O Doutor Da Ópera

Capítulo 6 - O desaparecimento


Os três amigos andaram pelo pequeno quarto a procura de alguma pista, de onde Moz podia ter ido, e também por que ele sumira, já que dissera que nunca saia do quartinho. O mesmo pensamento pairava pela cabeça dos três: um homem havia morrido de forma misteriosa; ninguém vira nada fora do normal na hora do assassinato; e a criatura que vivia escondida havia sumido. Claro que não tinham passado tanto tempo com Moz para considera-lo alguém bom ou ruim, mas ele tinha aquele ar de bondade que o Doutor e Caro já viram outras vezes. Porém, não tinham certeza do que estava acontecendo.

— Doutor – chamou Caro – você não acha que Moz fez alguma coisa, né? Ele parecia assustado, com medo de fazer mal ou de fazerem mal a ele.

— Eu entendo, Caro – respondeu o Doutor, com a voz série. Ela conhecia aquela voz: era a voz de quando ele começava a pensar mais do que de costume, era quando ele finalmente achava alguma coisa para passar o tempo. – Vamos descobrir esse mistério e achar nosso novo amigo! Ji Yong, você se lembra daquela pintura, certo? O que você acha dela?

— O que eu acho? Na verdade, não tenho muita certeza sobre nada. Aquela criatura no centro da imagem não era nada parecida com Moz. Aliás, que diabos o Moz é?

O rapaz era novo na equipe Tardis, pouco conhecia sobre o universo e suas galáxias, sobre outras civilizações fora do planeta Terra. Caro viajava com o Doutor há mais tempo e já estava acostumada com certas surpresas que não se assustava mais quando encontrava algo diferente. Mas Ji Yong tinha apenas viajado uma vez, e se deparou apenas com ciborgues que queriam dominar a Terra num passado longínquo.

— Ah, sim – o Doutor começou a tagarelar – ele deve ser alguma espécie alienígena, não tive tempo de escaneá-lo, mas acredito que não seja daqui. Agora, voltando àquela criatura... ela também não é daqui. – Ficou um tempo em silêncio, aflito e sério, depois voltou-se para Ji Yong com um rosto mais amigável. – Ah, essa é primeira vez que você encontra um alienígena, né? Bom, fique tranquilo, vamos resolver isso logo, logo.

Enquanto os dois conversavam, Caro bisbilhotava os cantos do quarto, procurando alguma coisa que pudesse ajudar, mas não encontrou nada além de sujeira. Foi quando seu nariz não a deixava mais ela em paz que disse para os dois:

— Acho que não vamos encontrar nada aqui. Essa pintura que vocês falam, será que alguém não conhecia o artista, e possa nos dar alguma pista do por que ele pintou aquilo? Não adianta ficar nesse lugar enquanto Moz está sumido.

Os meninos pararam de falar e olharam-na atentamente. Seu rosto ainda não estava como o normal. O Doutor gostava de dizer que Caro sorria com os olhos, mas aquele sorriso não aparecia desde que caiu naquele buraco. A perna machucada parecia irritá-la ainda mais, mas ela tentava esconder, pois não queria atrapalhar o passeio. Os dois acenaram com a cabeça e seguiram-na para fora do quarto.

— Deve haver alguém que conhecesse esse pintor/curador, talvez até o atual saiba de algo. – Caro começou. – Algum ator ou atriz ou qualquer um que traba...

— Por que vocês querem saber do antigo curador? – uma voz aveludada, um pouco trêmula, surgiu detrás dos três. Foi quando o Doutor deu um pulo com o susto que levou.

—EEaaahh!! De onde você surgiu?

— Eu estava ouvindo vocês conversarem. Por que querem saber daquele louco? – a voz era de uma senhora. Tinha por volta de 80 anos, estava vestindo um vestido de algum figurino de peça. Tinha um coque em seus cabelos cinza. Seu rosto demonstrava preocupação.

— Estamos tentando descobrir algo sobre o assassinato que aconteceu. – Respondeu Ji Yong - Nós queríamos saber mais sobre um quadro que ele pintou. Por que a senhora o chamou de louco?

— Ele nem sempre foi louco, era um homem sensato e muito sério. Mas quando sua filha pequena desapareceu por uma semana, ele fez de tudo para encontrá-la. Foi quando descobriu que ela estava no teatro todo o tempo, nos corredores debaixo do palco. Ela passara uma semana sem conseguir sair de lá. Foi um trauma para a menina.

— E como ela conseguiu sair?

— De acordo com o antigo curador, ele viu uma criatura estranha andando pelo teatro numa noite sem espetáculo. Ele seguiu-a até onde estava sua filha. Conseguiu resgatá-la e trazer de volta para cá. Mas desde aquele dia, ele não fora mais o mesmo. Começou a contar histórias dessa criatura horrenda que andava pelo teatro sem ninguém perceber. E a pequena Christine também contava de um homem verde que cuidou dela. E...

— Desculpe – Caro interrompeu a senhora no momento em que ouviu o nome da filha do curador. – A senhora disse Christine? Era a filha do curador?

— Sim, ela mesma. Acho que ela também não ficou muito bem depois do acontecido. Ninguém sabe ao certo a verdadeira história. Todos preferem ter outras versões a acreditar numa coisa dessas. – a senhora fez uma pausa, percebeu que os amigos estavam cruzando olhares. – Não sei o que vocês estão pensando, mas tem uma coisa que todos aqui do teatro acreditam: existe alguém, sim, que mora aqui e conhece tudo melhor que qualquer um. E é esse que vem cometendo esses assassinatos. Desde o incidente de Christine, cinco pessoas já morreram enforcadas, como o homem de hoje. Meu conselho, crianças, não façam nenhuma besteira.

— Obrigado pela história, senhora. – disse o Doutor, com o olhar sério novamente – mas acho que já nos envolvemos demais com ela.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.