O Culpado

Capítulo 35


16 anos depois...

As coisas estavam tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Diferentes porque a vida mudou. Todos continuam na mesma profissão, com o mesmo jeito, mas estamos tão “maduros”, com filhos em nossas mãos, que dependem de nós.

E tudo estava igual porque o amor ainda era aquele, de alguns anos atrás. Digo todo tipo de amor: os dos casais, como eu e Edward, e o amor de amigo, que estava cada vez mais forte. Eu, Edward, Rosálie, Emmett, Alice e Jasper, e todas as crianças parecíamos todos de uma mesma família. O Alec tinha ido para a Europa seguir a sua vida e tentar esquecer todas as tragédias que tinham acontecido, mas mesmo assim tentávamos manter o contato sempre que possível.

Estávamos todos na casa do Emmett e da Rose, falando sobre amenidades enquanto as crianças mais novas corriam pela casa e as mais velhas também conversavam, provavelmente aprontando mais alguma. No total eram seis mentes malignas, e todos eram extremamente unidos. Frequentavam a mesma escola, viajavam e faziam exatamente tudo. Parecia que todos eles eram irmãos.

Bem, vou apresentar a criança para vocês:

O Lucas é o mais velho, de 15 anos, e é filho único da Rose e o Emmett. A Nessie teve o Fernando pouco tempo depois, então ele também tem 15 anos, além disso ela e o Jacob também tiveram o Jacob Jr. que hoje tem 10 anos. A Alice e o Jasper tiveram duas meninas: a Amanda, de 14 anos e a Renata, de 12. E eu tive uma menina: A Jane – em homenagem à menina, que mesmo sem saber, me uniu ao Edward – que estava fazendo nove anos e logo teria uma festa surpresa.

O Lucas e a Amanda, mesmo sendo primos, eram “amigos demais” e todos desconfiavam que eles se gostavam, apesar de negarem isso até a morte. O Fernando e a Renata eram os únicos namorados assumidos, e o Jasper não gostou muito disso no começo, pelo fato dela ter só doze anos. O Jacob e a Jane, bem, esses dois se implicavam o tempo todo, por serem os mais novinhos e isso também era bem suspeito, deixando o Edward de cabelo em pé.

- Mãe, mãe, o Jake me bateu. – A Jane veio resmungando até mim com aquela carinha chorosa. – E hoje é o meu aniversário, ele não pode me bater. – Ela usou seu típico argumento de criança.

- Tia, é mentira. – O Jacob Jr. veio logo atrás, afobado, tentando me explicar o seu ponto de vista. – Eu nem encostei nela, ela que é fresca demais.

- Crianças, por favor... – Eu comecei, mas a Nessie chegou para me ajudar.

- Jacob, quantas vezes eu tenho que pedir para você deixar a Jane em paz? – Ela disse séria.

- Mas, mãe, eu não fiz nada. – Ele disse com a cabeça baixa.

- Filha, o Jacob realmente te bateu? – Eu perguntei também séria.

- Não. – Ela sussurrou. – Mas ele me ameaçou. – Ela aumentou o tom de voz.

- É, mas você sabe que eu não ia fazer isso, sua boba. Você ia se machucar e meu pai me ensinou a nunca machucar uma menina. – Ele disse maduramente, e eu não pude evitar rir. Eu sei que ele já estava com dez anos, mas eu ainda o via tão pequeninho.

Os dois me olharam confusos enquanto eu ria.

- Eu acho que a mamãe ta louca, Jake.

- É, vamos sair daqui. – Ele a pegou pelo ombro e levou-a para sei lá aonde. Eles ainda se implicavam direto, mas esses gestos de companheirismo estavam cada vez mais frequentes.

- Aiai, essas crianças, brigam, brigam, e cinco segundos depois já são melhores amigos de novo. – A Nessie revirou os olhos.

POV LUCAS

Eu e a Amanda estávamos segurando vela bonito para o Fernando e a Renata, como sempre acontecia.

- Ah, para mim chega! – Exclamei. – Prima, vamos sair daqui. – Disse pegando na mão da Renata e a puxando para longe daquele lugar junto comigo.

Eu pretendia ir para o jardim onde ninguém ia ficar enchendo o saco, mas quando chegamos lá o Jake e a Jane já estavam no local, brigando de novo sobre alguma coisa de criança. Eu ia sair, para deixá-los à sós, mas lembrei de que eles eram duas crianças então era mesmo melhor tem alguém por perto. É, eu sou o amigo responsável. Tá, nem tanto, afinal, sou filho do Emmett né.

- Esses dois ainda vão se casar. – Disse a Amanda baixinho no meu ouvido enquanto observávamos Jake e Jane.

Eu ri e concordei: - Coitado do tio Edward, já tem que se preocupar com isso...

- Meu pai já fica doido com a Renata, ainda bem que eu sou a santa da família. – Ela piscou os olhos com uma falsa inocência.

- Atá! Você pensa que eu não te vi beijando o filho do Mike na escola? – Eu ergui a sobrancelha, na verdade nem sei porque eu tinha ficado com tanta raiva, só sei que quis arrancá-la dos braços daquele idiota, mas não fiz nada, claro, para não ser taxado de doido.

Ela corou.

- Ué, ele é legal...

- Mais do que eu? – Quando eu vi as palavras já tinham saído da minha boca. Ah, que tipo de pergunta foi essa?

- Hãm? – Ela perguntou confusa. – Como assim? Não, ele não é mais legal do que você, afinal, você é meu melhor amigo e meu primo, ele não pode competir com isso, só que são coisas diferentes... – Ela claramente não sabia mais o que dizer.

- Eu sei, eu sei, nem sei porque perguntei isso. Sei lá, acho que só quero te proteger de tudo e de todos. – Eu disse meio incerto, afinal, nem eu sabia o que estava acontecendo... Isso me lembrava ciúmes, mas eu não podia ter ciúmes dela, não é? Meu pai, minha mãe, e todos os outros sempre implicavam falando que eu a Amanda não éramos só amigos, mas era só uma brincadeira, obviamente nós éramos só amigos, não é?

- Uma moeda pelos seus pensamentos.

Eu ri tentando disfarçar. – Nada, só coisas bestas. Como será que andam os preparativos para a festa da Jane? – Eu liguei para a Renée ao mesmo tempo que falava.

- Coloca no viva-voz. – Amanda pediu e eu o fiz.

- Ei, querido. – Renée não era minha vó, mas sempre foi como se fosse, na verdade, éramos todos uma grande família, todos mesmo.

- Ei, como andam as coisas?

- Vocês já podem vir.

- Tudo bem, vamos falar para os outros, obrigada. – Disse a Amanda.

- De nada, Amanda... E fala para a sua mãe que tentamos fazer tudo da forma que ela pediu, mas essa Alice é muito exigente, espero que ela goste.

Amanda riu. – Eu não acredito que minha mãe ainda teve a cara-de-pau de fazer exigências pro aniversário da Jane, mas tudo bem, eu falo sim. Beijos.

- Beijos. – Eu me despedi também.

- Até mais, crianças. – Ela desligou.

Eu e a Amanda avisamos a todos que tudo já estava pronto.

- Jane, queria, venha cá. – O Edward chamou sua filha.

A Jane e o Jacob vieram e ele já tinha entendido o que estava acontecendo.

- Nós estamos indo embora, arrume suas coisas.

- Ah não, pai, eu quero ficar, é o meu aniversário. – Ela fez biquinho.

- A gente deixa todo mundo ir lá para casa, que tal? – A Bella disse beijando a testa da Jane.

- Eba! Me ajuda a pegar os jogos, Jake. – E os dois foram para dentro da casa para pegar os jogos que eles levavam para todos os lugares, mas quase nunca usavam, pois sempre preferiam ficar correndo pela casa. Mesmo o Jacob já estando mais velho sempre acabava entrando na onda da Jane e brincando de coisas mais infantis, então implicávamos falando que ele estava apaixonado.

Todos riram quando vimos que eles já estavam fazendo uma competição de quem chegava mais rápido à sala.

POV EDWARD

Estávamos rindo das crianças, mas logo paramos para combinar tudo direito.

- Então, nós chegamos lá, as luzes estarão apagadas, pedindo para a Jane acender, e quando ela fizer isso, gritamos “Surpresa?” – Eu perguntei.

- É, acho meio comum demais, mas fazer o que... – Disse Alice, dando de ombros.

- Amor, não implique com tudo. – Disse Jasper dando um selinho na baixinha.

- Eu acho que está ótimo assim. – Disse Bella sorrindo para mim e me abraçando mais forte, ela estava tão linda e radiante hoje... Será que tinha acontecido alguma coisa?

Jane e Jacob estavam voltando, então trocamos de assunto, como se nada estivesse acontecendo.

- E o jogo de ontem, ein Lucas? – Perguntou Fernando rapidamente.

- É, perdemos feio, mas vai ter revanche, ninguém ganha nossa sala no futebol...

Jane não estranhou, afinal esse realmente o assunto normal dos meninos, então a Fernanda e Amanda também começaram a inventar um assunto qualquer e nós, os adultos, também.

Fomos para os carros, morávamos todos na mesma rua, mas era necessário sempre no mínimo três carros. Hoje quatro estavam aqui, já que eu cheguei mais tarde no Volvo.

Dividimos-nos pelos carros e fomos lá para casa, comigo no carro estavam Bella, Jane e o Jacob Jr., que veio conosco, porque eles resolveram brincar mais no carro, mas, claro, estavam mais brigando do que tudo.

Quando chegamos à casa, ela estava muito silenciosa, meus pais, os da Bella, da Rose, do Emmett, da Alice, do Jacob e da Nessie estavam lá – o único com os pais falecidos era o Jasper – mas eles não faziam o mínimo sinal de barulho.

- Papai, por que está vindo todo mundo aqui para casa?

- Já que você e o Jacob vão continuar brincando de qualquer forma, resolvendo vir todos para cá, não é ótimo? – Respondi enquanto saíamos do carro, ao mesmo tempo que os outros faziam o mesmo.

- Sim, é. – Ela disse com os olhinhos brilhando.

Deixamos ela “sem-querer” andar na frente, assim seria ela a acender a luz, e foi exatamente o que aconteceu.

- SURPRESA! – Gritamos todos ao mesmo tempo na hora que os nossos pais ficaram visíveis, e eles gritaram também.

A decoração estava linda, digna de uma princesa, e duvido mesmo que a Alice tenha algo para reclamar.

Cantamos parabéns, damos presentes, aproveitamos para conversar com os pais dos nossos amigos que não víamos à algum tempo... E a noite foi maravilhosa.

As crianças estavam se divertindo muito, toda hora era possível ouvir risos da “rodinha particular” que elas haviam feito. Lucas estava olhando mais para a Amanda do que o normal e eu realmente esperava que os dois vissem o quanto se gostavam de uma vez, o Jasper ficaria bem irritado, mas seria engraçado...

No geral, eu podia ser certamente considerado o homem mais feliz do mundo, nunca pensei que um julgamento, que poderia acabar com a minha vida... Acabou, na verdade, me dando uma... Eu ganhei a mulher mais perfeita de todas, e a filha mais linda que eu poderia sonhar.

- Ei, amor. – Bella me abraçou por trás, mas eu me virei para beijá-la. Minha Bella.

- Ei. – Eu sorri.

- Amor, aconteceu uma coisa e a culpa é totalmente sua. – Ela fez biquinho.

Eu ri da sua carinha, mas realmente vi que tinha algo a deixando muito feliz, e a preocupando ao mesmo tempo...

- Oh, então eu sou o culpado de que?

Ela me olhou, pegou minha mão e colocou sobre a sua barriga.

- Vamos dar um irmãozinho ou uma irmãzinha para a Jane de presente.

Eu não pude acreditar, dei um sorriso maior do que meu rosto, a beijei apaixonadamente e a peguei no colo, girando-a.

- EU VOU SEI PAI! EU VOU SER PAI DENOVO!

Ela sorriu, feliz com a minha reação e me abraçou. Logo eu senti muitos braços em nossa volta, e sabia que eram os nossos amigos nos dando parabéns.

Eu nunca em toda minha vida fiquei tão feliz por ser Culpado de algo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.