O Fim

Azul! A cor da esperança


Meu dia começou ótimo, acordei escutando gritos, gritos?

Levantei-me bruscamente, consequentemente fiquei tonta, mas pouco importava, alguém havia gritado. Olhei para os lados, o sol dificultava meu campo de visão, mas ao longe vi Erza e Natsu correndo em direção ao Gray que estava caído no chão.

Com dificuldade, levantei e corri até eles.

Chegando perto, vi Gray sangrando muito, ele havia sido atacado por um animal.

_O que é isso? – Natsu pediu. A fera parecia um leão, mas seu corpo estava se decompondo, seus olhos estavam sem vida, o animal quase não tinha mais pelo, e seus membros pareciam estar pendurados por seus músculos e entranhas.

_Meu Deus! – eu tive ânsia e quase vomitei, olhei para o lado e os outros estavam com a mesma expressão. – Gray, você está bem?

Ele olhou para a ferida, e em seguida virou a cara, pelo jeito ele não gostava de ver sangue. Abaixei-me e rasguei um pedaço da manga da minha blusa para apertar o ferimento e estancar um pouco o sangramento.

_Você foi mordido? – Erza perguntou.

_Não. – ele respondeu. – eu levei um susto e me desequilibrei, caí da árvore em cima desses galhos, um deles acabou entrando na minha barriga. Mas acho que não é nada grave.

_Ok, mas você precisa de alguns medicamentos pra isso não infeccionar. – afirmei.

De repente escutamos um som de espada cortando o vento e um som de carne se rasgando.

Olhamos e vimos a ruiva cortando o animal ao meio. O sangue se espalhou pelo chão e o cheiro pelo ar. Dessa vez não suportei, olhei para o lado e deixei sair o vomito que subia pela garganta.

_Isso foi extremamente desnecessário e nojento. – Gray falou para a ruiva que olhava com curiosidade para o animal despedaçado no chão.

_É estranho, o organismo dele não estava mais funcionando. – ela nos olhou espantada ignorando o comentário do amigo. – como ele ainda estava de pé e com força para assustar o Gray?

Nós olhamos sem resposta para o animal, Erza tinha razão, ele não podia mais se mexer.

Ouvimos um som de respiração, olhamos para os lados, era pesada, devia ser de mais um ser grande como esse, mas nada apareceu.

_Ahh. – Erza pulou para trás ao ver o animal que ela havia matado se mexer em sua direção, ele usava as patas da frente para se puxar em direção a ela, deixando totalmente sua barriga e suas pernas para trás. – Mas como..?

_Tente acertá-lo na cabeça, pode ser que o cérebro esteja mandando algum tipo de energia ainda.. – falei, eles me olharam estranho, mas Erza pegou sua espada novamente e cravou na cabeça do animal, seus olhos saltaram para fora, todos soltaram um som de nojo.

_Agh.. – eu saí dali, iria vomitar de novo. Fui até o local onde dormimos e sentei olhando para o mar.

*

_Você tinha razão, ele não se mexeu mais. – Erza chegou perto de mim e limpou o sangue na sua espada enterrando-a na terra.

_Que bom. – exclamei. – Será que tem mais deles por aqui?

Ela olhou para a floresta como se esperasse algum outro bicho daqueles aparecer entre as árvores.

_Não sei, mas minhas esperanças de encontrar alguém vivo ainda, acabaram. – ela se virou e foi em direção a água do rio que tinha na ilha.

Eu queria ir atrás dela e convencê-la que ainda podemos encontrar alguém, mas ela precisava de um tempo sozinha.

_Você foi brilhante antes. – Gray se aproximou de mim e sentou do meu lado.

_Antes? – perguntei olhando curiosa.

_Quando disse para acertar no cérebro. – explicou. – como soube?

_Era o mais lógico, mas ainda assim, não entendo como ele estava vivo, seu corpo já estava em estado de decomposição há pelo menos uma semana, mais... e seus membros estavam pendurados, não entendo como ele tinha forças para lutar e ainda por cima foi cortado ao meio, isso mata qualquer um... – olhei para Gray, ele também se perguntava isso. – enfim, o cérebro era o único que podia estar mandando algum tipo de reação para o corpo dele... mas ainda assim...

_Foi assustador. – Gray completou.

Olhei para trás de Gray e vi Natsu olhando o animal, me levantei e fui falar com ele.

Chegando perto, senti o cheiro de carne e sangue podre entrando em minhas narinas.

_Natsu? – chamei ele um pouco afastada. Ele me olhou e veio até mim. – vem comigo?

_Onde vamos? – ele perguntou me seguindo.

_Dar uma volta. – falei sorrindo. Ele me acompanhou, entramos na floresta, passei por ali várias vezes procurando algo dos nossos amigos desaparecidos.

_Lucy? O que estamos fazendo aqui? – Natsu me chamou.

Olhei para ele e vi a preocupação em seus olhos.

_Sei o que está pensando, que outros deles atacaram nossos amigos e você está com medo de não encontrá-los. – Natsu abaixou a cabeça.

_Você pode me provar o contrário? – ele olhou para mim, seus olhos imploravam para que eu responde-se sim.

_Tudo o que posso fazer é ficar com você e continuar tendo fé Natsu. – confessei e me aproximei dele.- Nós passamos por muita coisa já, a morte esteve na nossa cara por muitas vezes, em muitos momentos vi nos olhos de todos os nossos amigos eles desistindo, e quando olho pra você vejo futuro, vejo esperança, por favor Natsu, você sempre foi a esperança de todos, não pode pensar em desistir.

Natsu me olhou atentamente, como se analisasse cada centímetro do meu rosto, ele se aproximou mais, nunca o vi tão sério e concentrado, quase me deu medo, mas não pude desviar do seu olhar, ele deu mais um passo em minha direção.

_Tudo bem, eu não vou desistir. – ele disse. Eu sorri e ele passou a mão em meu rosto. – Por você!

Meu coração acelerou quando ele terminou de falar. Não sei por que, mas me senti segura, não como sempre me senti com ele, me senti segura de um jeito diferente, os olhos dele brilhavam.

_Natsu... – o chamei, ele se aproximou o restante do espaço que tínhamos entre nós, e colou sua testa na minha, fechou os olhos e suspirou.

_Isso não pode acontecer agora... – ele sussurrou. Eu não entendi o que ele quis dizer com isso. Ele baixou a cabeça dando um passo para trás e depois começou a caminhar de volta por onde viemos.

Suspirei ainda sem entender o que tinha acontecido ali, olhei para frente, quando fui andar para me juntar a Natsu eu vi algo um pouco mais a frente no chão, cheguei perto cautelosamente e olhei atentamente para um rabo, isso mesmo um rabo, seu pelo embora imundo, era azul.

No exato momento, pensei que eles tinham razão, eles se foram, nossos amigos, tinha acabado de encontrar a prova. Mas algo dentro de mim ainda me dizia para ter fé.

Me aproximei mais ainda e reparei que estava enterrada uma parte, com muito cuidado, toquei nele, senti um calor, desesperadamente tirei toda a terra de cima e puxei Happy para cima, ele estava inteiro, sem nenhuma parte do seu corpo felino faltando.

Coloquei ele mais próximo ao meu rosto encostando minha orelha no seu peito pequeno, assim pude ouvir um leve, Tum Tum, Tum Tum.

Sorri, ele estava vivo, ajeitei melhor ele no meu colo e me levantei, corri o mais rápido que pude para alcançar Natsu, mas ele já havia se juntado a Erza e Gray.

Cheguei ofegante perto deles.

_Natsu.. eu.. o encontrei... – falei com dificuldade, mas sorrindo, ele veio até mim e caiu de joelhos na minha frente, dei-lhe o seu amigo em seus braços.

_Eu nem... eu não sei o que dizer.. – Natsu olhou pra mim com lágrimas nos olhos, lágrimas de agradecimento.

_Apenas não desista. – eu disse sorrindo.

Ele sorriu e abraçou o felino com todo o carinho que sentia por ele. Olhei para os outros e eles sorriam também.

É, Happy havia trazido de volta nossa vontade de viver, afinal ele carregava a cor azul, a cor da esperança.