Era ele com as mãos em meu cabelo, simplesmente virei-me para ele, ele se abaixou para ficar a minha altura já que estava sentada, e ele era bem mais alto que eu. O olhei e perguntei:

- O que foi?

- Nada

E estávamos próximos, bem próximos um do outro até que minha irmã abriu a porta, ela era tão inconveniente, porque não bater? Era meu quarto ela não tinha direito de entrar assim, ela nos olhou e com aquela voz fina e agudamente irritante disse:

- Vim pegar uns cremes seus emprestados, os meus acabaram e papai se recusa a atender-me naquele escritório

Deixei que levasse tudo, os cremes, o clima bom tudo, eu queria mesmo é fazer ela engolir cada gota daqueles cremes porém, minha integridade não permitira tamanha atrocidade.. com os cremes obvio! Eles não mereciam ser engolidos por Katherine, eles nunca fizeram nada de ruim a ninguém para eu lhes desejar tanto mal.

Fiquei com uma péssima expressão depois que ela saiu, ela me estressava acabava com minha paz, eu apenas me levantei e me joguei na cama, ele ficou assistindo sem nada dizer de meu show particular, então depois de me deixar acabar com Katherine mentalmente sentou-se a meu lado e perguntou:

- Gostava daqueles cremes?

Ele riu, sei que debochava de mim, ele sabia que não dava a mínima para aqueles cremes, respondi sarcasticamente:

- Adorava aqueles cremes ooooooh

Ele riu e disse:

- Imagino, vamos pegar seus estojos de maquiagem rosa e suas bolsas de pom-pom

Começamos a rir, entendi o que ele estava tentando fazer, percebi que realmente ele queria me ajudar a superar minhas mágoas mas não como ele dizia que iria fazer, mas de outra maneira só que ele fazia das duas, ele viu meu violão e pediu para que eu tocasse para ele, eu assim o fiz tocar sempre me fizera tão bem, e precisava ensaiar afinal ia participar do festival, comecei a cantar e quando percebi já era tarde então disse:

- Já é tarde, hora de você ir não é mesmo?

- Me expulsando? agora é assim

Comecei a rir, nem sabia o que dizer pois da maneira que falei com ele parecia isso, tentei buscar palavras para explicar então comecei meio embolada comigo mesma:

- Olha não é bem isso

- Não foi o que você disse

Ele argumentava bem demais, então disse o obvio

- Você entendeu

- Entendi, está me expulsando, ok então

Parei de agir com minha mente e agi nem sei ao menos com o que pensando por mim, só sei que falei:

- Não quero que vá embora, na verdade só falei isso porque acho que sua família deve estar preocupada, passou o dia fora

Ele começou a rir, percebi que novamente estava debochando de mim, sua finalidade com isso tudo era apenas fazer-me rir, se fosse sempre assim já poderíamos montar um show de humor, afinal eramos bons nisso, ele se levantou e deu um beijo em minha testa dizendo:

- Pare com suas explicações eu entendi, você é boa nos argumentos sabia

- Obvio que sei que sou boa, aprendi em minhas leituras que em uma guerra de argumentos sempre temos que buscar algum

Descemos as escadas e fui deixá-lo na porta de seu carro, fizemos as despedidas formais, mamãe que estava no jardim nos olhava, acho que esperava o beijo, eu vi em sua mão a câmera, estava virando-me para entrar quando ele me puxou, e sem nem mesmo um porque me beijou, fez a festa e mamãe para minha tristeza agora ela sairia a mostrar aquela foto o mundo, bem agora as amigas do chá das 17:00hrs de mamãe teria-me como assunto principal, não mudara muita coisa eu era o assunto antes por não ter um namorado, agora seria por ter um, era de mentira bem ou era pra ser nem sei mais se era de mentira realmente, eu estava entrando quando mamãe apareceu em minha frente eufórica exclamando com felicidade:

- Eu vi querida, vi o beijo tirei foto e tudo

Tive vontade de fazê-la engolir aquela câmera, como poderia uma mulher infernizar minha vida assim por nada, preferi nada dizer além de um "legal" se dissesse algo a mais toda minha felicidade poderia sumir com o vento, subi para meu quarto e deitei em minha cama com meus enormes fones no máximo e fui pensar em tudo que acontecia em minha vida. Lembrando de todos os momentos bons vieram também os ruins, decidi então que queria fazer sumir com o vento tudo de ruim da minha vida assim como o vento conseguia levar as boas teria de conseguir levar as ruins, abri meu armário e peguei todas as coisas que poderiam de alguma maneira me fazer lembrar do meu passado horrível de alguma maneira, levei tudo ao canto mais isolado do jardim e queimei, coloquei dentro de mim que aquelas cinzas eram meu passado que ia embora com o vento, decidi mudar comigo mesma, talvez minha personalidade estava escondida atrás das lágrimas que insistiam em escorrer, todas as minhas capacidades nunca haviam sido vistas por ninguém além de Isco, logo percebi que ele poderia me ajudar além das mágoas eu iria fazer ele levar também com ele o meu eu que o tempo montou com os acontecimentos, não era o meu verdadeiro eu, realmente percebi que não me conhecia.

Naquele dia de manhã saí bem cedo de casa para buscar Vick em casa buscá-la ainda era meu pretexto para ir até lá, mentir para mim mesma ainda não conseguia evitar, mandei uma mensagem o mandando estar no jardim a minha espera desci do carro ele estava lá com aquele enorme sorriso aberto para mim fui em direção a ele para podermos conversar ele abriu os braços com o gesto de quem espera um abraço eu assim fiz, o abracei além disso ele me deu um beijo e me levantou do chão colocando-me praticamente em seu colo, acho que me assustei essa hora, comecei a rir, então comecei a dizer antes que até esquecesse o que eu tinha para dizer a ele:

- Ontem a noite eu estava pensando que todos esses ressentimentos estão me consumindo, estão levando embora um eu que nem eu mesma conheço, mas quero conhecer, me ajuda?

Senti como se carregasse um enorme fardo pesado nas costas e alguém o tirasse me libertando daquele peso terrível, ele me olhava fixamente logo depois deu um sorriso, como se esperasse a tempos aquelas palavras e disse bastante animado:

- Pensei que nunca fosse querer se conhecer, eu ajudo sim com muito prazer

Eu sorri para ele igualmente, acho que iria perguntar-me algo mas fomos interrompidos por Vick com uma expressão sonolenta que nos perguntou um pouco alterada:

- Será que podem me explicar o que acontece aqui?