"Ao final do dia, quando tudo termina, tudo que a gente mais quer é estar perto de alguém. Então essa coisa onde a gente mantém distância e finge não importar com os outros é geralmente besteirada. Então nós escolhemos aqueles que queremos permanecer próximos e, uma vez que escolhemos tais pessoas, tendemos a manter contato. Não importa o quanto machuquemos elas – as pessoas que ainda estão contigo ao final do dia, estas são aquelas que vale a pena manter.

[...]

Eu não preciso saber muito da vida pois ainda tenho 18 anos mas sei que Jilian errou em ter voltado com Joe, e me chame de pessimista, inimiga, invejosa ou mal amada... Se ele realmente a amasse não teria a largado grávida sem dinheiro para se manter sozinha e foi viajar e já está de volta na cidade, não a avisou e por um encontro repentino BUMMM... Voltaram!

Quando Jilian me contou que havia voltado com ele não fiz perguntas que sabia que ela odiaria responder já que aquela altura do campeonato estávamos nos dando super bem.

— Como aconteceu? - Pergunto, olho para ela que não conseguia tirar o sorriso do rosto. Ela mexia em seus dedos como se fosse uma criança pedinte a doces.

— Sai do asilo e ia vir para fechar a livraria com você. Mas, ao caminhar passei pela loja de discos e o encontrei. Está trabalhando lá agora, me disse que decidiu voltar para cá pois assim que se estabelecesse ele iria vir atrás de mim e juntos criaremos nossos bebê. - Jilian diz e passa a mão em sua barriga. - Estou tão feliz Paulina! Enfim, conversamos por um tempo e eu fiquei esperando a loja fechar como ele pediu pois queria conversar comigo. E então, nos beijamos. Assim do nada! - Ela complementa. Dou um sorriso a ela que não consegue disfarçar tamanha felicidade. E depois de um tempo se levanta e saí do meu quarto para tomar um banho e ir dormir. Pobre Jilian!

Foi uma noite longa, tentei dormir mas cada vez que fechava os olhos eu via Ian e Carlos Daniel brigando, ou então via Carlos Daniel se afastando de mim por conta das viagens que ele fazia e poderia causar danos ao que estávamos tendo ali. Na verdade, eu não sei o que tínhamos. É uma relação? É algo realmente sério? Devo preocupar-me com datas? O que não poderia ser pior... Eu não estou pronta para um relacionamento, porque tenho medo do abandono, da morte, tenho medo... Medo do amor.

Paola...

Me levantei da cama com o edredom enrolado ao meu corpo e corri para o banheiro e peguei um roupão que tinha ali de Douglas. Me segurei para não sair do banheiro. Mas foi inevitável, bateram na porta.

— Douglas vá embora! Não quero ficar mais constrangida com sua mãe. - Eu digo sem abrir a porta, estava tentando me recuperar do susto ainda.

— Abra! É a mãe dele. - Era a Thalia, mãe de Douglas. Lentamente abro a porta e não faço contato visual com ela. - A vida sexual de vocês é sempre assim? - Ela pergunta e encosta na porta.

— Não senhora. - Respondo segurando o roupão.

— Ora... Não precisa disso. Olhe para mim. - Ela me pede, ainda segurando o roupão olho para ela com muita vergonha. - É normal jovens quererem fazer tanto sexo, ou inventar coisas novas para apimentar a relação. Acredite, eu já tive essa idade com meu ex marido, o pai de Douglas. - Ela responde eu dou um sorriso de canto. - Se troque e me encontre na sala. - Ela me pede, assim que sai de seu quarto, eu saio do banheiro e corro pegando as roupas e as vestindo. Já era noite e provavelmente se eu ligasse para Paulina ela iria achar mal, e se eu ligasse para Adelina seria pior. Então devo arriscar na minha irmã.

"Paulina?" - Pergunto.

Papai e mamãe estão bem? - Paulina pergunta.

Sim.

Adelina?

Sim.

Douglas? Lalinha? Um de seus amigos?

Todos bem. Não sei Douglas, mas...

O que é fugiu de casa novamente? Por que você está me ligando a essa hora Paola?

Estou na casa de Douglas... E eu queria fazer uma surpresa a ele. Não sei, foi impulso, então comprei umas lingeries com Lalinha, e ela me disse que homens gostam de novidade.

E...? - Paulina pergunta ainda sonolenta, ela sabia ser bem má quando fazíamos algo que ela não gostasse, do tipo... Acordar ela de repente.

Preparei uma surpresa a ele e fiquei nua esperando ele chegar do trabalho. Eu estava com saudades... Mas, acontece que quem apareceu aqui com ele... Foi a mãe dele, e ela me viu nua. - Eu respondo a Paulina que pelo entusiasmo gostou do que ouviu.

Não acredito! Bom, me conte mais depois porque do jeito que você está cochichando sei que está escondida. Então, o que quer exatamente?

Não sei o que falar para ela. Ou como reagir.

Tente reagir naturalmente. Como se você fosse conhece-la mesmo pela primeira vez, esqueça o que houve. Tente ser você mesma. E tente não falar muito também. - Paulina desligou o celular e me deixou falando sozinha.

Me levantei e caminhei até a sala e tentei agir naturalmente. Douglas estava conversando com a mãe ao sofá, me aproximei e Douglas segurava a risada. - Sente-se minha filha. - Thalia me pede e eu me sento ao lado de Douglas, ele passa sua mão em minha perna e Thalia diz ao filho que deseja tomar suco. E assim que Douglas vai, ela se aproxima de mim ao sofá.

— Sei que disse que isso é normal. Mas, não quero mais comportamentos obscenos como esse na casa do meu ex marido. Não que Douglas e você não possam fazer sexo, mas arranjem um lugar para morarem. - Thalia me pede.

— É isso o que estamos tentando fazer. Só que meus pais ainda não me querem longe deles. - Respondo.

— Se vissem o que eu vi. Iria entender que não é mais uma bebê.

Paulina...

Me levantei bem cedo, mas não iria abrir a livraria naquele dia, então voltei a me deitar, mas não conseguia dormir, rolava de um lado para o outro na cama. Peguei meu celular e não havia nenhuma mensagem ou ligação perdida de Carlos Daniel. Decidi levantar, desci e preparei um café para tomar com Jilian, e logo depois ela desceu e então tomamos o nosso café.

Depois disso eu achei que ela iria sair, mas não... Lavei a louça e comecei a arrumar a cozinha. - Vou ajudar. - Ela disse e foi para o andar de cima limpando. A tarde quando acabamos tudo o que tinha para fazer, a campainha toca, eu abro a porta correndo achando que era Carlos Daniel, mas não. Era Joe, o convido para entrar, ele traz em sua mão duas rosas.

— JILIAN, VISITA! - Eu grito. E logo me sento ao sofá. - Senta aí. - Eu digo a ele e me arrumo. Nós dois ficamos olhando para cara um do outro sem ter muita coisa a dizer e então Jilian desce, linda. Usava um vestido (preto) e juro que ela deve ter tentado, mas ainda assim usava seu all star. Arrumou o cabelo e passou um delineador e destacou os olhos com rímel e a boca de batom. Joe a viu e entregou as flores.

— Não me espere. - Ela sussurra a caminho da porta, eu dou risada e concordo. Subo e tomo um longo banho pelo cansaço. O telefone toca e eu desço rapidamente para atende-lo. É Paola.

"O que foi? Está tudo bem?" - Eu pergunto a ela que por sua voz está triste.

Não... Não estou muito bem. Briguei com Douglas. Posso ir aí?

Claro que sim.

E logo desligamos o telefone, subo para me trocar. Coloco o meu pijama, não fiz nada de útil o dia inteiro, me sento e ligo a televisão. Está passando um filme romântico, e por eu só conseguir pensar em Carlos Daniel, e achando clichê aquela situação, pensei "Por que não?" e estando ali embaixo do cobertor assistindo ao Diário de Uma Paixão, a campainha toca, me levanto e deixo o filme no modo mudo. Abro a porta.

— Ah meu Deus! - Eu digo toda surpresa a porta ao receber Carlos Daniel. - O que faz aqui? - Eu digo e logo pulo em seus braços o abraçando e apertando.

— Pedi para passar a noite aqui na cidade. - Ele me responde me abraçando forte também. Quando me solta, ele passa sua mão em meu rosto. E então, me dá um beijo. Ele me traz para mais perto dele e sinto sua respiração quente, agarro em seu corpo e ele segura em minha cintura, porém logo sinto sua mão em minha nuca.

— Só vai passar a noite? - Eu pergunto e logo me afasto dele, segurando sua mão o trago até o sofá.

— Só. Devo ir para Portugal amanhã. - Ele responde se sentando ao sofá. Fico ali ao seu lado, agarrada junto a ele que apoia seus pés na mesa de centro da sala e eu também apoio.

— Quer alguma coisa? Suco, cerveja? - Eu pergunto.

— Cerveja seria bom. - Ele responde. Eu me levanto e vou até a geladeira pegar para ele. Logo a campainha toca. - Está esperando alguém? - Ele pergunta. Penso um pouco.

— Sim, minha irmã. - Eu respondo e levo a cerveja para a sala, Paola entra cumprimenta Carlos Daniel e se senta retirando seu casaco, volto a cozinha e trago sorvete a ela que come quieta.

— Você deveria ajudar sua irmã. Vá! - Carlos Daniel me pede e toma um gole da cerveja. Me sento perto dela apoiando minha mão em sua perna, ela coloca o sorvete na boca e começa a chorar.

— Foi horrível Lina. A maior vergonha, e assim que a mãe dele saiu ele ficou zangado por eu ter tentado fazer uma surpresa. - Paola me diz, eu tiro o sorvete dela, que já estava acabando.

— O que houve? - Carlos Daniel pergunta. - Se é que posso saber. - Ele complementa, encosta ao sofá e fica com a cerveja em sua mão.

— Paola ficou nua na casa de Douglas e a mãe dele a viu daquele jeito. - Eu digo a ele e volto minha atenção a Paola. Que chorou e não me contou direito o que houve.

— Mandei ele pro inferno e saí de lá, fui para a mansão e papai e mamãe estavam ocupados demais conversando sobre empresas, Adelina estava na casa do neto. O melhor lugar para mim, é aqui. - Paola me disse, e logo pegou ao sono, dormiu no sofá. Carlos Daniel deixou a cerveja sob a mesa de centro e então me puxou para mais perto dele.

— Paulina. - Ele me chama. Olho para ele.

— Para por favor! - Eu digo e me afasto.

— O que? - Ele pergunta e dá um sorriso olhando para os meus lábios.

— Você fica me olhando desse jeito... Como se sonhasse comigo nua. - Eu brinco.

— Como se fosse inapropriado. - Ele responde. - Mas, me escute. - Olho para ele novamente. - Eu quero sair com você. Um encontro de verdade. - Ele me diz e me puxa para mais perto. - Quer sair comigo?

Dou um beijo nele que me olha desejando mais um beijo. - Isso é um sim? - Ele pergunta, e eu concordo. Prestes a nos beijar mais, a porta se abre e Jilian entra se sentindo mal.

— O que foi, cadê Joe? - Eu pergunto a ajudando se sentar. Carlos Daniel fecha a porta.

— Me senti mal, e Joe foi a farmácia comprar algo. Mas, ele demorou muito e eu vim para casa. - Jilian diz e se senta. Dei um remédio a Jilian para dor de cabeça e não sabia se podia pela gravidez. Carlos Daniel pega seu casaco e diz que precisa ir embora pegar o avião.

— Não devo demorar. - Ele me diz e logo me dá um beijo. Nossos olhos se cruzaram e nos aproximamos lentamente e então nossos lábios se cruzaram, ele mordeu meu lábio e deixei que sua língua passasse. Não podia conter a alegria de estar com ele e a tristeza por o ver partir. Parece que aquela noite não era para ser nossa. O vejo saindo, ele olha para os lados e entra num carro escuro.

— Obrigada por ficar comigo Paulina, me desculpe estragar sua noite. - Jilian me diz deitada ao sofá e Paola do outro, cubro Paola e me agacho perto de Jilian.

— Não tem problema. Mas, me conte o que aconteceu. - Eu digo a ela, precisava ouvir atentamente. E então, naquela noite, Jilian chorou para mim. Chorou porque o homem que ela amava a largou pela segunda vez.

"E, claro, às vezes próximo pode ser próximo demais. Mas, às vezes, aquela invasão de espaço pessoal pode ser exatamente aquilo que você precisa.”