Na minha mão, estava um documento da Jane que passava todas as suas ações para o controle de Edward Cullen.

Tudo estava muito claro. Edward a convenceu, ou a obrigou, a fazer esse documento. E ela fez. Mas depois se arrependeu e não quis entregá-lo. Ele simplesmente a matou.

Então tudo: os sorrisos, os olhares, as palavras, o abraço. Era tudo mentira! Faziam parte de um joguinho sujo que o Edward estava fazendo para tentar me confundir. E estava funcionando. Como eu fui idiota!

Não sei quanto tempo eu fiquei parada olhando para o papel e me remoendo de culpa, pela minha própria ignorância. Só sei que minha barriga começou a dar sinais de vida, então eu tive que – como um zumbi – preparar alguma coisa para comer.

Comi sem nem sentir o gosto na comida, estava fazendo tudo no automático. Tomei banho, arrumei a casa e quando dei por mim já eram 18h e eu ainda não tinha feito nada de realmente importante.

Comecei a preparar mais coisas para o caso. Agora sim, eu estava realmente disposta a desmascarar aquele canalha. Ou ele acha que pode simplesmente tentar enganar a todos dessa forma? Mas eu não consegui me concentrar no caso por mais de 2h.

Resolvi tomar outro banho, pra ver se eu conseguia organizar meus pensamentos, mas nada estava funcionando. Já eram 20h30min. Eu tinha duas opções: sair ou ir dormir, mesmo ainda sendo muito cedo. Resolvi pela primeira. Não vou deixar de viver só por causa daquele idiota manipulador!

Infelizmente o meu lugar preferido em toda cidade era o mesmo lugar em que eu o tinha encontrado pela primeira vez, mas isso não seria um grande problema. A possibilidade de eu encontrá-lo de novo seria praticamente zero. Certo?

Errado!

Edward Cullen estava lá, sentado, exatamente no mesmo lugar de antes. Tão perfeito, tão mentiroso. Não sei o que exatamente aconteceu comigo, mas meu sangue subiu a cabeça e eu não conseguia pensar em mais nada.

Fui andando até onde ele estava e parei olhando para ele com um olhar acusador.

Quando ele finalmente me notou, não pareceu notar o meu olhar assassino.

- Bella! Você por aqui, de novo. Que coincidência! – Ele disse com o mesmo ar despreocupado e alegre de sempre.

- É! Muita! – Disse com a voz seca. Dessa vez ele pareceu perceber.

- Algum problema? – Disse com a cara um pouco assustada. E preocupada? Não, com certeza era fingimento, para eu achar que ele se importava comigo. Mas não funciona mais, baby!

- Não. Imagina! Problema nenhum. – Disse com a voz cheia de sarcasmo, era impossível não perceber.

Ele ficou um tempo sem saber o que falar, e eu também não falei nada por um tempo. Mas eu precisava desabafar, precisava jogar tudo na cara dele. Precisava que ele soubesse que não tinha me feito de idiota.

- Alias, está tudo ótimo. Agora que eu não estou mais sendo feita de trouxa. – Disse lançando-lhe um olhar desafiador.

- Trouxa? Quem fala isso hoje em dia? - Ótimo! Agora ele está zoando o meu vocabulário. – Mas quem estava te fazendo de “trouxa”? – Ele disse, fazendo as aspas com as mãos.

Como ele conseguia atuar tão bem?

- Edward, chega! Cansei desses joguinhos. Você não me engana mais! – Ainda bem que estávamos numa área mais afastada, senão as pessoas iriam achar que eu sou louca.

- Joguinhos? Bella, eu não estou entendendo merda nenhuma! – Edward disse ficando ainda mais preocupado.

- Você é só um filinho de papai que quando não consegue o que quer faz birra. E é capaz até de matar! – Disse já com lagrimas nos olhos.

- Você está falando do assassinato da Jane? Bella, eu já disse que não fui eu. O que te fez mudar de ideia t...? – Eu não deixei-o terminar.

- PARA! Para de fingir! – Eu disse já me levantando. Ele se levantou também.

Tá, me levantar não foi uma boa ideia, ele é bem mais alto que eu.

- Bella, o que está acontecendo? Eu realmente não sei do que você está falando. – Ele disse com a voz doce, mas controlada. Parecia a ponto de perder a paciência.

- Você sabe do que eu estou falando, Edward! Não se faça de idiota! – Aquele joguinho estava me cansando, de verdade.

- Quer saber? Chega! Não quer me falar o que aconteceu? Ok! Você não passa de uma patricinha mimada! Que simplesmente tira suas próprias conclusões e foda-se o resto! O que você acha que é? A dona da verdade? E o pior, você nem me da chance para se defender! Quer saber? Eu não me importo! Vai lá, vai falar tudo o que você não quer falar pra mim para o juiz. – Ele disse e saiu muito irritado.

O discurso dele me fez ficar imóvel por alguns segundos. Espera! Ele ia deixar a conta para eu pagar? Olhei para a mesa dele e vi que não tinha nada. Ainda bem. Eu até tinha dinheiro, mas não queria me responsabilizar por nada que vinha dele.

Patricinha mimada? Ele acha mesmo que vai conseguir me convencer com um discursinho qualquer? Mas ele está certo numa coisa: os meus argumentos, eu vou mostrar para o juiz. Vamos ver quem vai se sair melhor nessa, Edward Cullen.

Comi qualquer coisa, já que estava com fome de novo. E fui dirigindo pensando em tudo que o Edward tinha me dito.

Eu queria tanto que fosse verdade. Queria tanto que ele realmente não soubesse do que eu estava falando, mas não era possível. Eu não podia deixar me enganar mais.

Já era um pouco tarde, mas naquele momento eu precisava de um amigo. Meu melhor amigo. Só ele poderia me entender.

Encostei na calçada e fui bater na porta já muito conhecida por mim.

- Bella! – Disse o Jasper um pouco surpreso, mas sem parecer se importar com a minha visita surpresa totalmente fora de hora.

- Ei Jay! Tudo bem? – Disse tentando começar a conversa com o assunto mais leve possível.

- Claro. Mas parece que você não. Entra. – Ele disse acenando com a mão para dentro da enorme casa.

Jasper me conhecia muito bem. Eu não queria esconder nada dela, mas mesmo se eu quisesse, seria totalmente impossível.

- Então? O que aconteceu? – Ele disse sentando-se no sofá e apontando para o lugar ao lado dele.

Sentei-me onde ele tinha me indicado e comecei a contar toda a história. Menos as partes em que eu via que podia sentir alguma coisa pelo Edward. Mas não adiantaria tentar esconder nada do Jasper, pelo olhar que ele me dava eu sabia que ele estava entendendo tudo.

- Bella, já passou pela sua cabeça que a Jane possa ter escrito aquele testamento de livre e espontânea vontade? – Jasper perguntou com a voz mansa, como se tivesse medo de eu mostrar os dentes e o mandar calar a boca.

- Na verdade, sim. Mas isso seria muita coincidência, além de quase impossível. Por que uma filha deixaria de apoiar seu pai? – Eu queria muito acreditar nisso, muito mesmo, mas não conseguia, não podia.

- É realmente estranho. Mas o Edward, Bella? Ele parece ser uma pessoa tão legal. – Jasper estava quase fazendo biquinho, como uma criança birrenta.

- Talvez as aparências realmente enganem. – Sussurrei para mim mesma, apesar de saber que Jasper também ouviria.

- Tem certeza que você quer continuar com isso, Bella? Acho que você se envolveu mais nesse caso do que é saudável. – A voz do Jasper estava preocupada, e apesar de achar que ele tinha um pouco de razão não iria desistir.

- Tenho certeza. Eu faço questão, esse caso é meu. Só preciso de todos aqueles que eu amo ao meu lado. – Olhei para ele deixando bem claro que ele era uma daquelas pessoas.

- Sempre Belita. – Ele disse entusiasmado, mesmo eu sabendo que era só pra me animar.

- Então tudo está certo. – Disse o abraçando.

No fundo, nada estava certo.