O Diário Secreto de Anna Mei

Um Pouco de Grude – Fique Comigo


Cruzamos quase a cidade toda, e eu quase dormi. Como não dormir? Estou sentindo cheiro de lavanda, e parece que estou abraçando um ursinho de pelúcia, quase nem me importo com o balanço chato da bicicleta. Até que o cheiro de lavanda é interrompido por um cheiro inconfundível de sal.

O cheiro salgado aumenta e ouço aquele barulhinho peculiar... Ah, não me diga que...

– Está me levando à praia? – o solto de repente, fazendo-o desequilibrar um pouco. – À noite?

Eu deveria saber, ele é um assassino, quer me matar e enterrar meu corpo na areia da praia, como sacrifícios em certas macumbas que eu não estou familiarizada.

– Se segure! – ele diz impaciente. Por que não grita “Me abrace” logo? Eu fui a coitada abandonada e você quem está carente? Isso parece meio errado. – É o seu aniversário, queria fazer algo... diferente.

Fico calada... ele quer me levar pra praia. Tudo bem, está de noite, não tem sol e tudo mais... mas eu não gosto de praia, só o vento salgado e o fato de que, a qualquer momento, uma onda gigante pode vir e afogar todo mundo, me faz sentir um frio na espinha.

– Já são quase dez horas – murmuro.

– Pelo que eu soube da sua mãe, você nasceu onze e meia da noite – ele para do calçadão – então temos tempo de sobra.

Não estou gostando disso. Vamos até a areia e eu vejo um guarda sol aberto sob uma mesinha, e tem alguém lá, uma mulher... acho. É bem familiar, apesar de eu conseguir ver apenas um ponto preto... Ah, é! Vejo muitos pontos preto, por isso estou achando familiar.

– Tempo? – resmungo, soltando um riso forçado – Tempo pra quê? Passou a semana me ignorando, até parecia que... – suspiro. Foi o que a Taylor quis dizer, não foi? Está me ignorando e... me jogou fora. Significa que...

– Não vou terminar com você – ele deixa a bicicleta num canto e coloca as mãos nos bolsos. – Até porque nem começamos nada direito.

Quê? Foi ele que chegou pra mim dizendo “Estamos namorando”, certo? Agora ele finge uma amnésia e me descarta como se eu fosse um pedaço de papel (higiênico) usado? Com a maior cara de nojo?

– Como assim, não começamos? – juro que vou relar a cara dele no asfalto se ele não parar de fazer essa expressão séria.

– Eu acho que não comecei adequadamente – ele sorri.

Ok, o sorriso dele pode ser um pouco... um pouquinho só... digamos... encantador e todo aquele mimimi tiete, mas eu sou incapaz de cair na dele. Não caio nessa! Tá bom, posso cair apenas por hoje.

– Estou estranhando tudo isso aí! – digo, cruzando os braços.

– Para de ser chata e siga o roteiro – ele faz uma careta – Eu vou ser delicado hoje, você já disse mil vezes, quero dizer – ele ri – esfregou no meu lindo rosto mil vezes que eu não sou delicado...

– E não é mesmo – retruco.

– Vou provar o contrário hoje – ele pigarreia, muda a careta e faz uma expressão séria e monstruosa e puxa a minha mão, colocando-a sobre seu peito – Sinta as batidas apaixonadas do meu coração, mulher! – ele faz um voz estranha e depois infla as bochechas.

– O que é isso? – não me seguro. – Teatro? Espere... seu coração não está batendo – digo, ainda bêbada com as risadas e dou um tapa no seu braço.

– Vamos dar uma volta – ele fica sério novamente, acho de dessa vez a coisa é séria mesmo, poxa, é legal quando tem brincadeirinhas. Mas só quando vem de mim. Bom , e agora? Se é sério o que vou fazer quando ficar nervosa? Se eu não fizer piadinhas eu vou estragar tudo dizendo alguma besteira séria.

– Hmm – começo, mexendo a mão que ele não está segurando. – Por que me trouxe aqui?

– Pensei que ia perguntar por que passei a semana te ignorando – ainda sério. Por favor, banque o idiota, esse silêncio é terrível.

– Por sua culpa eu saí coma Taylor! Ela conseguiu me deixar ainda pior, mas... – mas o quê? – Até que foi legal – Ah é, ela gosta do Elliot, céus, preciso contar pra alguém! Esse alguém não é o Dennis, óbvio.

– Escute, amanhã eu explico tudo – Dennis vira e segura meus ombros – Por hoje, apenas siga...

– Seguir o roteiro, tá, beleza – digo.

– Acho que já está na hora – ele diz em voz bem alta puxa minha mão novamente. – Vamos lá.

– Quê? – Sinceramente, não estou entendendo mais nada. O que aconteceu com, tipo, todo mundo?

Ele me leva pra perto da tal mesinha que eu tinha visto, só que a sombra preta familiar não está lá. Ficou atrás de mim e tapou meus olhos com as mãos (lógico, ele ia tapar com o quê mais? Com os pés?).

Pude ouvir a musiquinha familiar logo em seguida, “Parabéns pra você” o clássico, cantado por um monte de gente e, sinceramente, muito desafinada. Não que eu seja uma cantora excelente, porque eu não sou.

Quando Dennis faz o favor de tirar suas mãozinhas geladas da minha doce cara eu posso ver o povinho conhecido, Lo, Matheus, Kat, Elliot, Ellie, meu irmão Lukas nariz de sanguessuga, meu irmão Júnior cabeça de melão, Mandy, Bolota (eu tenho que me acostumar a chamar ele de Pedro, mas não dá), Gabriel, Tyler, Taylor e... tem mais uma pessoa, só que...

– Anna! – ela voa em cima de mim. – Que saudade, que saudade, que saudade!

– Hanna? – digo, assustada. – Quando você chegou?

– Faz um tempinho, Dennis não me deixou ir te visitar quando eu cheguei – ela faz biquinho. – Se não eu realmente teria ido.

– Eram três da manhã – ele retruca, nos separando.

– Deixe de ser estraga prazeres! – Hanna me puxa novamente. – Eu tenho um presente pra você.

– Sério? – pulo. Ninguém me deu presente hoje, finalmente. Eu podia até dizer “não precisava” só por educação, mas não vou fazer isso, é óbvio que precisava, né? É meu aniversário.

Ela me entrega uma caixa, lá tem um vestido azul claro com mangas curtas, saia solta com alguns detalhes em branco. Parece bem chique.

– E tem sapatilhas combinando, veja! – ela me dá outra caixa com sapatilhas azuis. Chiques também.

É tudo muito perfeito. Eu amo azul. Existe cor mais perfeita?

– Eu comprei na França, vi numa vitrine e pensei “É a cara da Anna”, o seu aniversário é só um pretexto, eu iria te dar o vestido mesmo que não fosse – ela sorri.

– Hmm, eu trouxe bolo – Mandy diz, num canto.

– Alguém disse bolo? – quase jogo as caixas pro lado. Fala sério! Quem precisa de vestidos chiques quando se tem bolo? Bom, não era tão educado falar isso na frente da Hanna, então preferi encher a boca de bolo mesmo.

Todo mundo ataca o bolo na base de colheradas mesmo, ninguém ia esperar alguém com boa vontade cortar e sair distribuindo um por um, ia?

Depois de comer o povo veio me desejar feliz aniversário (isso, DEPOIS de comer) bom, também riram muito da minha roupa toda manchada de graxa e do meu cabelo que não reagiu bem ao ar salgado, Dennis os expulsou de lá, pareceu bem engraçado, mas eu senti que tinha alguma coisa estranha no ar, e não era sal.

– Preciso falar com você – ele me olha, ficando sério.

Essa é a frase mais tensa já inventada, você começa a pensar em todas as besteiras que já fez e tudo fica mais tenso do que deve ser. Ai, credo, pra quê tanto drama? Justo no meu aniversário, não dá pra esperar até amanhã, não?

– Então fala, ué – como o restinho do bolo, me segurando pra não lamber a travessa.

– Anna! – sinto outro abraço estilo Hanna – Preciso te abraçar, te bolinar, te jogar no juicer, fazer suco e depois beber e...

– Para com isso – Dennis puxa ela pra longe.

– Ah, é. Quem, no mundo, ainda usa juicer pra fazer suco? – ela continua tagarelando.

– Hanna – Dennis coloca o polegar e o indicador na ponte do nariz.

– Todo mundo sabe que a parte boa do suco é a polpa! – e o monólogo continua.

– Hanna – a coisa vai piorar, Dennis não está com uma cara nada boa.

– Mas não, a polpa da fruta vai toda pro compartimentozinho das polpas – ela faz cara feia. – E o que a gente faz com ela? Joga fora! Isso! Depois bebe o suco com gosto de juicer.

– Acabou? – ele diz, quando ela se cala.

– Quê? Ah, sim, já.

– Será que dá pra sair daqui? – ele diz, impaciente.

– Não quero – ela mostra a língua.

– Oh, não briguem por mim! – coloco as costas das mão na testa, interpretando bem aquelas donzelas em perigo... do século quinze.

– Fique quieta – Dennis me olha, é legal quando ele fica furioso. Ele fica bem descolado. Pena que, na maioria das vezes ele é um completo mané.

– Não diga pra Anna ficar quieta, seu monstrengo! – Hanna grita. Ela está bem diferente do que eu me lembrava. Os olhos azuis estão maiores, os cabelos estão mais longos e mais cacheados. Além da voz incrivelmente mais aguda. Ah, qual o problema da França? Ninguém lá pode ter voz grave, não? – Aposto que for você quem grudou o chiclete no cabelo dela!

Dennis suspira. Digamos que ela não acreditou quando contamos que foi a Taylor (“a ruivinha fofinha, mas não tão fofa quanto a Anna” como ela a chamou) a pessoa quem me fez cortar todo o meu cabelo volumoso.

– Não fui eu – ele diz pela milésima vez. – Será que pode me deixar sozinho com a minha nam... – ele vacila.

– Hm? – Hanna para e me olha. Eu devo estar com uma imensa cara de mula me perguntando por que Dennis não completou a palavra. – Estão namorando?

– Eu... – o que eu digo? O que eu faço?

– Não, não estamos – se ele pudesse mata-la já teria feito isso.

Dennis sai de lá e anda na direção da calçada, mas não antes de me olhar como se implorasse para segui-lo, eu até poderia fazer isso, mas tem uma loira aqui que não vê diferença entre mim e um urso de pelúcia fofo.

– Puxa... – ela sorri. Ainda bem que eu vim, adoro atrapalhar romances.

– Hanna, sua pata! – retruco.

– E o que é que eu fiz? – ela finge uma cara de indignação. – Tá bom, eu acho que ainda te amo, você é meu bebê, não posso entregar você assim de graça, ainda mais pro meu pseudo primo idiota.

– Eu não tenho três anos de idade, e mesmo que tivesse, não preciso de duas, três ou quatro mães – penso na Mandy e na Ellie... e talvez a Lo que sempre me trata como filha . – Só a dona Luiza já basta pra mim.

– Mas e se o Dennis tiver tentáculos? – ela arregala os olhos, de repente.

– Quê? – acabo de confirmar (pela milionésima vez) o cérebro da Hanna está se deteriorando e virando pó de flu.

– Ah, Anna – ela me abraça. – Eu estava com saudade.

– Eu também! – decido ignorar a loucura dela e a abraço também. Minhas mãos se enroscam naquelas molas amarelas que mais parecem miojo que cabelo.

– Vamos, eu vou te levar pro meu priminho querido – ela faz uma careta.

Pego minhas coisas e vamos até a calçada. Dennis está admirando alguma coisa nas mãos como o olhar vago, parece até que está fazendo um comercial de perfume. Hanna pigarra e ele esconde imediatamente a coisinha que olhava, pude identificar como uma caixinha de veludo azul.

– Eu acho que já vou embora, sabe – Hanna diz alto, visivelmente de propósito. – Boa noite, pra vocês. – Ela faz uma de suas caretas maliciosas.

Dennis, que estava sentado como um vendedor de palhacinhos assassinos, levanta, olha pra sombra da Hanna e faz uma careta.

– Cuide bem da minha Anna, moço – ela olha pra ele do mesmo jeito que uma rainha olharia para um bode, depois sai. Desfilando.

– Finalmente, achei que teria de enterrá-la viva na areia – ele senta outra vez. – e depois eu esperaria a maré subir. – o rosto dele ganha uma aura perigosa, a luz reflete nos olhos escuros e parece até que ele pode assassinar alguém a qualquer momento. Nunca se sabe totalmente o que as pessoas ricas fazem com seus inimigos que descem do salto misteriosamente...

– O que você queria me falar? – tento esquecer esses lances de assassinos e focar em algo menos... psicótico.

– Quer conversar? – ele solta um riso debochado. – Então vá pra sua melhor amiga Hanna e seja feliz.

– Hein? – paro e, em seguida, dou de ombros. – Tá bom. – faço menção de ir embora.

– Ei! – ele protesta. – Vai mesmo me deixar aqui à mercê dos malfeitores?

– Como você foi um menino mal a semana toda... – ponho a mão no queixo, pensando. – Sim, eu vou.

Ele bufa. Bufa bem devagar, como se estivesse com preguiça de bufar mais rápido, que é o normal, mas, convenhamos, Dennis não é o que se pode chamar de normal.

– Toma – ele estende a tal caixinha que estava olhando antes. Ele sequer me olha, estende a caixa olhando pra frente como se estivesse sendo obrigado a me dar aquilo, além do bico terrivelmente fofo... hmm, eu não tenho culpa se eu tenho aquela queda por asiáticos. Chato ou não, ele continua tendo essa aparência fofa e... ah, esquece, isso não vem ao caso.

– O que é isso? – fico olhando a caixa.

– É só um pedaço de lixo que eu encontrei no chão, achei que combinaria com essa sua cara de buldogue, então coloquei numa caixa bonita e estou te dando. Pegue! – ele fala tudo olhando para frente, quase como um robô.

Pego a tal caixinha e abro, tem uma pulseira prateada com vários pingentes com gatos esguios. Me lembram a Mimi.

– Mimi – deixo escapar. – Eu... Valeu, acho que esse “lixo” que você achou combina muito comigo. – estendo o pulso. – Coloca em mim.

– E por que eu faria isso? – ele levanta uma sobrancelha.

– Porque eu não consigo! Não tenho três braços ou algo parecido, vamos, pare de ser chato!

Ele suspira e coloca a pulseira no meu braço, ficou bonitinho, posso balançar a mão e os pingentes fazem um barulhinho de chocalho.

– Eu gostei, obr..., hmm valeu – sorrio, nervosa. Não tenho culpa! Dizer “valeu” é muito mais fácil do que “obrigada” tudo parece tão sério.

– Combinou com essa sua pele de cal – ele segura meus ombros e me olha seriamente. – Quer... quer namorar comigo? – pisco. O que foi isso agora? Não estávamos namorando antes? – Sei que posso não ser a pessoa mais bondosa do mundo, mas você me ama, todos me amam, eu sou Dennis Sakai! Como não me amar? – ele faz charme e eu automaticamente dou um tapa forte em seu braço.

– Eu podia até dizer não, seu chato! – cruzo os braços. – Mas claro, estamos falando do senhor Sakai, o molambento que, por um acaso, é filho do sócio do meu pai, como tenho que manter as aparências e, é claro, pensar no meu futuro financeiro – sorrio como uma mula, segurando uma gargalhada. – Eu aceito, nobre senhor.

Dennis não consegue segurar e explode em risos, enquanto eu continuo com a pose ridícula, mãos na cintura fazendo cara de senhora chique. Quando ele se acalma o celular apita, olho de esguelha pro relógio de parede que ele tem no pulso, são onze e meia, ele volta a segurar meus ombros e me beija calmamente. Foi aquele lance de beijo de meio segundo, mal deu tempo de piscar.

– Feliz aniversário, Mei – ele sorri.

Quê? O Quê?

– Me... me chamou de Mei? – arregalo os olhos até meus olhos se encherem com o vento salgado.

– Acho que já podemos ir – ele olha pro relógio.

– Espere, me chamou de Mei? Sem piadinhas ou algo parecido? – seguro seus braços.

– Chamei, ué – ele dá de ombros, se aproxima e sussurra no meu ouvido. – Prefere que eu te chame de Sra. Sakai?

– Quê? – pulo pro lado, assustada.

– Olha! Ainda funciona! – ele sorri. Lembro do dia em que ele dedicou seu dia me fazendo provocações enquanto jogávamos no vídeo game, automaticamente me fazendo perder várias vezes... foi um dia triste.

– Pare com isso! – dou um tapa no braço dele novamente. Dennis para de rir e me puxa para si, me abraçando forte.

– Mei – ele murmura.

– Quê? – tento não engasgas com os cabelos dele, mas o vento não colabora.

– Fique comigo – ouço ele sussurrar.

Sinto meu rosto esquentar. Ótimo, virei um pimentão. Mas... O que isso quer dizer? O que ele quer fazer? Desistir de tudo, entrar num ônibus e me levar pro planeta de onde ele veio?

Ele me aperta mais forte. Apesar de ser chato, parecer meio revoltado, Dennis é, na verdade, um garoto solitário... Que está me apertando muito.

Envolvo meus bracinhos de lagartixa em volta dele também e sussurro (com o rosto em chamas, claro).

– Vou ficar.

Daí o relógio dele apita. Acho que já são meia noite, já que... bom, considerando o horário que a gente veio e como tudo demorou um pouco eu acho que... ESPERA! MEIA NOITE?

MEIA NOITE!

– DENNIS! – o empurro bruscamente com o susto. – Temos que voltar! – puxo sua mão, acho que ele deve estar muito atordoado agora, então eu tenho que achar... Hein? Cadê a bicicleta? Gabriel levou? Alguém roubou? Bom, não quero parecer idiota, mas... Por acaso ela cansou de ser usada e fugiu sozinha? Que droga! Como vamos voltar pra casa?

Puxo a mão do Dennis e vamos correndo assim mesmo. Só paramos quando meu pulmão decide parar de funcionar direito e eu engasgo com a saliva e tudo mais, ao menos estamos perto de uma pracinha.

– Não aguento mais – digo, arfando, falando como se fosse uma velha idosa prestes a terminar seu ultimo croché antes de morrer.

– Eu não fui feito pra correr – ele senta do meu lado, colocando o peso sobre mim, me abraçando pelo ombro e colocando a cabeça sobre a minha.

– Que grude é esse? – pergunto.

– Fiquei uma semana longe, tenho todo direito de ser grudento.

– É, mas agora eu preciso de ar – tento me afastar, ainda arfando. – Não pode ser grudento outra hora?

– Não. – ele diz, na lata. – Teve uma semana inteira para aproveitar o ar. Agora aguenta.

– Não vai ser assim sempre, vai? – desisto de tentar tirá-lo de cima de mim.

– Não – ele infla as bochechas parecendo um pouco... fofo. – Eu ainda vou querer ser “Sakai, o chato insensível” aproveite enquanto eu estou sendo legal, não acontece sempre, sabe?

– Tá bom, seu chato insensível – murmuro, quando ele segura minha mão.

– Sinta-se honrada – ele resmunga. – Eu nunca mostrei esse meu lado pra ninguém. – ele sussurra, rindo.

– Ui, que privilégio, o meu – faço careta.

– Parece que os chatos e insensíveis se atraem – ele levanta uma sobrancelha.

– Ih, nem vem, eu sou legal! – digo enquanto ele se aproxima. – Sou o polo positivo.

– Tá, desde quando você é boa em física? – ele se aproxima mais.

E quando dou por mim já estamos nos beijando. Era calmo, mas dessa vez, foi lento e demorou uns... Não sei, ué! Não vou me ocupar contando o tempo quando tenho coisa melhor pra fazer, vou?

Só posso afirmar uma coisa. Durou muito mais que meio segundo. (Ai, quanto atrevimento da minha parte)!