O Destino nos une.

Me chamo Arabella


Me chamo Arabella.Quando minha mãe ainda me esperava nascer, ela teve um sonho que se tornaria uma lenda em nossa família. Ela caminhava pelos jardins do castelo, onde as flores desabrochavam em cores vivas e o sol derramava calor sobre as alamedas de pedra. No sonho, ela se deitou na grama, sentindo a carícia suave do sol em seu rosto.

Foi então que algo extraordinário aconteceu.

Uma gota de luz, como uma brasa de fogo celestial, desceu do céu em direção à sua barriga. Antes de tocá-la, essa luz transformou-se magicamente em uma pedra de carvão. Era como se o sonho estivesse revelando como eu seria quando finalmente chegasse ao mundo.

Assim que nasci, com meus cabelos tão negros quanto o carvão e os olhos castanhos dourados como os raios de sol, a visão de minha mãe foi confirmada. Eu era a manifestação da promessa celestial que o sonho havia antecipado.

Sob o manto dourado do amanhecer, o reino de Eldoria desabrochava em uma sinfonia de cores e vida. Cercado por vastas florestas e campos verdejantes, o castelo de Eldoria erguia-se majestoso, banhado pelos primeiros raios de sol que acariciavam suas torres antes de tocar cada vilarejo do reino. O calor matinal dançava com as sombras das árvores, criando um espetáculo que se estendia até os confins da terra.

Nasci sob esse céu generoso e fui criada nos jardins do castelo, onde as flores desabrocham em uma profusão de cores que rivaliza com o arco-íris. O verde exuberante dos campos se estende até onde a vista alcança, e o canto alegre dos pássaros se tornou a melodia que embala minhas memórias mais queridas.

Crescer em Eldoria foi como viver em um conto de fadas eterno. Os dias eram repletos de aprendizado nos salões do castelo, enquanto as noites eram preenchidas com histórias contadas sob o brilho da lua. Cada sombra nas muralhas tinha uma história, e cada pedra no chão parecia impregnada de séculos de magia.

Agora, no auge da minha juventude, vejo-me prometida a um príncipe cujo rosto permanece um mistério. As alianças reais eram seladas em cartas e promessas, e o noivo que me aguarda nas sombras é desconhecido, mas minha esperança permanece forte. A promessa de um amor que se desenrolará como as pétalas de uma rosa é a força que guia meu coração.

Enquanto caminho pelos corredores de mármore do castelo, sinto o calor do sol acariciar meu rosto através das janelas altas. Cada passo é um eco suave nos salões que testemunharam séculos de histórias reais. A alegria e a promessa de um futuro brilhante enchem meu peito, e a expectativa do desconhecido acrescenta um tempero emocionante à minha jornada.

Neste reino que é mais do que uma terra para mim, Eldoria é a extensão do meu ser. E enquanto o sol pinta o céu com tonalidades quentes, eu, Arabella, caminho rumo ao meu destino, envolta em tecidos leves que refletem a pureza do meu propósito. Este é o começo de uma história que ecoará pelos corredores do tempo, onde o amor, a magia e a beleza da vida se entrelaçam como fios de ouro.


Entretanto, essa sinfonia celestial começou a desafinar quando as trevas se aproximaram de nossa existência encantada. Recentemente, trós e ogros, duas facções que haviam sido desterradas para os recônditos mais sombrios de nossas florestas, formaram uma aliança sinistra. A paz que conhecíamos foi interrompida pelo eco perturbador de seus passos, que se aproximavam sorrateiramente dos vilarejos do reino.

Foi por esse motivo que meu pai escolheu como Senhor de Batalhas um feiticeiro chamado Castiel. Meu pai sempre fora heróico, desde jovem, mas agora, em uma certa idade, eu fiquei preocupada com ele indo para a guerra. No entanto, não preciso explicar o meu alívio ao vê-lo retornar pouco tempo depois sem nenhum arranhão. É claro que eu fiquei muito grata ao feiticeiro Castiel; ele não só salvou meus pais, mas conseguiu salvar o reino que um dia será meu sem nenhuma perda.

No entanto, algo em Castiel me incomodava, algo em sua forma de olhar fazia meu coração acelerar e meus instintos sussurrarem advertências. Seus olhos, profundos e enigmáticos, pareciam conter segredos antigos que a mente humana mal poderia compreender.

Castiel era jovem, mas sua juventude não refletia a inocência comum. Seu rosto esculpido por sombras sugeria conhecimentos ocultos, e seus cabelos negros caíam em mechas rebeldes sobre a testa. Cada mecha parecia uma extensão de sua aura misteriosa, um indício de uma conexão com forças além do entendimento humano.

Seu manto escuro flutuava ao vento, como se ele carregasse consigo não apenas tecido, mas os suspiros da noite e os murmúrios dos segredos proibidos. O sorriso ocasional que surgia em seus lábios era encantador, mas havia algo na curva deles que provocava arrepios, como se escondesse intenções veladas.

Enquanto o reino celebrava a vitória conquistada com a ajuda de Castiel, eu, Arabella, não conseguia ignorar a inquietação que crescia em meu peito. Meus olhos, por vezes, se cruzavam com os dele, e nesses momentos, uma corrente elétrica invisível parecia ligar nossas almas. Uma dúvida pairava no ar, uma sombra que desafiava a luz da vitória recente. O que mais o feiticeiro Castiel guardava em seu ser enigmático? O futuro de Eldoria estava entrelaçado com segredos que a luz do dia ainda não revelara.

8 de Dezembro.
Na manhã de meu aniversário, despertei ao suave chamado de Genevive, minha fiel dama de companhia, anunciando que era hora de me preparar para o tão aguardado baile. Os raios do sol filtravam-se pelas cortinas, pintando o quarto com tons dourados que faziam jus à ocasião especial.

Ao erguer-me, pude sentir a excitação borbulhando em meu peito. O baile prometia ser uma celebração deslumbrante, repleta de risos, danças e memórias que se entrelaçariam com o tecido do tempo. Minha mente se encheu de imagens de vestidos suntuosos, músicas animadas e rostos radiantes que se reuniriam para festejar não apenas meu nascimento, mas também a magia que permeava Eldoria.

Genevive, com sua habilidade graciosa, começou os preparativos para me transformar em uma visão digna de um conto de fadas. O vestido escolhido era um tecido etéreo que cintilava com toques de prata, como se as estrelas tivessem tecido sua luz diretamente na trama do tecido. Bordados delicados adornavam a saia, e a cintura era marcada por uma fita que reluzia como o raiar da aurora.

Enquanto Genevive trabalhava em meu cabelo, o aroma suave de flores frescas enchia o ar. Ela entrelaçou fios de pérolas nos cachos, conferindo uma elegância celestial.
Contudo, algo pairava em minha mente. Hoje, eu conheceria o príncipe no qual terei que me casar.

A expectativa e o nervosismo se entrelaçavam, criando um turbilhão de emoções dentro de mim. O desconhecido aguardava nos salões do baile, e eu me preparava para encontrar não apenas meu destino, mas também a peça que faltava para completar o quebra-cabeça de minha vida. Enquanto Genevive finalizava os últimos retoques, eu enfrentava o espelho com a esperança de que a imagem refletida fosse digna não apenas de um conto de fadas, mas também do capítulo que estava prestes a começar.
Ao começar a descer as imponentes escadarias do castelo, uma onda de expectativa se espalhou pelo salão. Meus passos, inicialmente trêmulos, ganharam confiança à medida que avançava sob os olhares atentos da nobreza reunida. Vestida em tecidos que cintilavam como estrelas, eu era o centro das atenções, uma princesa prestes a ser conduzida para a dança encantada do baile.

A luz do sol, filtrada pelas cortinas, pintava o ambiente com tons dourados que faziam jus à ocasião especial. No entanto, a magnificência do momento era acompanhada por uma tensão sutil, pois o medo de um deslize pelas escadas ameaçava se materializar em meus pensamentos.

No pé da escada, respirei aliviada, mas logo me vi diante de uma surpresa. Uma voz robusta e imponente ecoou, anunciando a chegada do Rei Magnus do reino vizinho. Sua presença imponente, adornada por vestes suntuosas, conferia ao salão uma aura de respeito e formalidade.

Ao meu lado, os olhos verdes e gentis de Nathaniel, meu prometido, encontraram os meus. Seu sorriso doce dissipou parte da tensão que pairava no ar. "Arabella, que prazer vê-la. Você está deslumbrante como sempre", proferiu o Rei Magnus, cumprimentando-me com uma reverência.

"Rei Magnus, agradeço por suas palavras generosas", respondi, tentando manter a compostura diante da imponência real. Nathaniel, em seu traje elegante, estendeu-me a mão com um olhar caloroso. "Permita-me levá-la para a primeira dança, princesa?", convidou.

Aceitei o convite com um sorriso agradecido, sentindo-me conduzida para o centro do salão, onde as notas da música flutuavam como fios mágicos no ar. O diálogo da dança começou, com passos e palavras trocados em meio à melodia envolvente.

Enquanto eu girava pelo salão, meus olhos capturaram a imagem de Nathaniel, um cavalheiro cuja beleza rivalizava com os próprios deuses. Seus cabelos castanhos caíam graciosamente sobre a testa, destacando a simetria perfeita de seu rosto. Os olhos, profundos e expressivos, refletiam uma gentileza que acalmava qualquer tempestade interior.

Vestido com elegância, seu traje realçava a postura nobre e a confiança tranquila que emanava dele. Cada passo que ele dava parecia uma dança sincronizada, como se a música respondesse aos seus movimentos graciosos.

Senti-me cativada pela aura de Nathaniel, uma mistura de cavalheirismo e mistério que tornava cada palavra e gesto seu um convite para desvendar os segredos por trás da fachada gentil. No baile, ele era uma figura que transcendia a própria definição de beleza, envolvendo-me em um encanto que me fazia ansiar por mais do que simplesmente uma dança.

"É um baile magnífico, não acha?", comentou Nathaniel, conduzindo-me com graça pelo salão. "Sim, de fato. As decorações são esplêndidas, e a atmosfera está repleta de magia", respondi, enquanto nossos passos se entrelaçavam.
"Bom, acho que ainda não tive muito tempo para observar", respondi, enquanto nossos passos se entrelaçavam.

Nathaniel sorriu, guiando-me habilmente pela pista de dança. "Entendo. A beleza do baile muitas vezes se revela nos detalhes, nos pequenos momentos que se desdobram ao longo da noite."

Percebi a verdade em suas palavras enquanto observava as decorações reluzentes, ouvia a música envolvente e sentia o aroma suave das flores que adornavam o salão. A atmosfera, repleta de expectativa e elegância, começava a se revelar diante dos meus olhos. Distraída, tentando observar os detalhes do meu próprio baile de aniversário, não percebi que Nathaniel havia aproximado seu rosto de mim.

"Acho que lhe devo desculpas", disse ele, quase sussurrando.

"Como? Porque?"— disse surpresa.

"Talvez você não deva se lembrar, tínhamos apenas 4 anos, mas quando nossos pais chegaram a um acordo para que nos casássemos no futuro, eu não fui muito simpático com você", ele sorriu, desviando o olhar.

Eu poderia até mentir, mas acho que meu coração falhou uma batida por aquele sorriso. "Não me lembro desse episódio em particular, Nathaniel, mas estou certa de que éramos apenas crianças, e agora estamos aqui, dançando juntos em nosso baile de aniversário. Não há necessidade de desculpas." O calor da sinceridade preenchia nossas palavras enquanto a música nos conduzia em passos cadenciados, tecendo uma narrativa que transcendia o tempo e as memórias antigas.
A partir desse momento, a tensão que inicialmente pairava sobre mim pareceu se dissipar como a névoa ao nascer do sol. Nathaniel e eu dançamos com leveza e graça, nossos passos sincronizados com a melodia que preenchia o salão. A música se transformou em risadas, os sorrisos se tornaram cúmplices, e as formalidades deram lugar à descontração de dois jovens que se permitiam aproveitar a companhia um do outro.

O aroma suave das flores se misturava ao perfume de velas acesas, criando uma atmosfera mágica que refletia a alegria que se desenrolava entre nós. Juntos, exploramos os corredores do salão, provamos iguarias deliciosas, compartilhamos histórias de nossas infâncias e rimos de nossos próprios medos e inseguranças.

Numa atmosfera encantadora, decidimos fazer uma pausa para contemplar os jardins iluminados pelas luzes da festa. As estrelas, em sua dança silenciosa no céu noturno, pareciam testemunhar o surgimento de uma conexão que, até então, era apenas um vislumbre em nossos destinos entrelaçados.

Os jardins estavam adornados com a beleza da natureza, e um chafariz majestoso, o favorito de minha mãe, destacava-se como uma obra de arte líquida. Enquanto caminhávamos pelo caminho de pedras, a água dançava em reflexos prateados sob a luz das tarde.
"Princesa, preciso lhe mostrar algo fascinante na água deste chafariz", mencionou Nathaniel, com um brilho travesso nos olhos.

"Intrigante? Estou curiosa!", respondi, inclinando-me para espiar a superfície reluzente da fonte.

Entretanto, antes que pudesse perceber suas intenções, vi Nathaniel escorregar de maneira espetacular e mergulhar na água com um estrondo inesperado. Uma mistura de surpresa e choque cruzou meu rosto antes que eu pudesse conter uma risada espontânea diante da cena inusitada.

"Ah, Nathaniel! Acho que isso não era exatamente o que eu esperava ver", comentei, lutando para conter meu riso.

Ele emergiu da água, seus cabelos gotejando, mas seu sorriso travesso permanecia inabalado. "Bem, não era exatamente o que eu planejava, mas pelo menos consegui arrancar um sorriso de ti."

Minha risada ressoou pelos jardins enquanto ele se juntava a mim na alegria compartilhada. Nossos olhares se encontraram em meio à diversão, e percebi que esses momentos espontâneos eram preciosos, criando laços que transcenderiam a formalidade de nossas posições.

Foi então que meu pai, o Rei Octavius, fez sua entrada no jardim. Seu semblante inicialmente sério se suavizou ao testemunhar a cena. "Ah, a alegria da juventude", comentou ele com um sorriso compreensivo. "Nathaniel, venha, vou providenciar roupas secas para você. Acredito que os encantos da água já foram explorados o suficiente por hoje."

Continua...