O medo tomou conta da cidade. Sinos de alarme tocaram e toda a guarda da cidade se reuniu nos portões. Todos os civis procuraram se afastar ao máximo dos portões. Eu fiquei paralisado nos próximos minutos em que apenas o som de trovões cortavam o silêncio nas ruas.

Então tudo começou.

Os guardas estavam a postos, armas nas mãos, arqueiros nos muros. O grande portal começou a tremular em sua base e o exército inimigo começou a atravessar. Até aquele momento eu já havia pensado muito nas últimas palavras de Uriel. Com certeza ele se referia ao Príncipe Daedrico da Destruição, Mehrunes Dagon. Eu já havia lido sobre ele, suas esferas de influência, servos e reino, mas nunca imaginei que veria nada disso de perto.

Primeiro vieram dremoras, demônios de pele vermelha com uma armadura preta e vermelha, que se posicionaram a uns quinze metros dos portões de Kvatch. Depois vieram mais dois tipos de servos de Dagon, clanfears e daedroths. Os primeiros possuem escamas amareladas, rabo comprido de lagarto, pernas escamosas que se assemelham às de pássaros com garras enormes e pontudas, braços longos também com garras. A cabeça tinha uma espécie de escudo escamoso na base da cabeça e um bico.

Daedroths tem também escamas, são grandes e robustos. Na parte de baixo parecem com clanfears, mas com pés maiores. No pescoço, um excesso de pele pendia e balançava sempre que se mexia. Sua cabeça com formato da de um crocodilo, tinha olhos amarelos saltados para fora e dentes enormes e pontiagudos na boca.

Os inimigos se posicionaram frente aos portões, como se esperassem um sinal para começar o banho de sangue. O capitão da guarda de Kvatch gritou uma ordem e os arqueiros atiraram, causando pouco impacto nos inimigos, fazendo poucos cair. O capitão designou alguns guardas para ajudarem os civis enquanto os inimigos avançavam e junto com o resto, correu na direção dos servos de Dagon, lutando com o máximo de esforço para que pudessem ter alguma chance.

Eu não fiz nada até então, e Martin puxava meu braço para que nós ajuntássemos os cidadãos na capela. Eu assenti com a cabeça e nós dois saímos pelas ruas de Kvatch dizendo para todos que fossem para a capela e tentassem providenciar uma barricada.

Conseguimos avisar umas vinte pessoas e corremos para a capela. Enquanto eu corria, vi com o canto do olho, alguns poucos arqueiros nos muros e os porões fechados com uma barra de madeira e os Daedras tentando derrubar os portões. Quando olhei de volta para a capela, vi um rosto familiar guiando as pessoas para dentro.

Zartta.

— Zartta! – Gritei por ela, mas ela não ouviu por causa dos barulhos altos de luta e pelos trovões, mas continuei a correr e me aproximei dela – Zartta.

— Leodius. – Ela me abraçou – Achei que nunca mais ia te ver.

— Eu também pensei o mesmo. – Ela estava com uma túnica preta, parecendo muito uma maga. – Mas temos que entrar na capela. Não sei quanto tempo os portões vão aguentar e temos que fazer uma barricada.

— Já estão fazendo uma. Vamos

Assim que entramos e fechamos a porta, ouvimos o som dos portões caindo. Por sorte, os civis lá dentro tinham barrado duas das três portas da capela e já estavam com os bancos para barrar a última, pela qual entramos.

— O que vamos fazer agora? Estamos trancados aqui e aquelas, coisas, devem estar destruindo toda a cidade. - Um dos civis protestou, um nórdico ruivo impaciente.

— Quem aqui tem armas?- Perguntou Zartta.

Além de mim, ele e dois guardas, apenas cinco dos civis possuiam armas, mas nada além de adagas simples.

— Tem que servir. - Ela disse, meio frustrada. Ela ergueu a mão na direção da porta e sua palma brilhou amarelada - Têm muitos lá fora. Sacerdote, tem alguma outra forma deles entrarem?

— A capela tem um mausoléu subterraneo. No fundo dele tem uma passagem alternativa.

— Pronto. Então estamos presos e encurralados aqui. - O mesmo nordico voltou a reclamar - Eu vou sair daqui por essa passagem. Quem quiser, me siga.

Mais cinco pessoas iam o seguindo, descendo as escadas.

— Não façam isso! É burrice! Eles são muitos e vocês não terão a menor chance! - Disse Zartta.

— Não vão nem conseguir chegar na praça. - Insistiu Martin.

— Calem-se. Nós vamos e pronto.

— Deixem.- Eu falei, pela primeira vez desde que entramos na capela - Se eles entrarem aqui será em menor número do que se os enfrentarmos lá fora. Nós nos viramos.

A capela ficou em silêncio por algumas horas que se seguiram desde a discussão. Os guardas que haviam entrado fecharam a passagem subterrânea e estavam procurando por comida. O único som que ouvíamos era o do fogo consumindo as construções de madeira e telhados de palha, além das criaturas de Oblivion do lado de fora. Eu estava sentado no chão, sme saber o que fazer. Martin estava orando no altar havia horas a fio. Os civis que estavam conosco tentavam se consolar, e acalmar o choro das crianças. Zartta veio e se sentou do meu lado, e ficou brincando com uma pequena chama nas mãos.

—Não sabia que você sabia magia.

—Eu não sabia antes. Quando você foi preso, Armand não deu muito crédito à Neruvus. Ele mandou um alerta para aguns membros da Guilda. Eu recebi esse aviso. Eu deveria me esconder se quisesse sobreviver. Eu entrei na Guilda dos Magos. Consegui acesso à Universidade Arcana rápido por conseguir aprender rápido. Lá eu aprendi bastante, obtive muito conhecimento. Me instalei aqui em Kvatch semana passada. Mas e quanto a você? Como escapou da Prisão Imperial?

Eu contei a ela toda a história da fuga. Enquanto eu contava, os guardas voltaram para onde estávamos e distribuiram a comida.

—Você quer dizer que o sacerdote é filho de Uriel? Do Imperador Uriel Septim VII?

—Sim. Temos que dar um jeito de tirá-lo daqui e leva-lo para o Monastério de Weynon, e rápido. Você consegue fazer aquilo de novo para ver a situação lá fora.

Ela se levantou e foi até a porta, onde repetiu o feitiço de antes.

—Está diferente agora. Dremoras, scamps e uns dois daedroths. Mas a magia que o portal emanava está menor, mais fraca. Acho que pode ser uma hora de fazer-mos um contra ataque. Eu me levantei e nós fomos até os guardas. Foi difícil convencê-los de remover a barricada mesmo que por pouco tempo, mas conseguimos persuadí-los. Não avisamos a Martin, mas falamos para não deixarem ele sair, que não poderíamos perdê-lo, para não ontar sebre seu papel real. Os guardas removeram a barricada e nós saímos.

A cidade estáva toda destruída. Dois draedroths e alguns scamps perambulavam pelas ruas cobertas por cinzas. Dremoras entravam no que sobrou das casas a procura de sobreviventes.

Antes que eu pudesse traçar com Zartta um plano de ataque, ela puxou suas mão para perto do peito, a esquerda brilhou roxa e a direita vermelho vivo. Ela jogou a mão esuqerda na direção do chão e conjurou uma atronatch do fogo, uma mulher feita de pura chama. Na outra mão ela lançou uma bola de fogo em um dos daedroths, que morreu na hora com o calor escaldante do feitiço. Eu saquei minha espada, e juntos fomos ao encontro das criaturas que estavam entre nós e o portal.

Depois de todos derrotados, caminhamos para o portal.

— E agora? Entramos.

— Vamos lá né.

E entramos no portal.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.