P.O.V. Clary.

Erik e eu estávamos planejando o nosso casamento quando aquela figura invade o salão. Aquele vestido preto, todo cheio de rendas e transparências.

—Olá querido.

—Ai Meu Deus! Christine? Você está morta.

—Pareço morta para você, amor?

—Como está aqui? Após todo este tempo? Virou uma vampira?

—Oh, não. Não. Olha mais de perto.

Ela tirou os óculos de sol e... puta que pariu!

—Uma feiticeira.

—Muito bem.

—Quem é o seu pai?

—Mãe. Lilith. Já ouviu falar?

—Lilith é estéril.

—Sempre tem uma brecha.

Sim. Sempre tem uma brecha. É o que uma bruxa faz, encontrar brechas porque são elas que fazem e destroem feitiços.

—Acha que pode tirar ele de mim e se safar? Acho que não.

Christine começou a me atacar. Começamos a brigar. E ela a enfraquecer.

—Se não parar, vai desmaiar. Seu nariz já está sangrando como uma cachoeira. Você não tem uma fonte, não pode canalizar.

—Eu vou destruir você. Nem que seja a última coisa que eu faça.

—Você tem ódio no coração. Inveja, ciúmes. Teve sua chance Christine e desperdiçou.

—Eu era uma tola. Você me disse uma vez, Erik ódio pode virar amor.

—Eu estava errado. Não pode. O inverso é verdadeiro, mas ódio não pode virar amor.

—Olha pra você Christine. Você era toda fofa e meiga, com aquelas roupas cheias de babados e agora... se veste como uma prostituta. A Lilith fez uma bela bagunça na sua cabeça não foi?

P.O.V. Christine.

Como ela ousa?!

—Tomou meu corpo! Assumiu minha identidade! Se não tivesse aparecido eu seria feliz!

—Se eu não tivesse aparecido, você ainda teria casado com o Raul e ainda teria tido uma vidinha miserável. Só que o Erik estaria morto.

—Você não sabe.

—Na verdade sei sim. Tenho mais habilidades do que você imagina.

—Minha mãe me ensinou a nunca me humilhar por um homem.

—E ainda assim, aqui está você. Erik vai casar comigo, nós temos uma filha então, vá embora Christine. Está segurando vela.

—Você vai me pagar. Vocês dois vão.

Ela saiu e o salão estava todo destruído devido á briga. Estilhaços de vidro para todo lado, algumas lâmpadas haviam explodido.

—Coitada.

—Por acaso eu era assim?

—Sim. Só que sem os poderes. Lilith deve ter feito uma bagunça na cabeça dela. Distorceu tudo.

—Que tipo de demônio é esta Lilith?

—Tá brincando?! Ela é a primeira de Lúcifer, a mãe de todos os demônios, Rainha do Inferno.

—Não soa bom.

—Não é. Lilith é uma figura controversa. Ela é supostamente a primeira mulher do mundo.

—Está errada. Eva é a primeira mulher.

—Não querido. Lilith é a primeira. O Criador fez Adão do barro e então, do mesmo barro ele fez Lilith. E como os dois eram feitos do mesmo material, ela não aceitava a submissão marital, ela queria igualdade. Não aceitava que Adão estivesse sempre encima dela se é que me entende. Por isso ela saiu do Paraíso e Lúcifer corrompeu ela. Transformando-a no primeiro e mais poderoso demônio, pertencente a uma classe demoníaca chamada Edonmai. Ela é um demônio sexual, uma súcubo. E supostamente, estéril. Foi o castigo de Deus por ela ter se corrompido.

—Mas, Éden é o Paraíso.

—Não é Éden. É Eadon. A primeira e mais profunda dimensão do Inferno. Como não acredito em castigo divino, acho que o fato de Lilith ser estéril tem outros motivos.

—É. Nem acredito que nossa neta vai vir ao casamento.

—É. Temos uma neta. Melissa Volturi.

—Sim. E ela tem o poder do pai dela e outros mais.

P.O.V. Melissa.

Eu estou saindo com um garoto. Nos conhecemos na faculdade. Eu sei, tenho seis anos e já estou na faculdade. Em minha defesa, não pareço ter seis anos.

Ainda me lembro de quando nos conhecemos pela primeira vez.

Flashback On.

Minha família se mudou para a Inglaterra este ano. Vou fazer faculdade. Cambridge. E logo que eu cheguei ficou claro que eu era de fora.

Todos aqueles alunos cheios de roupas caras, Jeans e camiseta, mas tudo de marca, tudo chique e cheio de pompa. E eu de jeans e camiseta compradas em lojas de departamento.

Estou cursando letras. Sou boa com línguas. Falo italiano por causa do meu pai, falo inglês porque sou americana e isso sem contar as línguas de bruxa. Aramaico, latim, francês de bruxa.

—Olá. Deve ser a nossa nova estudante.

—Olá.

—Oh, uma americana.

—Sou eu.

—E qual é o seu nome?

—Melissa. Melissa Volturi.

Gosto de vestidos soltinhos, jaquetas de couro, calças jeans, ankle boots. E meus acessórios favoritos são echarpes, colares, pulseiras especialmente aquelas que tem aqueles penduricalhos para colocar. Cada penduricalho tem um significado.

—Volturi ein? Isso é o que?

—Italiano. Meu pai é italiano.

Passei a maior parte do dia sozinha. Não que isso me incomode. Com uma família como a minha, é bom ficar sozinha de vez em quando.

No intervalo fui até o pátio e me sentei embaixo dum enorme carvalho.

E como não tinha mais o que fazer enfiei os fones de ouvido e comecei a escrever no meu diário.

P.O.V. Jeremy.

Sou estudante de história. Estava passando pelo pátio quando ouço alguém cantando. Era uma música triste e realmente carregada de solidão e tristeza. Vi a garota sentada embaixo do carvalho, escrevendo num caderno. A voz dela era linda. Muito afinada.

Ela tinha cabelos castanho-avermelhados, não pude ver mais. Mas, decidi falar com ela.

—Olá.

—Olá.

Disse olhando pra mim. Ela tinha olhos azuis, havia algo diferente nos olhos dela. Pareciam ser mais azuis que o normal.

—Então, vai dizer alguma coisa ou vai ficar só ai me encarando?

—Porque estava chorando?

—Essa é uma pergunta complicada.

—Alguém te fez alguma coisa?

Ela deu um sorriso de canto.

—Você me subestima.

A garota olhou no caderno e fez uma cara...

—Nem planejei escrever isso. É a segunda vez hoje. E isso nunca é bom.

Ela falou mais para si mesma do que para mim. Então, se levantou.

—Qual é o seu nome?

—É Melissa.

—Você tem algum problema psiquiátrico?

—Bem que eu queria.

P.O.V. Melissa.

E no fim tive que usar minha magia negra para matar um cara que veio pra me matar e se vingar do meu pai. Porcaria.

Ser eu é uma droga. Ter essa quantidade massiva de Poder e como a natureza é toda equilibrada, minha magia negra é tão negra e poderosa que se eu não colocá-la pra fora vez por outra vai me consumir.

Flashback Off.

Fui tirada dos meus devaneios por um beijo.

—Olá pra você também.

—Quer sair? Pegar alguma coisa pra comer?

—Claro. Parece bom.

P.O.V. Jeremy.

Eu sei que ela esconde alguma coisa. Não sou burro. Essa é a minha chance de tentar descobrir alguns desses segredos.

—O que vamos comer?

—É americana certo?

—Sou. E italiana.

—Que tal um hambúrguer?

—Parece bom.

Estávamos comendo e conversando, mas de repente ela solta um gemido de dor. E olha a parte interna do braço.

—Que droga. Mas, eu... eu cuidei disso ontem. Isso está ficando pior, se continuar assim serei consumida.

—Será consumida? Consumida pelo o que?

—Eu tenho uma família complicada. Pra resumir, venho de uma longa linhagem de vilões das suas histórias.

Vilões das nossas histórias? O que é que isso significa?

—O que é que isso quer dizer?

Ela se perdeu em pensamentos de novo.

P.O.V. Melissa.

Como vou dizer a um ser humano que sou uma híbrida? Que tenho todos os marcadores genéticos que os cientistas submundanos já encontraram nas bruxas? Como vou dizer a ele que sou uma bruxa e uma vampira? Que tenho sede de sangue literalmente? Ou sobre os sussurros na minha cabeça que são o meu lado negro tentando se manifestar?

Como ele vai reagir ao saber que bruxas, vampiros e demônios e tudo mais é real?

—Melissa?

—O que?

—Você é muito desligada.

—Pelo contrário. Sou ligada demais. Por isso esses lapsos. Eu posso ver, ouvir e sentir tudo e todos nesse lugar. Algumas das histórias são mesmo verdadeiras. Nossos sentidos são ampliados, os puros sangues não podem voar, mas... podem correr, pular, escalar muito bem. O que faz os humanos acharem que podem voar. E eles são eficientes também, nós somos. Nossos corpos não usam muita energia por isso temos muita quando precisamos. Meu coração por exemplo. Ele não bate, com muita frequência.

P.O.V. Jeremy.

Ela está falando mais do que eu esperava.

—Você me trouxe aqui para me interrogar. Mas, acho melhor irmos com calma. Afinal, a curiosidade matou o gato. Eu também não respiro muito, quase não preciso dormir. Uma ou duas horas por noite no máximo. Meu pai é diferente. Ele é um puro sangue. Nunca dorme, nunca come, não precisa respirar. A maioria das suas lendas sobre nós foram... sonhadas por vocês. Chapéus pretos pontudos, gatos, morcegos e vassouras. E em algum lugar naquelas histórias fantasiosas há uma pequena partícula da verdade. Algo que assustou tanto a sua raça que vocês criaram estas lendas bobas. Algo para ajudá-los a negar a nossa existência.

Chapéus pontudos, gatos, morcegos e vassouras? Ela acha que é uma bruxa?

—Não acho que sou uma bruxa. Sou uma bruxa. E sim. Acabei de ler a sua mente.

—Você não pode ter lido minha mente.

—E você está em negação. Clássico. Então, suponho que terei que ser mais convincente.

Melissa arregaçou a manga da jaqueta e eu vi. Era uma coisa preta, negra dentro das veias dela.

—O que diabos é isso?

—Magia negra. É minha, minha magia negra. Se eu não colocá-la pra fora de vez em quando vai me consumir. A natureza busca um equilíbrio e sem querer me gabar, minha magia branca é estonteantemente poderosa. O que significa que a magia negra também. Sou tetraneta de Esther Mikaelson, a bruxa Original. A bruxa da família Original. Ela não fez nada de importante. Só... criou os primeiros vampiros fabricados do mundo.

—Vampiros fabricados?

—Sim. Existem duas famílias Originais no mundo vampiro. E uma delas é a minha. E de algum jeito, sou membro das duas raças. Meu tataravô é um Mikaelson e meus outros parentes do lado da minha mãe são vampiros descendentes de Corvinos.

—Corvinos?

—É a outra família Original. Os primeiros naturais. Alexander Corvinos, o primeiro imortal verdadeiro e Marcus Corvinos, o primeiro vampiro natural.

—Então você é uma vampira?

—Sim. Híbrida. Mãe meio bruxa e pai vampiro.

—Meio bruxa?

—Tá. Vamos começar a traçar minha árvore genealógica. Minha mãe é Clarissa Moreau, filha de Clarissa Mikaelson e Erik Moreau, meu bisavô é Elijah Mikaelson. Um dos filhos de Esther. Minha bisavó materna é Renesmee Cullen que é descendente de uma bruxa que virou imortal, Amara Petrova. A linhagem Petrova é uma das linhagens mais antigas e poderosas do submundo. Acho que a linhagem Petrova é mais antiga do que a Mikaelson, mas não tenho certeza. Então, as linhagens das quais sou descendente remontam aos primórdios da bruxaria.

Isso é insanidade. É loucura.

—Imagino que seja. E o meu avô Erik é o Fantasma da Ópera. O personagem do livro.

Estava tentando processar toda aquela informação quando um homem armado entra no restaurante.

—Todo mundo no chão agora!

—Finalmente.