"A história de um paciente é tão importante quanto os sintomas. Nos ajuda a decidir se uma queimação no coração é um infarte… se uma dor de cabeça é um tumor. Às vezes os pacientes tentam reescrever suas próprias histórias. Eles afirmam que não fumam, ou esquecem de mencionar certas drogas… o que numa cirurgia pode ser o beijo da morte. Podemos ignorar tudo isso que queremos, mas nossas histórias sempre voltam para nos buscar.

[…]

1 mês depois...

Se querem saber como finalizou e desenrolou a história de paparazzis parado em frente ao apartamento de Jilian comigo e Carlos Daniel saindo para compromissos e fomos fotografados, filmados, tudo bem eu respondo. Ou melhor, vou deixar que flashes venham e vocês ficaram sabendo...

TUdo começou ás 6h quando eu me levantei para tomar um banho e ir até o centro fazer o curso com Saul Juanes e nesse mesmo dia Carlos Daniel iria para Nova York filmar cenas de um filme, dar entrevistas... Ainda não, ninguém sabia de nós dois juntos apenas quem nos acompanhava no apartamento.

Ás 7h quando descemos para sair e abrimos a porta flashes entravam em nossos olhos invadindo tudo com muitas pessoas e perguntas, ele fechou a porta junto comigo seguramos ela e ele gritou "Merda" foi só o que conseguiu dizer, fiquei calada sem saber o que dizer ou fazer.

— Merda, merda, merda.

— Se acalme Carlos Daniel.

— Como me acalmar? Metade do México está parado em frente a porta do seu apartamento, vendendo neste momento nossas fotos na internet, programas, quer que eu me acalme? Desfaça isso, você pode? - Fiquei calada olhando sua reação, ele jogou seu casaco no sofá e mexeu em seu cabelo indo até a cozinha, Jilian desceu usando apenas calcinha e uma camiseta do Rolling Stones a banda de rock.

— O que aconteceu? Ouvimos gritos. - Ela me pergunta, apontei para o Carlos Daniel que estava na cozinha batendo no balcão. - Por que ele está assim?

— Há imprensas ai fora. Tiraram fotos nossas.

— Deixe-me ver. - Jilian se aproxima da maçaneta. E eu fico gritando para ela não abrir a porta, Carlos Daniel sobe as escadas depressa para ter uma melhor visualização de quantos paparazzis estavam lá fora. E logo desce, Jilian abre a porta usando apenas aquelas roupas com o rosto de sono ainda e me escondo atrás da porta.

— Quem é a senhorita? — Ouço alguém perguntar a Jilian.

— Jilian Rose e quem é você?

— Meu nome é Laura Sodi sou jornalista do programa Mañana, Hoy! Pode nos dizer o que Carlos Daniel Bracho faz aí dentro?

— O que, Carlos Daniel está aqui dentro? - Jilian retruca a pergunta.

— A senhorita não sabe quem é Carlos Daniel Bracho?

— Sei sim idiota, ele é meu tio. - Jilian responde e fecha a porta, eu me sento ao chão e jogo a bolsa longe não iria conseguir ir pro curso hoje, depois de um tempo Carlos Daniel volta para a cozinha e pergunta o que Jilian disse ela responde e ele agradece era uma boa resposta.

— Tá... Mas, e eu? O que eu faço agora? - Pergunto e logo Mark desce as escadas e vai até nós na sala, ele encosta na escada.

— O que aconteceu? - Ele pergunta, Carlos Daniel se vira muito nervoso e fecha o punho eu percebo e seguro seu braço o afastando.

— Mark, você disse algo para algum amigo sobre Carlos Daniel estar saindo comigo ou estar aqui no apartamento? - Pergunto e Jilian interfere.

— Claro que não, estive com ele o tempo todo, ele não disse nada. Foi culpa do seu namorado não ter tomado cuidado por onde anda. - Jilian responde, e eu me estresso.

— O que? Carlos Daniel vem de boné e óculos todo dia, e nunca houve nada, mas quando Mark aparece de repente no dia seguinte tem vários paparazzi aqui em frente.

— Ele não disse nada Paulina, está sendo ridícula.

— Não estou. Você está. Começou a atacar Carlos Daniel para defender Mark.

— Se acalmem as duas. - Mark nos diz, Jilian dá as costas e se senta no sofá balançando os pés nervosa. - Paulina, eu não falei nada eu juro. Eu sinto muito por isso tudo cara. - Mark se refere a Carlos Daniel.

— Desculpe Mark, eu sei que você não faria isso. - Digo a ele, Carlos Daniel se vira e também pede desculpas a Mark pelo comportamento.

— Jilian pede desculpas. - Mark diz a ela que olha nervosa para ele.

— O que? Não. É típico da Paulina... Achar que todos são culpados menos o namorado rico dela. - Não respondo nada, me viro para Carlos Daniel que segura minhas mãos sem saber o que fazer, ele estava atrasado para ir até o aeroporto e eu pegar o trem para fazer o curso. - Desculpe Paulina, são os hormônios. - Jilian me diz depois de um tempo, não respondo nada novamente e dou somente um sorriso de canto para ela.

— E agora? - Pergunto a ele. Ele dá meia volta e liga para Marcus seu assessor que vá busca-lo. - Lina, eles não irão parar de incomoda-la, me diga... Quer assumir tudo para eles agora? Ou prefere inventar algo?

— Eu acho que... vamos inventar algo. - Respondo. E foi isso, tudo isso... Inventamos que eu era prima de Jilian de 3º grau e ele o tio dela foi visita-la, bom pelo menos foi isso o que passou na televisão e foi publicado.

Hoje faz três semanas que estou no curso de Saul Juanes felizmente estou me saindo muito bem, mas tenho medo pois desde então Carlos Daniel mudou um pouco comigo e eu ainda não sei o porquê direito. As câmeras pararam um pouco o foco sobre mim. No curso, conheci Estephanie, Ana, Emperatriz, Paulo e Daniel e formamos um grupo de trabalho que Saul pediu com um único objetivo: Fazer um bolo de quatro andares com muitos recheios porém tinha que representar algo do nosso país, para a minha alegria escolheram a tequila. Desde então nos reunimos no apartamento para fazer o bolo. Todos os dias a tarde vou até a casa de Carlos Daniel alimentar Finn.

Novamente, faltando ainda um mês para ele voltar e conseguiu uma folga ele voltou para me visitar, estava chovendo muito no dia, estava guardando o desenho do bolo que prepararíamos e a campainha tocou, Jilian e Mark estavam no quarto desde que começaram a namorar vivem juntos. Atendi a porta e para a minha surpresa era ele, Carlos Daniel, nos abraçamos. Ele entrou e eu peguei uma toalha para ele se secar pela chuva que o molhou totalmente.

— Como você está? - Pergunto e me sento ao seu lado, ele me beija e me aperta, quantas saudades sentia dele. Antes que ele pudesse falar comigo a campainha novamente toca. Me levanto achando estranho ter tocado novamente, mais estranho era a pessoa que estava na porta. - Senhora Jones? - Era a mãe de Ian que me abraçou ali na porta e pediu para entrar, ainda chocada com quem era, deixei que entrasse pedi para ela se sentar e fechei a porta, ela olhou para Carlos Daniel e o cumprimentou se sentando ao canto do sofá. - Quer um café, um chá, alguma coisa?

— Não meu amor.

— É... Senhora Jones esse é Carlos Daniel. - Os apresento, ele se levanta para cumprimenta-la.

— Prazer... Só passei porque... Bom, eu encontrei fotos e bilhetes do Ian e gostaria que ficasse com você. Estavam na casa de minha mãe no interior e acho que ele gostaria que ficasse com você. - Ela me diz e entrega os nossos bilhetes que trocávamos, os observo e agradeço a ela. Quanto mais eu tentava seguir em frente, mas o fantasma de Ian me assombrava, ela se levantou novamente e se despediu abrindo a porta e indo embora. Foi tudo tão esquisito, tão rápido que custo a acreditar ter sentido a presença de Ian ali naquela sala. Para ela ter descoberto o endereço, meus pais contaram a ela.

Coloquei os bilhetes na mesa do centro da sala e me sentei observando aquilo, meditando sobre tudo o que estava acontecendo, Carlos Daniel me chamou uma vez e eu desatenta não respondi.

— Paulina? - Ele me chama novamente, olho para ele. - Você está bem?

— Estou... É só que... É surreal, sabe? Ver a mãe de Ian aqui na sala do apartamento que vivo agora, é como se ele não me deixasse seguir em frente.

— O que vai fazer agora?

— Eu... Não sei. Vou guardar os bilhetes, eu acho. - Respondo e encosto no sofá, Carlos Daniel me puxa para mais perto dele e me abraça, não conseguia ficar normal, parei de abraça-lo subi e guardei os bilhetes no sótão.

Paola...

Fomos ao hospital novamente e Douglas estava liberado para fazer sexo, mas depois de tudo nós ficávamos olhando um ao outro e eu ainda estava envergonhada, desde que ele ficou um mês sem poder fazer sexo, nossa vida se resumiu a maratonas intermináveis de The Walking Dead, Gotham, Bloodline. Engordei 3kgs desde então.

Ele queria fazer sexo e eu ainda estava assustada, pedi a ele que parasse me deitei de lado, e ele foi chegando de fininho perto de mim e sem querer novamente o machuquei, batendo a cabeça em seu queixo.

— Porra Paola, de novo? - Ele grita.

— Me desculpe. - Respondo, desço e pego um pouco do gelo para ele, volto para o quarto e dou a ele que se deita e apoia o gelo no queixo. - Eu vou dormir no outro quarto, é melhor.

— Por que? - Ele pergunta e retira o gelo colocando na cabeceira.

— Eu não sei o que acontece, quanto mais eu quero ficar com você, mas você se machuca. Eu quebrei seu pênis, eu comprei rolinho primavera estragado, eu acabei de te machucar. Tenho medo de fazer algo e machuca-lo novamente.

— Paola, me escuta.

— Não se aproxima muito. - Respondo.

— Cala a boca. Eu te amo, e o fato de você ter feito tudo isso não diminuiu o meu amor por você. Eu quero estar com você, não acho ruim nada do que houve, ao contrário podemos dar risada disso. Meu pênis funciona normalmente, tenho ereção, mijo ele funciona ainda. Nunca mais compraremos comida chinesa naquele restaurante sujo e tomarei mais cuidado agora quando chegar escondido atrás de você. Mas, não fique com medo.

— Tudo bem, agora você pode chegar mais perto. Me beija! - Respondo a ele, que me agarra e me prende na cama me beijando...

Paulina...

No dia seguinte quando Carlos Daniel foi até sua casa para ver o cachorro Finn, Jilian levantou bem cedo e foi visitar sua tia Rosie novamente, Mark foi trabalhar na mineradora e eu fiquei sozinha no apartamento. A livraria desde então era cuidada por Jilian mas hoje ela não iria abrir, lavei o meu carro - jamais usado - e depois não fiz mais nada durante o dia todo.

Sem ter o que fazer em casa, fui ver Carlos Daniel que logo voltaria para Nova York, a porta estava aberta, Finn dormia. Adentrei, mas não tinha ninguém, chamei uma vez e não ouvi nenhuma resposta, fui andando até o seu quarto, e antes que entrasse com a porta entre aberta vi uma mulher alta, morena, magra e muito linda sentada em sua cama e o pior de tudo era Carlos Daniel que estava de toalha no quarto, não era Leda... Jilian mostrou uma foto dela depois que pesquisou no google. Abri a porta e olhei para os dois fingindo não saber que tinha alguém ali.

— Desculpe. - Respondo e saio correndo da casa dele, a moça se levantou e Carlos Daniel de toalha correu atrás de mim.

— PAULINA, ESPERE.- Ele grita e logo me puxa antes que eu abrisse a porta para sair.

— Eu não devia ter entrado assim, me desculpe. Mas, quem é aquela mulher feia e magrela sentada a sua cama? - Pergunto no meu momento de estresse.

— Aquela mulher feia e magrela, é Valentina minha irmã... Chegou de Chicago hoje de manhã para me visitar. Desde que você saiu nos noticiários, minha mãe quis saber quem era e então mandou Valentina aqui para saber. - Ele respondeu segurando a toalha, coloco a mão no rosto pela vergonha. E ouço passos atrás dele.

— Então, você é Paulina Martins? - Valentina pergunta e estende a mão para me cumprimentar? Estendo a minha também.

— Me perdoe por aquilo. Por favor. - Peço a ela.

Paola...

Depois do sexo que fizemos ontem, com certeza estávamos mais próximos e fomos trabalhar hoje, já fazia três semanas que entrei na empresa. E para a minha surpresa hoje, um novo funcionário entrou - Jack Rivers - O inglês que sempre foi apaixonado por mim, fiz de tudo para Douglas não o ver, pois Jack Rivers ficaria no meu departamento.

Paulina...

Depois que a irmã de Carlos Daniel saiu da casa dele a noite pedi perdão a ele que dava muita risada de mim, ele ria tanto por eu ter falado mal da irmã dele.

— Não ria.

— Por que? - Ele pergunta.

— Ela é linda, magra, alta. Se você me traisse com ela eu devo sentir ciúmes, e falar que ela é feia e magrela... - Respondo a ele que me puxa para mais perto dele e me beija.

— Quer namorar comigo então? - Ele me pede e toma um gole do vinho que havia aberto.

— O que?

— Namora comigo.

— É... Tá... - Respondo. - Preciso ir. - Complementei.

Jilian...

Ainda não havia contado a Mark que estava grávida, e havia engordado 5 kgs nas últimas duas semanas, e eu comia mais brócolis e cenoura do que tudo, estava apaixonada por Mark, mas tinha medo ainda. Visitei minha tia Rosie, recebi uma ligação de Marta a moça que cuidava de minha tia dizendo que ela não comia direito então passei a tarde inteira com ela.

Quando cheguei tomei um banho e logo Mark chegou também, eu liguei para Paulina e pedi que ela comprasse umas calças de tamanhos maiores para mim porque suspeitava que logo alguma calça iria estourar pelo meu bebê, e o pior aconteceu...

— Você está grávida? - Mark me perguntou, havia deixado a porta aberta e ele adentrou e foi até o meu quarto, desliguei o celular na hora e olhei assustada para ele.

— Mark... - Digo seu nome.

— Por que não me disse? - Ele perguntou. Não respondi nada, joguei meu celular na cama e me aproximei dele. - O filho é meu? - Ele pergunta.

— Não. - Respondo. Mark ficou tenso não me respondeu mais nada, apenas saiu do meu quarto e foi embora. Sentei na cama e comecei a chorar, não queria que ele fosse, não queria perder Mark. Não queria ficar sem ele.

Paulina...

Antes de ir embora, Carlos Daniel me puxou e perguntou se eu realmente queria namorar com ele, me sentei na escada dele observando seu cachorro.

— Tenho medo.

— Não tenha.

— É fácil falar. Tudo o que estamos vivendo, eu vivi com Ian e ele não está mais aqui.

— Eu estou.

— E eu quero namorar com você.

Algumas pessoas acreditam que, sem história, nossas vidas se resumem em nada. Em algum momento, temos que escolher: regredimos ao conhecido, ou damos um passo a frente a algo novo? É difícil não ser caçado pelo nosso passado. Nossa história é o que nos dá forma… o que nos guia. Ela ressurge de tempo em tempo. Então, temos que lembrar que às vezes, a história mais importante é a que estamos fazendo hoje.”