O Cargo Amaldiçoado

Capítulo 1 - Relíquia Sagrada


Esse grande desastre começa no ano de 1988, estávamos nas férias de Novembro, a melhor parte do ano, poucos alunos no castelo, ou seja, menos barulho para os meus ouvidos aguçados, trabalhar em uma escola com tantos alunos sendo um vampiro foi uma péssima ideia, mas depois de eu me retirar do meu antigo cargo no ministério da magia eu precisava de um emprego pra continuar a comprar minhas poções de reposição de sangue, não era muito agradável, mas caçar animais de forma selvagem também não era então eu fui para Hogwarts, todo ano precisam de um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, nunca entendi o motivo, uns falavam que era amaldiçoado, hoje em dia eu tenho certeza que é!

Só uma maldição para me colocar no meio de tanta má sorte, agora que estão contextualizados seguimos para a minha sala de aula. Estava vazia já que não tinha aulas, com muito tempo sobrando até o professor de poções me enviar minhas poções resolvi arrumar minhas malas, tinha muita tralha para ser jogada fora, outras reduzidas a pó, como as cartas de amor que eu nunca enviei, seria vergonhoso demais, então liguei a minha lareira na antessala e comecei a jogar as cartas no fogo, o papel queimava rapidamente e logo as letras foram consumidas. Segui para os livros os empilhando na mesa e no chão, era tanto livro que tive que pedir autorização do ministério para realizar o feitiço de extensão no meu malão.

Alguns dos meus artefatos experimentais coloquei em cima de alguns livros, antes não tivesse feito isso, se arrependimento mata-se.... Obviamente o ministério não sabia que eu os tinha, havia os criado antes de ser demitido, quer dizer, saído do meu antigo cargo. Meus experimentos eram revolucionários, entrariam para história, mas ninguém ligava, achavam imprudente um vampiro-bruxo criar objetos potencialmente perigosos, bando de invejosos e preconceituosos, não sou como os lobisomens que são selvagens, eu posso lidar com utensílios delicados e dar todo o meu tempo para me dedicar a tarefa, afinal tempo é o que não me falta.

— Professor Durett? – Chamou uma voz feminina, pelo seu cheiro de grama levemente cítrica, com o de terra molhada a dona era Madison Scrimgeour, aluna modelo, a favorita de Snape.

— Sim, senhorita Scrimgeour? – Estava quase colocando toda a parte superior do meu corpo dentro do malão para alcançar a estatua de um gato egípcio feito inteiramente de obsidiana, um dos objetos mais caros que eu possuía, principalmente por ser encantado e pelo material de alta qualidade.

— Trouxe algumas poções a mando do professor Snape, onde posso coloca-las? – Sua voz parecia abafada graças a distancia entre nós, fui obrigado a deixar o gato perto dos meus casacos para então ouvi-la melhor.

— Pode colocar em cima da mesa. – Respondi quase voltando para a posição anterior de imediato quando lembrei que espaço era o que não tinha.

— Eu vou colocar nessa pilha de livros ao lado da mesa, em cima do livro Os Amaldiçoados da Lua Cheia. – Ouvi o ligeiro barulho de vidro encostando e voltei a minha atenção no meu malão.

— Agradeça ao professor Snape por sua grande gentileza em me fornecer essas poções. – Como boa aluna da Sonserina que era ela notaria um grau de ironia em minha voz, Snape e gentileza eram polos opostos, ambos se repeliam.

— Claro senhor, oh, foi o senhor que escreveu esse livro! – Disse admirada – Estou surpresa pelo senhor saber tanto sobre lobisomens.

— Conhecimento sobre seu inimigo natural nunca é demais. – Respondi.

— Devo concordar com o senhor, nunca é demais. – Sonserinos e suas mente diabólicas, adoro essas pestinhas, menos quando estão causando problemas. O problema nem é entrar em confusão, o problema é se for descoberta, aí a culpa vai toda para mim que ensinou o feitiço para os repiteis. – Isso é um artefato mágico?

— Provavelmente, então não o toque! – Eu avisei não podem me culpar por qualquer dano à parte.

— Como quiser. – Respondeu distraída – Ai!

Ouvi um grito seguido de um barulho de algo caindo. Levantei minha cabeça para ver o estado da minha aluna, mas não a via, olhei para debaixo da mesa e na pequena fresta vi o verde do seu manto.

— Esta bem? – Perguntei preocupado. Que essa menina não esteja machucada, ou Snape vai me incinerar.

— Sim, só tropecei em um livro. – Respondeu, vi suas mãos erguendo seu corpo através da fresta.

— Algum dano? – Perguntei me levantando e indo ajudar a jovem.

— Além de uma unha quebrada e um objeto esquisito que esta com uma rachadura gigante, só isso. – Informou a Sonserina. Os meus olhos se arregalaram ao ver que objeto ela se referia.

— Minha queria relíquia sagrada, querida não faça movimentos bruscos – Avisei em quanto dava um passo em sua direção. Snape vai me matar com toda certeza se o artefato se ativar. – Coloque o objeto no chão e se afaste devagar.

Como se tivesse uma bomba em mãos Sonserina fez o que lhe instrui. Suspirei aliviado, evitei um desastre.

— O que é esse octógono? – Assim que se levantou sua capa roço em uma das poções que havia trazido e caiu em cima da relíquia.

Eu vi a desgraça acontecer em câmera lenta, a poção virando no ar e o vidro de espatifando e espalhando a poção para os lados e logo a roda de fogo se formou levando a Sonserina com uma parte dos meus livros e um pedaço da madeira da minha mesa.

— Por Merlin! Se Snape não me matar ou Dumbledore, serei preso, morto! Estou ferrado. Minha vida chegou ao fim. – Caí de joelhos no chão encarando o vazio que meu artefato deixou.

Esse foi o inicio da minha desgraça, essa aluna era muito especial.

— Será que eu devo avisar? – Comecei a andar de um lado para o outro – Ou deixar o castelo e fugir pelo mundo? Ignace você sabe muito bem que não da para fugir para sempre, você é só um vampiro mediano. Já sei! E se eu fingir que ela nunca apareceu? Eu faço um pequeno teatro, vão procura-la pelo castelo e em um ou dois anos vão todos se esquecer dela, só preciso limpar os rastros.

Olhei para o vazio novamente.

— O que eu to pensando! Eu sou um professor, deveria estar preocupado com a minha aluna, não com a minha própria cabeça. – Um pingo de lucidez iluminou minha mente – Merda! Vou ter que avisar a Dumbledore.