O Diario de Paulina Martins

Capitulo 5 : Da Raiva ao Amor


Novamente sinto o perigo a rondar-me, o Willy desconfia de mim ao ver-me tão fria com ele, Paola o tinha habituado a outros tratos que eu não penso lhe dar e ele não esta a gostar nada disso, acho que não esta habituado a que o desprezem, deve pensar que tem um charme indescutivel. Tento lhe mostrar desprezo, que veja que não me interessa, até deixei claro como a agua que não queria falar com ele, mas sei que não ficara quieto e terei que arranjar uma maneira para que se desapaixone de "mim" de vez e deixe de me perseguir. Não quero que descubra verdadeiramente quem sou e não penso que o fara porque não me parece ter inteligência para isso, ele so parece pensar com uma cabeça, e de certeza não é a que contém o seu cérebro!
No entanto, quem verdadeiramente me mantém alerta, é a Estephanie, ela tem a alma envenenada de odios e parnoïas e aproveita qualquer ocasião para arranjar problemas. Ela não gosta de mim, pensa que sou a Paola e tenho a certeza de que sabe que o marido a enganava com ela. Penso então que essa é a razão pela qual anda assim de luto, ela deixou de ser femenina refugiandose na sua amargura e na sua Biblia, nem sei se ela acredita verdadeiramente em Deus, porque uma pessoa que acredita na bondade Divina, não é assim tão amargurada nem deseja, e faz, tanto mal às pessoas. Ela da medo com aqueles vestidos pretos, aqueles grandes oculos- que nem sei se de verdade os necessita -, e aquele cabelo penteado daquela maneira com aquelas tranças enroladas... mais bem me fazem pensar no demonio do que numa religiosa. Sei que não se deve julgar as pessoas pela sua aparência, mas a sua aprência condiz com a sua personalidade e os seus actos. Penso que no fundo é boa pessoa e que nem sempre foi assim, mas ela estragou a propria alma com a ajuda do seu marido e da Paola, eles foram culpados de grande parte do apodrecimento do seu coração. No fundo ela da-me pena, é uma alma perdida que se apaixonou pelo homem errado. Willy deve de lhe ter prometido mundos e maravilhas e ela acreditou, quando o que ele de verdade queria era ter o seu dinheiro, ter uma boa vida não trabalhando e continuar a disfrutar da sua vida de solteiro mesmo tendo uma esposa em casa. Ela da-me pena, sim, mas isso não justifica eu deixar que ela envene Carlos Daniel contra mim, porque isso é o que ela tenta fazer constantemente. Como quando a vovo chamava por Paola aos gritos, eu me preocupo com ela pelo seu estado, sei que ela pensa que Paola era a sua aliada, a sua amiga, quando o que ela queria era a pôr quieta para poder ser a dona de tudo e contar assim com a aprovação da vovo. Pois bem, ela gritava por Paola para pedir que lhe desse o seu conhaque, eu recusava-me a lhe dar, sobretudo que Carlos Daniel me o proibiu, mas confesso que não pude resistir aos seus gritos e so lhe dei um copo, pensava estar a fazer o correcto e so foi um, foi apenas um copo! e foi o suficiente para se armar todo um escândalo.
Como era de se esperar, a Estephanie foi logo cuspir o seu veneno a Carlos Daniel que se atreveu a me levantar a voz para a grande felicidade dela. Mas não foi a primeira vez que ele me tratou mal assim porque quando aquela descarada da Paola se atreveu a telefonar para casa, porque ela telefonou! Carlos Daniel chegou tomandome por sorpresa, e ao ver-me assim, arrancou o telefone da minha mão, mas aquele demonio não se atreveu a falar e ele desligou. Não contente pelo que tinha feito, ficou desconfiado e cego pelos ciumes, agarrando-me então com força pelo braço para me obrigar a dizer com quem tinha falado, obviamente disse que ninguém falou, assim como tinham feito com ele. Não entendi o porquê de tanta furia, não tinha feito nada de mal para que ele me magoasse assim e me fizesse sentir tão pequena ao seu lado.
Ao dar-se conta do seu estado e do que fizera, logo se acalmou e se arrependeu, mas o mal ja estava feito e não o queria ver mais. Frente a ele sentia que perdia todas as minhas faculdades, com ele não sabia como actuar, nem como pensar.
Eu juro que jamais gritei com quem fosse, mas com Carlos Daniel perdia os estribos e lhe gritei como nunca fizera, Estephanie foi a culpada dessa nova furia dele porque lhe tinha contado sobre o conhaque que dei para vovo. Ele tinha entrado no meu quarto como um louco aos gritos, a Estephanie estava atras rindo hipocritamente, mandei os dois para a rua sem pudores ficando eu também furiosa, sera que naquela casa ninguém podia viver em paz?!
Ele logo veio como um cão com o rabo entre as pernas pedir perdão, não o queria perdoar, ele não merecia, mas ele também era outro que sufria por causa de Paola e eu também o estava a enganar, perdoei-o e deixei-me ser beijada. Ah... como me lembro daquele beijo e daquelas palavras...
"- Ja reparaste que desde que chegaste ainda não me deste um beijo de verdade?"
Quis resistir como sempre o fizera até então, mas dessa vez simplesmente não pude. Deixei-me levar pelo seu beijo suave e enlouquecedor, nunca antes tinha sentido algo similar e sentia-me tão perdida quanto como se estivesse num labirinto. Envolvida em seus braços me sentia transportada para outro mundo, sentia que flutuava, que criava asas, o meu corpo ficava tão adormecido que o unico que podia sentir era aquela lingua tão performante que devorava a minha boca. O mundo real deixava de existir para aparecer um mundo de magia e cores, um mundo de doçura e sensualidade. So podia sentir aquela lingua quente que rebuscava cada canto da minha boca, a sua boca era avida e a minha seguia o mesmo caminho, mas sentia que estava a trair a minha palavra quando disse a Paola que não me aproximaria dele. Além de que temia que Carlos Daniel visse no meu beijo que não era ela. Mas também era tão bom estar ali entre aqueles braços, que so podia corresponder àquele asalto.
O meu corpo ja não me pertencia, a minha razão tinha perdido todo sentido e a minha boca tinha ganho por primeira vez vida propria. Ja não conseguia controlar nada, nem a minha respiração, nem o meu coração. Era possivel morrer e voltar a nascer com um beijo? Acho que isso me aconteceu e agora me sinto outra mulher. A Paulina de antes estava a desaparecer e uma Paulina mais apaixonada estava a surgir, ou sera que esta sempre fora a verdadeira Paulina? O que sera que tanto irei descobrir nesta casa sobre mim e o meu futuro? Acho que o dia de amanhã nunca me pareceu tão inseguro e me causou tanto medo, sobretudo agora que a Lalinha me anunciou sobre um tal pintor que também era amante de Paola e que ela nem pensou em me falar sobre ele. Seguia sem entender como uma mulher casada e com filhos podia ser assim tão... tão... fora de série! O pior era que ele estava a ameaçar com sacar a verdade à luz e Lalinha o achava bem capaz de fazer isso. Se Carlos Daniel suspeitasse algo, não sei o que seria capaz de fazer, penso que cego pelo odio, seria capaz de o matar com as proprias mãos...
Eu simplesmente ja não sei o que fazer, todos os dias descubro algo novo sobre Paola e algo passa. Sera que nesta casa ninguém tem uma vida normal? E que não é so a vovo, a Estephanie, ou o Carlos Daniel, que têm problemas, Carlinhos é outro membro da familia que me preocupa, ele precisa de educação, de desciplina, ele sofre pela instabilidade que ha naquela casa e sr tornou numa criança medrosa e insegura. Se não tem o que quer, faz birra e fica nervoso até ao ponto de ficar doente. Carlinhos precisa de mim e ja o vejo como meu filho, e sinto-me uma mãe muito protectora quanto a essas crianças. Como qualquer criança, Carlinhos tem os seus medos e em vez de o ajudarem e lhe transmitirem confiança e segurança, querem lhe impôr regras fazendo-o ser ainda mais temeroso. No entanto, com ele sera mais facil lidar, com os outros membros é que podera ser mais complicado.
Carlos Daniel continua a me notar distante e não sei se o facto de me ter beijado mudara algo porque ele desconfia da minha "doença" e insite em que va ver outro medico. Tenho sido clara quanto ao facto de não querer ir mas sei que é uma cabeça dura e não se dara por vencido tão facilmente.
Ele tem uma maneira rão rapida de mudar de humor que me deixa desconcertada, tão depressa parece enervado, como a seguir me fala carinhoso e busca contacto comigo. As vezes ja nem sei como fugir dele, quando me abraça por tras e me aperta contra o seu peito, me sinto paralizada, os meus olhos se feicham e sinto melhor o reconforto que é a proteção dos seus braços. Sinto que me estou a perder num beco sem saida, sera que me estou a apaixonar? Algo assim não me é permitido, não seria uma pessoa integra se aproveitasse para roubar o marido de outra.
Sinto que tenho tantos problemas para resolver... que volto a ter vontade de fugir, de desistir de tudo, mas ja nem sei o que sera melhor para mim, para todos. Agora não se trata somente de mim, agora trata-se de toda uma familia.