Toco a campainha segurando os livros de forma que quase derrubo-os, me arrependo de tê-los trazido, já que Tyler tem praticamente uma biblioteca em seu quarto. Sebastian, o mordomo dos pais de Tyler atende a porta e me leva até o quarto, sem necessidade já que eu conheço muito bem o caminho até o quarto de Tyler. Um dos motivos pra eu não gostar de vir é que não suporto Sebastian, sempre que possível dou língua pra ele, e o mesmo retribui. Mas ele finge gostar de mim por eu ser o melhor amigo de Tyler, com quem ele tem uma relação de irmão mais novo com irmão mais velho.

Sebastian é 5 anos mais velho que Tyler, e é filho da criada da falecida tia de Tyler, ele tem cabelos platinados e usa aqueles ternos, tudo para não perder a pose de mordomo.

— Obrigado Sebastian, mas eu conheço muito bem o caminho — resmungo.

— Como não saberia? Parece que você não tem casa, só vive aqui. — Ele rebate com um sorriso sádico semelhante ao de minha irmã Cassid, se eles se casassem aposto que o filho seria um psicopata.

— Você não tem portas para abrir não? — Apelo com essa ultima frase, enquanto me direciono à uma cadeira que fica junto à uma mesa perto da gigante estante cheia de livros que eu carinhosamente apelido de biblioteca.

A Porta se abre lentamente e então, entra no quarto por ela, envolto pela cintura numa toalha branca, seu corpo molhado e quente, quente pois um vapor que sai de sua pele e inunda o corredor denuncia um banho quente. Quente como, quente como eu estou me sentindo agora, o coração acelerado, um suor escorrendo pela minha testa, em chamas, me sinto em chamas. De repente estou ali, sentado numa arquibancada, com uma multidão ao meu redor, admirando não a peça de roupa na exposição, mas o modelo. Em outro instante, me sinto numa exposição de arte, admirando uma obra, um rapaz majestoso ali esculpido, seus olhos azuis como uma piscina e seus cabelos pretos, ainda molhados. Ele caminha em direção ao armário, e então sua toalha cai.

Minha visão fica embaçada, sinto como se tudo ao meu redor estivesse girando, seguido de uma luz branca muito intensa e então tudo fica preto.

Quando acordo estou deitado numa cama, uma dor de cabeça leve porém irritante e uma dor forte no braço direito. Tudo indica que desmaiei. Abro os olhos, ainda um pouco embaçado e então sentado na beirada da cama está Tyler. Este ainda não é meu quarto.

— O que aconteceu? — Pergunto enquanto coço meus olhos tentando enxergar melhor.

— Bem, eu tinha me esquecido de que você vinha, vim para o quarto de toalha após tomar um banho e ela... caiu. — Diz ele, meio sem jeito — eu sinto muito.

Não sei o que aconteceu, não sei o que me levou a isso e nem mesmo de onde tirei coragem para isso, mas quando dei por mim, as palavras já estavam no ar. "Eu te amo Tyler". Idiota, Estúpido, Porque fui dizer isso?— Eu também te amo Plutarch — ele diz, chegando mais perto de mim — eu sempre amei, desde que éramos menores.

Essa com certeza não é a reação que eu estava esperando, mas sim a que mais me agradava, como aconteceu. Sem controle das minhas ações novamente, puxo Tyler ainda mais perto de mim. Seu peito está tão próximo do meu que de repente consigo ouvir seus batimentos, também consigo ouvir meus próprios batimentos, estão numa sincronia tão pura e tão verdadeira, consigo sentir sua respiração também mais agitada. E desta vez, motivado por um impulso dele, nós nos beijamos.

Minha cabeça ainda tentava entender os últimos acontecimentos, mas meu corpo ignorava tudo e apenas aproveitava o momento. Minhas mãos cada vez mais puxavam o corpo de Tyler para perto de mim, e ele consentia, como se estivéssemos nos fundindo, nos transformando em um único ser. Estávamos excitados, aquele beijo estava sendo a melhor sensação que eu já experimentei e não me cansava daquilo. Tyler se afastou um pouco e tirou a camisa que havia colocado enquanto eu estava desmaiado, revelando novamente aquele corpo perfeito que me arrancava suspiros, eu tirei minha camisa e voltamos a nos beijar, alternando beijos com carícias e frases de amor.

— Nós não podemos fazer isto — digo, um pouco relutante — eu nunca fiz nada do tipo, e me sinto despreparado — termino.

— Tudo bem. Eu também nunca fiz nada do tipo — ele se coloca de uma maneira fofa, típica do Tyler pelo qual eu me apaixonei. — Vamos só ficar aqui, juntinhos, combinado? — Concordo com a cabeça e então ele deita ao meu lado, coloco minha cabeça sobre seu peito, trocamos mais alguns beijos e ele me faz dormir quando começa a acariciar meus cachos loiros. Me sinto tão seguro e inseguro ao mesmo tempo, aproveito o momento, mas com o receio de que a qualquer momento aquilo tudo pode ser tomado.

Quando acordo, o nascer do sol invade as janelas do quarto do Tyler, e então me lembro de que não estou em casa. Me agito pensando no que minha mãe deve estar fazendo, já que não avisei que dormiria fora de casa, nem tampouco que vinha fazer o trabalho de geografia com o Tyler. De forma que acabo acordando o mesmo.

— Bom dia. — Ele ri — eu nunca tive uma noite tão boa antes. Concordo. — Nunca imaginei que você pudesse, de alguma forma corresponder meus sentimentos. — Eu o beijo e então o empurro para que levantemos.

Tomo um banho rápido, Tyler me empresta algumas toalhas e roupas e então descemos para o café da manhã. Pão, queijo, suco, ovos mexidos, bacon entre outros enfeitam a mesa. É difícil imaginar que enquanto desfrutamos de tantas coisas no 2, a maioria dos distritos passam fome. A mãe de Tyler, Sra. Whoopid está sentada conosco para o café, mas o Sr. Whoopid já tomou e foi para o escritório. Mesmo quando não tem aula eles continuam trabalhando. Ela nos encara com um sorrisinho o tempo todo, um sorriso desconfiado porém inocente.

— Tyler, meu filho... Você não me avisou que Plutarch dormiria aqui.

— E-eh, nem eu sabia, viemos para fazer o trabalho de Geografia mas ficou muito tarde então Plutarch resolveu dormir aqui — Uma pausa — Espero que você não se incomode.

— Desculpa, Sra. Whoopid, eu posso usar seu telefone? Preciso avisar minha mãe. — Eu digo.

— Não, não se preocupe, eu já avisei a ela.

Eu e Tyler nos encaramos, será que ela sabia de algo? Não respondo.

— E então, como foi a noite dos pombinhos? — Ela diz com uma cara debochada e um sorriso cínico., como quem está feliz com nosso desespero. — Eu quero dizer, espero que Tyler não lhe tenha dado trabalho Plutarch, assim como o pai dele dá.

De repente todo o calor que sentira na noite passada, devido aos acontecimentos com Tyler se transformaram em gelo, me senti como um iceberg. O que ela queria dizer com aquilo? Na verdade, por qual motivo ela estava dizendo era o que mais queria saber. A mãe de Tyler nunca gostou muito de mim, mas agora estava evidente o que ela sentia em relação a mim. Não importa. É ao filho dela que eu tenho que agradar, e não a ela.

— Não poderia ter sido melhor, — rebato copiando seu sorriso e tom de voz — sogrinha.