem. Ele pode te dar acesso a qualquer distrito, residência, ou loja, praticamente. Mas ele é muito vasto. Se não tiver um bom censo de direção, você vai ficar perdido facilmente. Também deve tomar cuidado com os ratos e goblins aqui embaixo. É fácil dar de cara com algum deles.

—Vou me lembrar disso mais tarde.- disse Leodius, ainda incomodado com o cheiro do local.- Vamos sair daqui então?

—Vamos, me siga. Vamos sair no Distrito do Templo e voltar ao esconderijo. Quero que você tenha noção sobre como é o subterrâneo da cidade. E você vai se acostumar com o cheiro, não se preocupe.

—Espero que você esteja certo. Vamos logo.

Os dois seguiram andando pelo esgoto, até que ouviram passos e sons estranhos.

—Acho que tem alguém aqui embaixo.

—Não. Ninguém usa os esgotos como meio de locomoção, a não ser que não queiram ser vistos, como nos no caso. Devem ser goblins. – Completou Armand, já tirando sua espada da bainha.

Leodius sacou sua adaga e se preparou. Os dois seguiram em frente, abaixados para não serem vistos, e chegaram em uma parte mais aberta do esgoto. Havia uma fogueira no centro, caixotes e barris jogados nos cantos, havia uma escada e uma espécie de ponte mais acima. O caminho continuava adiante. Leodius contou quatro goblins, um dormindo, um quieto no outro lado da área e dois ao redor da fogueira.

—O que fazemos. Atacamos de surpresa, matamos todos furtivamente, ou caímos pra briga direto? – Perguntou Leodius.

—A primeira. Quero ver suas habilidades. Vá na frente.

Leodius fez como Armand mandou. Mas assim que chegou na metade do caminho, um outro goblins apareceu na ponte e o viu. Na mesma hora alertou os outros, que pegaram suas armas, porretes de madeira ou armas velhas e enferrujadas. Leodius estava perto do goblin que estava no canto, e era o mais próximo dele. Não hesitou, enfiou sua adaga no peito do goblin, matando ele antes que percebesse o que estava acontecendo. Se virou para os outros três que estavam embaixo. O que estava adormindo estava meio zonzo devido ao despertar violento. Leodius partiu para cima dos dois que estava perto da fogueira. Deu uma rasteira no mais próximo e fez um corte em sua perna. Nesse instante uma flecha passou zunindo ao seu lado, e ele viu o goblin que estava fazendo patrulha com um arco pronto para acerta-lo. Nesse momento de distração, o outro goblin da fogueira pulou encima de Leodius com um porrete velho de madeira e o jogou no chão. Leodius o chutou de cima de si e o tacou na fogueira. O goblins queimou preso nos caixotes que estavam sendo queimados. Se lembrou do goblin dorminhoco, mas viu que Armand o havia matado, se voltou para o goblin do arco e arremessou sua adaga, enfiando ela na fonte do goblin, matando-o instantaneamente, mas perdendo sua adaga, que se quebrou no crânio duro da criatura.

—Pelo visto esse ladrão sabe lutar em! Belo desemprenho na luta e na furtividade. Você conseguiria passar despercebido se não fosse aquele lá de cima. Parabéns. Acho eu isso serviu como um teste de suas habilidades. Vamos para o esconderijo. Amanhã você terá uma missão. Também quero dar uma lida naqueles outros documentos que você me trouxe.

Os ladrões seguiram em frente pelo esgoto até chegar a uma escada, na qual pelo topo passavam pequenos feixes de luz. Aquela seria a saída para o Distrito do Templo. Subiram as escadas estava perto de começar a escurecer. Assim seguiram para o esconderijo da Guilda na Cidade Imperial.