Eu saia do Museu de Assis, quando me deparei com algumas pessoas ali, que de repente me olharam. Vi luzes apontando para mim, que me fizeram ficar cego, de tão fortes que eram.

– Quem está aí? – eu perguntei.

– Kayo? Kayo é você?

Eu simplesmente não podia acreditar que estava ouvindo aquele nome. Só tive a certeza quando senti seus braços me entrelaçarem e sua voz ecoar em meu ouvindo, arrepiando a minha espinha.

– Eu te amo!

Era Matheus, que chorava e me beijava, e eu fazia o mesmo. Logo surgiu meu pai e minha mãe, que nos abraçaram. Kauvirno e Marcelo estavam ali também.

– Vamos menino, você tem que descansar! – disse Marcelo.

Um portal foi aberto e chegamos á mansão de Kauvirno. Lá eu estava sendo recebido com festa. Tomamos vinhos e comemos torradas com patês. Eu estava, enfim em casa, abraçado com Matheus que não parava de dizer o quanto me amava, e o quanto havia sentido a minha falta.

Eduardo estava meio perturbado num canto da sala, conversando com Adrian e Sara. Nathan e Mario estava no chão, conversando e rindo muito. Minha tia Carol, Tereza e Camila sentadas no sofá maior. Meus pais ao meu lado no outro sofá. Marcelo de pé ao meu lado e Kauvirno sentado na mesa de centro, da sala.

– E então. Você realmente tem problema em obedecer ás ordens, não? Já não havíamos dito que não era para tentar resolver o problema sozinho? – disse ele, rigidamente.

– Disse, e pode falar novamente, porque se eu entender que eu preciso fazer algo sozinho, eu simplesmente farei.

Ficou silencio na sala.

– Mas diga Kayo, como conseguiu derrotar Átimos?

– Eu matei Étimos, Marcelo.

– Matou? – perguntou Matheus espantado.

– Era necessário. A historia é muito longa, mas no final eu percebi que era o que tinha que fazer. Eu não iria conseguir derrotá-lo. Ele tem muito poder e mesmo eu usando o colar, esse poder não deve ser jamais superestimado. Jamais.

– Mas por fim, temos a Taça do Erudito. – disse Camila.

– Sim, nós temos.

Já eram quase cinco da madrugada, quando resolver ir dormir. Depois de um longo banho na banheira, aonde eu e Matheus acabamos cochilando, colados um no outro, fomos para a cama. Nos aquecemos e nos abraçamos, dormindo rapidamente.

No dia seguinte, lá estava ele, me olhando com aqueles olhos azuis. Ao abrir os meus ele disse:

– Bom dia, meu amor!

Aquilo era melhor do que qualquer presente no mundo. Ele foi buscar café e leite pra mim, e enquanto isso eu apenas pensava.

O que viria a acontecer depois do dia em que eu tinha matado o amado filho de Átimos? Certamente que ele se vingaria de mim, e nesse momento Matheus seria o alvo. Eu não queria falar sobre o que eu soube no Salão Dourado. Deixaria Kauvirno muito estressado e então entraria na mesma paranoia do muito arriscado. Também não queria dizer a minha mãe, que Edvan e Átimos tiveram um amor secreto no passado. Como ela iria reagir a isso?

Uma coisa era clara. Átimos agora iria atrás da espada, e eu tinha dois artefatos de poder. Pensei qual seria a ligação da espada, com o colar e a taça. Quem seria o tal nórdico que introduzira a espada nas lendas dos artefatos mágicos?

– Amor, tome um pouco de café. Vamos depois para Hayanna, Kauvirno prometeu que me levaria até lá.

– Que bom... e sua mãe como ela está?

– Está muito doente, ainda. Eu sinto tanto por não ter lhe dito...

– Tudo bem, eu só não entendi o porque não dizer e falar daquela maneira de Nathan.

– kayo, eu sempre soube que Nathan gostava de você, porque ele me disse. Eu estava confuso e naquela hora me pareceu o mais certo a fazer. Mas eu não quero mais. Hoje eu sei que eu preciso estar do seu lado, sempre. Seja em vida ou na morte.

– Matheus, você aceita se casar comigo? - era tão engraçado como certas coisas, simplesmente saiam da minha boca.

– Eu aceito!

Nos olhamos e trocamos carícias.

Dois dias depois tivemos uma singela reunião na mansão, no jardim próximo a piscina, com flores por todos os lados. Eu e Matheus vestíamos roupas brancas, nada formais. Eu estava tão nervoso que a única coisa que eu consegui lembrar foi:

E então Matheus Tavares, seja em morte ou em vida que esta seja longa; na tristeza e nas alegrias que estas estejam realmente presentes; na doença e na saúde que esteja sempre plena, aceita Kayo Taurino Rangel em sua vida, para que a partir de momento ele faça parte dela?

– Não apenas aceito, como me comprometo! – disse ele – Eu te amo!

“O amor, seja ela como for, sendo verdadeira em sua grandeza e contendo sua pureza, poderia mover montanhas e mares, e até correntezas. E nada pode mudar o destino de duas almas apaixonadas.”

Fim