XII.

Olhou para seu grupo e depois retornou a analisar a garota de corpo miúdo. Como se um clique soasse em sua cabeça perguntou-se porque diabos estava entre aqueles jogadores de futebol infantis e aquelas líderes de torcida sem cérebro.

Desgrudou a garota ruiva de seu pescoço. Céus! Nem sabia o nome da infeliz! Stefany, Tifany, Sabine... Algo assim.

- Ih Jasper! Mudou de time é? Dispensando a Hanna! Se ele não te quer, eu quero! Vem cá gatinha!

O loiro apenas revirou os olhos para aquele que um dia considerou ser seu amigo. Deixando todos de seu grupo com olhos arregalados, ele simplesmente saiu andando em direção a baixinha que conseguiu a proeza de colocar seu mundo no lugar certo em apenas algumas horas.

Não foi grande coisa para quem observava, mas para os dois adolescentes foi um passo enorme e o fato de se cumprimentarem. Os olhares curiosos tiveram sua atenção chamada quando eles começaram a se encontrar nos intervalos de suas aulas para jogar papo para o ar. Os dois estavam se dando muito bem. Suas conversas não eram cansativas e só eram interrompidas pelo maldito sinal da próxima aula. Estavam felizes, estavam apaixonados.

Mas tudo desmoronou na hora do almoço.

Jasper não encontrava seu celular e se Rose soubesse que o perdeu novamente iria comer seus olhos. Lembrou-se então que não o vira dês do jantar na casa dos Swan. Ao avistar sua amiga a chamou. Alice andou até o loiro de maneira tímida, afinal ele estava junto de seus amigos que os olhavam de maneira curiosa.

- Por acaso meu celular ficou em sua casa?

A garota tomou uma expressão pensativa não reparando nos olhares astutos dos jogadores de futebol e invejosos das líderes de torcida.

- Eu não o vi por cima das coisas e nem minha mãe senão ela teria me falado, mas pode ser que tenha caído entre as almofadas do sofá em quanto nós...

- OMG! Está dormindo com a Brandon!

Alice arregalou os olhos ao ser cortada no meio de sua frase por uma das líderes de torcida. Jasper ficou tenso com o rumo que a história estava tomando. Se pudesse prever o futuro nunca a teria chamado neste momento.

- Você está pegando a Brandon! Caramba! Está baixando o nível hein?

- Como ela é de cama? Ou melhor, de sofá?

- Não acredito que você me trocou por isso!

O loiro estava paralisado sem conseguir desviar o olhar da garota que agora tinha seus pequenos lábios tremendo em um futuro choro. Mas ela não estava magoada com as palavras daqueles idiotas, mas sim por Jasper não defendê-la. Percebendo que ele não faria nada ela lhe disse completamente magoada.

- Eu realmente cheguei a pensar que você fosse diferente do que aparenta. Mas estava completamente enganada. Você é exatamente igual aos idiotas dos seus amigos. Se eu achar seu celular eu peço para meu pai devolver a sua irmã.

Quando ela deu as costas e correu para a saída do refeitório o loiro acordou de seu transe e gritou para a sua amada.

- Alice! Alice espere, por favor!

Mas ela não o fez. Jasper grunhiu e se virou para o grupo explodindo de uma maneira que nunca fez antes.

- Vocês são retardados ou o que?! Ela não merece ser humilhada por vocês! Alice é uma garota doce ao contrário dessas vadias que ficam se jogando em nós! E não me olhem ofendidas porque vocês sabem muito bem o que são! E só para constar eu não estou dormindo com a Brandon. O pai dela é chefe de minha irmã. Ele deu um jantar que eu acabei indo junto. Então parabéns! Vocês acabaram de magoar uma garota que nunca fez nada contra vocês!

Deu as costas para o refeitório repleto de alunos com a boca aberta e correu atrás da pequenina - da sua pequenina - deixando para trás um silêncio chocado. Afinal Jasper não era alguém dado a explosões. Seu temperamento era calmo e estava sempre com bom humor, de repente joga toda essas verdades na cara daqueles escrotos. Melanie, amiga de Alice, começou a bater palmas e então todo o refeitório se uniu a ela virando completamente o jogo. Agora quem estava tendo sua dose de humilhação era o gripo dos populares.

*/*/*

O carro freou bruscamente no local onde deveria parar. O homem sentado no banco do carona soltou o fôlego suando frio.

O motorista o fitou através do espelho retrovisor com desaprovação ao perceber hesitação nos olhos do homem. Virou-se com duas fotos nas mãos. Apontou para uma delas e disse.

- Essa é a garota que deve achar e fazer o que lhe foi ordenado.

Mostrou a outra foto fazendo os olhos do pobre homem arregalarem ainda mais.

- Essa é a sua família que morrerá caso você faça alguma besteira.

O motorista olhou então para seu próprio colo e sorriu de maneira doentia. Pegou o objeto e mostrou para seu passageiro.

- E esse é o controle remoto no qual está o botão que irei apertar caso não escute a explosão dentro de – olhou brevemente seu relógio e voltou o olhar para o homem – 7 minutos.

Não havia escolha. A hora chegou.

*/*/*

- Alice! Por favor! – implorou a segurando pelo braço e a virando, fazendo a garota perder o equilíbrio e ir direto de encontro contra o seu corpo.

Dois corações aceleraram no meio do corredor. Sem quebrar a distância Jasper limpou as lágrimas de Alice tocando seu rosto gentilmente. Então acariciando seu rosto com as costas de sua mão desceu até o pequeno queixo da garota e segurando gentilmente.

- Me perdoe. Eu sou um imbecil. Não podia ter ficado calado em quanto eles te magoavam. Deveria ter te defendido. Perdoe-me, por favor. Não quero perdê-la.

Os olhos de Alice brilharam de maneira intensa. Jasper estava tão próximo, era só erguer os calcanhares e encostaria em seus lábios, mas antes que qualquer coisa acontecesse algo lhes chamou a atenção.

A adrenalina subiu-lhes ao ver o homem abrir seu sobretudo e mostrar a quantidade de explosivos grudados em seu corpo. Ao perceber a vítima em sua frente decidiu apertar o botão, mas ele não imaginou que os adolescentes correriam ao vê-lo e o plano saiu do controle. O homem olhou para a arma que Aro lhe dera. Teria que usá-la.

Jasper reagiu antes que Alice e a puxou pela mão. Os dois saíram correndo. O som de um disparo soou nos corredores e então uma alta explosão.

Os dois que não estavam longe o suficiente foram jogados para frente com o impacto. Levantaram-se do chão atordoados.

- Você está bem? – perguntou o loiro preocupado.

Alice apenas assentiu sentindo as lágrimas escorrerem pelo seu rosto enquanto analisava os destroços da explosão. Sentiu seu estômago embrulhar ao notar a orelha do homem-bomba jogada no canto da parede.

- Não olhe. – murmurou Jasper puxando-a para o seu peito.

Não demorou muito tempo para que as aulas fossem canceladas e o FBI estivesse colhendo depoimentos.

Reuniram todos no refeitório até que limpassem tudo no corredor. Não queriam mais nenhuma garota vomitando no local do crime.

- Estou bem Rose. – disse automaticamente à sua irmã que praticamente voara até o colégio de Jasper ao saber sobre o atentado.

Surtou quando soube que ele estava tão perto.

- Rose! Por favor! Eu estou bem! Mas quero que vá falar com Alice. Ela está abalada, precisa de sua ajuda profissional.

Contrariada ela olhou para o outro lado do refeitório e encontrou a garota visivelmente abalada tentando contar o que aconteceu a uma das agentes. A doutora suspirou com pena e assentiu para Jasper.

O loiro apoiou seus cotovelos em suas próprias cochas e seu rosto em suas mãos. Sentiu dificuldade em respirar.

- Porque nunca disse que sua irmã era do FBI? – perguntou um de seus antigos amigos.

Talvez porque você nunca tenha perguntado sobre isso?! Ou sobre as minhas opiniões! Ou qualquer merda que se pergunte a um amigo. Pensou ele, mas não respondeu. Sentiu então uma batida em seu ombro esquerdo e segurou uma careta de dor. Respirou fundo tentando controlar tudo o que estava sentindo naquele momento. Uma ardência fulminante começou o homem repousara sua mão.

Finalmente ergueu a cabeça encontrando o rosto de seu amigo e irmão de consideração Edward.

- Como se sente Jazz? – perguntou o agente Masen.

O garoto respondeu com uma careta.

- Ainda interessado em seguir minha carreira? – perguntou divertido, mas logo sua feição tornou-se orgulhosa. – Fez bem em tirar Alice de lá. Se não tivesse o feito teriam se machucado feio.

Edward achou que Jasper ainda estava abalado por isso estava tão quieto. Mas percebeu algo errado ao ver o amigo acumular gotículas de suor em sua testa e seu rosto ficar completamente pálido.

- Jasper! – o sacudiu pelos ombros, mas tudo o que o garoto fez foi espremer os olhos e engolir em seco.

O agente tirou suas mãos do garoto e ia levando uma delas ao seu cabelo - em sinal de nervosismo - mas quando viu sua própria mão ensangüentada percebeu que Jasper estava ferido.

Rapidamente foi verificar as costas do adolescente. Ele estava certo, o loiro havia se machucado feio. Ninguém notara antes, pois a jaqueta preta que usava disfarçava a marca de sangue. Edward notou chocado que Jasper levara o tiro que segundo os depoimentos havia sido disparado antes da explosão. Devido a adrenalina o garoto nem sentira dor e agora mais relaxado ele começava a sentir as conseqüências.

Em uma tosse o loiro cuspiu sangue. O agente percebeu que a bala acertara o pulmão e que se não chamasse ajuda, Jasper poderia se afogar com o próprio sangue.

- Chamem os paramédicos! – berrou para um dos subordinados em quanto segurava o corpo de Jasper que caía para frente.

O grito do agente chamou a atenção de Alice que ficou em choque ao ver o garoto por quem era completamente apaixonada com a boca cheia de sangue e os olhos espremidos em dor.

*/*/*

Isabella sobressaltou-se ao escutar o celular tocando e lágrimas silenciosas escorreram pela sua face enquanto seu pai lhe contava o que havia ocorrido com sua irmã e de como estava preocupado por não conseguir fazê-la parar de chorar.

Explicou por cima o que tinha acontecido a Ângela - sua colega - e então acelerou seu carro em direção ao FBI.

Correu em direção a sala de seu pai desviando dos agentes que estavam enlouquecidos com o atentado contra a filha do chefe. Fora encontrada uma foto de Alice parcialmente queimada entre os restos mortais do homem-bomba, confirmando as suspeitas.

A morena abriu a porta do gabinete e foi diretamente até Alice que abraçava os seus joelhos sentada no sofá. Sua mãe estava desesperada sem conseguir se aproximar. Seu pai rugia por terem tentado contra a vida de sua menininha.

Assim que a viu Alice se jogou no colo da irmã, chorando ainda mais. Isabella a embalou tentando acalmar a baixinha. Escondeu seu rosto na curvatura do pescoço da mais nova, assim como a mesma fez com a mais velha. As duas viraram um grande viraram um grande emaranhado de cabelos e foi só o que Edward viu quando entrou no escritório do chefe.

- Chefe! Temos mais informações, acho que o senhor vai querer saber. – avisou e Charlie saiu em disparada pela porta.

Antes de segui-lo o agente Masen disse para Alice.

- Não chore Alice, Jasper já está fora de perigo. – sua voz soou amorosa.

Apesar de louquinha ele sentia afeição pela garota. Isabella percebeu essa ternura e ergueu a cabeça. Mas já era tarde e o agente já havia se retirado.

A morena sentiu-se emocionada pela preocupação do agente. E pela primeira vez em sua vida não teve raiva de Edward, mesmo que ela não faça idéia de que o agente era ele.

*/*/*

- Um grupo assumiu o atentado senhor. Mandaram um DVD para a CNN. Estão transmitindo agora.

- Eles se denominam GTCCS, ainda não temos o significado da sigla, mas o FBI não costuma se preocupar com isso. O atentado, segundo fontes, tinha um alvo específico. Alice Brandon, filha do chefe do FBI da cede de Nova Iorque, felizmente ela passa bem. O mesmo não posso dizer de seu amigo que a salvara da explosão. Ele levou um tiro que perfurou seu pulmão. O estado de Jasper Halle é grave, porém não corre mais risco de vida.

- Como diabos eles ficaram sabendo disso! – rugiu o chefe Swan.

Ninguém atreveu-se a proferir alguma palavra. O fato era que havia muitas testemunhas do ocorrido no colégio, com isso a história não tardou a vazar.

- Tem mais. – disse Edward seriamente com uma pasta em mãos.

Abriu-a em uma das mesas e mostrou a Charlie fotos da cena do crime. Escolheu uma em especial e o homem arregalou os olhos ao vê-la.

*/*/*

Ao contrário do que se imagina os membros do GTCCS não estavam mais felizes que o FBI. O plano falhara completamente. E todos jogavam a culpa em Fernandes, afinal foi ele quem achou o infeliz que não conseguiu explodir junto da garota.

O plano de inicio era esse. Matavam a filha mais nova em um atentado terrorista. Durante o enterro seqüestravam a mais velha e depois de conseguir uma gorda quantia de dólares, matavam a mulher e fugiam com o dinheiro. Mas o que se esperar de um plano que já começara dando errado?

O arquiteto era o único que permanecia em silêncio perante aquela situação. Xingava-ser mentalmente por não ter seguido seus extintos e então não se metido em toda essa merda de plano de vingança. Mas agora não podia mais pular fora e também não adiantava brigar com o incompetente do Fernandes, o jeito era seguir o plano B que já estava arquitetado em sua mente. Precisaria dos trigêmeos muito antes do que imaginava.