O Justiceiro de Bela Vértice

Capítulo 09 - Quem É o Culpado?


Voltaram para a cidade e, antes de mais nada, foram até a casa de Arthur. Encontraram manchas de sangue na cama, o que os fez pensar que o braço havia sido arrancado ali mesmo.

– O braço nós temos – Wallace disse. – Agora nosso problema é encontrar o resto do sujeito.

Depois foram até a delegacia que havia sido explodida. O lugar parecia um formigueiro de repórteres que, aparentemente, já sabiam da manobra falha para prender o justiceiro, e que isso havia custado uma desproteção da delegacia, ocasionando o ataque e, além disso, o desaparecimento de três detidos que as pessoas debatiam se haviam fugido ou se o justiceiro os havia levado.

– Com certeza o justiceiro levou – Wallace comentou com Taylor. – O que é mais interessante: durante o dia. Ele sempre pega o pessoal à noite.

Evitaram os repórteres e entraram na delegacia, que ainda soltava fumaça em alguns pontos. Paredes haviam sido derrubadas, mas ninguém se feriu. Encontraram o delegado possesso lá dentro, gritando que os dois haviam sido irresponsáveis e os culpando de tudo aquilo.

– Nós estávamos fazendo tudo baseado em suposições válidas – Wallace se defendeu, gritando tanto quanto o delegado. – Você não pode atribuir a culpa do ataque a nós.

– Na verdade podem.

Viraram-se e deram com o secretário de segurança e o com prefeito atrás deles. Wallace não se intimidou e disse:

– Não, meu caro. Não podem. Se querem culpar alguém, culpem o justiceiro. Aparentemente foi ele quem explodiu o lugar, e não nós.

– Isso aconteceu devido a irresponsabilidade de vocês. Uma delegacia explodida, prisioneiros capturados e viaturas dentro de piscinas.

– Ah, não me venha com landainha – Wallace rebateu. – Não foi irresponsabilidade e sim um plano bem arquitetado, utilizando recursos próprios, já que você não nos deu recurso algum. E não era eu quem dirigia a viatura que caiu na piscina.

– Você não pode afirmar que sua incompetência é culpa minha – o secretário gritou.

– Onde está a maldita equipe de federais que você me garantiu que estava trabalhando aqui? Seu mentiroso filho duma puta.

– Já basta – o prefeito disse, autoritário.

– Cale a boca você também, seu otário – Wallace disse, não se intimidando. Taylor riu com isso. – Você não faz merda nenhuma e aparece aqui sem mais nem menos querendo opinar e impor poder sobre mim?

– Quem você pensa que é? – o prefeito perguntou, irritando-se.

– Não penso, eu sou. Sou alguém mais esperto, mais inteligente, mais astuto e convicto que seria um prefeito muito melhor que você.

– O que você teria a dizer se eu lhe despedisse? Ainda falaria desta maneira comigo? – o prefeito perguntou.

– Experimente fazer isso e teremos dois corpos a mais nesta cidade. O seu, pois eu lhe daria uma surra até esse seu corpinho desmanchar, e o meu quando o justiceiro me pegasse he he he – Wallace disse, rindo.

– Você está me ameaçando?

– Pense o que quiser – Wallace começou a dizer –, mas não acredite que poderá...

Calaram-se, pois chegou um policial com urgência na voz dizendo:

– Senhores, acabo de vir da agência de turismo que me mandaram ir.

– Ótimo! – Wallace disse. Falou de um jeito que o fez sobrepor-se em autoridade perante o secretário e o prefeito – O que descobriu?

– Eles alugaram o sitio ontem à tarde para uma empresa de eventos para toda essa semana, recebendo adiantado. A tal empresa pediu exclusividade do local. Fomos procurar a empresa e aparentemente ela não existe. Quem quer que tenha contratado entrou em contato com por e-mail e fez um deposito na conta da agência. A conta de e-mail é uma conta temporária, e ninguém soube informar a aparência de quem pegou as chaves ainda ontem à tarde.

– Como podem não saber informar? – Wallace perguntou.

– Aparentemente, quem foi entregar não foi visto depois.

– Tudo bem, agora já chega – o secretário disse. – Vocês dois, irão apresentar uma coletiva hoje à tarde na sede, para esclarecer tudo isso. Espero um relatório detalhado até o fim do dia e uma reunião à noite para combinarmos como será a investigação a partir de agora.

– Pode deixar com a agente – Wallace disse, indiferente.

– Agora, seja lá o que tenham de fazer para limpar essa bagunça, façam – o secretário disse, virando-se em direção à saída para ir embora. O prefeito, antes de o seguir, olhou de cara feia para Wallace que, sem de intimidar, mostrou-lhe o dedo do meio e gesticulou com os lábios “otário”.

Quando os dois se foram, Taylor falou:

– Não acho prudente falar assim com o prefeito. Ele pode nos mandar embora.

Wallace deu de ombros e disse:

– Espero que ele tenha me levado a sério quando eu disse que lhe bateria até o desmanchar, pois eu não estava mentindo. Ainda assim, tenho uma surpresinha para ele que pode nos garantir proteção.

Taylor riu e disse que ajudaria o parceiro se fosse o caso, mas achou melhor não perguntar que tipo de proteção poderiam conseguir. Sentia-se rebelde.

Olharam ao redor e Taylor perguntou o que o secretário quis dizer com “limpar essa bagunça”.

– Não faço ideia – Wallace respondeu. – Mas seja lá o que for que ele espera que façamos, ficará decepcionado. Vou embora dormir um pouco antes da maldita coletiva hoje à tarde. Tenho de estar bem de espirito para as malditas perguntas.

Taylor convidou Wallace para dormir na casa dele até a tarde e este aceitou, querendo evitar repórteres. Durante o caminho e pouco antes de adormecer, Taylor ensaiou mentalmente seu discurso para a coletiva.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.