O Destino Escondido no Relógio de Bolso

CAPÍTULO 2 - Academia de Finas Artes


CAPÍTULO 2

Academia de Finas Artes Naturais

Chutou uma latinha na rua enquanto segurava as alças de mochila. Por que ele havia se metido naquela encrenca? Porque tinha prometido ajudá-la? Se bem que ele não tinha prometido ajuda, apenas tinha prometido não a roubar novamente, então quem sabe pudesse ir embora.

Olhou para a marca gravada em sua mão e desistiu da ideia. Era melhor resolver isso de uma vez e se livrar daquela porcaria que provavelmente possibilitava que ela pudesse ir até ele quando bem entendesse. Naruto refletiu um pouco sobre essa habilidade, e se ela fosse até ele quando ele estivesse tomando banho ou fazendo cocô? É, isso não seria muito legal.

Quando entrou na cafeteria, um sininho acima da porta anunciou sua chegada para todos que já estavam no interior do ambiente, mas as pessoas já estavam acostumadas demais com o som para se incomodarem e olhar para ele. Apesar de incomodado com toda a situação de ter que recuperar algo furtado e ainda por cima do senhor Zane, uma pequena parte dele estava ansioso para vê-la novamente.

Ele havia demorado para dormir na noite passada depois que ela havia saído de sua casa, primeiro porque teve que escutar pelo que pareceram horas seu tio comentar sobre como ele tinha se dado bem e como ela era gostosa. Segundo, porque ficou pensando sobre o fato de ela ser uma bruxa. Quais seriam as extensões do poder dela? Será que elas usavam varinhas mágicas como em Harry Potter? Será que havia um feitiço capaz de matar uma pessoa instantaneamente? Ou será que ela era o tipo de bruxa de histórias de terror? O tipo que reza para demônios e sacrifica animais em rituais satânicos? Tinha tantas perguntas e quem sabe sua convivência com ela lhe abrisse um pouco espaço para fazê-las.

Além disso, desde a primeira vez que seus olhos caíram sobre ela, Naruto ficou encantado com beleza que ela tinha. Ele não tinha o menor problema em admitir isso, Hinata Hyuuga era a mulher mais linda que ele já tinha visto.

Correu os olhos pelo ambiente a procura da garota e a encontrou em um canto afastado e próxima a parede, mas para a surpresa do rapaz ela não estava sozinha, estava acompanhada de outro homem. Um rapaz de cabelos escuros que parecia ter aproximadamente a idade dele.

Se aproximou com cuidado sabendo que estava sendo atentamente observado pelos dois e principalmente pelo homem.

— Olá, Naruto. – Hinata falou quando ele se aproximou da mesa. – Sente-se, por favor. – O garoto obedeceu. – Esse é meu amigo, Sasuke Uchiha.

Sasuke apenas fez um gesto com a cabeça e Naruto percebeu que ele não parecia muito animado com a ideia de conhecê-lo, estava sério e seus olhos pareciam ser um aviso de que coisas ruins aconteceriam se ele fizesse qualquer coisa que Sasuke desaprovasse.

— Pedimos um pumpkin latte para você. – Disse o Uchiha empurrando um copo de café na direção do rapaz. – Espero que seja do deu agrado.

Algo na voz do rapaz fez com que Naruto sentisse que ele deveria tomar o latte sem reclamar e assim ele fez com a parte de seu cérebro responsável pela sua sobrevivência adormecida.

— Então, nós temos um plano? – Perguntou tentando tirar a atenção de si. – Porque ele não vai me dizer e você falou que ele também não gosta de você.

— Sim, nós temos um plano. – Disse Hinata tirando uma pequena caixinha da bolsa que estava ao seu lado e colocando aberta sobre a mesa.

Pequenas tortinhas carinhosamente enfeitada com abóboras e morcegos estavam dentro da caixa e Hinata fez um gesto para que ele se servisse.

— Coma, foi minha irmã que fez. Ela disse que você deve pedir perdão a ela por ter tentando agredi-la com água.

Naruto encarou a menina e então os doces novamente, cogitou a possibilidade de eles estarem envenenados, mas então acabou cedendo e pegando um enquanto pensava que se fosse morrer, melhor que fosse pela comida.

— Eu fiquei assustado, achei que vocês fossem adoradores ou algo assim.

— Adoradores?

— É. Fieis ao sete pele?

— Sete pele?

Naruto olhou para os amigos com impaciência enquanto se saboreava com o lanche.

— Ao demônio. Lúcifer.

— Lúcifer?

— É base de uma religião humana bastante comum, catolicismo, não lembra? Estudamos isso em humanos e suas crenças. – Sasuke explicou.

— Ah, sim. Ele era um anjo, não é? – Hinata perguntou olhando para o amigo e então virou-se para Naruto. – Não adoramos nenhum deus ou demônio. – Disse com tranquilidade. – Vamos direto ao ponto agora, você deve ter amigos humanos, correto?

— Amigos? – Naruto repetiu a palavra refletindo sobre ela

Ele não tinha amigos de verdade, exceto por Kiba, mas ele seria igualmente odiado pelo sr. Zane, então Naruto não via como ele poderia ajudar.

— E então? Você tem alguém que possa nos fazer um favor e que o senhor Zane não odeie?

— O único amigo que tenho seria inútil. – Disse bebendo mais do café. – Mas tenho pessoas que me devem favores.

— Então se comunique com essa pessoa.

— Não é tão simples, mesmo que eu peça para que eles questionem sobre o relógio, o sr. Zane vai saber que sou eu que quero saber, afinal eu fui lá ontem saber sobre isso.

— Você é mais esperto do que eu esperava. – Sasuke falou. – Eu tenho uma ideia e não envolve o humano, como eu falei que seria desnecessário envolvê-lo. – Sasuke falou sério olhando para Hinata com expressão de clara repreensão.

— Mas se ele não me ajudar, não vai poder compensar pelo erro e será amaldiçoado. – Hinata falou em tom de quem tenta se justificar.

— Quem liga? Ele é um humano que faz coisas erradas, já deve estar acostumado.

— Eu ainda estou aqui. – Naruto falou e os dois viraram-se para encarar o rapaz.

— Sasuke. – Suplicou Hinata para o amigo.

— Tudo bem. – Disse se levantando. – Mas isso é estúpido. Vamos.

Hinata levantou em seguida e fez um gesto para que Naruto os seguisse.

Andando em direção a saída do café, Naruto reparou que as roupas que eles usavam combinavam, como se fosse um uniforme. Sasuke usava calça e jaqueta negra cobrindo todo o corpo e Hinata usava um vestido em mesmo tom, os dois tinham detalhes em vermelho por dentro.

Naruto se perguntou se eles sempre usavam roupas combinando, se eram um casal ou se aquelas roupas eram realmente um uniforme.

— Para onde vamos? – Perguntou Naruto quando eles começaram a andar pela rua aparentemente sem destino.

— Academia de Finas Artes.

— Academia de... Espera! – Parou de andar e a excitação em sua voz chamou a atenção dos amigos que também pararam para observá-lo. – Vocês têm uma escola de bruxaria? Tipo Hogwarts?

— Não. – Sasuke falou parecendo indignado.

— Bom... – Hinata falou com a mão no queixo como se refletisse sobre a pergunta. – É bem Hogwarts mesmo.

— Não acredito que vamos entrar nessa discussão de novo. Para começar, Hogwarts fica na Escócia, e nós não temos uma lula gigante ou centauros andado nas propriedades da escola, nem muito menos temos medo de uma floresta.

— É, mas as aulas são bem parecidas. – Hinata falou com desdém.

— Parecidas? Nós não agitamos varinhas de madeira na esperança de que elas façam algo.

— Tem comunidades bruxas no mundo de Harry Potter que não usam varinhas...

— Não acredito que eu teleportei um humano. – Sasuke falou andando na frente dos dois com uma expressão de pura insatisfação e até vergonha.

— Uou. – Naruto falou chocado com o fato não estarem mais no beco escuro e sim em frente a uma belíssima propriedade que parecia ter pertencido a um nobre em séculos passados.

— Sasuke, qual o plano exatamente? – Hinata perguntou alcançando o rapaz.

— O plano é usar alguém que o sr. Zane não conheça e que sabe lançar um simples feitiço de esquecimento a curto prazo, longo o suficiente para esquecer que o Uzumaki tenha lhe feito perguntas e curto o suficiente para que se recorde do relógio.

— E quem seria essa pessoa? Hanabi disse que ele sente as coisas, vai sentir um bruxo entrando em sua loja.

Sasuke virou-se para Hinata, encarando-a nos olhos.

— É por isso que vamos falar com ela.

— Ela? – Perguntou a morena confusa, mas logo a compreensão a atingiu. – Verdade.

— Quem é ela? – Perguntou Naruto, que até então apenas observava os dois tentando entender do que eles estavam falando.

Os dois encararam o menino como se tivessem esquecido da existência e presença dele. Hinata virou-se para Sasuke e disse em tom imperativo, mas com um sorriso manhoso.

— Faz alguma coisa sobre as roupas dele.

Sasuke levou algum tempo para processar o que havia sido dito e quando compreendeu, não ficou nada satisfeito.

— Ele não pode entrar.

— Também não pode ficar aqui fora.

— Mas que inferno! – Disse com a voz alterada e fez um gesto de impaciência com a mão para a direção de Naruto, porém sem olhar para o menino, mantendo o olhar fixo a morena.

Mas Naruto deixou de encarar a briga dos dois, agora olhava para a própria roupa assustado e impressionado. Ele vestia um conjunto de vestes iguais às de Sasuke. Só então ele reparou que sobre seu peito do lado esquerdo havia bordado uma belíssima árvore.

— Não fale com absolutamente ninguém. – Hinata falou para ele em tom autoritário.

Naruto apenas seguiu os dois, ele não via a menor necessidade de estar ali e Hinata também não parecia precisar dele, mas estava fascinado demais com tudo que estava vendo e presenciando para cogitar ir embora.

Eles passaram por um portão de ferro e então a visão da antiga e luxuosa casa foi trocada pela visão de um belíssimo castelo. Ele admirou encantado enquanto os outros dois seguiam. À frente da construção havia um belíssimo jardim onde haviam várias pessoas usando as mesmas roupas que Sasuke e Hinata ou umas que fossem bem parecidas. Algumas pareciam estar apenas relaxando e meditando enquanto outras pessoas liam livros grossos de capa dura. Ao seu lado esquerdo no gramada a metros de distância, ele pode ver um círculo de pessoas sentadas e no centro, uma mulher de belíssimos cabelos vermelhos parecia lhe dizer algo. Naruto só conseguiu parar de encarar ao se assustar com uma menina que deveria ter uns 14 anos quando ela passou ao lado dele com um livro flutuando a sua frente. Naruto parou encarando a menina que continuava o caminho como se fizesse aquilo diariamente.

— Ei, - Hinata chamou e ele se adiantou para ficar ao lado dela – não seja tão óbvio. – Disse a menina puxando o braço dele para que ele andasse no ritmo dos dois.

Ao sentir o toque dela novamente ele até se esqueceu do quão fascinante era o ambiente. Agora toda a sua atenção estava voltada para tentar parecer normal e não o retardado que se sentiu por ter sua pele formigando pelo simples fato de que uma menina bonita estava encostando nele casualmente.

Subiram uma pequena escada de pedra e passaram por uma porta de madeira negra. No interior, Naruto percebeu que todas as paredes e até o chão eram de pedra, embora houvessem vários quadros e várias velas presas há vários castiçais nas paredes, não que houvesse necessidade de iluminação, pois o teto era feito de vidro naquela parte permitindo a entrada de iluminação natural. Haviam vários corredores em todas as direções e duas longas e grandes escadas, uma em cada lado do salão. Eles passaram reto seguindo para o corredor bem à frente a deles.

Andaram por vários metros e Naruto notou que no caminho, todas as portas pela qual passaram estavam abertas, eram salas de aulas com vários alunos. Ele ficou encantado com a quantidade de gente que circulava pelo ambiente, como poderiam haver tantos bruxos em Kesas? Como ele nunca soube disso?

Depois de alguns minutos andando, eles chegaram em uma parte aberta do castelo onde no centro havia uma belíssima e gigantesca árvore que deveria ter centenas de anos. Naruto olhou para o bordado sobre a roupa e notou que era a mesma árvore.

Os amigos viraram para a esquerda e Naruto notou que eles estavam saindo do castelo. Agora estavam em uma área verde que ele diria ser um jardim, embora as plantas ali não fossem muito decorativas como na entrada. Haviam várias com espinhos e Naruto jurou ter visto uma das plantas do fundo pular da terra para abocanhar uma pobre borboleta.

— Ok, eu falo com ela. – Hinata falou.

— Por que você? – Sasuke rebateu imediatamente. – A ideia foi minha.

Hinata parou repentinamente e colocou os braços sobre os ombros de Sasuke. Naruto parou quase em cima deles de tão abrupta que havia sido a movimentação da morena e observou de perto enquanto Hinata se aproximava ainda mais do moreno.

— Sasuke, eu te amo. – Declarou com naturalidade e Naruto ficou incomodado e principalmente confuso com o porquê daquilo bem ali, naquele momento. – Você é inteligente, carinhoso, charmoso e lindo de morrer. – Ela disse sorrindo e se aproximou ainda mais dele. – Mas você fica completamente retardado perto da Sakura, é bem triste de se ver. – Ela fez uma pequena careta e se distanciou dele. – Fora que vai demorar séculos até você terminar de dizer uma frase para ela, por isso eu vou.

Naruto segurou o riso ao notar que o rapaz que até então lhe parecia tão intimidante estava com as bochechas muito coradas e parecia um comum adolescente sem habilidades sociais, principalmente com meninas.

Sasuke notou que o menino segurava o riso e dirigiu a ele um olhar firme que dizia claramente que era bom ele não ousar sorrir, mas suas bochechas estavam ainda mais vermelhas e por isso Naruto não conseguiu mais segurar.

— Não imaginei que você seria do tipo que se torna idiota perto de uma garota bonita.

Disse andando devagar – no mesmo ritmo de Sasuke – enquanto Hinata ia na frente no mesmo ritmo de antes. Sasuke parou e ele parou ao seu lado.

— Ela não é só uma garota bonita. – Ele disse com o olhar distante. – Ela é a mais linda, além disso ela é extremamente inteligente e popular com todos os tipos de seres. Todos os garotos da nossa idade querem ficar com ela. – Disse em tom de garoto apaixonado que fez Naruto revirar os olhos.

Resolveu então olhar na direção que ele olhava, ver se a tal menina era realmente tudo isso. Sentada em um banco de pedra, com dois livros flutuando ao seu lado e mais um em seu colo estava uma jovem que parecia ter a idade deles, usando o mesmo vestido que Hinata, mas diferente da Hyuuga, ela calçava um tênis preto. Possuía cabelos rosados e uma pele alva, mas não tanto quanto a de Hinata. Seus cabelos não eram muito longos, iam até pouco abaixo do ombro levemente ondulados como se ela tivesse acabado de sair de um salão de beleza. Ao seu redor, Naruto notou que borboletas azuis estranhamente brilhosas voavam. Ele observou encantado quando uma delas estava pousou no cabelo rosa e seria loucura pensar isso, mas ele poderia jurar que a borboleta estava feliz e confortável ali.

Naruto entendeu que Sasuke provavelmente estava certo sobre ela. Olhou para o rapaz ao seu lado, parecia uma estátua, com um leve sorriso no rosto, nem piscava, apenas olhando para a menina que agora sorria alegremente, pois Hinata havia se aproximado dela. A Hyuuga provavelmente estava certa sobre ele ficar um completo retardado perto dela, afinal ele estava assim a distância. Naruto voltou a olhar as duas mulheres a poucos metros de distância. Sakura era linda e encantadora, não havia a menor dúvida nisso, mas ele ainda achava Hinata mais bonita.

Quando Sakura se levantou e olhou na direção onde eles estavam, Sasuke ajeitou a postura parecendo um pombo de tanto que estufou o peito. Mais uma vez tinha que concordar com Hinata, era vergonhoso assistir isso. As duas vieram na direção deles, Hinata andando decidida como se estivesse com pressa para fazer algo enquanto Sakura parecia que nem estava andando, parecia estar quase flutuando.

— Oi, Sasuke. – Disse a menina sorridente e Naruto percebeu que as bochechas dela coraram levemente quando ela se aproximou.

— O-oi, Sakura. Hã... co-como vai?

Sakura tinha os três livros, que antes ela lia, flutuando em uma organizada pilha ao seu lado. As estranhas borboletas azuis ainda voavam ao seu redor.

— Estou bem, obrigada por perguntar. – Ela sorriu ainda mais e depois olhou para Naruto. – Olá, me chamo Sakura Haruno. Você tem olhos azuis. – Disse encarando no fundo dos olhos dele. – Naruto assentiu, sem saber o que dizer. – Você se considera raivoso?

Lembrou-se da sua habilidade de aturar as conversas nojentas e desinteressantes de seu tio.

— Acho que não.

— É mesmo? Que bom. – Disse voltando a sorrir como antes. - Bom, preciso guardar esses livros antes de ir. Podem me acompanhar até a biblioteca?

Sakura perguntou sorridente e seu olhar passou por todos ali presentes, mas parou em Sasuke que abriu a boca, mas só deixou escapar gaguejos sem sentidos.

— Claro. – Hinata respondeu.

Logo eles começaram a andar, provavelmente em direção a biblioteca, Sakura indo na frente.

— Qual o problema em ter olhos azuis? – Naruto perguntou quando Sakura estava longe demais para escutar.

— Problema algum. – Sasuke e Hinata falaram imediatamente ao mesmo tempo aumentando a desconfiança de Naruto.

Dessa vez, eles tomaram um caminho diferente e subiram uma escada de pedra em caracol até o segundo andar, onde saíram em frente a uma porta com uma placa logo acima escrito biblioteca. Sakura passou pela porta sozinha e Naruto ocupou-se em observar um longo quadro com fotos de vários alunos, além de vários troféus e medalhas bem estranhos. Em uma prateleira superior, havia um lindo punhal com escritos estranhos em seu cabo.

Não soube explicar porque o punhal havia chamado tanto a sua atenção, mas ficou tanto tempo a encará-lo que Hinata percebeu e se aproximou dele.

— Dizem que há magia presa nesse punhal. – Falou também olhando para o objeto. – Você não está pensando em roubá-lo? Está?

— Não.

— Pertenceu a um grande bruxo, incrível em muitos sentidos, mas ele cometeu um crime imperdoável e por isso foi esquecido pela nossa comunidade.

— O que ele fez?

Hinata deu de ombros.

— Eu não sei, como eu disse, ele foi esquecido pela nossa comunidade.

— Então por que vocês guardam o punhal dele e o expõem como se fosse um troféu?

— Porque magia não deve ser negada, pertence a quem lhe foi dada e como eu disse, há magia nesse punhal.

— Então vocês negam a existência dele, mas não negam a magia dele?

— Nunca disse que a magia era dele.

Naruto ficou confuso com a resposta da morena, mas não teve tempo para questionar, pois Sakura voltou e eles fizeram o caminho para fora do colégio. Naruto ficou a absorver o máximo de detalhes que seus olhos conseguiam captar.

— Então vocês realmente precisam usar esses uniformes? – Perguntou observando outros alunos quando estavam de volta no jardim.

Na escola de Naruto não havia uniforme, no máximo haviam uniformes dos clubes como o da banda ou das líderes de torcida.

— Precisam? Claro que não. – Respondeu Sakura com a voz leve. – Mas todos sentimos orgulho da Academia. É a melhor do continente, todos possuem orgulho de poderem usá-lo.

— Por que Academia?

— Para a nossa comunidade, a Academia de Finas Artes compreende todas as etapas de ensino. – Disse Sasuke com ar de sabedoria. – Ouvi dizer que vocês humanos mudam de escola conforme vão crescendo. Nós não. Estudamos aqui desde os nove anos de idade.

— E onde vocês estudam até os nove anos?

— Em casa.

Da mesma forma que chegaram em frente a Academia, eles voltaram para a parte conhecida da cidade. Naruto observou que eles foram parar na rua do antiquário.

— Lá? – Perguntou Sakura apontando para a loja.

— Sim. – Hinata confirmou. – Vocês dois ficam aqui, vou esperá-la perto da loja em caso de algo dar errado.

As duas se distanciaram e mais uma vez Naruto se viu sozinho na companhia de Sasuke, que no momento observava Sakura se distanciar com o mesmo olhar abestado de antes.

— Achei que ele reconhecesse bruxos. Achei que fosse por isso que nenhum de vocês tentou ir.

— Eu te falei. Sakura é diferente, ela é tão encantadora que até o sr. Zane não perceberá que ela é uma bruxa. – Sasuke finalmente olhou para ele. – Você sentiu, não? Quando ela falou com você.

Naruto lembrou-se da sensação de leveza, relaxamento e felicidade que sentia por estar perto dela.

— Então é por isso que você acha que não tem chance com ela?

— Eu nunca disse isso. – Sasuke rebatou.

— Ficou implícito. Você já tentou falar para ela como se sente?

— Falar para ela? – Sasuke perguntou como se nunca tivesse pensado nisso e a ideia fosse absurda.

— Sim, talvez ela precise que você fale, afinal você está sempre com a Hinata, como ela poderia saber que você gosta dela?

— Como você sabe que eu estou sempre com a Hinata?

— Não sabia. Foi um chute, agora eu sei. – Disse com um sorriso convencido de canto.

— Hinata e eu somos amigos de infância, Sakura sabe disso. – Disse recompondo sua postura e olhando na direção do antiquário.

— E amigos de infância não podem se apaixonar?

— Não! Ela é minha irmã, que eu sempre tenho que estar de olho porque vive fazendo merda.

— Tudo bem. – Naruto falou levantando as mãos em sinal de que se rendia. – Posso fazer uma pergunta?

— Faça.

— Vocês não se assustam com a possibilidade de eu contar para todo mundo sobre a existência de vocês e da Academia?

— Não.

— Por quê?

— Porque assim que isso acabar, Hinata vai apagar sua memória. Ela é excelente com feitiços mentais.

— Então quer dizer que eu vou esquecer que vocês são bruxos? – E todas as magníficas coisas que vi hoje, completou mentalmente.

Sasuke assentiu.

— Vai ser como se você nunca tivesse conhecido qualquer um de nós. – Sasuke notou que Naruto parecia tenso. – Não se preocupe, não vai doer.

O Uzumaki não respondeu. Não gostou do que escutou, não gostou de saber que esqueceria sobre a Academia, sobre a existência de bruxos e até mesmo que conheceu alguém tão encantadora com Sakura e alguém tão bela como Hinata.

Os dois ficaram em silêncio até que as meninas retornassem.

— E então? – Sasuke perguntou.

— Ele vendeu para um homem moreno de meia idade, chamado Ken Inuzuka. – Sakura falou com orgulho.

— Agora precisamos de uma forma de achá-lo.

— Não precisa. – Naruto falou. – Eu sei onde ele mora e eu sei que o relógio está na casa dele.

— Então como vamos entrar?

— Deixa comigo. – Naruto falou se afastando do grupo.

— Ei. – Hinata segurou seu pulso e Naruto sentiu-se com raiva. – Não posso permitir que você entre no lar de alguém sem autorização. – Disse horrorizada.

Naruto percebeu que os outros dois também se sentiam da mesma forma em relação a essa ideia.

— Ok.

Soltou-se da mão dela e continuou o caminho que fazia, andando pela calçada até a parada de ônibus mais próxima.

— Naruto! – Hinata chamou em tom repreensivo.

O loiro revirou os olhos antes virar-se para os três novamente.

— Eu não vou invadir a casa de ninguém, até porque não seria nada fácil invadir a casa dele. Vou entrar pela porta da frente, após ser convidado a entrar por alguém que mora lá como um bom vampiro, assim é melhor para vocês?

— Vampiro? – Escutou Sakura perguntar baixinho para Sasuke.

— É uma lenda de humanos. Um morto-vivo que se alimenta de sangue. – Sasuke explicou.

— Você conhece esse homem? – Hinata perguntou.

— Mais ou menos. Por mais que eu goste de me sentir incluindo na adorável seita bruxa de vocês vou precisar das minhas roupas de volta para fazer isso. – Disse passando o olhar pelos três bruxos.

Depois de se esconderem das pessoas para alterarem as roupas de Naruto, os quatro pegaram um ônibus que saiu muito caro para o Uzumaki, já que ele teve que pagar para os outros três, seguiram para outra área da cidade e andaram por duas ruas até que Naruto parasse em frente a uma casa de muro alto.

Os três olhavam para a casa impressionados e até assustados.

— Falei que não seria fácil invadir a casa dele. Agora, eu preciso que vocês sumam.

— O que disse? – Sasuke perguntou parecendo ofendido.

— Eu não conheço o Ken Inuzuka, eu conheço o filho deles e ele não conhece vocês e sem ofensas, mas vocês parecem um bando de estranhos, então sumam se quiserem o relógio de volta.

Os três se entreolharam como se estivessem duvidosos da honestidade dele e isso estressou Naruto que levantou a manga do casaco para mostrar a marca na pele para lembrar que ele não tinha como fugir deles.

— Não se preocupe. Ninguém vai nos ver. – Sakura disse com um sorriso e o incentivou a tocar a campainha.

Naruto suspirou e desistiu de discutir com eles. Foi para a porta e tocou a campainha que uma voz feminina atendeu o interfone perguntando quem era.

— Naruto Uzumaki, queria falar com o Kiba.

A porta se abriu e ele entrou. Cruzou o jardim da casa e assim que chegou na porta branca, ela se abriu, uma senhora sorria amigavelmente.

— Naruto, o que faz aqui? – Perguntou o amigo descendo as escadas. – Minha mãe chega daqui a pouco e você sabe como ela é.

Tsume Inuzuka, mãe de Kiba, odiava o Uzumaki, pois ela acreditava que ele era o responsável pelas rebeldias do filho, afinal é muito mais fácil para os pais culpar algum amigo do que eles próprios pelos erros dos filhos. Claro, fazia muito mais sentido dizer que Kiba já foi pego roubando em lojas – mesmo que ele não precise – e fumando na escola por culpa do amigo pobre, do que admitir que tivesse a mínima chance de ter alguma relação com o fato de eles nunca estarem com o filho, sempre ocupados demais com o trabalho. Mal sabia ela que Naruto não fumava – odiava o cheiro e achava um desperdício de dinheiro – e que foi Kiba que mostrou para ele que furtar coisas era a forma mais simples de tê-las.

Naruto deu de ombros e soltou o ar pela boca.

— Estava morrendo de tédio em casa. – Disse com tranquilidade seguindo para a sala de estar.

Kiba se aproximou animado.

— Quer fazer algo divertido? – Perguntou com um sorriso malicioso.

— Como o quê? – Perguntou antes de se jogar no espaçoso e confortável sofá dos Inuzukas.

— Sabe aquele cara? Sasori?

— Aquele babaca que me bateu ontem? Difícil esquecer.

— Esse mesmo. Os pais dele estão fora e ele vai dar uma festa hoje à noite. – Disse Kiba sentando-se no sofá. – Ouvi falar que o pai dele tem uma Mercedes bem maneira da qual ele morre de ciúmes. Você sabe como festas podem sair de controle, né? Seria uma pena se algo acontecesse com a Mercedes.

Naruto deixou um sorriso escapar, a ideia de ferrar Sasori era bastante tentadora, tão tentadora que ele até esqueceu por algum tempo porque estava ali.

— Me manda o endereço e a hora. – Apontou o dedo para a cara do amigo. – Ninguém pode saber que estamos indo. Ninguém pode nos ver.

— Claro.

E então Naruto olhou ao redor, na estante em cima da televisão estava a belíssima coleção de relógio de bolso dentro de uma caixa de vidro que o pai de Kiba tinha, Naruto sabia que ele tinha ainda mais no próprio quarto e por isso estava rezando para que o relógio de Hinata tivesse ali, caso contrário, seria bem complicado arranjar uma desculpa para ir até o quarto do senhor e senhora Inuzuka.

— Mas até lá, estou entediado. – Disse olhando para o amigo novamente. – Cadê aquele jogo que você falou que ia me emprestar?

— Red Dead? Pera aí, vou buscar, tá lá no meu quarto.

Naruto observou com paciência o amigo se afastar correndo. Assim que escutou o barulho de Kiba subindo as escadas, o Uzumaki levantou-se e correu até a estante. Teve que pegar uma cadeira enfeitada para conseguir alcançar a caixa de vidro. Sorriu ao notar o relógio bem no centro da caixa, rapidamente a abriu e pegou o relógio guardando-o em seu bolso. Abriu a gaveta abaixo da televisão e pegou algum dos vários relógios que tinha ali para preencher o espaço vazio, afinal aqueles ali eram os favoritos do senhor Inuzuka. Colocou tudo no lugar rapidamente e se jogou no sofá onde estava quase ao mesmo tempo em que Kiba retornou à sala.

Naruto pegou o jogo da mão do rapaz e levantou se espreguiçando.

— Vou indo então, antes que sua mãe chegue e me expulse.

Kiba fez uma careta e acompanhou o amigo até a porta branca, mas não desceu até o jardim, pois estava apenas de meia e não queria se calçar. Ao sair da casa, os três esperavam por ele no mesmo lugar.

— E? – Hinata perguntou ansiosa.

Naruto lembrou-se de Sasuke falando sobre ela apagar a mente dele para que ele não lembrasse de nada relacionado a eles enquanto encarava os olhos azuis da menina a sua frente.

O mais devagar que conseguiu, puxou o relógio do bolso observando atentamente como o rosto dela se iluminou ao ver o objeto. Ela estendeu as mãos e ele colocou com cuidado sobre.

Hinata sorriu feliz como ele nunca tinha visto. Involuntariamente, Naruto também sorriu. Ela olhou animada para Sasuke e Naruto notou que os olhos dela ficaram completamente brancos, para qualquer pessoa talvez isso fosse bizarro, mas ele achou que ela ficava ainda mais linda.

Os amigos trocaram sorrisos e Naruto soltou uma respiração pesada. Quantos minutos ele ainda teria até ter sua memória apagada? Por quanto tempo mais lembraria dela?

— Bom, já que tudo se resolveu, vou voltar para escola. Tenho que terminar uma resenha de botânica. – Sakura falou sorrindo.

— Eu vou com você. – Disse Sasuke.

Mas antes de sair, ele dirigiu um olhar para Hinata e Naruto podia jurar que eles tinham trocado palavras entre si.

Quando os dois sumiram, a morena voltou a encará-lo parecendo envergonhada.

— Agora você tem que apagar a minha memória.

— Sim, mas são informações muito recentes, muito frescas, você vai desmaiar. Por isso, o ideal seria que estivéssemos no seu quarto. – Naruto assentiu. – Mas primeiro vamos cuidar dessa marca.

Naruto estendeu a mão com a marca e Hinata rapidamente a segurou e em seguida puxou sua outra mão para segurar também. Era engraçado como seu corpo reagia de forma estranha e exagerada ao contato físico com ela.

Hinata fechou os olhos e os teleportou dali. Naruto notou se encontrar em frente um casarão preto de aparência vitoriana rodeado por uma cerca baixa. Haviam abóboras e flores espalhadas por todo o pequeno jardim. Quando percebeu, Hinata já estava subindo os degraus para a varanda e Naruto a seguiu.

Quando eles entraram, Naruto observou que aquela era a casa dela, pois acima da lareira na sala de estar havia um lindo quadro de família, um homem de aparência séria e uma bela mulher sorridente, a frente dos dois, duas garotinhas sorriam felizes, a maior delas com certeza era Hinata.

— Hanabi!

— Cozinha! – Escutou um grito distante.

Hinata contornou a escada que havia logo em frente a porta e foi para os fundos da casa, Naruto a seguiu e conforme se aproximava, deliciou-se com o cheiro de biscoitos recém assados.

A cozinha era grande e espaçosa, vários armários espalhados nas paredes, uma pia dupla em frente à janela e uma grande ilha no centro cercada de vários bancos altos.

Naruto chegou à conclusão de que se os bruxos também eram reféns do capitalismo, Hinata era de família rica.

A morena caminhou até a ilha, pegou um cookie e Naruto queria muito fazer o mesmo.

— Cuidado, eu acabei de... – disse uma menina muito parecida com Hinata, porém claramente mais nova. – Você trouxe o humano aqui em casa.

— Sim, para você tirar a marca dele. Olha. – Disse sorrindo e puxando o relógio do bolso. – Preciso que você tire a marca dele antes de eu apagar a memória.

— Ah sim. – Disse a mais nova secando as mãos no pano de prato em seu ombro. – Mas primeiro, você me deve desculpas. – Disse severamente encarando o rapaz.

Naruto olhou para Hinata pedindo por ajuda. Não entendia porque devia desculpas a ela.

— Ela estava em meu corpo quando você resolveu jogar água em nós.

— Ah, me desculpa. – Disse envergonhado e incerto se isso seria o suficiente.

— Tudo bem. Cookies? – Disse estendendo o prato para ele.

Naruto aceitou o cookie e teve certeza de que aquele era o melhor cookie que já comeu em toda a sua vida. Era perfeito.

A menina deu a volta na ilha e puxou a mão dele, fechou os olhos e disse palavras que ele não compreendeu. Sentiu sua pele formigar e quando ela o soltou para checar o forno não havia mais a marca na mão.

Olhou para Hinata e notou que ela estava tampando uma vasilha cheia de cookies.

— Já volto. – Disse para irmã mais nova que apenas assentiu.

Hinata segurou a mão de Naruto e a última coisa que ele viu ali foi Hanabi lhe dando tchau com um sorriso adorável no rosto e então ele estava em seu quarto bagunçado. Sentiu a mão de Hinata deixar a sua e notou que ela estava depositando a vasilha em cima de sua mesa.

Naruto observou o gesto encantado. Como ela podia lhe dar cookies carinhosamente feitos por sua irmã mais nova depois de ele ter sido o responsável por toda a dor de cabeça que ela teve nos últimos dias? Depois dele ter lhe furtado um objeto tão importante?

Lembrou-se também da primeira vez que a viu e como ela parecia intimidante. Tinha passado tão pouco tempo com ela, mas já sabia que aquela pose inicial não tinha nada a ver com ela. Hinata era doce e espontânea, nem um pouco assustadora e intimidante. Sorriu ao pensar nisso e só então notou que ela estava lhe observando e também sorria.

— É melhor você se sentar. – Disse indicando a cama.

Naruto obedeceu e observou ansioso a Hyuuga se posicionar a sua frente. Ela sorria amigavelmente e parecia tentar acalmá-lo, mas ele não conseguia se acalmar, estava desesperado com a ideia de esquecer de tudo. Ela estendeu as mãos e triscou delicadamente em seus cabelos. Na hora que ela fechou os olhos, Naruto não aguentou mais.

Rapidamente segurou as mãos dela, tirando-as de sua cabeça e mesmo com seu coração batendo rápido devido a ansiedade e preocupação que sentia, não deixou de perceber que sentiu um calor tomar seu corpo e algo se revirar de maneira excitante dentro de seu estômago. Hinata o encarou assustada, como ela estava da primeira vez que se viu sozinha com ele naquele mesmo quarto.

— Não tem nenhuma outra forma? – Perguntou ainda segurando as mãos dela e ele estava bem consciente disso.

— Como assim?

— Não sei. Outro feitiço. Algum que não apague minha memória. Você poderia me enfeitiçar para eu nunca conseguir falar sobre isso ou me amaldiçoar se eu falar. Eu juro que nunca vou falar para ninguém. Prometo por qualquer coisa que você quiser. Você pode confiar em mim, eu falei que ia te ajudar a conseguir o relógio de volta, não foi? Eu consegui. Eu também prometi nunca mais furtar nada seu e eu estive na sua casa e não peguei nada. Você pode conferir. Além disso, eu nem sei como chegar na sua casa ou na Academia, ou...

— Naruto, - a voz dela o trouxe de volta para a realidade – calma.

E então ele notou o quanto ele havia falado em tão pouco tempo.

— Desculpa. – Disse finalmente soltando as mãos dela. – Eu não quero esquecer. – Disse olhando para os próprios pés.

Para a surpresa e espanto de Naruto, Hinata se agachou a sua frente para olhá-lo nos olhos.

— Por que você não quer esquecer?

— Porque... essa foi a primeira vez na minha vida em que me senti parte de algo, que senti estar fazendo a coisa certa. Eu sei que não faz sentido, porque tudo que eu estava fazendo era tentar consertar um erro meu, mas...

Hinata não esperou que ele completasse a frase, levantou-se e sentou ao seu lado.

— Eu ia apagar sua memória porque achei que seria melhor para você. Eu posso colocar um feitiço para você nunca conseguir falar sobre, mas toda vez que você quiser falar, você vai sentir agonia, muita agonia.

— Eu aceito.

— Naruto, - ela falou séria – é extremamente doloroso. Antes de sabermos como realmente era, minha irmã lançou em mim para que eu não estragasse a festa surpresa do Sasuke. A dor é insuportável.

— Tudo bem, eu aceito.

Hinata parecia querer contestar, mas algo no olhar de Naruto a impediu.

— Ok.

Ele achou que ela iria se levantar e colocar as mãos sobre sua cabeça como da última vez, mas ela apenas colocou cada uma de suas mãos nas laterais do rosto dele e o puxou para perto. Ele conseguia sentir o aroma floral que vinha dela, até mesmo conseguia sentir a respiração dela batendo em sua pele. Mais uma vez ela disse um conjunto de palavras que ele não entendia, dessa vez olhando em seus olhos e então ela o soltou.

— Pronto? É só isso.

— É só isso. – Ela confirmou e se levantou.

Naruto também levantou e se sentiu envergonhando como não se sentia em muito tempo. A última vez que se sentiu nervoso e envergonhado desse tanto foi quando convidou uma menina por quem ele tinha uma queda para ir ao baile de inverno.

— Eu vou te ver de novo?

— Hã... Provavelmente não, mas quem sabe a gente não se esbarra por acaso? Só espero que você não me roube de novo. – Ela sorriu se afastando dele. – Come os cookies, são mais gostosos quentinhos.

E então ela sumiu, como se nunca tivesse estado ali. Naruto olhou para a vasilha de cookies, a única prova de que tudo havia sido real. Se aproximou e pegou um dos cookies. Delicioso como se lembrava. Se ele soubesse cozinhar como Hanabi, nunca mais precisaria furtar nada.