Diafragma perfeito entre o sono e a vigília. A febre aumentou. Pode sentir-la nas faces vermelhas, nas pernas doloridas, no estômago pegando fogo.
Não se sabia quando começavam e terminavam os seus dias. Estava deitada ali há horas ou talvez semanas. O tempo não existia, mas para ela.
Mas que Amanda pensasse num plano para escapar, seu maior obstáculo era seu corpo. Não tinha forças nem para se levantar. A dor em seu braço esquerdo, que ás vezes irradiava para o pescoço e aperta tanto suas têmporas que ela se sente mal.
A única companheira que ela possui naquele momento é a dor. Que é capaz de arrancá-la do sono e trazê-la de volta á realidade. Como agora.
Um líquido quente desliza dentro de seu braço direito. Ela o sente. È agradável. Cheira a remédio. Eles estão cuidando dela.
Amanda entendeu que o cansaço que a invade todo momento e o sono em que mergulha de repente são determinados pela droga que o seqüestrador lhe aplica.
Um dos sequestradores senta ao seu lado e trata de alimentá-la com uma colher. O sabor é doce e não precisa mastigar. Em seguida lhe dá água. Ela o sente ele tocar em seu rosto , mas nunca diz nada. Amanda ao contrário, queria gritar, mas seus lábios se recusam a formar qualquer palavra ou som. Às Vezes, parece que ele está lá imóvel, olhando para ela.
Uma nova fisgada. Um grito destroçado que repercute nas paredes de sua prisão. E a traz de volta.
Uma surpresa, de repente tudo fica claro. Pela primeira vez consegue ver o interior se sua nova prisão. Está cercada de paredes de rochas escura. Está deitada no que parece ser um leito de hospital, com as grades e a cabeceira de aço. A seu lado, há um suporte com uma bolsa de soro que termina numa agulha no seu braço direito. O esquerdo está completamente escondido por bandagens muito apertadas que imobilizaram todo o tórax. Na mesa há vários potinhos de medicamentos.
Ela dizia para sim mesmo que aquele pesadelo iria acabar e logo estaria em casa. Antes que o sono chegue para dominá-la novamente.

Chamaram seu nome.
Tinha certeza. Não estava sonhando. Foi o barulho que a arrancou do sono dessa vez, não o medo. O efeito da droga que confunde seus sentidos evaporou no momento exato em que ouviu seu nome ecoando no quarto. Seria seus Seqüestradores, o medo voltou a tomar seu corpo. Queria gritar, mas não conseguia sua boca ainda está empastada.
- Socorro- tenta dizer.
Sua voz sai destroçada, infectada por dias de agonia induzida, de sono violento e covarde, ministrado a gosto, sem critério, apenas para mantê-la tranqüila enquanto esta prisioneira. E o mundo lá fora se esquece dela.
- Será que não vou ver mas minha filha ???? novamente. Isso não pode acontecer . Tenho que sair daqui mesmo que eu morra tentando.
O pensamento da pequena Sarah lhe dá força que não pensava possuir. Uma reserva guardada pelo corpo num esconderijo profundo, para ser usada apenas em emergências. Começou a racionar.
- Como posso sair daqui?
O braço esquerdo continua enfaixado. O braço direito é sua única possibilidade, a ramificação que ainda mantém ligada ao mundo.
Depois de algum tempo Amanda ouviu um barulho vindo da porta e em seguida foi aberta. Kevin entrou. Ela se encolheu na cama tremendo.
- Te assustei?

Ela se afastou novamente
-Não. Sua voz saiu como um sussurro.Amanda foi lentamente se levantando da cama .
Era a primeira vez que ele falava com ela.
Kevin balançou a cabeça jovial.
- Que bom, porque se eu fiz isso peço mil desculpas.
Ele encostou a porta carregava na cintura uma faca. Amanda tentou colocar o braço direito sobre os seios, numa atitude de defesa.
- O que você quer?
Kevin adiantou-se.
- Não sabe? Ora não importa.
Ela tentou se levantar. Afastou-se, mas que podia, mas ele continuava a avançar. Ele encostou a faca no peito dela.
- Não me toque!
Ele desceu a faca entre os seios, lentamente. Amanda fitava-o nos olhos, a vista turvada pelas lágrimas que começavam a escorrer pelo seu rosto. Os olhos de Kevin Eram como poços negros, cuja superfície era ondulada por ventos secretos.
Ele não olhava para a faca; Amanda sentia que o prazer dele derivava de ver o medo dela. Encostada na parede ela foi se abaixando até ficar sentada no chão. Ele não tirava os olhos dela. Com a mão direita ela passou pelo chão e pegou um pouco de terra e jogou nos olhos dele num movimento rápido.
Kevin soltou um grunhido de surpresa e seus olhos ardiam.A faca caiu da mão dele quando ele levou as mãos aos olhos.Ela empurrou-o tentando se desvencilhar dele mas ele não se mexeu.Agarrou ela pela garganta, apertando com força,comprimindo seu quadriu contra dela,imbobilizando contra o chão.
Amanda pegou a faca no chão que caira ao seu lado e o golpeou as cegas tentando força-lo a se afastar. A lâmina curta atingiu no peito, junto ao ombro esquerdo.Ela empurrou fazendo ele cair ao seu lado. Aproveitando a chance ela procurou nos bolsos até achar o celular.
Em seguida pegou o cabo da faca e com a mão arrancou a lâmina do local. Uma flor vermelha espalhou- se ao redor do ferimento.Amanda sabia que eles possuíam armas e ela só tinha a faca pois tinha que nivelar o jogo,para miminizar os riscos.
Ela pegou a faca e colocou na cintura, sabia que havia mais um. Então decidida correu mais rápido que pode para o canto mais escuro adiante.O braço esquerdo comçou a doer novamente, provavelmento o efeito dos rémedios mas o esforço físico que fizera não foi uma boa idéia.A faca escorregava de sua mão molhada pelo suor.
Amanda ficou rígida ao ouvir de leve o som dos passos do quarto ao lado; lutando para não perder o discernimento ela ergueu a faca. Uma sombra disforme ocupou toda a porta. Com um grito voluntário, ela atirou a faca com toda força que foi capaz de reunir e imediatamente pulou para longe e correu para a porta oposta.
Ela ouviu o som de algo que se arrastava atrás dela, em seguida um enorme peso pulou sobre suas costas impelindo-a violentamente no chão. Soltando um grito de dor e supresa, tentou-se libertar. Olhou para cima e viu o rosto de Kevin sobre suas costas e a faca cravada num dos ombros. Uma arma estava erguida, ouve um disparo.Com um tremendo esforço Amanda conseguiu escapar pela lateral .
Sentiu uma dor seca na panturrilha, onde a bala feriu. Sem se deter ela se jogou de cabeça pela janela. Caiu num monte de arbusto, tinha a consiência que mancava. Sua perna latejava e ela sentia o sangue escorrer pelo tornozelo.
Meio correndo, meio mancando atravessou uma série de árvores. Depois de algum tempo ela parou para descansar. Se ajoelhou e levou as mãos a boca, trêmula. Olhou para trás e não via ninguém. Minutos depois, Amanda lenta e dolorosamente, ficou de pé. Deram uns poucos passos e parou, sua panturrilha protestava a cada passo que dava. Depois de certa distância em direção oposta da casa, tropeçou e depois continuou. Em seguida sentou-se no chão, não tinha forças para continuar. A dor no seu braço esquerdo era insurpotável, havia sangue em baixo das bandagens, provalvelmente seu braço quebrado havia piorado.
Amanda ainda com a mão trêmula, procurou o celular no bolso do short. O pânico rapidamente voltou ao seu rosto, não estava encontrando. Depois de uma busca desesperada nos bolsos ela finalmente desistiu.
- Droga! Exclamou ela.
Rapidamente veio em sua mente a resposta. “O celular devia ter caído na cabana quando lutara”. Ela sabia não conseguiria fugir pela floresta naquele estado, estava perdendo muito sangue e morreria de hemorragia antes mesmo de encontrar alguém para ajudá-la. Sua única chance era voltar para cabana e pegar o celular. Ela esperou um tempo, recuperou o fôlego antes de se levantar

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.