P.O.V. Beverly.

Meu irmão é um imbecil. Ele é mimado, mulherengo e o filhinho da mamãe, mas ele ainda é meu irmão. E tá totalmente na fossa por causa da vampira.

—Você é um imbecil total.

—O que você quer Beverly?

—De todas as garotas por quem podia se apaixonar, foi se apaixonar por uma que é doida, homicida e ainda por cima é imortal. Uma vampira.

—Ela não é só uma vampira. Ela é uma híbrida.

—Melhor ainda. Sabe, eu até que gostei dela. Apesar dela ter transformado a mamãe numa deles.

P.O.V. Alec.

A minha pobre filha. Humano nojento.

—Eu posso torturá-lo.

—Não. Isso só me faria sentir pior. Mas, obrigado tia Jane.

—Disponha.

—Amanhã vou ter que ir para a faculdade. E ele estará lá. E eu o odeio!

P.O.V. Beverly.

Ouvi o barulho de coisas quebrando, gritos de fúria.

—Quem é você?

—Beverly Howe. Eu vim em paz.

Disse erguendo os braços em sinal de rendição.

—Ela está na cozinha. Vamos. Fique atrás de mim.

Nós fizemos o caminho para a cozinha. O piso da sala de estar era de madeira, era tudo de madeira, uma madeira escura e esculpida. Envernizada.

Cheia de móveis das mais variadas épocas que de algum jeito combinavam. Os quadros nas paredes eram de pessoas pelas quais eu passei.

—Melissa! Meli..

Uma faca veio flutuando numa velocidade alucinante e parou pouco antes de atingir a cara dele.

—Oi papai.

Disse ela com voz de tipo, desculpe por ter acidentalmente te esfaqueado.

—Oi amor. Você tem uma visita.

—Oi Bev.

—Ahm, oi.

—Porque não vamos para o meu quarto para conversarmos?

—Tudo bem.

A Mansão era imensa, estilo gótico vitoriano e no quarto dela haviam vários posteres de bandas. Offspring, Coldplay. O armário era solto todo feito daquela madeira escura e rebuscada, todo entalhado.

—É de ébano.

—O que?

—O armário. É de ébano.

—Este lugar todo, parece uma capsula do tempo.

—Se acha isso aqui uma capsula do tempo é porque nunca esteve no Castelo de São Marcus. A mansão é de mil novecentos e vinte e nove, tem quatrocentos acres e essa vibe da era Tudor. Foram necessários sessenta homens trabalhando noite e dia pra construir este lugar. Tem um estábulo, celeiros, uma carpintaria e lugar para os empregados morarem.

—E vocês tem cavalos?

—É claro. Cavalos, um tratador e treinador, vários empregados.

—Eu sinto muito. Eu fui horrível com você.

—Você tem um coração tão grande Bev, tudo bem deixar as pessoas verem.

—Meu irmão é um idiota. Ele é um imbecil total e minha mãe é uma vaca.

—Ela se transformou?

—Sim.

—Bom, agora ela não pode mais entrar em casa. Á menos que seja a proprietária.

—Sério?

—É claro. Casas, castelos, apartamentos não importa. Se a escritura do lugar estiver no nome de um ser humano, o vampiro tem que ser convidado a entrar pelo dono do imóvel.

—E como você entra na faculdade?

—Ninguém mora lá. Se algum humano, fizer da faculdade sua residência... o vampiro vai precisar de um convite. Ou ele pode simplesmente matar o dono da casa.

—Legal. E meio assustador. Olha, eu não fazia ideia do que o meu irmão e minha mãe pretendiam fazer com você. Eu juro que não.

—Sei que não.

—Mas, o meu irmão tá na fossa. O Jeremy tá se afundando. Mas, acho que é meio que um castigo divino, sei lá.

—Castigo divino?

—Tipo, Karma. Sabe?

—Sim. Eu sei o que é Karma. Mas, porque seria Karma ou castigo divino?

—Porque ele sempre foi um idiota com todas as garotas. Pegava, mas não se apegava. Partiu muitos corações, mas isso? Usar uma pessoa para espionar a família dela e transformar todo mundo em... sacos de sangue ambulantes? Isso é muito maquiavélico.

—Se sua mãe precisar de ajuda na transição, posso ajudá-la. Afinal, eu a gerei. Sou responsável por ela. Pelo menos até se adaptar.

—Ai, quer ver uma coisa super maneira que quase nenhum humano jamais viu?

—Claro!

—Então, pra quando e onde nós vamos?

—O que?

Antes que ela pudesse responder a Mãe dela simplesmente invadiu o quarto e protestou:

—Não! Absolutamente não! A mãe dela estava planejando nos fazer de cobaia, o irmão era seu espião e essa ai... só Deus sabe o que pretende. Não vai levar ela até lá. O portal fica escondido nos confins do mundo e é protegido por centenas de feitiços de ocultação, feitiços ilusórios e defensivos e tem uma guardiã por um bom motivo. E você é a guardiã deste portal. Não é brincadeira Melissa. Faça uma mudança significativa demais e pode acabar nunca nascendo. Sua vó pode nunca chegar ao seu avô e ele morre. Se ele morrer nem você nem sua mãe nascem. As nossas famílias são muito antigas e acredito piamente que Mikaelsons, Petrova, Salvatore e Bennett tem um ancestral em comum. A magia veio de algum lugar.

—É. Da natureza e está ao nosso redor o tempo todo.

—Mas, apenas bruxas tem o poder de acessá-la. Canalizar, sifar. Algo nas nossas linhagens é mais do que apenas humano.

—Qual é mãe, ela não vai levar um esquadrão até o Portal.

—Como pode saber? Acreditou no estúpido do irmão dela e olha só o que deu. Ainda estou concertando a minha porcelana da dinastia Ming!

A mãe arrancou o colar do pescoço dela.

—Ei! Isso é meu.

—Não é mais. Com grandes poderes vem responsabilidades ainda maiores. Não vou deixar isto ao seu alcance. Não com o risco de você levar a menina até o Portal.

—Sabe de uma coisa, eu não quero nada a ver com portal nenhum. Beleza? Só vim para saber se estava bem e me desculpar pelo meu comportamento e pelo meu irmão ser um babaca.

—Você faz faculdade?

—Sim.

—E cursa o que? Oh, artes cênicas é claro. Que burra eu sou.

—Estou tentando me transferir para Cambridge já a algum tempo, infelizmente a fila de espera é imensa.

Ela deu um sorriso maléfico.

—Posso dar um jeito nisso.

No dia seguinte eu já tava matriculada.

—Como você fez isso?!

Melissa não respondeu.

—Certo. Desculpe.

Então, ela respirou fundo.

—Vamos fazer um pacto. Respondo todas as suas perguntas, mas você fica de bico fechado. Feito?

Perguntou me estendendo a mão.

—Feito.

Disse apertando a mão dela.

—Chamamos de compulsão. É uma espécie de controle mental. Podemos forçar qualquer humano a qualquer coisa. Apagar memórias, implantar novas, fazer a pessoa obedecer a qualquer comando. Não funciona em seres sobrenaturais. Bruxas, lobisomens, outros vampiros ou híbridos. Os únicos capazes de controlar outros vampiros ou híbridos parte vampiro são os Originais.

—Ou seja, você.

—Basicamente. Mas, eu nunca compeli alguém. Tá eu compeli alguns humanos a esquecerem algumas indiscrições minhas. Mas, quem nunca?

—Indiscrições?

—Magia negra.

Ela explicou tudo, equilíbrio de poder, magia branca e negra etc.

Fui para minha aula e ela para a dela. Combinamos de passar o intervalo juntas. Mas, tinha que aparecer o mala do meu irmão.

—Melissa... podemos... conversar?

—Sobre o que? Sobre como você me usou? Se aproveitou da minha carência afetiva, da minha inocência e planejava transformar a mim e toda a minha família em ratos de laboratório?

—Não vai me ajudar, Bev?

—Eu não. Em briga de casal ninguém mete a colher. Não vou tomar partido. O que quer que aconteça entre vocês, sou neutra.

—Olha, Mel eu... nunca pensei que fosse me apaixonar. Ou que você iria se apaixonar.

—A primeira parte é verdade. Mas, a segunda é mais uma das suas mentiras. Porque é só o que sabe fazer, mentir.

—Eu nem sabia que vampiros podiam amar ou ter filhos.

—Você claramente ouviu a versão humana da história. Aquela onde somos bestas assassinas, chupadoras de sangue que querem exterminar a humanidade. Ou talvez, aquela onde bruxas são servas do diabo que venderam sua alma e comem carne de bebê. Ou sugam almas de criancinhas. Mas, está errado. Nós podemos amar. E amamos mais profundamente do que qualquer ser humano jamais conseguiria ou conseguirá. Bruxas vadias e raivosas. Vampiros assassinos chupadores de sangue.

—Eu entendo que esteja com raiva.

—Outro fato curioso sobre os vampiros. Nossas emoções são ampliadas. Já te disse isso, lembra?

—Sim.

—Então não, não estou com raiva. Estou furiosa! Eu pensei que você me amasse, pensei que fosse o meu único e verdeiro amor... e então você arrancou meu coração. E depois de tudo o que fez e tramou, o mínimo que pode fazer é me dar um tempo. Porque neste exato momento... quero atirar bolas de fogo em você e te afogar em ácido!

O Jer simplesmente voou longe. Foi arremessado longe.

—Caramba!

Me levantei para acudi-lo.

—Jer!

—Ai. To dolorido, mas vou viver.

—Ótimo. Porque você mereceu. Coitada Jeremy.

—Eu sei que fui um idiota. Tá? Eu sabia que era... errado.

—E ainda assim você fez de qualquer forma.

—E estou muito muito arrependido. Me perdoa Melissa, por favor me perdoa. O que tivemos foi real, tão real que eu ainda consigo sentir. Eu sinto sua falta. Se duvida, leia minha mente.

—Ler sua mente? Você pode ler mentes?

—Posso. Mas, não se preocupe. Eu já estava lendo de qualquer jeito.

—Eu amo você. De verdade. Você é a pessoa mais sensível, carinhosa, caridosa e incrível que eu já conheci. Presas e feitiços á parte, você é incrível. Um pouco assustadora, mas para ser justo todos fazemos coisas das quais nos arrependemos.

—Acredito em você. Mas, se me trair outra vez... vou virar uma Qetsyiah Bennett. Se me trair outra vez, se mentir, se me enganar... você vai sofrer.

Ele deu risada.

—Você pode ser doida, mas você é a minha doida.

Eles se beijaram loucamente. E eu sai. Não vou ficar segurando vela.

P.O.V. Jeremy.

Caramba, como eu senti falta disso. Como senti falta dela.

—Você nem imagina o quanto eu senti... saudade de você.

—Eu faço uma ideia. Então, como a sua mãe tá lidando com a sua nova vida?

—Não muito bem. Está sempre com raiva.

—Então, vou ter que limpar a bagunça que fiz. Mas, a parte boa é que agora que ela é uma de nós, não pode nos denunciar.

—Você fez de propósito?!

Perguntei meio que rindo.

—É claro. Sempre tem uma brecha.

No fim do período, eu, Melissa e Beverly fomos pra casa juntos. Ou algo parecido.

—Mandei mensagem para os nossos pais. Disse que vamos a uma festa.

—E vamos?

—Não. Pelo menos não hoje. Vamos a outro lugar. Agora que sua mãe é sobrenatural tem algumas coisas que vocês vão ter que ensinar a ela. Lembra onde fica a casa de campo?

—Claro que me lembro.

—É pra lá que vamos.

P.O.V. Beverly.

Era uma puta mansão, com portões de ferro. Toda de pedra, era tipo um mini Castelo. E por dentro era assim como a outra uma capsula do tempo.

—Irado. Quem é aquele?

Perguntei apontando para o quadro com moldura dourada pintado em tinta á óleo.

—Meu avô. Erik Moreau.

Ela fez uma careta.

—Droga!

—O que?

—Tem uma tempestade vindo. E vai ser das grandes.

—Como você sabe?

—Serva da natureza. Posso sentir algumas coisas que humanos, vampiros, lobisomens e etc não podem.

—Serva da natureza?

—Bruxa, Beverly. As servas da natureza são as bruxas.

—Sim. E é sobre isso que vai ser a aula de hoje. Apesar dos humanos acharem que somos todos um bando de selvagens desorganizados não é bem assim. Na verdade, somos uma comunidade e vivemos em sociedade. São inúmeras facções, inúmeras raças. Com costumes diferentes.

Ela tirou um livro enorme da prateleira. Era super-grosso.

—O que é isso ai?

—As facções do mundo sobrenatural, divididas em sessões. Esse é o volume das bruxas.

—Isso ai é só sobre bruxas?

—Sim.

Ela começou a explicar.

—O povo mais antigo que possuía magia do qual temos registro são os viajantes. São chamados assim porque assim como os membros das outras facções eles tem um dom especial que os membros das outras facções não tem. Podem se transportar para dentro do corpo de outra pessoa, transferir sua consciência, sua magia, tudo o que eles são para outro corpo. Eles se fazem passageiros dentro das suas lindas cabecinhas. E com um encantamento á mais, tomam completamente o corpo do hospedeiro.

—Caramba!

—A especialidade dos viajantes é... anti-magia. Feitiços que bloqueiam outros feitiços. As quatro linhagens mais poderosas de viajantes são os Salvatore, os Bennett, os Mikaelson e os Petrova.

—Como suas avós. Você é uma Petrova e uma Mikaelson.

—Sim.

—Então você é membro da facção dos viajantes.

—Isso. Depois temos os conjuradores. Conjuradores são bons com feitiços de ilusão. Brincar com o que você pensa que é real e o que é mesmo real. Os conjuradores são sempre divididos. Ao completar dezesseis anos, a magia do conjurador é invocada para a luz ou para as trevas. Dependendo de sua verdadeira natureza. A única conjuradora na história que foi invocada tanto para a luz quanto para as trevas é Lena Duchannes. Ela é descendente da Christine Daaé.

—A personagem do livro do Fantasma da Ópera?

—Sim.

—O avô da Melissa é o Fantasma da Ópera.

—Pensei que Christine fosse uma feiticeira.

—Ela é. Mas, os conjuradores vieram dos feiticeiros. Como eu, eles são o híbrido, do híbrido, do híbrido. Elementais. Regra importante, nunca, nunca, jamais chame um conjurador de bruxo. É ofensivo. É como chamar um estudioso de Nerd ou um atleta de marombeiro.

—Mas, eles são bruxos.

—Não. Beverly, eles não são. Feiticeiros são meio humanos, meio demônios. Feiticeiros são imortais, a magia deles necessariamente tem origem nas trevas. O que não significa que eles sejam malignos vale ressaltar. A magia das bruxas vem do fogo, da terra, da natureza. A dos feiticeiros vem de linhas de energia demoníaca que se infiltram no nosso plano vinda diretamente do inferno.

—Credo!

—Conjuradores não chamam os feitiços de feitiços, chamam de conjuro. Dai o nome.

Eram tantas facções diferentes. Como tribos.

—As famílias mais importantes entre os Conjuradores são os Ravenwood e os Duchannes. Há muito tempo houve um casamento que era uma aliança. E por isso Macon Ravenwood um poderoso conjurador das trevas é tio de Lena Duchannes que é filha de Sarafine Duchannes. Que é filha de Emmaline e Silas Ravenwood.

—Então como na sua facção, esses conjuradores acabaram misturando as famílias.

—Sim. Mas, se foi por acidente ou propositalmente eu não sei.

—Demais.

Então começou a ventar e os raios a rebombar.

—Lá vem a tempestade. Vou acender as velas e a lareira só por garantia.

—Não é melhor irmos embora?

—Não podemos. É muito tarde. Se sairmos agora vamos ficar presos no carro num engarrafamento imenso. Uma tempestade desta magnitude sempre acaba causando estragos. Árvores caídas, postes de luz danificados, alagamentos. É melhor ficarmos aqui esta noite. A propriedade está cercada por feitiços de proteção, esse lugar é praticamente impenetrável.