O Incidente Delthara
Desfecho
Diário de Bordo, data Estelar: 8623.97
“Continuamos em órbita de Alpha Centauri VII, aguardando a liberação do Comandante da Frota no planeta para seguirmos viagem. A nave romulana foi completamente destruída e não houve sobreviventes. Como era esperado Romulus negou qualquer participação oficial nestes eventos, alegando que a comandante S´Tarlia e sua tripulação estavam agindo por iniciativa própria e o Conselho da Federação achou prudente não questionar esta posição, preferindo não aumentar mais a tensão entre os dois governos. Mas tenho que dizer que, ao final das contas, tive a nítida impressão de que a romulana tinha realmente uma motivação pessoal estimulando suas ações.”
O capitão James T. Kirk havia reassumido a cadeira de comando, para alívio do comandante Scott, que voltou cantarolando para a engenharia da nave. Apesar do encontro com os romulanos ter causado apenas danos mínimos à nave, ele, como sempre, queria ter certeza de que os sistemas continuavam funcionando bem. E o Sr. Spock estava na enfermaria, realizando uma bateria de exames como o capitão havia ordenado. Pelo menos era assim que Kirk pensava, até o momento em que a porta do elevador da ponte de comando se abriu.
O Dr. McCoy entrou furioso, seguido de perto por Spock, impassível e com as mãos colocadas às costas. O médico parou ao lado da cadeira do capitão.
— Jim, este cabeça dura de sangue verde quase não me deixou examiná-lo - disse o incomodado doutor – E quando eu disse precisava realizar mais alguns testes, ele se recusou e ainda afirmou que eu não poderia mantê-lo na enfermaria contra a sua vontade!
O vulcano olhou para McCoy calmamente.
— E não poderia. Ambos sabemos disso – disse Spock.
— Ora seu arrogante de orelhas pontudas - disse o doutor, irritado – eu devia tê-lo amarrado à unidade de exames, pegado um hypospray anestésico e...
— Doutor, eu nunca vou entender esta sua fixação pelas minhas orelhas – respondeu o vulcano.
Quando McCoy já se preparava para responder, Kirk resolveu intervir.
— Senhores, por favor – disse o capitão – Podemos continuar, ou não, esta conversa mais tarde. No momento estamos apenas aguardando notícias da base da Frota no planeta, antes de seguirmos viagem.
— Mensagem chegando da superfície capitão – disse Uhura - É o comodoro Balzad senhor.
— Na tela – ordenou Kirk.
O rosto azul do andoriano surgiu. Ele estava sério, com as antenas eretas e tensas.
— Capitão, estamos certos de que conseguimos desbaratar toda a rede de espionagem que o Tal Shiar montou aqui – disse o oficial da Frota — A maioria dos agentes eram mercenários contatados e também descobrimos dois com as feições ligeiramente modificadas, se passando por vulcanos. Mas a líder da célula no planeta é uma exceção. A Dra. Juelin é uma romulana modificada cirurgicamente, ainda na adolescência. Ela já está a mais de oitenta anos no planeta, trabalhando para eles. Foi ela quem atirou no comandante Spock, no laboratório do Instituto Cochrane.
— Eu presumi isso – disse o Vulcano.
— Nós investigamos o local que você nos indicou, na Reserva Ecológica Ekzisto – continuou o andoriano – A suposta base da seção 31. Só encontramos uma instalação muito bem escondida, porém vazia. É como se ninguém nunca estivesse estado lá.
Kirk olhou para Spock com um leve sorriso e o vulcano continuou impassível.
— Nós agradecemos tudo o que fez por nós comodoro – disse o capitão – Nós não teríamos conseguido sem a sua ajuda.
— Apenas cumpri o meu dever— disse o oficial – Vocês estão liberados. Dê minhas lembranças ao almirante Nogura.
E a comunicação foi encerrada.
— Parece que ele não gosta muito de nós – disse Kirk sorrindo.
— De fato – Disse o vulcano, sem se abalar.
A porta do elevador se abriu novamente e o tenente Torias Dax entrou, ostentando seu habitual sorriso.
— Como estão as acomodações tenente? – perguntou Kirk.
— Muito boas capitão. Já estava com saudades de estar a bordo de uma nave estrelar – respondeu o Trill.
— Aproveite a viagem - disse o capitão – Provavelmente quando chegarmos a Terra você terá ainda muito trabalho com os projetos do núcleo de dobra da Excelsior.
— Nem tanto. Os desenhos já estão prontos – disse Dax, batendo em sua testa com a ponta dos dedos - e assim que forem passados para os simuladores, começarão os testes finais. É uma questão de poucos meses até o motor estar operacional.
— E depois, o que você pensa fazer? Vai voltar à carreira de piloto de testes de espaçonaves? – perguntou Kirk.
— Acho que vou tirar uma licença prolongada no meu planeta – disse o tenente – Mas tenho certeza de que vou estar sempre, de algum jeito, ligado à Frota Estelar (1).
O capitão James Kirk sorriu. E voltando-se para o oficial que estava substituindo Sulu temporariamente como piloto da nave, ordenou:
— Sr. Daniels – disse ele - tire-nos de órbita. Vamos para casa.
O piloto acionou o motor de dobra e momentos depois a U.S.S. Enterprise partiu numa explosão de luz.
Referência do Capítulo:
(1) O futuro confirmou as palavras do tenente Torias. O sétimo hospedeiro do simbionte Dax foi o embaixador Curzon, mentor do cadete Benjamin Sisko, que posteriormente se tornou o comandante da Estação Deep Space Nine. Seu oitavo hospedeiro foi Jadzia, oficial de ciências da estação, amiga e conselheira do comandante. Seu nono hospedeiro é Ezri, uma jovem oficial de segurança, também da Deep Space Nine (Série Star Trek Deep Space Nine, 1ª à 7ª temporadas).
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