O Homem que Perdeu a Alma

Capítulo XXIV - Desapareço em você.


Ponto de vista de Hazel Laverne.

Ficamos em silêncio, Dean, Jess e eu.

O vento frio castiga as nossas peles, e as lágrimas em meu rosto se tornam geladas. Os olhos verde esmeralda de Dean fitam os meus, com dor e culpa. Caminho até ele, e o abraço. Dean coloca os braços ao meu redor, e eu afundo o rosto em seu peito.

Não dizemos nada por um tempo. Não há um manual sobre como lidar com essa quantidade absurda de corações partidos.

—Ele vai te perdoar, sabe? – Minha voz sai incerta, e sinto o meu coração pesando dentro do meu peito – Eu sinto muito, por tudo isso, Dean.

Me desvencilho dele, e limpo um pouco do seu sangue com o polegar, esfregando a manga da blusa em seu lábio superior. Ele respira fundo, os ombros pesados por toda a carga emocional.

—Eu não acho que vá, não tão cedo. Mas eu já sabia disso, não é? – Ele dá de ombros, e passa as mãos em seus cabelos loiro-escuros – Ele está confuso, os muros estão ruindo. E está bêbado, não é uma boa combinação.

—Não, não é. Por isso fiquei tão irritada... – Digo isso olhando para o chão, contrariada e confusa por tudo o que aconteceu – Posso estar com muita raiva dele, Dean. Mas...não consigo não me importar com as besteiras que ele faz, ele está vulnerável...

Estremeço, pensando em seu vício em sangue de demônio, e em como beber até cair não o ajudará em sua busca pela sobriedade.

—Sei como se sente. Também estou com muita raiva dele... – Dean começa a andar em direção ao motel, e eu e Jesse fazemos o mesmo, o acompanhando. Os flocos de neve caem do céu tão devagar que parecem até mesmo estar em slow motion, como se nossas vidas fossem uma cena em um filme, um pedaço de ficção. Para mim, a vida só vale a pena nesses pequenos momentos.

Curtos espaços de tempo onde nos sentimos fictícios o suficiente para sermos admirados. Para fazermos alguém sentir alguma coisa. Para sermos importantes.

Mesmo que seja apenas um vislumbre.

Entramos no hall, e eu paro na base da escada, inquieta.

Meu cérebro e a minha razão me mandam ir dormir. Mas minhas veias pulsam outra coisa. Outra decisão.

—Você vai ir cuidar dele, não vai? – A voz de Jesse me desperta dos meus pensamentos. Estou com a mão no corrimão, com um ar incerto. Dean olha para mim, assim como o meu irmão.

—Eu não devia, não é? – Questiono, já sabendo a resposta.

—Não, não devia. – Jesse diz, com sua voz rouca, ao dar de ombros. Seus olhos estão cheios de preocupação – Mas sei que vai, mesmo assim.

Jesse respira fundo, no próprio limite. Ele quer ver o diabo mas não quer ver o Sam em sua frente, tenho certeza disso.

—Só quero me certificar de que ele não vai fazer nenhuma estupidez. – Digo isso com um forte aperto no peito. Mesmo com tudo o que ele fez, mesmo estando magoada até os ossos com ele, não posso evitar a preocupação que sinto por saber os danos que ele está sofrendo com tantas informações sendo jogadas nele.

E não posso esconder o medo que sinto de ele ter uma recaída com seu vício, se ficar sozinho por tempo demais.

Eu não suportaria vê-lo sucumbindo assim.

—Bom, então vai precisar se esforçar, porque para mim, tudo o que ele tem feito nos últimos dias é um monte de estupidez... – Jesse sacode a cabeça de um lado para o outro em negativa, frustrado – Devo esperar você acordado? – Ele questiona, erguendo uma de suas sobrancelhas. Dou um longo suspiro, ponderando. Mas é Dean quem responde por mim:

—Na verdade, eu não vou dormir no mesmo quarto que o Sammy, por motivos óbvios. Algo me diz que você também não, Jesse... – Dean respira fundo enquanto subimos as escadas de madeira, e aponta para mim – Acho que sobra para você. Sei que vocês estão em uma situação esquisita, mas... faria isso por mim? Sammy não devia ficar sozinho, não no estado em que se encontra.

Respiro fundo, contrariada.

—Eu não devia. – Minha voz sai quebrada, ajeitando o meu cabelo levemente bagunçado e me encolhendo em meu casaco – Mas alguém tem que ser maduro nessa história.

—Me chame, se precisar de qualquer coisa. – Jesse me disfere um olhar escuro e coberto de receio me fitando – Eu estou louco para alguém me dar a bandeira verde para dar uma liçãozinha no Sam...

—Pode deixar, Jess. – Paro em frente ao quarto em que Sam está hospedado, sentindo o meu coração disparar – Vejo vocês amanhã de manhã, ok? – Olho para Dean e para Jesse. Ambos aquiescem, e meu irmão me dá um beijo na bochecha antes de ir para o próprio quarto. Dean o espera ir embora, e me olha com um olhar preocupado.

—Escuta, sei que está fula da vida com ele e você tem todo o direito, mesmo. Mas quero que saiba que ele está escondendo alguma coisa, Hazel. Não foram só as lembranças que o fizeram tomar a decisão... – Ele faz que não com a cabeça, uma agonia estampada em seu rosto – Tem algo a mais que não sabemos.

—Dean, honestamente... não sei se isso faz diferença a essa altura. – Dou de ombros, esgotada por dentro. Vazia como uma ampulheta sem areia – Seja o que for, que o fez se decidir isso, não muda o fato de que ele me quebrou por dentro. Seja pela minha segurança ou não, ainda dói. Mas, ei...- Sorrio um sorriso triste, o único tipo de sorriso que eu sei dar ultimamente – De tudo o que me aconteceu, acho que posso lidar com a rejeição, você não acha?

Dean sacode a cabeça, contrariado.

—Não está sendo rejeitada, Laverne. – Seu olhar se torna sério, e ele coloca a mão em meu ombro, ternamente – É o oposto. Ele se importa mais com você do que com ele próprio, e isso o assusta tanto que o faz tomar decisões estúpidas.

Fico em silêncio, porque estou exausta. Os motivos pelos quais uma flecha te atinge não mudam o fato de que você irá sangrar.

XXX

Quando entro no quarto, encontro Sam sentado no chão, com as costas na parede do fundo do quarto. O nariz dele sangra sem parar, manchando o pescoço e o peitoral. A mão enfaixada está ensopada em vermelho, e ele está trêmulo, a janela escancarada com o vento invadindo o quarto. Respiro fundo, sentindo o meu peito se apertar por vê-lo nessa situação.

O vicio por sangue, a abstinência, e a mente atormentada estão acabando com ele. Está se consumindo vivo.

—Vem, me dá a sua mão. – Estendo a mão para ele, com uma expressão séria no rosto. Ele ergue o rosto para mim, a luz da lua iluminando seus olhos verde-oceano, profundos e revoltos. Ele pondera por um tempo, mas finalmente faz o que pedi. Sam estica a mão, segurando a minha. Faço uma pequena força, apenas para guiá-lo. Ele se levanta rapidamente. O conduzo até a cama, onde aceno com a cabeça para que se sente, e ele o faz, sem questionar. Vou até o banheiro e pego alguns lenços de papel e os umedeço. Retorno ao quarto, e me coloco na frente dele. Sam é tão alto que, ao estar sentado, consigo ficar cara a cara com ele, eu estando de pé.

—Você não devia estar cuidando de mim. Isso tudo é culpa minha. – Ele aponta para o próprio rosto, levemente machucado. Suspiro, irritada, e concordo com a cabeça.

—Eu sei. Mas eu sou idiota, aparentemente, mais do que você. Tão idiota que podia ganhar um prêmio. – Resmungo, enquanto ergo seu rosto levemente com as mãos, passando com delicadeza os lenços molhados por onde há sangue, o limpando. Ele faz uma careta de dor e fecha os olhos, então tento tomar o máximo de cuidado possível.

—Não é idiota, Hazel. Só é uma pessoa melhor do que a maioria. – Ele diz isso com convicção, um olhar triste no rosto. Dou uma risadinha e faço que não com a cabeça, ainda limpando o sangue do seu rosto.

—Eu não teria tanta certeza disso, Winchester. Estou com tanta raiva de você que foi um prazer imenso te machucar, hoje mais cedo. O olhar de ciúmes no seu rosto ao me ver com Noah foi um deleite, então não vá assumindo que eu sou toda boazinha só por estar cuidando de você agora. – Seu olhar muda de tristeza para o de um cão abandonado, quando ele ergue as duas sobrancelhas de uma maneira que só ele sabe fazer. Ele ergue a mão e segura o meu pulso, delicadamente, o acariciando, o contato visual inquebrável entre nós dois.

—Eu sabia que estava me provocando. Mas significou algo além disso, para você? Estar com ele? – Sua voz é carregada de súplica. Dou um longo suspiro, e ele solta meu pulso delicadamente. Odeio o frio que sinto todas as vezes que ele interrompe o contato físico comigo.

Odeio saber que, não importa o que ele faça, sempre vou querer ser tocada por ele.

—Nada além disso e, claro... estou preocupada com ele, Sam. Com a irmã dele, com tudo isso. Mas fora isso...- Dou de ombros, exausta – Acho que é óbvio que não tem espaço na porcaria do meu coração para mais nada além da bagunça que você fez, não é?

Ele dá um longo suspiro de culpa, e eu seguro o braço dele, examinando a mão machucada com atenção.

—Eu não devia ter enchido a cara... – Ele sussurra, arrependido – Não devia ter batido em Dean...

—Não, não devia mesmo. – O repreendo com o olhar, enquanto desfaço seu curativo malfeito, arregalando os olhos ao me deparar com um corte profundo e levemente infeccionado na palma da sua mão – Sam... o que está acontecendo? – Pergunto isso com a voz quebrada, sem conseguir parar de encarar seu ferimento – Você está se...machucando, de propósito?! – Ele se contrai ao ouvir a minha pergunta, o que confirma minhas suspeitas.

Me contraio, meu peito doendo imensamente. Por que ele está se machucando?!

Sinto vontade de chorar ao saber disso, mas engulo o choro e tento me manter firme, por ele.

—É complicado... – Ele responde, envergonhado. Nosso olhar se cruza, e ficamos em silêncio enquanto eu limpo seu corte com muito cuidado, usando leveza na ponta dos dedos, com medo de causar mais dor nele pelo meu toque – Me desculpe por não conseguir... fazer sentido algum. Eu estou vivendo o que parece ser o momento mais estranho da minha vida, Hazel.

Assinto, enquanto busco um pouco de gaze e esparadrapo dentro da minha mochila, voltando até ele e iniciando um novo curativo em sua mão.

—Acho que posso me identificar com isso, afinal... – Respiro fundo, concentrada em fazer um bom curativo – Não acho que minha vida possa ficar mais estranha do que já está.

—Ah, sempre dá. Acredite em mim... – Ele esvazia o peito em um longo suspiro, o olhar pensativo e longínquo. Me afasto dele, e reviro sua mochila em busca de algum casaco, alguma blusa, e encontro a blusa preta de manga comprida que ele usou na noite passada. Entrego a blusa a ele.

—Vista isso. Está congelando e você precisa se agasalhar. – Ele aquiesce, o olhar obediente, e veste a blusa por cima da camiseta branca ensanguentada, meio letárgico por causa do álcool. Cruzo os braços e o observo – Sam, não sei o que está havendo com você, e tampouco acho que vá se abrir comigo ou.... com qualquer pessoa agora. Mas eu preciso que pare de se machucar, seja qual for o motivo. Posso estar puta com você, é verdade... – Dou um longo suspiro e coloco mechas do meu cabelo para trás da minha orelha, sem tirar os olhos dos dele – Mas infelizmente, quando você faz isso...- Aponto para sua mão, trêmula e em choque por imaginar ele se ferindo – Você não machuca só a si mesmo. Você me machuca, Sam.

Seus olhos se enchem de lágrimas, e ele olha para baixo. Está sofrendo profundamente. Me retraio, porque é inevitável. Estamos conectados por uma corrente invisível.

Sempre estivemos.

—Tem sido a única forma de controlar as coisas. – Ele diz isso olhando agora para a mão ferida – Eu queria muito conseguir explicar. Mas...

Balanço a cabeça, em negativa, uma agonia crescendo em mim.

—Tem que achar outro jeito, para controlar...seja lá o que for, Sam. Por favor. É a única coisa que peço a você. Odeio ver você se destruindo... – Me aproximo dele, com raiva de mim mesma por isso. Passo a ponta dos meus dedos delicadamente pelo seu rosto, tirando as mechas de cabelo da frente dos olhos dele. O vejo engolindo em seco, nervoso por essa proximidade – Eu vou ficar de olho em você, ok?

—Eu sei, eu sei... – Ele sussurra, fechando os olhos por um momento, e os reabrindo em seguida – Me desculpa por isso também.

Dou um longo suspiro.

—E essa noite é uma exceção. Uma trégua, ouviu? Só porque você está machucado e bêbado. – Me afasto dele, o olhando com raiva – Ainda estou muito brava com você.

—Uma trégua? Isso parece...interessante. – Ele me provoca por um momento, pigarreando em seguida – Não sabia que estávamos em pé de guerra... - Ele me diz com a voz rouca, o olhar desolado – Mas, tudo bem. Posso lidar com sua raiva e com tudo o que você tiver para me oferecer, Hazel.

Cruzo os braços, me sentindo fraca por estar com as pernas moles só de ouvir sua rouquidão.

—E não se sinta muito convencido. Também estou aqui por ganho próprio. – Digo isso com um nó na garganta, evitando um choro, o barrando no fundo da minha garganta – Não estamos juntos, nem nunca mais vamos estar. Mas eu não sabia disso ontem à noite, então me dê uma última noite, Sam. Uma despedida de verdade.

Ele ergue os olhos para mim, e ao me ouvir dizer isso com a voz quebrada, uma lágrima quente despenca do seu olho esquerdo. Droga. Isso faz as lágrimas que eu estava contendo despencarem também.

Ele se levanta no mesmo momento e anda em direção a mim, segurando o meu rosto em suas mãos, enxugando as minhas lágrimas com seus polegares.

—Quer fazer dessa a nossa última noite juntos? – Ele questiona, em conflito. Faço que sim. E ele dá um longo suspiro.

—Sim. Se vamos seguir em frente, se vamos superar um ao outro... – Uso força em minhas palavras, para que entenda a importância de uma despedida para mim – Preciso me despedir. Depois de hoje, vamos trabalhar juntos para derrotar Astaroth, Crowley e a tudo o que surgir no caminho. Eu vou ser sua amiga, e... é isso. Apenas isso, até que a gente possa seguir nossos caminhos. Como você...decidiu. – Minha voz sai amarga por um momento – E então...pode me dar isso? Um desfecho apropriado?

Ele assente, e eu limpo as suas lágrimas com a minha mão. Ele me abraça, me envolvendo com seus braços, acariciando o meu cabelo, me fazendo desmoronar.

—Como pretende se despedir? Como pretende que essa última noite comigo seja? – Ele me questiona, enquanto estou em seus braços, sentindo o seu perfume cítrico e veraneio, aninhada em seu peitoral. Seu olhar é inquieto, está nervoso. Posso sentir que está.

—Eu não sei. Nem sei o que estou fazendo, para ser sincera. – Digo isso me amaldiçoando mentalmente. Eu não tenho nenhum respeito por mim mesma, não é? Não, não tenho.

Ele assente, se desvencilhando de mim.

—Você tem certeza...de que quer isso? – Ele fixa o olhar tempestuoso no meu, e eu aquiesço, desconcertada. Retiro o meu casaco e o jogo na cadeira ao nosso lado, e Sam percorre os olhos por todo o meu corpo, suspirando em seguida – Eu vou tomar um banho, e eu já venho. Ok?

Assinto, e o observo ir em direção ao banheiro.

Visto o mesmo pijama de ontem, shorts e uma blusa de manga comprida fina, e me deito na cama, me cobrindo com as cobertas quentes. Observo a neve caindo lá fora, sou embalada pelo som violento dos ventos impiedosos do inverno, e deixo minhas lágrimas rolarem.

Se essa é a nossa última noite juntos, que não haja hesitação.

Deixo a dor sangrar por meio das minhas lágrimas. Vou me entregar aos meus desejos, e dane-se a razão. O amanhã existe para arrependimentos, de qualquer maneira.

XXX

Ponto de vista de Sam Winchester.

Deixo a água cair sobre mim, e sinto a sobriedade me invadindo. Toda a sensação de embriaguez me deixa, dando lugar a uma dor de cabeça e uma consciência plena.

O meu rosto dói muito, assim como a minha mão, devido a minha briga com Dean.

Mas não quero pensar nisso, nem em nada. Só há uma coisa ocupando a minha mente e o meu coração.

Essa é a minha última noite com ela.

Depois disso, sei que ela vai focar todas as suas energias para me esquecer, e a conheço o suficiente para saber que é forte o bastante para isso. A partir de amanhã, a frieza dela vai me congelar. Sei disso muito bem.

Visto um pijama de moletom, escovo os meus dentes e a vejo deitada na cama, de lado, encarando a janela. Sinto um aperto no peito.

Me deito ao seu lado, sentindo todo o meu corpo se arrepiar. Não sei qual é o rumo que ela quer tomar nessa nossa última noite, e não sei até onde estou disposto a ir.

Acho que estou prestes a descobrir.

XXX

Ponto de vista de Hazel Laverne.

Sam abre a porta do banheiro, o vapor da água quente invadindo o quarto lentamente. Me sento na cama, me virando para ele, inquieta. Ele caminha em minha direção, seu cabelo levemente molhado, o maxilar travado e os músculos tencionados. Sam ergue o meu rosto com a mão, encarando os meus olhos de maneira taciturna e aflita.

—Não chora, El... – Ele sussurra para mim, acariciando o meu rosto de maneira terna. Enxugo as minhas lágrimas, irritada comigo mesma, e ele se agacha, se ajoelhando em minha frente, ficando cara a cara comigo, um vinco entre seus olhos.

—Não te falei que perdeu o direito de me chamar assim? – Sussurro com a voz quebrada. Sam suspira, e passa as mãos levemente pelas minhas pernas, sem tirar os olhos dos meus. Todo o meu corpo estremece. Está me provocando.

—Verdade. Você falou. Mas essa é nossa última noite, não é? Não era uma trégua? – Ele sussurra com a voz rouca, subindo suas mãos até a minha cintura, apertando-a levemente. Me estremeço, e ele me puxa mais para perto, colando os lábios no meu pescoço – Me permita te chamar assim, só por essa noite...

Sua voz sai sussurrada enquanto ele roça os lábios em minha pele.

—Sam... – Digo o seu nome como um sussurro, quase involuntariamente, sentindo seus beijos a princípio muito comportados em minha pele, mas se intensificando quase que imediatamente, conforme tece um caminho com seus lábios da base da minha clavícula até a minha jugular. Sua respiração fica pesada, descompassada, e a minha também. – Você está sóbrio? – Questiono a ele, ofegante. Seus olhos têm as pupilas dilatadas, sua boca está semiaberta, o olhar recaindo em meus lábios no momento que se desvencilha do meu pescoço.

Ele aquiesce, devagar.

—Mais sóbrio do que nunca. – Ele responde, sem tirar os olhos da minha boca.

Aparentemente, os Winchester têm uma alta tolerância a álcool.

Meu ventre se aquece com tanta violência que parece estar em chamas, e meu abdômen se contrai em desejo puro e absoluto, soberano. Encaro a sua boca com o olhar enegrecido, e o vejo hesitante.

Se sente culpado. Mas quer isso tanto quanto eu.

Acaricio o seu rosto com o polegar, e sinto nossas respirações se misturando enquanto encaramos o silêncio diante de nós dois. Estamos incertos, na ponta do precipício.

Loucos para pular, mas com medo da queda.

—Odiei te ver brigando, Sam. – Rompo o silêncio, o peito apertado. Ele, que estava devorando os meus lábios com os olhos, ergue o olhar verde-cinzento na direção dos meus, enquanto me ouve com atenção – Odeio ser o motivo, do que aconteceu entre vocês dois.

Olho para baixo, mas ele ergue meu rosto pelo meu queixo, delicadamente.

—Não é sua culpa, Hazel... – Ele fixa seus olhos no fundo dos meus, procurando meu entendimento – Por favor, não se culpe por nada daquilo. Isso é entre Dean e...eu.

Assinto, não convencida. Apoio a minha mão na sua, que está no meu rosto. Sua mão é tão grande, que faz a minha parecer minúscula.

Respiro profundamente, e enquanto estou nadando em seu olhar, submersa nele, sou atingida pela culpa de tudo o que aconteceu hoje. Das palavras que usei para machucá-lo, de ter o provocado quando não devia, principalmente em um momento tão delicado.

Sam percebe que há algo se passando dentro de mim, e ergue as sobrancelhas.

—Está tensa? – Ele questiona, em um tom cauteloso. Faço que não com a cabeça.

—Não. Eu...- Minha voz morre por um momento, e eu o puxo para perto, para que se sente na cama e saia do chão. Ele faz isso, obedecendo o impulso das minhas mãos, um olhar confuso surgindo em seu rosto – Eu não devia ter dito aquelas coisas, Sam...

Começo a dizer, perdida em minhas palavras. Assim que compreende ao que me refiro, Sam suspira, e o seu olhar se torna triste. Está relembrando as coisas que eu disse.

—Está tudo bem, você estava magoada...- Ele se esforça para dizer, olhando para baixo por um momento.

—Não está. – Sussurro, sentindo uma terrível sensação na boca do estômago. Um nervosismo toma conta de mim, assim que ele ergue os olhos novamente para os meus. Tenho vontade de chorar assim que vejo o quão machucado seu olhar está.

Sei que a primeira coisa que as pessoas notam em Sam é sua aparente escuridão, mas não eu. Os olhos dele são tão puros que chegam a ser irreais as vezes. Há tanta gentileza no coração dele, ao ponto de eu afirmar que nunca havia realmente conhecido o que era gentileza antes dele aparecer em minha vida.

Não tenho o direito de machucá-lo como fiz.

Embora tenha me ferido, Sam não me feriu porque quis. Está tentando me proteger.

—Eu não sei o que está acontecendo comigo, Sam... – Sussurro, me aproximando dele. Ele acaricia o meu rosto, o olhar semicerrado e atento – Eu sinto que estou me perdendo. Eu sinto que eu ainda vou te machucar mais, Sam. Eu não entendo...

Sacudo a cabeça em negativa, as mãos trêmulas.

—Ei, olhe para mim...- Ele pede, a voz aveludada e as mãos quentes segurando as minhas, tentando me acalmar – Fica calma, El. Você está com raiva. Está...perdendo o controle de tudo o que andou segurando por todo esse tempo. E você tem esse direito.

Quero dizer a ele que isso não está certo. Que estou em conflito comigo mesma. Que sinto que ainda irei feri-lo. Mas não consigo. Nos encaramos intensamente, ele procurando compreensão em meus olhos, e eu algum tipo de resposta nos dele.

Ambos não encontramos o que procuramos. Mas há algo em comum, algo genuíno e mútuo. Precisamos um do outro, e precisamos agora.

Não quero sentir raiva, nem dor, nem mágoa, nem medo. Eu quero apenas senti-lo.

—Me toque, Sam. – Sussurro, apoiando as mãos em seus ombros, meus olhos suplicantes em seus lábios – Me faz sentir algo para anular a dor... – Suplico, com o meu olhar enegrecido, buscando uma de suas mãos e apoiando-a no interior da minha blusa, perto da costela. Sam arfa, tenso ao sentir o contato dos dedos na minha pele – Me faz esquecer tudo o que tá acontecendo. Por favor, Sam...

Sam respira fundo, com dor no olhar. Suas sobrancelhas se erguem, e ele fica debatendo mentalmente sobre o que deve fazer. Parece atormentado.

—Se eu fizer isso... – Ele encosta a testa na minha, o olhar enegrecido, a voz incerta, a mão trêmula – Sabe onde isso vai nos levar, não sabe? – Seus olhos suplicam por misericórdia, como se estivesse tentando se segurar – Cruzar uma linha como essas...

Não o deixo terminar de falar.

Me inclino sobre ele, deitando-o na cama, e subo por cima de seu corpo, o pegando desprevenido. Encaixo o meu quadril com o seu, me sentindo uma adolescente tomando uma péssima decisão. Suas mãos fortes seguram a minha cintura, firmemente, e vejo seu peito subir e descer com a respiração descompassada. Encosto a testa na sua, sentindo nossa respiração se misturando deliciosamente.

Seus olhos se enegrecem, e meu coração dispara com tanta força que tenho medo de que ele possa escutar as batidas frenéticas. Sem ligar para como isso vai me machucar amanhã de manhã, entreabro meus lábios, roçando-os nos seus, meu corpo inclinado sobre ele. A respiração de Sam se intensifica ainda mais, e ele cede a minha provocação, me beijando com voracidade, se entregando para mim, suas mãos subindo pelas minhas costas e bagunçando o meu cabelo. No momento que sinto o sabor da sua língua, movendo meus lábios com fome e desejo por ele, sinto todo o meu corpo colapsar.

Beija-lo assim é como voltar para casa, como reacender as velas de um local mau assombrado. Meu tórax é uma casa abandonada quando ele não está por perto.

Percorro o seu peitoral com as minhas mãos, enquanto nos beijamos com força e vontade, com descontrole. Sam ergue as costas se sentando na cama, comigo ainda em seu colo, suas mãos percorrendo as minhas costas por completo, e eu agarro a sua nuca, puxando o seu cabelo com delicadeza. Arfo quando sinto seu desejo por mim ficando evidente por entre a sua calça de moletom, e sinto um sorriso se formando em sua boca por entre o beijo.

—Sam... – Gemo seu nome, sem parar de beijá-lo. Ele também geme baixinho, e puxa o meu cabelo suavemente, com sua mão em minha nuca, fazendo todo o meu corpo amolecer instantaneamente. Sam morde o meu lábio inferior, puxando-o um pouco para si, me controlando como sempre fez, suas mãos descendo pelas minhas coxas, apertando-as.

Ele para de me beijar de repente, respirando com dificuldade, uma gota de suor escorrendo em sua testa. Meu peito sobe e desce, comigo arfando, sua ereção roçando o meio das minhas pernas por entre a roupa, suas mãos firmes acariciando as minhas coxas, puxando-me contra seu corpo com ainda mais força, como se o seu corpo não suportasse nenhuma distância do meu. Passo as mãos pelos meus cabelos bagunçados, o encarando com desejo, sentindo os meus mamilos se enrijecendo, ficando amostra na blusa fina. Seus olhos descem da minha boca ao meu pescoço, aos meus seios, e então retornam para os meus olhos. Volto a beijá-lo, meus lábios quase doendo por terem ficado longe dos dele durante esses segundos, como se isso fosse inaceitável. Começo a tentar tirar a sua blusa, mas o sinto hesitar, fazendo que não com a cabeça, relutante.

—Você não...quer? – Pergunto em um sussurro, beijando o seu pescoço quente, sentindo seu corpo se arrepiar por tocar meus lábios em sua pele.

—Quero, meu deus, como eu quero... – Ele sussurra, a voz rouca e quebrada. O encaro, e o vejo travando uma batalha interna. A boca entreaberta, os olhos enegrecidos, a respiração pesada e uma raiva por si mesmo estampada em seu rosto – Mas é tão errado, El... meu deus. É tão errado...

—Por que acha isso? – Pergunto, arfando, não me aguentando de desejo.

—Não acho, eu sei que é errado. A gente vai sofrer para caralho amanhã de manhã, linda... – Ele diz isso com um olhar pesaroso, dividido entre o carnal e o etéreo – Vamos nos magoar, e estamos vulneráveis emocionalmente...

—Erra comigo, então, Sam. É só isso que eu te peço. – Seguro o seu rosto, o beijando com delicadeza, o sabor doce da sua saliva com a minha – Erra comigo.

Sinto ele relutar mais um pouco, fazendo que não com a cabeça por entre o beijo, a respiração descompassada e o rosto se contraindo em uma expressão de raiva.

Está irado consigo mesmo. Paro de beijá-lo e o encaro, como um ultimato. Meus lábios semiabertos e inchados, meu olhar no seu.

Vejo seu olhar dominado por culpa e raiva, mas o desejo parece vencer. Ele segura o meu rosto com a mão, passando o polegar pelos meus lábios.

Por alguma razão, sua fúria explícita que brilha em seu olhar me excita acima de todas as coisas, e me sinto ficando cada vez mais quente, e pressiono levemente uma coxa na outra, sentindo o meu interior se molhando. Busco a base da sua blusa e dessa vez, ele não reluta. Assim que a retiro, perco qualquer que fosse o fio de sanidade que eu ainda tinha. Percorro os olhos pelo seu peitoral grande, e passo meus dedos por cima da sua tatuagem, o acariciando ali.

A ponta dos meus dedos quase queima em contato com a sua pele quente.

—Eu sou seu, Hazel. – Ele diz isso colocando a sua testa com a minha, acariciando a minha nuca com a mão firme, e eu fecho os olhos absorvendo as suas palavras, me embebedando nelas – Para sempre, estando com você ou... não. Espero que saiba disso. Espero que se lembre disso... amanhã de manhã.

Seu olhar é aflito, e eu suspiro fundo ao ouvir suas palavras.

—Eu sei disso. E por isso mesmo é que dói tanto. Odeio amar você, Sam Winchester. – Digo isso com a voz baixa, mas cheia de fúria. Por que estou tentando feri-lo novamente? Não acabo de me sentir culpada pelo que havia dito mais cedo? Meio a minha confusão, Sam não se intimida pelo meu comentário e assente, separando nossas testas, me olhando fundo nos olhos, o olhar de completo controle sobre mim, deixando bem claro que de agora em diante, é ele quem conduz.

—Não essa noite. – Ele adverte, com o olhar sério – Vai adorar me amar essa noite, Hazel Laverne. – Ele sussurra, agarrando os meus cabelos com seus dedos firmes em minha nuca, puxando-os levemente – Vou arrancar esse seu ódio por mim, exorcizá-lo para fora do seu corpo, confie em mim. – Sam então inclina a minha cabeça um pouco para trás, puxando o meu cabelo, e eu obedeço sem hesitar. Ele pressiona os lábios no meu pescoço, me beijando a princípio, e então intensificando os beijos em minha pele, sua língua quente em contato comigo, até que morde levemente a base do meu pescoço. É inevitável gemer quando ele faz uma sucção leve, chupando a minha pele, me marcando.

Começo a suar no mesmo instante, e então ele se afasta, segurando o meu rosto com as mãos, fazendo-me olhar para ele. Ficamos em silencio por um momento, seus olhos percorrendo a minha blusa, meus braços, e então meus olhos novamente.

Está pedindo permissão com o olhar. O conheço o suficiente para saber disso.

Hesito por um momento. Desde o incêndio, nunca mais fiquei nua na frente de ninguém. Mesmo quando estive com Noah, no passado, fazíamos tudo comigo coberta da barriga para cima.

Mas é o Sam. É o meu primeiro e único amor. Não há ninguém no mundo que vá me ver tão completamente quanto ele me vê, ninguém que eu queira mais do que quero ele. Faço que sim com a cabeça, o rosto corando, ardendo. Ele leva as mãos para a base da minha blusa, puxando-a devagar sem tirar os olhos dos meus, se certificando de que eu estou consentindo esse passo tão íntimo para mim. Quando finalmente a retira, a joga no chão, junto da sua. Abaixo meus olhos, e me estremeço. Sam ergue meu queixo delicadamente com a mão, fazendo nossos olhos se encontrarem, segurando o meu rosto em direção ao seu.

Sam me faz assistir, sem desviar o rosto, enquanto percorre o meu corpo com seus olhos. Meu rosto arde, e eu me sinto tão...exposta. O seu olhar percorre cada centímetro de pele com desejo. Fico aflita, procurando algum sinal de repulsa, me lembrando das palavras de Beleth, que tanto me feriram. Mas não encontro nenhum.

Seus olhos devoram cada centímetro de pele com vontade. E é o olhar de desejo mais honesto que eu já vi.

Ponto de vista de Sam Winchester.

Não vou fazer desse momento sobre mim.

Não vou permitir que a culpa corrompa o meu olhar, por saber que se ela carrega essas marcas, é por minha causa. Não é sobre mim.

Assim que meus olhos percorrem os seus braços, agora com minuciosa atenção, assimilo a cada detalhe como assimilaria as informações do único mapa capaz de me levar para casa. Suas cicatrizes são como riachos prateados quando a luz da lua reflete na pele que foi danificada pelo fogo, formando caminhos irregulares por toda a extensão do braço. Como raios prateados e avermelhados. Na base do seu pulso e no início de sua mão, não há queimaduras. Elas terminam no topo do ombro esquerdo, em algumas ramificações mais discretas. Todo o formato das cicatrizes em muito se assemelha com as raízes de uma árvore.

São tão lindas.

Passo a ponta dos dedos por cada cicatriz, sentindo-as em minha pele. Hazel se estremece, mas permite que eu continue. Eu a amo tanto.

Tanto.

Quero memorizar cada ondulação. Cada textura diferente. Cada caminho prateado e avermelhado de cicatriz. É o conjunto de coisas e experiencias dela. É sua história.

E eu amo a tudo isso.

Todo o seu corpo é liso e pálido, macio. A única parte diferente é seu braço, e isso é...sexy. É como uma heroína com uma história de guerra para contar.

É a sua marca.

Não quero romantizar o sofrimento que sei que essas queimaduras causam a ela. Sei que ela seria muito mais feliz sem elas. Entendo seu sentimento porque tenho diversas cicatrizes no meu corpo que não gostaria de carregar.

Mas não consigo não as achar lindas e atraentes. Não consigo não as amar, apesar de seu sombrio significado. Espero que ela entenda isso.

Que entenda que eu as amo. Que amo seu braço, do jeito que é.

Que não mudaria nada nela.

Meu olhar recai brevemente na cicatriz no topo da sua barriga, entre o coração e o estômago, é pequena e triangular. Mas essa cicatriz me faz gelar. Porque foi causada pelas minhas mãos.

Isso não é sobre mim, repito mentalmente.

Deixo meu desejo por toda a sua pele explícito em meus olhos, para que entenda o quão linda e perfeita ela é.

Para exorcizar as malditas palavras de Beleth de sua mente.

Para mostrar a ela como é perfeita.

Para amá-la como ela merece ser amada.

Ponto de vista de Hazel Laverne.

—Você é tão linda, Hazel. – Ele sussurra isso, me dando um selinho, seu polegar acariciando meu rosto – Tão, tão linda. E as suas cicatrizes também são lindas para mim, El. – Ele ergue meu braço esquerdo, sem tirar os olhos dos meus, e beija a base do pulso com ternura – Eu amo tudo em você, meu deus, amo tanto que me deixa louco... – Ele começa a percorrer o meu braço cheio de queimaduras com beijos ternos, e quase sinto minha pele queimar pelo contato. Tive vergonha desse braço por tanto tempo que desaprendi sequer a como era sentir qualquer toque humano que fosse nele, até mesmo o meu próprio. Neguei o fogo que me marcou por tanto tempo que é difícil aceitá-lo. Uma lágrima escorre no meu rosto ao me sentir amada, me sentir tocada. Sam continua a acariciar e a beijar cada queimadura, até chegar na base do meu ombro, e então ele traça um caminho de beijos até a minha orelha, onde sussurra com a voz rouca – Eu prometi a você aquele dia no hospital, não foi? Que te mostraria que o que eu disse era verdade. Vai me permitir, linda? Vai se entregar para mim hoje à noite? Tem certeza?

Faço que sim com a cabeça e o abraço, sentindo a minha pele em contato com a dele. Ele é tão quente, que o frio não parece existir mais ao nosso redor. Suas mãos percorrem as minhas costas, em um abraço tão forte que acho que vamos nos sufocar, e quando ele volta a encarar o meu rosto, desce lentamente com suas mãos em meus seios, os percorrendo com os dedos, receoso a princípio, mas assim que seus olhos veem como o meu corpo reage, se enrijecendo, Sam entende que o quero verdadeiramente, sem barreira alguma. Ele me lança um olhar lascivo e um sorriso de lado, revelando sua covinha.

—Quero senti-los na minha boca...- Ele sussurra em meu ouvido, uma mão segurando a minha nuca de um jeito firme, e a outra roçando o meu mamilo esquerdo delicadamente, me deixando completamente zonza – Tenho pensado nisso antes de dormir, durante o banho... em todos os lugares, a todo momento. Estou louco para percorrer o seu corpo inteiro com a minha boca e fazer você gritar o meu nome...

Minha calcinha se umedece tanto que fico com vergonha por estar tão excitada apenas com as suas palavras, e em seguida Sam desce com os lábios percorrendo da minha orelha, ao meu pescoço, até que finalmente chega com boca no meu seio esquerdo, o beijando e o chupando com vontade, sua língua explorando o meu mamilo enquanto geme de prazer. Arqueio as costas e a cabeça para trás, gemendo, mesmo que eu morda a minha própria boca tentando evitar o som de sair dos meus lábios. Em um movimento rápido, Sam agarra a minha cintura com força e gira o meu corpo, ficando finalmente por cima de mim. Minhas pernas estão ao redor dele, e ele torna a me beijar com voracidade, tanta dominância em seus movimentos que me sinto como uma presa entregue ao seu predador.

Ele investe seu quadril contra o meu, e aperta as minhas coxas com desejo, sua língua dançando com a minha em um ritmo perfeito. Sam para por um momento, arfando em meu pescoço, e quando passo a mão em seu peitoral, posso sentir seu coração acelerado na ponta dos meus dedos.

As mãos dele sobem até a base do meu short, e ele o retira com um movimento só, me deixando apenas de calcinha. Sam para de me beijar por um momento, e percorre todo o meu corpo com os olhos famintos. Ele volta a explorar os meus seios com a boca, se demorando neles por um tempo, me enlouquecendo. Depois, meio a minha respiração descompassada, vai descendo para a minha barriga, onde ele fica por um longo tempo, me provocando com os lábios e com a língua. Me contraio a cada beijo quente e molhado, gemendo e arfando, quase implorando a ele que me consuma.

Quero que me queime essa noite, incandescente, até que não reste mais nada de mim além das cinzas.

Ele desce mais a boca, e morde a alça da minha calcinha, a retirando com a ajuda da mão esquerda. Ele a joga no chão, e começa a beijar o interior das minhas coxas, com força e delicadeza em perfeito equilíbrio. Arqueio as costas na cama, enlouquecida com a provocação. Ele separa uma perna minha da outra, ainda beijando o interior da minha coxa, apertando a outra com força na mão. Seus beijos sobem até a minha virilha, e eu fico sem ar e começo a tremer assim que sinto a sua boca no meu sexo. O ouço gemendo de prazer quando a sua língua entra em contato com o meu clitóris, minha lubrificação intensa em contato com a sua saliva quente, sua língua macia e suave.

—Porra, linda. O seu gosto continua do jeitinho que eu me lembro...- Ele sussurra com a voz vulnerável, pausando o ato por um breve momento.

—Sam... – Gemo seu nome quando ele começa a se mover a me chupar lentamente, do jeito que eu gosto. Agarro o seu cabelo com as mãos, minhas pernas trêmulas, meu corpo se contorcendo de desejo. Ele me comia muito com a boca quando namorávamos, era uma de suas coisas favoritas a se fazer na cama. Pelo visto, certas coisas não mudam. Sinto uma crescente de prazer, que ele interrompe quando separa os lábios de mim, subindo pelo meu corpo e me beijando, mesclando o meu próprio gosto em minha língua.

—O seu gosto é enlouquecedor, Laverne. Eu senti tanta, tanta falta dele... – Ele sussurra em minha boca, chupando a minha língua. Gemo e me arqueio, todo o meu corpo suando – Eu só parei porque quero que goze comigo dentro de você, linda.

—Faço o que você quiser... – Falo isso com a voz quebrando, as palavras entonadas em um pequeno gemido. Ele dá uma risada maliciosa, e beija a minha testa.

Cuidado com o que fala, El. – Ele me adverte, sussurrando isso em meu ouvido. Em seguida, começo a tirar a sua cueca boxer preta, e ele me ajuda no processo, revelando todo o seu corpo. Percorro os olhos por ele, nem acreditando na minha visão.

Tudo, absolutamente tudo nesse homem é...enorme. Anos atrás, quando exploramos o corpo um do outro, Sam era um garoto, e já era grande. O que tenho em cima de mim nesse momento, é um homem.

Engulo em seco, com esse pensamento. Será que eu aguento?

Sam se encaixa no meio das minhas pernas, mas ainda não faz nada além de se ajeitar. O vejo ficar pensativo de repente, os olhos ficando preocupados.

—O que foi? – Pergunto, acariciando seus cabelos.

—Não temos camisinha. – Ele diz, de um jeito sério. Respiro fundo.

—Não tem problema, ok? – Falo isso com firmeza na voz, olhando no fundo dos seus olhos – Eu tomo uma pílula amanhã.

—Tem certeza? Não vai se sentir mal por isso? – Ele me encara preocupado comigo, acariciando o meu rosto. Faço que sim com a cabeça, com plena certeza das minhas escolhas.

—Tenho. – Afirmo, beijando seus lábios com voracidade.

Ele me beija de volta, agarrando o meu corpo para perto do seu, nossas peles e o nosso suor se misturando.

Sam percorre todo o meu corpo com as suas mãos, desde minhas costas a minha barriga, aos meus seios, e então ele agarra as minhas coxas de maneira firme, apertando-as com desejo. Ele encosta a testa na minha, separando nossos lábios, o olhar concentrado. Ele fricciona o seu pênis em mim, e eu gemo de prazer em expectativa.

Ele não demora a se encaixar na minha entrada, com delicadeza. Sam respira fundo, e uma gota de suor da sua testa escorre até a base do seu pescoço. Está nervoso. E eu também estou.

Desejei esse momento por tanto tempo. Nem acredito que está acontecendo. Uma de suas mãos segura a minha, ambas mãos trêmulas, uma contra a outra, ambas pressionando o colchão.

Ele se força um pouco para dentro de mim, e eu inclino a cabeça para trás, gemendo com um pouco de dor. Não faço sexo há... muito tempo. Ele percebe o meu desconforto inicial e não se mexe por um tempo, me deixando relaxar e me acostumar com ele entrando em mim. Minhas pernas tremem e eu respiro fundo, tentando relaxar.

—Ei... – Ele usa uma de suas mãos para erguer meu queixo, para cruzar nossos olhares. Coro por estar tão vulnerável, e por seus olhos mexerem tanto comigo – Vai ficar tudo bem, linda. Relaxe para mim, El. – Ele beija a minha testa, acariciando o meu rosto – Amo como fica tão molhada para mim, linda, como uma boa garota... – Ele sussurra na base da minha orelha, e todo o meu corpo se arrepia ao ouvir sua voz rouca dizendo isso – Quero que me sinta por completo. – Ele me provoca, sabendo o que suas palavras causam em mim - Relaxe para que eu possa te comer com força, El.

Respiro fundo, e assinto, completamente enlouquecida. Arqueio as costas quando o sinto me penetrando mais a fundo, e a ardência inicial se dissipa rapidamente. Assim que ele está completamente dentro de mim, gemo em sua boca, e ele segura a base do meu quadril, se afundando mais em mim o quanto é humanamente possível. Sam Winchester se move devagar, mas com força dentro de mim, sempre atento as minhas reações, sempre atento se estou gostando do que está fazendo. Minhas mãos arranham as suas costas, e ele morde a minha boca em resposta. Gemo com mais intensidade quando os movimentos de vai e vem se intensificam, em uma mescla de desejo e raiva.

Raiva por tudo o que nos aconteceu, por todas as maldições. Por não podermos ficar juntos, na sua concepção irracional e protetora.

Invisto meu quadril contra ele, para que entenda que quero dar tudo de mim. Para que entenda que não precisa se conter.

—Vai fazer o que eu quiser, El? – Ele sussurra por entre o beijo. Faço que sim, ofegante e suada, e ele sorri de maneira predadora, saindo de dentro de mim. Quase choramingo ao senti-lo fora de mim tão bruscamente, mas nem consigo ter tempo para raciocinar. Ele segura o meu quadril com força e me vira na cama, como se eu não pesasse nada. Ele puxa o meu quadril com as duas mãos, me posicionando de quatro.

Meu coração dispara. Nunca fiquei de quatro antes.

Suas mãos apertam os meus quadris e o sinto se posicionando atrás de mim, de joelhos. Ele percebe a tensão em meu corpo, e decide me provocar.

—Nunca fez isso, não é? – Ele questiona. Faço que não, trêmula e excitada - Seu ex-namorado não te ensinou nada? – Sua voz é territorial e provocadora, e decido provocá-lo de volta.

—De quem está falando? De você ou de Andrews? – Ele dá uma risadinha irônica, apertando o meu quadril.

—De Andrews. Eu sei muito bem o quanto eu te ensinei. – Ele se curva para frente, e beija as minhas costas – Mas relaxa, linda. Vou te ensinar mais uma coisinha ou duas, é só ficar quietinha e fazer o que eu mandar. Do jeito que sei que você gosta...- Ele sussurra, me fazendo estremecer em expectativa – Do jeito que sei que ele não foi capaz de fazer.

No momento em que entra em mim, de uma vez, gemo um pouco alto demais. Sinto um misto de agonia e prazer a princípio, e ele se inclina sobre minhas costas, ficando com sua boca perto da minha orelha, completamente enterrado dentro de mim, de um jeito completamente novo.

—Está tudo bem? – Faço que sim com a cabeça, sem a capacidade falar nada, minhas pernas tremendo muito – Dói? – É a sua segunda pergunta. Faço que não com a cabeça, arfando de prazer. Ele morde a base da minha orelha, fazendo-me arrepiar por completo, e faz um movimento de vai e vem bem forte, que me estremece por completo – Arqueie as costas, linda. Vai me sentir ir mais fundo se fizer isso... - Ele me guia, posicionando suas mãos em minhas costas, e eu faço exatamente o que ele mandou. Assim que me arqueio, minha bunda se empina mais. O sinto deslizando tão fundo que dou um gritinho, misto de uma dor gostosa e um prazer intenso. Sam geme de prazer, se afundando em mim com tanta força que me sinto fraca e trêmula - Boa garota, El... - Ele sussurra, a voz cheia de prazer – Boa e obediente, do jeito que eu gosto...

Ele se afasta da minha nuca, e começa a me comer com força enquanto tento ter firmeza o suficiente nos braços e nas pernas para aguentar seus movimentos. Mordo os lábios, sentindo uma fraqueza me consumindo, e uma sensação deliciosa de submissão muito intensa me percorrendo. Sinto a sua pélvis se chocando em minha bunda, sinto seus dedos apertando a minha cintura com força, me marcando. O meu prazer cresce e escala tão rápido, que sinto o orgasmo vindo de dentro do meu ventre com violência, me contraindo e me relaxando com intensidade, enquanto eu gozo para ele, apertando o seu pênis com força a cada contração. Gemo baixinho e estremeço enquanto ele continua a se enterrar em mim, dono do meu corpo por completo, enquanto eu o marco com tanta lubrificação e gozo. Ele geme ao me sentir o contraindo e o apertando, e estoca mais forte ainda. Meu suor se intensifica conforme o orgasmo passa por mim, me atravessa. Respiro com dificuldade e estremeço enquanto o meu orgasmo chega ao fim, e o sinto se inclinando sobre minhas costas, ainda dentro de mim, e ele segura o meu rosto com firmeza, alguns de seus dedos na base do meu pescoço.

—Quem disse que você podia gozar agora, ein? – Ele sussurra, me provocando. Sam coloca o seu dedo indicador nos meus lábios, e então o insere devagar na minha boca – Aguente como uma boa garota, ok? – Ele pede. Faço que sim com a cabeça, sentindo o sabor do seu dedo em minha língua, enquanto o chupo com desejo. Sam geme, retirando seu dedo da minha boca, voltando a percorrer as mãos pelo meu corpo, segurando meu quadril e estocando dentro de mim com mais força ainda, indo mais fundo. Como já gozei, estou mais sensível, então estremeço.

—Ah, Sam...- Gemo, completamente fraca. Ele dá uma risadinha.

—Está sensível, né? – Ele provoca, se movendo com intensidade em um ponto muito específico dentro de mim ao dizer isso – Mas aguente, quietinha. Quero ver o quão minha você é, Laverne.

Ele entra e sai de mim, com força. Gemo e apoio as mãos na cabeceira da cama. Ele faz isso mais uma vez, e um gritinho escapa da minha garganta. É tão bom e tão difícil de aguentar ao mesmo tempo, é inexplicável e desconhecido para mim sentir essas duas sensações mescladas assim.

—Quero que se esqueça que algum dia, Andrews esteve dentro de você. Ou qualquer outro que tenha cruzado o seu caminho...- Ele me puxa contra si, me fazendo gemer alto, enquanto ele segura o meu cabelo em uma de suas mãos, puxando-o de maneira a controlar meus movimentos e o quão inclinada eu fico diante dele. Meu deus, isso é muito bom— Quero que sinta, com forçadentro, que eu sou o único que importa. Você é minha, Hazel? – Ele pergunta, estocando mais uma vez, me deixando bamba. Gemo e mordo tão forte meu lábio inferior que o sinto sangrando.

—S-sou... – A palavra sai com dificuldade, já que ele vai ainda mais fundo dessa vez.

—Quero que goze de novo, Hazel. Desse jeitinho. Não vou parar de te comer assim enquanto não gozar. – Ele se inclina sobre mim, a boca perto da minha orelha – É uma ordem, não um pedido, me ouviu? – Sua voz é firme e ele usa um tom sombrio. Assinto, prazerosamente aceitando essa ordem. Apoio as duas mãos na cabeceira, aguentando tudo o que vem a seguir.

Suas estocadas se tornam frenéticas, subindo a velocidade aos poucos, entrando e saindo de mim para que eu sinta meu sexo se contraindo e se esticando, se acostumando e então se desacostumando, assim o seu impacto se torna eterno. Até que ele para de entrar e sair de mim, ficando apenas o mais fundo possível, com força e um ritmo que não se quebra, apenas se mantém, perfeitamente em um ponto sensível demais dentro de mim.

Agora, linda. – Ele manda com a voz suave, como se estivesse acalmando um animal antes de sacrificá-lo – Obedeça. Goze para mim.

Meu corpo não se nega. O orgasmo cresce dentro de mim, e eu estremeço e gemo com força enquanto me contraio ao redor dele. Sam também geme, sentindo um prazer inestimável ao me ver seguindo suas palavras e seus comandos. Enquanto geme, posso jurar que o ouço sussurrar “Minha” algumas vezes.

Sam sai de dentro de mim, no momento que termino de gozar. Ele se deita na cama e me puxa, não me dando nenhum segundo para me recuperar.

Senta, Laverne. – Ele ordena, ao me encaixar em seu colo, e eu faço o que ele mandou, me sentando nele, Sam entrando em mim por completo, com muita facilidade. Estou encharcada.

Ele move meu quadril com suas mãos, me guiando, mostrando o caminho. Seguro os meus cabelos que estão revoltos e bagunçados, e me movo, assumindo o controle. Sam geme e arqueia a cabeça para trás, mordendo a própria boca de prazer. Depois de um tempo, minhas pernas começam a tremer, enfraquecidas, mas eu não paro. Mantenho o ritmo que ele me mostrou, dando o máximo de prazer a ele que consigo. Sam não tira os olhos dos meus, me fazendo corar.

—Isso é novo para você também, não é? – Ele arqueia a sobrancelha, com ciúmes. Assinto. Ele movimenta o meu quadril, me guiando – Porra, aquele cara é fraco demais...

Ergo as sobrancelhas para ele.

—E você por acaso quer os detalhes? – Sussurro em provocação. Ele me lança uma expressão de segurança.

—Não precisa. Seu corpo me diz tudo o que eu preciso saber. E sabe o que ele diz? – Ele me questiona, e eu faço que não com o rosto, curiosa. Ele sorri, lascivo – Que nenhum deles foi o suficiente para você, não como eu. Só eu sei te dar o que você precisa.

Me inclino sobre ele, ainda me movendo, ficando próxima ao seu ouvido.

—Está morrendo para saber quantos foram, não é? – Sussurro, em tom provocador. Vejo Sam engolindo em seco, a respiração pesada, o nariz enrugado em uma expressão de raiva.

—Não acho uma boa ideia me contar agora, comigo dentro de você. – Ele diz isso em tom baixo, acariciando a minha nuca – Posso querer punir você, El.

Um, Sam. – Resolvo dizer a ele o que sei que está morrendo de vontade de saber, mas que não consegue perguntar – Só Andrews. Satisfeito?

—Não. – Ele responde, a boca na base da minha orelha – Queria que tivesse sido só eu.

—Até porque você ficou puro e casto durante todo esse tempo, né? – Ironizo, morta de ciúmes por saber que o número dele é bem extenso.

Ele sorri de lado, e se senta, comigo ainda em seu colo, por cima dele, sentindo-o bem fundo dentro de mim. Ele segura o meu rosto em suas mãos, com um olhar maldoso.

—É, você tem um ponto. Sei que não quer saber o número, ou vai querer me estapear. – Seu sorriso de lado me deixa com raiva, e ele percebe isso, erguendo uma sobrancelha, satisfeito por me deixar com ciúmes por um momento – Mas o que realmente importa é que só você me dá o que eu preciso também, El. Só você realmente importa. Nunca amei nenhuma delas. Nenhuma.

Sam me puxa pela nuca, colando os nossos lábios. O beijo com raiva, minha respiração descompassada, a base da garganta fervendo de ciúmes. Ele percebe, e interrompe o beijo.

—Eu sei que está com ciúmes, eu também estou. – Ele sussurra, os olhos vidrados nos meus – Você por saber o que eu fiz por aí enquanto estive solteiro, e eu por saber que gostou daquele idiota o suficiente para namorá-lo e se entregar para ele. Mas sabe o que realmente importa? – Ele ergue a sobrancelha.

—O que? – Cerro os dentes, minha voz dura, meu peito cheio de ciúmes de cada uma que transou com ele durante esses anos.

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Isso. – Ele aponta de si para mim – A gente. E o quanto ninguém nunca chegou nem perto de balançar nenhum de nós dois como nós fazemos. Eu sou seu, Laverne. Aquelas garotas não importam, nunca importaram... – Ele beija o meu pescoço, chupando a minha pele. Já contei dois chupões que vão ficar marcados em mim amanhã, e gosto disso. Gosto que queira me marcar – Na verdade, muitas vezes eu imaginei você, quando estava com elas. – Ele sussurra no meu ouvido.

—Não acredito nisso nem por um minuto... – Rebato, arranhando suas costas.

—Não ligo. Eu não tenho por que mentir sobre isso. – Ele morde a base da minha orelha de leve, me arrepiando – Tomei um tapa no rosto uma vez por dizer o seu nome enquanto gozava. Se quer acreditar ou não...- Ele desce as mãos para as minhas coxas, puxando-as contra si com raiva, fazendo-me gemer ao sentir seu pênis ir tão fundo. Isso é tão gostoso que chega a queimar – Aí é com você.

Sam volta a me encarar nos olhos, e puxa o meu rosto com a mão, me beijando.

—Só você importa... – Ele sussurra em meus lábios, meio ao beijo – Só você, sua ciumenta...

Arfo em sua boca, ainda morrendo de ciúmes, mas entregue a ele. Continuo a me mover, seguindo seus movimentos, o rosto corado.

—Amo quando você fica tímida assim, desconcertada desse jeito... – Ele diz isso tornando a se deitar, passando a mão pelos meus seios, acariciando os meus mamilos, enquanto eu me movo. Fico ainda mais vermelha com a sua declaração, e ele sorri. Sam volta a se sentar na cama, comigo em seu colo, e segura as minhas costas, seu rosto bem perto do meu, nossa respiração mesclada – Eu te amo, Hazel.

Sorrio para ele, desconcertada e com o desejo bombeando o meu sangue por todo o meu corpo.

—Eu também te amo, Sam. – Sussurro, segurando o seu rosto com as minhas mãos.

—Não odeia me amar, Hazel? – Ele questiona, provocando-me com a sobrancelha erguida.

—Não, mas só essa noite. – Respondo, a voz fraca. Ele assente, acariciando o meu rosto.

—É tudo o que eu preciso. Boa garota, linda. – Ele diz, sorrindo, e me beijando. Saboreio seu gosto delicioso, mesclado ao meu, e o vejo separando nossos lábios por um momento, hesitante. Sam olha para baixo por um momento, aparentemente envergonhado. Franzo o meu cenho, sem entender a princípio. Mas assim que sinto suas veias se saltando da sua pele, se enegrecendo como se gasolina percorresse por seu sangue, me lembro que meus lábios estavam sangrando.

E o meu sangue é mais forte que o de um demônio comum.

Sam fica trêmulo por alguns segundos, e o meu coração dispara. Preciso acalmá-lo.

Ergo seu rosto com a minha mão, delicadamente. O vejo respirando com dificuldade, os olhos agora negros como os de um demônio, isso acontece sempre que ele consome sangue. Vejo que está se sentindo mal consigo mesmo, provavelmente se culpando por gostar tanto do sabor de ferro em sua língua, do poder que isso lhe proporciona. Sorrio e acaricio seus cabelos, suspirando.

—Não foi sua culpa, Sam... – Sussurro para ele, ainda acariciando-o - Eu amo quem você é, por completo. Com toda a sua escuridão... que encaixa tão bem com a minha... – Digo isso de maneira provocadora, me movendo lentamente ao dizer isso. Sam arqueia a cabeça para trás, tomado por desejo, o rastro do meu sangue em seus lábios.

Ele respira fundo e com dificuldade, a mão repousada sobre sua própria boca, seus olhos fechados enquanto ele tenta administrar o que está sentindo. Continuo a acariciá-lo, e apoio minha cabeça em seu ombro, beijando sua pele.

—Eu...não quero te m-machucar... – Ele sussurra, com a voz quebrada – E se eu perder o controle? – Suas sobrancelhas se arqueiam em sofrimento.

—Você não vai. – Digo em seu ouvido, minha voz levemente rouca – Eu confio em você, e está tudo bem, Sam. Confio em você... – Reafirmo, passando a ele uma segurança de que sei que precisa. Ele respira fundo e vai tentando se acalmar aos poucos, os olhos agora nos meus.

—Tudo bem...mesmo? – Ele questiona querendo ter certeza, a voz fraca. Faço que sim, lançando a ele um olhar de luxúria. Puxo o seu cabelo, fazendo-o gemer. Sam inverte as nossas posições, me deitando na cama, seu corpo sobre o meu.

Passo as minhas mãos pelos seus braços fortes, apreciando suas veias saltadas e sobrenaturalmente escuras, contrastando com a pele pálida, a lua reluzindo em seu peitoral forte e enlouquecedor. Fixo meus olhos nos seus, sobrenaturais nesse momento.

Ele desvia o olhar do meu, mas eu viro seu queixo delicadamente com a minha mão, forçando-o a olhar para mim.

—Não...quero assustar você com os meus olhos. Eles ficam...escuros, quando eu...uso. – A vergonha em sua voz e em seu olhar faz eu me contrair.

—Não sabe, não tem a mínima noção do quanto amo seu olhar, né? – Digo isso com um sorriso terno no rosto, apreciando o seu olhar com intensidade, cada detalhe do seu globo ocular completamente preto graças ao sangue, enquanto continuo acariciando o seu rosto, apreciando seus traços com a ponta dos dedos – Verdes ou negros, normais ou não, eu amo olhar para você, Sam. Eu preciso olhar para você. Nunca é o suficiente...

A vergonha em seu rosto dá lugar a um sorriso tímido.

Sam começa a me beijar com ternura, meio ao desejo.

Sei o que significa para ele ser aceito. Sei como tem medo de ser diferente.

E amo saber que, posso mostrar a ele o quanto não me importo com sua escuridão. Na verdade, gosto dela.

Me sinto em casa nas suas sombras.

—Goza para mim, Winchester... – Sussurro para ele, em sua orelha.

Ele dá uma risadinha, suas covinhas evidentes.

—É uma ordem, é? – Ele ergue as sobrancelhas. Sorrio para ele e aquiesço, passando as mãos pela sua pele, sentindo suas veias saltadas nas minhas palmas ao percorrer seu corpo, e isso me excita além do normal.

—É sim...e quero que goze dentro de mim, Sam. – Sussurro com um olhar obstinado, e ele assente, o olhar surpreso pela segunda parte da ordem que lhe dei, se movendo com mais força para dentro de mim, me dando vários beijos no pescoço, beijos que ele intercala com sussurros:

—Eu te amo...- Ele sussurra, entre os beijos e os movimentos – Eu te amo... – Ele repete, e eu fecho os olhos, memorizando suas palavras e sua voz ao dizê-las, guardando essa lembrança em meu coração – Eu te amo...

Arqueio a cabeça para trás, sentindo todo o seu amor, seu desejo, sua escuridão, e a sua culpa. Abraço tudo o que ele é nesse momento, e sinto que somos uma pessoa só.

Vou ficar devastada amanhã de manhã. Tenho certeza disso.

Mas me entrego a isso.

Vou me desaparecer nele, como diz a música que tanto me lembra dele.

Sam puxa as minhas pernas, erguendo-as e colocando-as em seus ombros.

Gemo, surpresa pelo novo nível de profundidade que ele atinge nessa posição. Minhas pernas tremem, e ele as segura de maneira firme, um sorriso no rosto, entrando e saindo de mim com tanta força e intensidade que estremeço.

—Mais um truquezinho para você aprender, Laverne. - Ele pisca para mim, meio ao sorriso, entrando mais em mim, me fazendo arfar de prazer – Vamos ver se consegue aguentar tudo isso, ou se vai implorar para que eu pare... – Ele sussurra, meio a provocação, sorrindo de lado – Pode implorar se quiser, El. Só eu sei o quanto não teve que aguentar muita coisa durante esses anos, na minha ausência.

E assim que diz isso com arrogância e de uma maneira completamente dominante, me come sem nenhum tipo de restrição. Gemo descontroladamente, sentindo-o fundo demais, forte demais, grande demais.

Estou tão sensível por ter gozado duas vezes, por estar transando a tanto tempo, que sinto que vou ficar dormente a qualquer momento. Sinto uma ardência gostosa me acometendo, e a visão da sua barriga perfeita, do seu olhar enegrecido e sobrenatural, seus lábios com o rastro do meu sangue, somados ao quão fundo e forte o sinto, acabam sendo demais para mim.

—Sam...ah, Sam...- Gemo seu nome duas vezes, sem controle algum, enquanto o aperto dentro de mim, um terceiro orgasmo me invadindo. Ele solta um grunhido forte com sua voz rouca, e o sinto se derramando por dentro de mim, seu orgasmo longo e quente, me preenchendo por completo, me marcando como sua.

Sam relaxa o seu corpo, e abaixa as minhas pernas com cuidado, as tirando dos seus ombros, as colocando uma de cada lado do seu corpo, se cravando mais em mim, beijando a minha testa enquanto arfa, suado, o seu orgasmo chegando ao fim lentamente.

Ambos respiramos com dificuldade, e ele beija o meu pescoço, e então a minha boca. Fica me beijando por um tempo, suavemente, até que sai de dentro de mim com delicadeza. Sam sai de cima de mim e se deita ao meu lado, me puxando para o seu peitoral, para que eu repouse a cabeça ali. Ele beija o topo da minha cabeça.

Seus braços me acariciam e me abraçam, ternamente. Sempre amei sua dualidade entre desejo, dominância e cuidado. Carinho, amor, ternura...e intensidade.

—Nunca tinha te sentido desse jeito...- Ele sussurra – Sempre usamos camisinha, no passado. Gozar dentro de você é...- Ele respira fundo, um sorriso tão grande e lindo em seu rosto que me faz sorrir também – Ah, El. É a melhor coisa que eu já fiz na vida.

Coro e beijo o seu peitoral, repousando a cabeça nele. Senti-lo gozando dentro de mim foi o ápice da minha noite, com certeza. Não posso esquecer de tomar a pílula amanhã, de jeito nenhum.

Nossas respirações vão voltando lentamente ao normal, e eu fecho os meus olhos.

De repente, a realidade bate no meu coração. O ódio que eu senti mais cedo retorna, assim como a dor. Saio de cima do seu peito e me encolho, do outro lado da cama, lágrimas em meus olhos.

—Ei, ei... – Ele sussurra, me abraçando, nos cobrindo com as cobertas, o vento gritando lá fora.

—Eu não vou estar aqui quando você acordar, ok? Vai ser mais fácil para mim assim... – Digo, meio a um sussurro, enquanto as lágrimas me invadem.

—Tudo bem, linda. Tudo bem... – Ele sussurra, acariciando o meu rosto, limpando as minhas lágrimas.

Me encolho e permito que ele me abrace, encaixando seu queixo em meu ombro, sua barriga e seu peitoral nas minhas costas, seus braços me envolvendo.

—Eu te amo, não esqueça disso, Hazel. – Ele sussurra, acariciando o meu cabelo. Aquiesço, meu peito queimando – Essa foi a melhor noite da minha vida, linda.

—Não se esqueça que eu também te amo, Sam. – Rebato, com fraqueza na voz – E não ouse se esquecer do quão brava eu ainda estou com você, ok?

—Não vou, linda. Não vou esquecer. Nem do seu amor, nem da sua raiva. – Ele responde, se aninhando em mim. Fecho meus olhos, me sentindo completa por estar em seus braços, por ter me entregado desse jeito para ele – Quer mesmo que eu te chame apenas de...Hazel, de agora em diante? – Há dor em sua voz.

Assinto, de olhos fechados e coração partido.

—É mais...fácil assim, ok? – Minha voz sai sussurrada e entristecida, e ela respira fundo, contrariado.

—Tudo bem...Hazel. – Ele diz o meu nome com tristeza, me abraçando mais, me mantendo o mais perto de si que consegue.

Adormeço, em direção a escuridão, com medo do amanhã.

Mas com a certeza de uma coisa que me assombra e me devora por dentro;

Eu nunca, jamais, sob nenhuma circunstância, deixarei de ser completamente e intrinsecamente dele.

Não importa o que eu faça. O meu amor por ele jamais será exorcizado.

Vou me desaparecer nele, como sempre fiz.