Capítulo 6 - O Recasamento

Depois da conversa fatídica com Marina, Clara resolve conversar com Helena toda a sua angustia e o seu sofrimento e toca a campainha do apartamento da irmã que abre a porta como se a estivesse esperando de prontidão a convidando para entrar e sentar no sofá, ao se sentarem para o grande desabafo Helena promete ouvir todo o drama da vida da sua caçulinha predileta e tentará dar bons conselhos.

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— Oi Leninha, meu coração ta despedaçado depois de falar para Marina que eu me demitia do estúdio e que no momento precisamos de um afastamento radical.– desabafa Clara.

— Oh! Minha irmã sei que deve estar sendo pesado ter que cuidar do Cadu e ao mesmo tempo se afastar da Marina, mas é o certo o Cadu precisa de todo o seu auxílio, você não pode abandona-lo, além disso, ele é o pai do seu filho e seu companheiro há dez anos. – responde Helena

— Eu sei, mas ta muito dolorido não vê-la, não sentir o cheiro dela, não presenciar aquele olhar de cobiça que ela tem quando olha para mim, enfim tem sido uma tortura ficar um dia longe dela que já se tornou uma pessoa de tamanha importância e relevância na minha vida. – responde Clara de forma triste, com os olhos lacrimejando.

— Você vai ter que suportar Clara, sei que vai ser dolorido, mas talvez esse afastamento seja a melhor solução para o momento, depois com o Cadu melhor, você vai poder fazer a sua escolha, ou seja, se você continua casada, ou se separa para que possa vivenciar esse amor de forma plena. – responde Helena.

— É acho que você ta certa, essa é a única solução para o momento, e neste tempo poderei analisar o que eu to sentindo de fato. – responde Clara.

— Clara você está apaixonada pela Marina, isso é óbvio até para a Ariana que é a cachorra do seu Benjamin, a única coisa que não está certa é o rumo que sua vida tomará, pois você tem uma tomada de decisão difícil. - responde Helena.

— Eu sei e o meu medo maior é que o Ivan não aceite a minha possível relação com a Marina, só de pensar nessa possibilidade meu coração já fica apertado. – responde Clara visivelmente cabisbaixa.

— Só o tempo dirá minha irmã, agora viva o presente e depois se preocupe com as possíveis consequências. – responde Helena encerrando de vez o assunto.

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No meio dessa tão longa espera Clara digita um e-mail para Marina relatando tudo o que ela tem passado.

“Querida Marina ficar longe de você está sendo uma tortura, no momento estou acompanhando o Cadu em vários exames, mas tudo continua na mesma, pois até então não encontramos nenhum doador compatível”.

Além disso, agora tive que assumir o bistrô lá no galpão cultural do Laerte e da Verônica, ou seja, minha vida se baseia em tomar conta da minha família, cuidar do empreendimento do Cadu e em pensar em você e no nosso único e devastador beijo.

Queria muito te ver, sentir o seu cheiro daquele seu perfume que é intenso, mas não chama a atenção, e te abraçar como se ninguém mais existisse além de nós, mas tenho que me conformar em ver as suas fotos e usar aquele sabonete líquido que tem o cheiro do seu corpo, esse tem sido um jeito de eu me sentir mais próxima a você, um jeito de nós ainda estarmos conectadas mesmo que longe uma da outra.

Adoro quando chega à noite, pois é a hora que eu posso dormir e sonhar que estou com você, isso me acalma a alma e me ajuda a continuar nessa minha luta diária.

“Enfim, espero encontrar logo um doador para o Cadu, para assim logo poder te ver e voltar a trabalhar contigo, caso você ainda me queira por perto.”

Ass.: Da sua Clarinha.

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Marina já estava perdendo a esperança de vivenciar aquele amor tão lindo e ao mesmo tempo tão triste, pois estava há dois longos meses sem nenhuma notícia de Clara, mas fazer o que se o amor é um pingo de mel num balde de amargura.

Há mais desafios nessa estória do que momentos felizes com a sua assistente favorita, porém o amor é inexplicável, mesmo separada de Clara, Marina ainda conseguia sentir o cheiro da sua amada pelo estúdio e tudo fazia com que a fotógrafa se lembrasse da sua bandida.

Sem mais saber o que fazer a famosa artista resolve ler os seus e-mails, a modo de pensar em outras coisas, como em novas oportunidades de trabalho,e viagem para o exterior,começando então a divagar sobre a imensa variedade de coisas que pode vir a fazer, porém ao ver um e-mail daquela pessoa que ela tanto esperava notícias,desiste de qualquer outro plano e nesse momento seu coração começa a bater descompassado pela ansiedade, respirando fundo clica para ver o que está escrito e aos poucos ela vai ficando emocionada pela narrativa singela de Clara.

Marina fica triste ao ler a angustia da sua amada, mas nada pode fazer, pois se procurasse Clara,ela poderia vir a ser o motivo da piora de Cadu e todos a culpariam caso algo de ruim acontecesse.

O jeito é esperar as próximas noticias e torcer para que a operação não demore a ocorrer e que o marido da sua pretendente se recuperasse logo, para que então tudo se desenrole.

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Passa-se mais uma semana e já que não houve até então um doador, Cadu toma uma decisão importante de fazer uma cerimônia de recasamento com a sua mulher, reafirmando os votos feitos há dez anos.

Cadu parecia um adolescente novamente, pois quando pediu a mão de Clara ele tinha apenas vinte anos e agora tinha trinta anos de idade e seu casamento estava consolidado com a bela mulher dos seus sonhos de juventude e com o fruto daquele belo amor,que é o seu filho Ivan .

Ele resolveu não perder mais tempo brigando, pois a vida é preciosa,neste momento percebeu quantas vezes sobrecarregou Clara, mas se dependesse dele, agora tudo mudaria.

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Depois de terem um jantar jantar romântico preparado com direito a vinho Cadu resolve ser galanteador entrelaçando a sua mão com a da mulher e olha bem nos olhos dela e diz:

— Clara há dez anos você me fez o homem mais feliz do mundo, pois aceitou ser minha mulher e me presenteou com um belo filho, mas mesmo depois de tanto tempo nossa chama continua acesa e por isso quero te fazer uma proposta.

Nesse momento ele pega uma pequena caixa preta com duas alianças, ele tira uma delas e pergunta para Clara:

— Você quer se casar comigo de novo?

Clara com medo que o marido se alterasse tenta sorrir e responde meio que obrigada.

— Sim, Cadu eu aceito.

Para selar esse momento Cadu insere a aliança no dedo da mulher,Clara em seguida introduz a aliança no dedo do marido.

Cadu então se levanta da mesa e pega a mulher arrastando-a até o quarto e quando chegam lá começam a se amar.

Porém mesmo Clara correspondendo aos beijos e carícias do marido, pensa na chefe e seu coração fica apertado, pois ela estava se guardando para a amada, mas agora sua vida havia se complicado de vez.

Cadu crê que a mulher está excitada e começa a beijar o pescoço da amada, depois ele vai mordendo o corpo moreno a sua frente deixando rastros dos seus dentes pela pele da esposa.

De maneira romântica ele olha bem nos olhos da mulher e começa a despir ela, que resolve entrar no clima de sedução e tira a roupa do marido.

As mãos começam a explorar o corpo de Clara, que começa a gemer de prazer com o contato intimo.

Cadu vai se abaixando e começa a sugar o seio da esposa, ele suga com vontade, dando várias lambidas deixando ali um rastro de saliva, depois ele busca os lábios da mulher e tasca um beijo arrebatador e nesse momento os corpos se unem.

Cadu penetra Clara de maneira mais contida, porém investe em estocadas mais brutas deixando a mulher totalmente no mundo da lua pelo imenso prazer que o marido estava lhe proporcionando.

Porém o ritmo do sexo vai diminuindo e Cadu finalmente goza, ele não consegue que a mulher tenha um forte orgasmo ao dar sua ultima e potente estocada, e depois de tamanho esforço Cadu se vira e resolve dormir deixando a mulher com gosto de quero mais.

Clara vira para o lado e se conforma com a sua nova vida sexual, pois querendo ou não no momento o marido não conseguia mais ser tão ativo como outrora havia sido, sem mais pensar ela fecha os olhos e resolve dormir.

Na manhã seguinte Cadu acorda cedo e prepara outra grande surpresa para Clara que ao acordar vê o jornal na cama com uma foto dela e Cadu.

Ao ler a matéria ela descobre que naquele mesmo dia haveria uma cerimônia de recasamento na casa de leilão e para sua surpresa Marina estava cotada como a fotógrafa do evento.

Cadu percebendo que a mulher leu o jornal resolve perguntar:

— Gostou da surpresa que eu fiz amor?

Clara na realidade estava possessa pela atitude do marido, porém ela disfarça o incomodo e da um sorriso forçado.

— É eu vou me recasar com você em uma cerimônia e eu sou a última a saber, nossa eu to muito feliz né Carlos Eduardo. – responde Clara de maneira irônica, e continuando ela fala:

— E se eu não tivesse aceitado ? você tem noção de como a sua atitude foi mesquinha e calculada, e eu como fui idiota, cai feito uma patinha na sua lábia.

— Calma amor, eu planejei tudo pensando em uma nova fase para o nosso casamento. – responde Cadu.

— Olha, só não te dou uma resposta a altura por causa do seu problema no coração,mas por mim já não tinha mais recasamento nenhum,palhaçada sua cara. – responde Clara bastante zangada.

E sem mais ela sai do recinto para ir até Santa Tereza se explicar a Marina que deveria estar muito desapontada com ela.

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Uma hora depois de sair de casa ela chega à mansão de Marina visando se explicar,respirando fundo ela entra na casa e vai direto para o estúdio e encontra Marina com cara de poucos amigos.

A fotógrafa percebe a presença de Clara ao sentir aquele perfume que ela conseguia distinguir mesmo de olhos fechados, ao virar o rosto percebe o nervosismo da assistente e aproveitando a oportunidade ela chega mais perto desabafando de forma direta.

— Clara,você me da esperança e depois eu sou chamada para tirar fotos do seu recasamento, sabe como isso é humilhante?

— Eu não sabia dessa cerimônia, acredita em mim o Cadu me pediu ontem e eu não tive como recusar, fiquei preocupada com a saúde dele, você sabe que o estado dele é crítico. – responde Clara desesperada e com medo que a ex-chefe lhe tirasse da sua vida.

— Eu sei, mas mesmo assim não vai ser fácil para mim e você sabe que eu não to podendo recusar trabalho, pois meu pai diminuiu a minha mesada mensal. – responde a fotógrafa.

— Eu não sabia que o Cadu ia ser tão baixo de te expor assim, mas agora o circo to montado e todos terão que desempenhar seus devidos papéis. - responde a ex-assistente convicta do que esta dizendo.

— Pois é,e eu vou fazer o papel da boba da corte, enquanto vocês posaram de casal apaixonado. – responde Marina totalmente cabisbaixa.

— Desculpe, eu só faço você sofrer e só te dou migalhas, mas infelizmente não posso te oferecer mais que isso, pelo menos não agora. – responde Clara.

— O que eu fico triste é de continuar afastada de você, isso tem me feito mal e eu ando repensando na minha vida,dependendo posso vir a viajar para Londres, para ver se consigo te esquecer. – responde Marina.

— Por favor, espera mais um pouco,não desiste de nós. – responde Clara.

— Nós? ainda não existe nós, você não se permitiu vivenciar esse amor, mas por enquanto vou continuar esperando, eu entendo que nesse momento você não pode se permitir começar uma nova estória. – responde Marina.

Clara olha bem nos olhos de Marina e as emoções se afloram e tudo o que não diziam em palavras diziam com o olhar que trocavam.

Clara abraça a amiga a apertando contra o seu corpo e da uma fungada no cabelo da outra fazendo um reconhecimento, como se estivesse redescobrindo o cheiro da amada.

Segurando o seu autocontrole ela resolve se despedir e sai quase que correndo do estúdio deixando apenas mais dúvidas no coração da fotógrafa.

Momentos depois Marina fecha os olhos e tateia as rosas que a amiga havia lhe dado há dois meses atrás, as flores estavam murchas, porém esse amor ainda florescia e resistia a todas as reviravoltas da vida.

Reunindo coragem a fotógrafa começa a se trocar para o evento na qual foi incumbida de estar, porém ela sabia que aquela noite seria a mais longa da sua vida.

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Às oito da noite começa a cerimônia na qual o padre abençoa a re-união de Clara e Cadu, porém é notório para todos que aquele casal já não tinha mais aquela chama toda, a paixão entre os dois foi morrendo, mesmo antes da chegada de um novo alguém na vida da dona de casa.

Na hora da troca de alianças Cadu chamou propositalmente a fotógrafa a modo de registrar o momento em que Clara selava novamente aquela união.

Marina começou tirar as fotos, porém a cada clique parecia que seu coração ia parar, mas bem ou mal ela estava sendo paga para isso, então ela tinha que desempenhar o seu papel de profissional.

E então o padre decreta que os noivos podem se beijar, notando o sofrimento da rival Cadu vira o rosto de Clara e da um beijo avassalador.

Clara corresponde, porém a sua vontade é de estapear o marido, e não de beija-lo com Marina tendo que fotografar aquela cena.

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O evento estava lindo e a comida era servida pela funcionária do bistrô que vinha ajudando Clara a administrar o empreendimento do chefe de cozinha, enquanto ele não operava.

A comemoração foi um sucesso e os familiares curtiram a ocasião, mesmo que a festa fosse apenas uma fachada.

Depois de muita música e dos comes e bebes a festa finalmente chegou ao fim e todos foram para os seus respectivos lares.

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Chegando em casa Clara já possessa resolve jogar todas as verdades que estavam engasgadas na garganta.

— Cadu, achei ridículo esse evento, você forçou a barra, no fundo você sabe dos meus sentimentos,você sabe que eu amo,EU AMO A MARINA. – berra Clara totalmente exaltada.

Cadu fica embasbacado com a revelação da esposa e por mais que desconfiasse, ouvir é mil vezes pior do que apenas achar.

Clara então olha bem nos olhos dele e continua a desabafar sobre os seus sentimentos.

— Sim, eu a amo, sim eu te trai com ela e por pouco eu não fui para a cama com ela, mas eu resisti, por que se eu dormisse com ela eu ia ir contra tudo que acho certo, eu não acho justo te trair e não ser sincera com você.

— Clara como você pode se apaixonar por uma mulher, você é imoral, você é uma mãe de família. – diz Cadu.

— Eu vou lutar para que o nosso casamento continue, qualquer coisa eu tiro a guarda do Ivan de você. – fala Cadu totalmente irado com a revelação.

— Não envolve o Ivan nisso Cadu, por que se você envolver pode ter certeza que você sai daqui com a mão abanando, pois a casa é minha e você ainda por cima tem o nome sujo no Serasa. então você acredita mesmo que um juiz em sã consciência vai te dar a guarda do nosso filho?- responde Clara aos berros.

— Acredito sim, pois no Brasil o preconceito ainda reina e vão preferir um pai devedor a uma mãe sapatona. – responde Cadu de maneira alterada.

— O nosso país, já mudou muito Carlos Eduardo e eu só não vou continuar essa discussão para que você não venha a passar mal e me culpe,e culpe a Marina pela sua doença. – responde Clara, que depois de se pronunciar deixa o recinto.

Cadu fica triste com a atitude da esposa e acredita que é pouco provável que o casamento continue depois da cirurgia.

Seus planos haviam falhado e agora ele estava pagando por tudo de mal que havia feito contra a felicidade da sua mulher.

" Somos fogo e paixão, teu olhar me laçou a primeira vista,apesar de ter uma estória com um certo alguém, minha vontade é de por os pingos nos is, e ser tua,como você é minha desde que nossos olhares se cruzaram tivemos não algo passageiro,mas sim um encontro de almas."

Por Dimoande.