Capítulo I

Dor... Fome, frio e sede... É tudo que este meu corpo consegue sentir. Mesmo entorpecido com drogas e substâncias químicas que queimam minhas veias, nada consegue apagar a dor.
Deitada no chão frio da cela mal cuidada aos poucos sinto que minha mente vai se apagando, são raros os lapsos de sanidade como esse onde consigo pensar com clareza.

Mesmo fora da maldita cela, consigo ouvir os bastardos discutirem a minha condição. Cobaia número 1009 é como gostam de se dirigir a mim.

Haha... Mesmo que não me digam isso, sei que não sobreviverei ao próximo experimento.

Já perdi as contas de quantos foram ou de quantos dias eu estou aqui.
Dias? Semanas? Ou seriam anos?

Odin, eu sei que este é meu último resquício de consciência. Minha mente não consegue suportar os horrores que sofri e que fui forçada a cometer... Logo já não serei eu mesma, me converterei em apenas uma casca vazia.

E mesmo assim, neste meu último lapso de consciência, eu só consigo ver os rostos daqueles que amo. Só consigo pensar no sorriso dele e nas vezes em que discutimos sem mais nem menos por motivos bobos.

Todo poderoso Odin me concederá a morte que tanto supliquei para ter?
Não morrerei de forma heroica, portanto não serei digna de entrar no salão dourado de Valhala

... Mas...

[???]: Por favor... — supliquei, minha boca tão seca quanto as areias do deserto, minha voz falha e quebradiça, lágrimas mornas manchavam meu rosto.

Ouço vozes... Gritos... Alguém me chamando... A voz dele me chamando...
Aaah sim... As alucinações estão de volta... Mas é tarde, sinto a escuridão puxar minha consciência, tentando salvar pelo menos uma parte de mim mesma.

A última coisa que ouço antes de abraçar a inconsciência foi a voz dele me chamando de tão perto que quase acreditei que fosse real.

— Rose!!!